Jabhat Fateh al-Sham – Wikipédia, a enciclopédia livre

Jabhat Fateh al-Sham
جبهة النصرة لأهل الشام
País Síria
Fidelidade Oposição Síria
Al-Qaeda
Criação 23 de janeiro de 2012[1]
Extinção 28 de janeiro de 2017[2]
História
Guerras/batalhas Guerra Civil Síria
Logística
Efetivo 15 000 - 20 000[5][6]
Insígnias
Antiga bandeira da Frente Al-Nusra
Comando
Comandante Abu Mohammad al-Golani[7]

O Jabhat Fateh al-Sham, outrora chamado de Frente Al-Nusra e às vezes referida como Jabhat al-Nusrah (em árabe: جبهة النصرة لأهل الشام Jabhat an-Nuṣrah li-Ahl ash-Shām, que significa: "A frente da vitória para o povo da Grande Síria") ou simplesmente Al-Qaeda na Síria, foi um grande agrupamento jihadista, de orientação sunita, que operava na Síria, onde pretendia instituir um Estado islâmico.[1] Foi uma das principais forças opositoras ao governo de Bashar al-Assad.[8][9][10]

O grupo foi criado em 23 de janeiro de 2012 e passou a integrar as forças da oposição síria que está no meio de uma guerra civil para derrubar o presidente do país, Bashar al-Assad.[11] O grupo é descrito como "um dos mais agressivos e eficientes a integrar as forças rebeldes sírias".[12] Desde dezembro de 2011, o governo dos Estados Unidos considera esta milícia como uma organização terrorista.[13] Em abril de 2013, a al-Nursa jurou fidelidade ao chefe da al-Qaeda, com quem mantém laços ideológicos e logísticos.[14]

O grupo era descrito como um dos maiores e mais organizados das forças rebeldes dentro da Síria, lutando ao lado da oposição do país para derrubar a ditadura que controla a nação.[15] Contudo, ela também é acusada de vários atentados terroristas que causaram dezenas de mortos.[16][17] Segundo informações de ativistas dentro e fora da Síria, a milícia al-Nusra impôe uma visão estrita da lei islâmica nos territórios que ocupa militarmente em nome da oposição.[18]

O principal dirigente da organização era um homem que utiliza o nome de guerra de Abu Mohammad al-Golani (ou Abu Mohammad al-Jawlani[19]), no qual "Golani" é uma referência às Colinas de Golã. O chefe da organização teve seu nome retirado da lista de procurados do departamento de estado americano em fevereiro de 2014.[20] Também merecem destaque outros líderes como Maysar Ali Musa Abdallah al-Juburi e Anas Hasan Khattab, que foram alvo de sanções financeiras por parte do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, e Mustafa Abdel-Latif, também conhecido como Abu Anas al-Sahaba, um jordaniano que é cunhado de Abu Musab al-Zarqawi que foi o líder da Al-Qaeda no Iraque.[1]

Em dezembro de 2012, Abu Adnan concedeu uma entrevista[1] na qual afirmou que:

  1. a Jabhat al-Nusra não difere ideologicamente de outros grupos salafitas islâmicos sírios como Ahrar al-Sham e Liwa al-Tawhid. A diferença seria a de que a Jabhat al-Nusra teria critérios mais exigentes para aceitar combatentes em suas fileiras, não aceitando fumantes e exigindo um curso de formação religiosa de 10 dias, além de um programa de treinamento militar de 15 a 20 dias;
  2. os Estados Unidos teriam qualificado a Jabhat al-Nusra como terroristas, avaliando que algumas de suas táticas seriam semelhantes às da Al-Qaeda no Iraque, tais como o emprego de explosivos e carros-bomba;
  3. embora a Jabhat al-Nusra contasse com veteranos sírios que lutaram no Iraque, não seria a mesma coisa que a Al-Qaeda no Iraque;
  4. a Jabhat al-Nusra não é a única organização rebelde que utiliza dispositivos explosivos improvisados e homens-bomba voluntários ou não (prisioneiros);
  5. embora somente a Jabhat al-Nusra tenha sido designada como "terrorista" pelo governo dos EUA, que admite que ainda está tentando entender os vários elementos armados no conflito sírio, outros grupos islâmicos também pretendem instalar um Estado Islâmico na Síria, e até mesmo elementos grupos seculares da oposição demonizam as minorias e especialmente os alauitas;
  6. a razão para tal qualificação, seriam supostas ligações com a al-Qaeda no Iraque;
  7. se tal qualificação teve como objetivo isolar Jabhat al-Nusra, cabia avaliar que teve efeito oposto, pois melhorou a reputação da organização entre alguns sírios;[21]
  8. tal qualificação revelaria uma falta de compromisso dos EUA com a derrubada de Assad, que teria praticado atos terroristas contra a população síria, e teria sido concebida para fomentar divisões internas entre os rebeldes e como desculpa para não enviar armas para os rebeldes sírios, que muitas vezes realizam ataques conjuntos contra posições do regime; portanto, seria muito difícil para o Ocidente fornecer armas apenas para determinados grupos e garantir que tais armas não acabassem também nas mãos da Jabhat al-Nusra sem que isso levasse a um combate entre os grupos favorecidos e a Jabhat al-Nusra;
  9. o Ocidente desejaria manter o status quo que interessaria ao Estado de Israel, em vez de apoiar a tomada do poder em Damasco por por grupos alinhados com islamitas, pois o status quo havia mantido a paz apesar da ocupação das Colinas de Golã pelo Estado de Israel;
  10. a Jabhat al-Nusra não estaria a espera de armas enviadas pela comunidade internacional, também porque, recentemente em um assalto contra um posto avançado do regime em Daarat Izze teriam tomado mais armas do que qualquer outro país poderia fornecer e, além disso, combatentes estrangeiros também seriam uma fonte de apoio financeiro;
  11. a organização divulgaria declarações e vídeos através do seu braço midiático, denominado "Al-al-Bayda Manarah" que seria promovido na internet pela "Shamoukh al-Islam", seus integrantes normalmente não concederiam entrevistas aos meios de comunicação convencionais, pois a promoção não seria prioridade e sim a "luta contra o regime", diferentemente de outros grupos que arrecadariam fundos por meio de filmagens;
  12. a Jabhat al-Nusra teria presença em todo o território da Síria e em cada região haveria um líder supremo, um líder militar e um líder para a aplicação da Sharia, disse ele;
  13. a Jabhat al-Nusra não estaria, por enquanto, procurando impor à força a sua visão conservadora do islamismo, ao contrário, por exemplo, da Ahrar al-Sham que teve desentendimentos com habitantes locais que rejeitaram suas tentativas de proibir a venda de álcool, mas teria como objetivo futuro a instituição de um Estado Islâmico;
  14. a Jabhat al-Nusra foi um dos vários grupos que no final de novembro de 2012, rejeitou a Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias;
  15. as minorias não teriam razões para temer o estabelecimento de um Estado Islâmico[22]";
  16. teria sido correta a execução de aliados do regime desarmados por parte da Jabhat al-Nusra, pois não se deveria esquecer que o Regime Sírio estaria aterrorizando as pessoas por 40 anos;
  17. a Jabhat al-Nusra estaria realizando ações assistenciais[23] na cidade de Alepo, para obter mais apoio da comunidade local, em um contexto no qual boa parte de seus combatentes não são daquela cidade;
  18. a Jabhat al-Nusra teria críticos ferozes entre os rebeldes secularistas que estariam receosos quanto às visões conservadoras do grupo, mas esses críticos avaliariam que tal conservadorismo não iria se estabelecer na Síria após a derrubada do regime e que a disputa entre rebeldes secularistas e fundamentalistas deveria ocorrer posteriormente, e que os secularistas seriam favorecidas na disputa futura, pois muitos combatentes da Jabhat al-Nusra iriam passar a combater em outros países, como no Afeganistão ou na Faixa de Gaza após a queda do regime;
  19. que a presença de não sírios nas fileiras da Jabhat al-Nusra se justificaria pois: as feridas nas terras árabes seriam a mesma ferida".

Em 13 de novembro de 2014, o grupo anunciou um acordo de paz com o EIIL.[24] Ao mesmo tempo, voltou-se contra grupos moderados da oposição síria, como o 'Exército Livre', na esperança de estabelecer um califado próprio no norte do país.[25]

Dede 2014, aviões e navios da coalizão anti-Estado Islâmico (formado por Estados Unidos e nações da Europa e Oriente Médio) vem bombardeando posições da al-Nursa pela Síria. No final do ano seguinte, a Rússia também começou a atacar alvos do grupo pelo país.[26]

Em 28 de julho de 2016, a Jabhat al-Nusra anunciou que oficialmente rompia com al-Qaeda. Seu líder, Abu Mohammed al-Julani, disse em uma mensagem de áudio que o novo nome da organização seria Jabhat Fateh al-Sham ("Frente para a Conquista da Síria").[27]

A 28 de janeiro de 2017, Jabhat Fateh al-Sham e diversas outras facções e grupos rebeldes salafitas e jihadistas chegaram a um acordo sobre a fusão destes vários grupos num só, dando origem a um novo grupo chamado Hay'at Tahrir al-Sham, ou, simplesmente, Tahrir al-Sham ("Organização para Libertação do Levante").[28] Tendo a Jabhat Fateh al-Sham como a organização mais poderosa deste novo grupo salafita, o seu líder, Abu Mohammed al-Julani, foi apontado como o líder militar da nova organização.[29] A única posição que, dentro deste grupo, tem tanto poder como o líder militar é o emir, que é Abu Jaber, ex-membro do Ahrar al-Sham, que se juntou à nova organização após a sua fundação.[28]

Referências

  1. a b c d «Interview with a Newly Designated Terrorist: Syria's Jabhat Al-Nusra». Time Magazine. 25 de dezembro de 2012. Consultado em 9 de março de 2013 
  2. «Syria Islamist factions, including former al Qaeda branch, join forces - statement». Thomson Reuters Foundation. 28 de janeiro de 2017. Consultado em 1 de fevereiro de 2017 
  3. «Al-Akhbar in Qalamoun: The Throne of God and Cherry Trees». Consultado em 5 de abril de 2014. Cópia arquivada em 7 de abril de 2014 
  4. Terrorist suspect Sami al-Atrash’s death passes without major backlash
  5. «Syria interactive: the rebels, their weapons and funds». Channel 4. Consultado em 25 de setembro de 2013 
  6. «Al-Qaeda leader in Syria speaks to Al Jazeera». Al Jazeera. Consultado em 21 de dezembro de 2013 
  7. «TIME Exclusive: Meet the Islamist Militants Fighting Alongside Syria's Rebels». Time Magazine. 26 de julho de 2012. Consultado em 29 de novembro de 2012 
  8. «Al Qaida-linked group Syria rebels once denied now key to anti-Assad victories». Al Jazeera. Consultado em 2 de dezembro de 2012 
  9. «Jihadist Terrorism» (PDF). Consultado em 21 de dezembro de 2013 
  10. «Al-Qaida turns tide for rebels in battle for eastern Syria». The Guardian. Consultado em 21 de janeiro de 2014 
  11. «Islamist group claims Syria bombs 'to avenge Sunnis'». Al Arabiya. Consultado em 23 de março de 2012 
  12. Ignatius, David. «Al-Qaeda affiliate playing larger role in Syria rebellion». Washington Post. Consultado em 1 de dezembro de 2012 
  13. «US blacklists Syrian rebel group al-Nusra». Al Jazeera. 11 de dezembro de 2012. Consultado em 9 de março de 2013 
  14. «Syria crisis: Al-Nusra pledges allegiance to al-Qaeda». BBC. 10 de abril de 2013. Consultado em 19 de abril de 2013 
  15. Al-Nusra Front. Página acessada em 9 de março de 2013.
  16. "Suicide bombers kill 14 Syrian security personnel". Página acessada em 9 de março de 2013.
  17. "Atentados em Damasco causaram 90 mortes na quinta-feira, diz ONG". Página acessada em 10 de março de 2013.
  18. Liz Sly. «Islamic law comes to rebel-held Syria». WashingtonPost.com. Consultado em 20 de março de 2013 
  19. Al-Qaeda chief disbands main jihadist faction in Syria: Al-Jazeera, acesso em 31 de dezembro de 2013.
  20. «الجولاني يختفي عن قائمة أهم المطلوبين أميركياً». All4Syria. 25 de fevereiro de 2014. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  21. Para corroborar esse ponto de vista, o entrevistado afirma que:
    1. em 14 de dezembro houve uma mobilização nacional na Síria em torno de um slogan que afirmava que o único terrorismo na Síria seria aquele que provém de Bashar al-Assad;
    2. dezenas de grupos rebeldes declararam publicamente que todos eles eram "Jabhat al-Nusra";
    3. até mesmo a liderança da oposição política no exílio condenou tal qualificação.
  22. Nesse contexto, observa que Maomé era vizinho de um judeu
  23. Como a distribuição de suprimentos necessários, como gasolina, diesel e farinha para as padarias.
  24. AP sources: IS, al-Qaida reach accord in Syria Associated Press, DEB RIECHMANN, 13 de novembro de 2014
  25. "Islamic State, rival Al Nusra Front each strengthen grip on Syria". Página acessada em 3 de junho de 2015.
  26. «Russia launches media offensive on Syria bombing». BBC News. 1 de outubro de 2015 
  27. «Syrian Nusra Front announces split from al-Qaeda». 28 de julho de 2016. Consultado em 9 de setembro de 2016 
  28. a b «Al Qaeda and allies announce 'new entity' in Syria | FDD's Long War Journal». FDD's Long War Journal (em inglês). Consultado em 10 de junho de 2017 
  29. مركزي, الاعلام الحربي (28 de janeiro de 2017). «تنسيقيات : أبو محمد #الجولاني سيكون القائد العسكري العام لـ #هيئة_تحرير_الشام #الاعلام_الحربي_المركزي». @C_Military1. Consultado em 10 de junho de 2017 

Ver também[editar | editar código-fonte]


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