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Joãosinho Trinta
Joãosinho Trinta
Informações pessoais
Nome completo João Clemente Jorge Trinta
Data de nasc. 23 de novembro de 1933
Local de nasc. São Luís, Maranhão, Brasil
Falecido em 17 de dezembro de 2011 (78 anos)
Local da morte São Luís, Maranhão
Informações profissionais
Escolas de samba
Anos Escolas
1973-1975
1976-1992
1984
1989-1990
1994-2000
1996
2001-2004
2005
Salgueiro
Beija-Flor
Turunas do Riachuelo
Peruche
Viradouro
Nenê
Grande Rio
Vila Isabel
Última atualização: 5 de março de 2014

João Clemente Jorge Trinta OMC, popularmente conhecido como Joãosinho Trinta[1] (São Luís, 23 de novembro de 1933São Luís, 17 de dezembro de 2011), foi um artista plástico e famoso carnavalesco brasileiro.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Até os 10 anos de idade viveu em São Luís, onde trabalhou como dançarino. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1957, para estudar dança clássica no Teatro Municipal. Durante 30 anos, fez parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal e apresentou duas óperas - O Guarani, de Carlos Gomes; e Aida, de Giuseppe Verdi.[3]

Começou sua carreira carnavalesca no Salgueiro, em 1961, como segurança, dois anos depois, a escola foi campeã do carnaval, com o enredo Xica da Silva de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Sempre como segurança, viu sua escola ser campeã também nos anos de 1965, 1969 e 1971.

Após a saída dos carnavalescos Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, foi promovido a carnavalesco da escola onde fez carreira solo com a artista plástica Maria Augusta no carnaval de 1973, com o enredo Eneida: Amor e Fantasia.

Já como carnavalesco-solo ganhou o bicampeonato em 1974 com "O Rei de França na Ilha da Assombração" e em 1975 com "O Segredo das minas do Rei Salomão".

Após divergências com a diretoria salgueirense, transferiu-se para a escola de samba Beija-Flor, onde criou enredos ousados e luxuosos que deram à agremiação de Nilópolis os títulos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983, além de vários vice-campeonatos, entre eles os de 1986 com O mundo é uma bola e o de 1989 com Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia gerando controvérsias com a Igreja Católica,ao tentar levar ao desfile uma imagem do Cristo Redentor caracterizado como mendigo. A imagem foi censurada e passou pela Avenida Marquês de Sapucaí coberta.[4]

Uma das marcas do carnavalesco era o luxo e a riqueza na avenida. Criticado por ter essa postura, é dele a célebre frase:

Também foi campeão no Grupo de Acesso com as escolas Império da Tijuca e Acadêmicos da Rocinha, além de ter feito carnavais para escolas de São Paulo. No ano de 1984 foi responsável pelos figurinos da E.S. Turunas do Riachuelo, de Juiz de Fora-MG, que completava 50 anos de fundação, ficando em 3º lugar no carnaval da cidade.

Em 1993, depois de permanecer 17 anos na Beija-Flor, Joãosinho Trinta transfere-se para a escola de samba Unidos do Viradouro. Em 1996, sofre uma isquemia, que paralisa um dos lados de seu corpo.[5]

Mesmo assim, continuou seu trabalho na escola, que foi campeã em 1997, com o impactante enredo Trevas! Luz! A explosão do Universo.[3]

Teve passagem marcante na escola de samba Grande Rio, que obteve o 3ºlugar em 2003 - uma classificação inédita na história da escola.

Em 2002, entrevistado pelo Museu da Pessoa, compartilhou um pouco da sua história de vida, desde sua relação com a mãe, a irmã e o cunhado ao dia em que desembarcou no Rio de Janeiro, no ano de 1951. Também revelou a importância da meditação em sua vida, assim como os anos iniciais da carreira, as primeiras escolas de samba e, em especial, o desejo que possuía de ajudar as comunidades que habitava na época, através da arte carnavalesca, afirmando:

“Eu quero ir para uma escola bem pequena, eu não quero levar glória de ganhar carnaval, de fazer festa em cima de escombros humanos, em cima de carências humanas, eu não quero fazer festa em cima de crianças abandonadas, em cima da miséria humana. Não, eu quero fazer a menor das escolas, onde eu possa fazer aquilo que a minha mente e meu coração estão mandando. Eu quero fazer festa, mas uma festa também da comunidade, eu quero fazer um carnaval de 365 dias, onde as crianças tenham orientação, educação, onde o povo possa viver mais humanamente”.[6]

Em novembro de 2004, Joãosinho sofre um derrame e, no ano seguinte, decide afastar-se da Sapucaí, passando a atuar apenas como consultor durante os preparativos para o Carnaval.

Em 11 de julho de 2006, após sofrer dois AVCs, é internado no Rio de Janeiro e, vinte dias depois, transferido para o Hospital Sarah Kubitschek, de Brasília, de onde teve alta em 19 de outubro. Todavia, em consequência dos AVCs, o artista teve parte do cérebro paralisada, e passou a se locomover com cadeira de rodas.[carece de fontes?]

Recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília e em 2010, Joãosinho concorre a deputado distrital, não conseguindo se eleger.[7]

Faleceu no ano seguinte, em 17 de dezembro. O Hospital UDI, de São Luís, informou que o carnavalesco morreu às 9h55, horário local (10h55 de Brasília), em razão de choque séptico, infecção generalizada, e que apresentava um quadro de pneumonia e infecção urinária. Anteriormente, segundo o hospital, o paciente apresentava "insuficiência respiratória e sepse, evoluindo com instabilidade hemodinâmica".[5][8]

Em sua homenagem, no dia 21 de dezembro (três dias depois de sua morte), seu nome foi anunciado como nome da Cidade do Samba, que reúne as principais escolas de samba do Rio de Janeiro.[9]

Carnavais[editar | editar código-fonte]

Abaixo, a lista de desfiles assinados por Joãosinho Trinta.

Ano Escola Colocação Divisão Enredo
1971 Salgueiro Campeã Grupo 1A (RJ) Festa para um rei negro
1973 Salgueiro 3.º lugar Grupo 1A (RJ) Eneida, amor e fantasia
1974 Salgueiro Campeã Grupo 1A (RJ) O Rei de França na Ilha da Assombração
1975 Salgueiro Campeã Grupo 1A (RJ) O Segredo das Minas do Rei Salomão
1976 Beija-Flor Campeã Grupo 1 (RJ) Sonhar com Rei dá Leão
Império da Tijuca Campeã Grupo 2 (RJ) Guerreiros das Alagoas
1977 Beija-Flor Campeã Grupo 1A (RJ) Vovó e o Rei da Saturnália na corte egipiciana
1978 Beija-Flor Campeã Grupo 1A (RJ) A criação do mundo segundo a tradição Nagô
1979 Beija-Flor Vice-campeã Grupo 1A (RJ) O paraíso da loucura
1980 Beija-Flor Campeã Grupo 1A (RJ) O sol da meia-noite - uma viagem ao país das maravilhas
1981 Beija-Flor Vice-campeã Grupo 1A (RJ) Carnaval no Brasil - a oitava das sete maravilhas do mundo
1982 Beija-Flor 6.º lugar Grupo 1A (RJ) O olho azul da serpente
1983 Beija-Flor Campeã Grupo 1A (RJ) A grande constelação das estrelas negras
1984 Beija-Flor 3.º lugar Grupo 1A (RJ) O gigante em berço esplêndido
Turunas do Riachuelo 3.º lugar Grupo 1 (MG) 50 anos de glórias
1985 Beija-Flor Vice-campeã Grupo 1A (RJ) A Lapa de Adão e Eva
1986 Beija-Flor Vice-campeã Grupo 1A (RJ) O mundo é uma bola
1987 Beija-Flor 4.º lugar Grupo 1 (RJ) As mágicas luzes da ribalta
1988 Beija-Flor 3.º lugar Grupo 1 (RJ) Sou Rei negro, do Egito à liberdade
1989 Beija-Flor Vice-campeã Grupo 1 (RJ) Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia
Peruche Vice-campeã Grupo 1 (SP) Deuses Africanos
Rocinha Campeã Grupo D O esplendor dos divinos orixás
1990 Beija-Flor Vice-campeã Especial (RJ) Todo mundo nasceu nu
Peruche Vice-campeã Especial (RJ) De Roma Pagã ao Esplendor da Paulicéia
Rocinha Campeã Grupo C Um coração chamado Brasil
1991 Beija-Flor 4.º lugar Especial (RJ) Alice no Brasil das maravilhas
Rocinha Campeã Grupo B Do esplendor da Roma pagã ao despertar da Rocinha
1992 Beija-Flor 7.º lugar Especial (RJ) Há um ponto de luz na imensidão
1994 Viradouro 3.º lugar Especial (RJ) Teresa de Benguela, uma rainha negra no Pantanal
1995 Viradouro 8.º lugar Especial (RJ) O rei e os três espantos de Debret
1996 Viradouro 13.º lugar Especial (RJ) Aquarela do Brasil ano 2000
Nenê 6.º lugar Especial (SP) Comunicação
1997 Viradouro Campeã Especial (RJ) Trevas! Luz! A explosão do universo
1998 Viradouro 5.º lugar Especial (RJ) Orfeu, o negro do carnaval
1999 Viradouro 3.º lugar Especial (RJ) Anita Garibaldi, heroína das sete magias
2000 Viradouro 3.º lugar Especial (RJ) Brasil, visões de paraísos e infernos
2001 Grande Rio 6.º lugar Especial (RJ) Gentileza, o profeta do fogo
2002 Grande Rio 7.º lugar Especial (RJ) Os papagaios amarelos nas terras encantadas do Maranhão
2003 Grande Rio 3.º lugar Especial (RJ) O nosso Brasil que Vale
2004 Grande Rio 10.º lugar Especial (RJ) Vamos vestir a camisinha, meu amor
2005 Vila Isabel 10.º lugar Especial (RJ) Singrando em mares bravios... E construindo o futuro

Títulos e estatísticas[editar | editar código-fonte]

Joãosinho Trinta é o carnavalesco com mais títulos na história do carnaval carioca.

Divisão
Campeonato(s)
Ano
Vice
Ano
Terceiro
Ano

Primeira divisão
9 1971, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1997 6 1979, 1981, 1985, 1986, 1989, 1990 7 1973, 1984, 1988, 1994, 1999, 2000, 2003

Segunda divisão
2 1976, 1991 - - - -

Terceira divisão
1 1990 - - - -

Quarta divisão
1 1989 - - - -

Premiações[editar | editar código-fonte]

  1. 1973 - Melhor enredo (Salgueiro - "Eneida, Amor e Fantasia") [10]
  2. 1974 - Melhor conjunto de fantasias (Salgueiro) [11]
  3. 1974 - Melhor enredo (Salgueiro - "O Rei de França na Ilha da Assombração") [11]
  4. 1976 - Melhor enredo (Beija-Flor - "Sonhar com Rei dá Leão") [12]
  5. 1986 - Prêmio Especial [13]
  6. 1989 - Personalidade do Ano [14]
  7. 1989 - Melhor enredo (Beija-Flor - "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia") [14]
  1. 2000 - Eu Sou o Samba (Personalidade) [15]
  2. 2007 - Tamborim Nota 10 (Personalidade da Década) [16]

Referências

  1. Nota ortográfica: O diminutivo correto de João é Joãozinho.
  2. «TV: Morre aos 78 anos o carnavalesco Joãosinho Trinta». Portal Terra. 17 de dezembro de 2011. Consultado em 8 de julho de 2022 
  3. a b Joãosinho Trinta morre aos 78 anos no Hospital UDI.. Por Valquíria Ferreira. Jornal Pequeno, 18 de dezembro de 2011
  4. a b Joãosinho Trinta criou polêmicas na Passarela do Samba. Por Renata Chaiber. Agência Brasil, 17 de dezembro 2011.
  5. a b Autoridades, amigos, fãs e turistas velam o corpo de Joãosinho Trinta. Acesso Parnaiba.
  6. «Entrevista de Joãosinho Trinta ao Museu da Pessoa». Museu da Pessoa. Consultado em 10 de dezembro de 2023 
  7. Extra Online (5 de outubro de 2010). «Joãosinho Trinta tem desempenho ruim nas urnas». Consultado em 13 de outubro de 2010 
  8. «Joãosinho Trinta falece no Maranhão». 17 de dezembro de 2011. Consultado em 17 de dezembro de 2011  Texto "G1" ignorado (ajuda)
  9. G1 (21 de dezembro de 2011). «Cidade do Samba ganha o nome do carnavalesco Joãosinho Trinta». Consultado em 12 de janeiro de 2012 
  10. «Mangueira, Salgueiro e Império dividem os Estandartes de Ouro». O Globo. 7 de março de 1973. p. 3. Consultado em 22 de junho de 2019. Arquivado do original em 22 de junho de 2019 
  11. a b «Salgueiro e Mocidade, campeões do Estandarte». O Globo. 27 de fevereiro de 1973. p. 7. Consultado em 23 de junho de 2019. Arquivado do original em 23 de junho de 2019 
  12. «O Globo aponta os melhores do samba». O Globo. 3 de março de 1976. p. 21. Consultado em 22 de julho de 2019. Arquivado do original em 22 de julho de 2019 
  13. «Beija-Flor é a melhor escola do Estandarte de Ouro». O Globo. 12 de fevereiro de 1986. p. 2. Consultado em 8 de agosto de 2019. Arquivado do original em 8 de agosto de 2019 
  14. a b «Os campeões do Estandarte de Ouro 1989». O Globo. 8 de fevereiro de 1989. p. 2. Consultado em 14 de agosto de 2019. Arquivado do original em 14 de agosto de 2019 
  15. «Tamborim de Ouro 2000». Site Academia do Samba. Consultado em 22 de abril de 2017. Cópia arquivada em 9 de novembro de 2013 
  16. «Tamborim de Ouro 2007». Site Academia do Samba. Consultado em 22 de abril de 2017. Cópia arquivada em 9 de novembro de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]