Joaquina Soares – Wikipédia, a enciclopédia livre

Joaquina Soares
Joaquina Soares
Nome completo Maria Joaquina Coelho Soares
Nascimento 15 de janeiro de 1953 (71 anos)
Nacionalidade Portugal Portuguesa
Ocupação Arqueóloga

Maria Joaquina Coelho Soares (15 de janeiro de 1953) é uma arqueóloga, diretora do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal e docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa[1][2][3].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Formação académica[editar | editar código-fonte]

Joaquina Soares é licenciada em Geografia e mestre em Geografia Humana e Planeamento Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e doutora em História, no ramo de Pré-História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a quem submeteu a tese Transformações sociais durante o III milénio AC no Sul de Portugal: O povoado do Porto das Carretas[4]. Realizou igualmente uma pós-graduação em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias[2].

Carreira arqueológica[editar | editar código-fonte]

A carreira arqueológica de Joaquina Soares abrange mais de quatro décadas, correspondendo a um período de mudança de arqueologia portuguesa (processo de institucionalização), principalmente caracterizada pela autonomia académica da arqueologia, separando-se da História.

Joaquina Soares dirigiu e co-dirigiu mais de cem escavações arqueológicas integradas em projectos de investigação ou em programas de salvamento arqueológico. Prefere o trabalho de campo: «as novas ideias surgem a partir do contacto direto com o registro empírico».

Trabalhou no maior projeto arqueológico do Sul de Portugal, no Alqueva (1997-2002) (Barragem no rio Guadiana), e até mesmo na fase anterior (1984-85) de pesquisa arqueológica para a avaliação do impacto ambiental dessa obra pública sobre o património cultural, com Carlos Tavares da Silva e José Manuel Mascarenhas[2].

Os museus[editar | editar código-fonte]

Implantou, desde 1975, um novo conceito de museu regional orientado para a investigação e para o desenvolvimento regional. Esta experiência teve lugar com a fundação do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS).

O MAEDS é um centro avançado de arqueologia social.

Prossegue a sua actividade museológica, como directora do MAEDS e a sua investigação científica coordenando dois projectos principais:

  • Arqueologia urbana: Preexistência de Setúbal
  • CIB – Chibanes no contexto da Arqueologia na Península da Arrábida. Este projeto é considerado estratégico para o desenvolvimento económico da região que aposta na candidatura da Arrábida a Património Mundial, junto da UNESCO.

Promoveu também a primeira rede regional de museus, o Fórum Intermuseus do Distrito de Setúbal (FIDS), desde 2003.

As suas principais contribuições no campo da arqueologia pesquisa são:

  • A identificação, com Carlos Tavares da Silva, das primeiras fortificações calcolíticas do III milénio cal BC, no sul de Portugal.
  • O estudo do processo de neolitização na Costa Sudoeste Portuguesa.
  • O surgimento de complexidade no III milénio cal BC, no sudoeste da Península Ibérica.
  • A descoberta e estudo dos povoados da Idade do Bronze Médio no SW Ibérico (Cultura do Bronze do Sudoeste) [2].

Outras atividades[editar | editar código-fonte]

Joaquina Soares teve um papel importante na implementação da arqueologia urbana em Portugal, principalmente nas cidades de Setúbal e Sines. Organizou o primeiro congresso nacional com Carlos Tavares da Silva: I Encontro Nacional de Arqueologia Urbana. Setúbal, MAEDS e IPPC, 1985.

No âmbito do seu trabalho combinou a pesquisa com a aplicação social, para fins educacionais informativos e económicos.

Realizou dezenas de conferências, workshops e simpósios, alguns internacionais onde se assinalam:

  • Pré-História das Zonas Húmidas. Paisagens de Sal, Setúbal, 19-21 de maio de 2011.
  • Produção e Comércio de Preparados Piscícolas na Costa Atlântica da Península Ibérica, durante a Proto-História e a Época Romana, Setúbal, 2004[2].

A docência[editar | editar código-fonte]

Tem-se dedicado nos últimos quatro anos ao ensino universitário de Pré-História e Proto-História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa[2].

Algumas obras[editar | editar código-fonte]

  • SOARES, J. e SILVA, C. T. (1976-77). «O monumento megalítico da Palhota (Santiago do Cacém)» in Setúbal Arqueológica, Setúbal, 2-3, p. 109-150.
  • TAVARES DA SILVA, C.; SOARES, J. (1981).Pré-história da Área de Sines. Lisboa: Gabinete da Área de Sines, 231 pp.
  • TAVARES DA SILVA C.; SOARES, J. (1986). Arqueologia da Arrábida. Lisboa: Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza, 211 pp.
  • MASCARENHAS, J. M.; SOARES J.; TAVARES DA SILVA, C. (1986). «O património histórico-cultural e os estudos de impacte ambiental: proposta de metodologia para a avaliação do impacte de barragens» in Trabalhos de Arqueologia do Sul, 1. Évora: Serviço Regional de Arqueologia do IPPC, p. 7-16.
  • SOARES, J. e SILVA, C. T. (1992). «Para o conhecimento dos povoados do megalitismo de Reguengos» in Setúbal Arqueológica, Setúbal, 9-10, p.37-88.
  • TAVARES DA SILVA C.; SOARES, J. (1993). Ilha do Pessegueiro. Porto Romano da Costa Alentejana. Lisboa: Instituto de Conservação da Natureza, 245 pp.
  • SOARES, J. (1995). «Mesolítico-Neolítico na Costa Sudoeste: transformações e permanências» in Actas do l Congresso de Arqueologia Peninsular (Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 35). Porto, 6, p. 27-45.
  • SOARES, J. (1996). «Padrões de povoamento e subsistência no Mesolítico da Costa Sudoeste portuguesa» in Zephyrus, 49, p.109-124.
  • SOARES, J. (1997). «A transição para as formações sociais neolíticas na Costa Sudoeste portuguesa, in A. Rodríguez Casal (ed.), O Neolítico Atlântico e as Orixes do Megalitismo (Actas do Colóquio Internacional). Santiago de Compostela: Consello da Cultura Galega, Universidad de Santiago de Compostela e Unión Internacional das Ciências Prehistóricas e Protohistóricas, p. 587-608.
  • SOARES, J. (1998). «Arqueologia urbana em Setúbal: problemas e contribuições» in Actas do Encontro sobre Arqueologia da Arrábida (Trabalhos de Arqueologia, 14). Lisboa: IPA, p. 101-130.
  • SOARES, J. (1999). «Museus de território na era da globalização, in O Arqueólogo Português, 17 (S.IV), p. 429-450.
  • SOARES, J. (2003) – Os hipogeus pré-históricos da Quinta do Anjo (Palmela) e as economias do simbólico. Setúbal: Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, 238 pp.
  • SOARES, J. (2008). «Economias anfíbias na costa sudoeste ibérica. IV-III milénios BC. O caso da Ponta da Passadeira (estuário do Tejo)» in IV Congreso del Neolítico Peninsular, T. II. Alicante: Museo Arqueológico de Alicante / Diputación Provincial de Alicante, p. 356-364.
  • SOARES, J. (Coord.) (2008). Embarcações tradicionais do Sado: Contexto físico-cultural do estuário do Sado. Setúbal: Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal e Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, 180 pp.
  • SOARES, J. (2010). «Dólmen da Pedra Branca: Datas radiométricas» in Musa. Museus, Arqueologia e Outros Patrimónios, n.º 3, p. 70-82.
  • SOARES, Joaquina (2013). «Caçadores-recolectores semi-sedentários do Mesolítico do paleoestuário do Sado (Portugal)» in Setúbal Arqueológica, Vol. 14, 2013, pp. 13-56.
  • DUARTE, Susana; SOARES, Joaquina; SILVA, Carlos Tavares (2014). «Intervenção arqueológica na Rua Álvaro Castelões n.ºs 38 e 40 (Setúbal) e sismo de 1755» in Setúbal Arqueológica, Vol. 15, 2014, pp. 341-372.

Referências

  1. Cf. a equipa do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal.
  2. a b c d e f Currículo de Joaquina Soares no site do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.
  3. Site da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas a Universidade Nova de Lisboa.
  4. Ver a tese no repositório da Universidade de Lisboa.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.