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Lago Baical
Lago Baikal
Lago Baical
Localização
Coordenadas 53° 10' 25" N 107° 39' 45" E
Localização Sibéria, Rússia
País Rússia
Localidades mais próximas Irkutsk
Características
Tipo natural
Altitude 455,5 m
Área * 31 722 km²
Comprimento máximo 636 km
Largura máxima 79 km
Profundidade média 744,4 m
Profundidade máxima 1 680 m
Volume * 23 615 km³
Bacia hidrográfica 560 000 km²
Afluentes Selenga, Chikoy, Khilok, Uda, Barguzin, Alto Angara
Efluentes Rio Angara
Ilhas 27 (Olkhon)
Lago Baical está localizado em: Rússia
Lago Baical
Localização do Baical na Rússia
Mapa do Lago Baical
Mapa do Lago Baical
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas.

Lago Baical [1][2] ou Baikal [3] (em russo: О́зеро Байка́л; romaniz.:Ozera Baykal) é um lago no sul da Sibéria, Rússia, entre o oblast de Irkutsk no noroeste e a Buriácia no sudeste, perto de Irkutsk. Com 636 km de comprimento e 80 km de largura, é o maior lago de água doce da Ásia, o maior em volume de água doce do mundo,[4][5] o mais antigo (25 milhões de anos) e o mais profundo da Terra, com 1 680 m de profundidade máxima conhecida.[6]

A superfície do lago é de 31 500 km². É tão volumoso que se todos os rios na terra depositassem as suas águas no seu interior, levaria pelo menos um ano para encher. Alguns sítios ultrapassam os 1 600 m de profundidade (dados mais recentes indicam 1 680 m), sendo responsável por 22% a 23% da água doce de degelo do planeta.[7] O seu volume é superior ao de todos os grandes lagos da América do Norte combinados.

Desaguam nele cerca de 300 rios. É um habitat rico em biodiversidade, com cerca de 1085 espécies de plantas e 1 550 espécies e variedades de animais, sendo conhecido como as "Galápagos" da Rússia. Mais de 60% dos animais são endémicos: por exemplo, das 52 espécies de peixes, 27 são endémicas. O lago foi inscrito no Patrimônio Mundial pela UNESCO.[7][8]

Características[editar | editar código-fonte]

Geografia[editar | editar código-fonte]

O lago Baikal era conhecido como o Mar do Norte na China Antiga. A Europa não sabia muito do lago até que houve a expansão da Rússia para a Sibéria no século XVII. O explorador russo que veio pela primeira vez ao Baikal foi Kurbat Ivanov em 1643. A ferrovia do lago Baikal é um ramo da Transiberiana com 40 túneis e 307 km, e foi concluída em 1904. Antes de sua construção, os vagões eram transportados em balsas do Porto Baikal a Babushkin. Enquanto a ferrovia estava sendo construída, uma grande expedição hidrogeográfica chefiada por Fedor Kiríllovitx Drizhenko desenhou o primeiro atlas detalhado do lago Baikal. A antiguidade e o isolamento do lago produziu uma das faunas de água doce mais ricas e incomuns no mundo.[9]

O lago Baikal é um rifte onde a crosta está se separando.[10] Com seus 636 km de comprimento e 79 km de largura, é a maior superfície de água doce da Ásia (31 722 km²), além de ser o mais profundo lago do mundo com seus 1 642 m de profundidade. O fundo do lago está a 1 186 m abaixo do nível do mar, mas abaixo ainda existem cerca de 7 km de sedimentos, o que coloca o fundo do rifte a 8 ou 11 km abaixo da superfície, sendo o mais profundo em rifte continental.[10] Em termos geológicos este rifte é jovem e ativo, aumentando cerca de 2 cm/ano. A área da falha geológica também é sismicamente ativa, havendo fontes termais e terremotos a cada poucos anos. O único rio que provém do lago Baikal é o rio Angara, um afluente do Ienissei.

Sua idade é estimada entre 25 e 30 milhões de anos, um dos mais antigos lagos da história geológica. É o único entre os grandes lagos situados em latitudes elevadas, porque seu sedimentos não foram afetados pelas geleiras continentais. Os estudos feitos por americanos e russos na década de 1990 fornecem um registro detalhado das mudanças em climáticas durante os últimos 250 000 anos. Num futuro próximo espera-se poder aceder a camadas de sedimento mais profundas. O Baikal é também o único lago de água doce onde foram encontradas evidências diretas e indiretas da existência de hidrato de gás.[11][12][13]

Diagrama da profundidade dos lagos Baikal, Tanganica e Mar Cáspio

O lago está completamente cercado por montanhas altas e íngremes. As montanhas Baikal, na costa norte, e a taiga são tecnicamente protegidas como parque nacional. O lago contém 27 ilhas, sendo que a maior, Olkhon, tem 72 km de comprimento e é a terceira maior ilha lacustre do mundo. O lago é alimentado pelo fluxo de 336 afluentes.[14] Os principais afluentes do Baikal são o Selenga, Barguzin, Alto Angara, Turka, Sarma e o Snezhnaya. O efluente do Baikal é o rio Angara.

As águas são bem misturadas e bem oxigenadas ao longo da coluna de água, apesar da sua grande profundidade, e em contraste com a estratificação que ocorre em grandes massas de água, tais como o Lago Tanganica ou o Mar Negro. Entre maio e junho e entre outubro e novembro, quando a temperatura do lago é de cerca de 4°C (temperatura na qual a densidade da água é máxima), há grandes movimentos de convecção que misturam a água naturalmente. Esta mistura permite a oxigenação da água até 200 ou 300 m de profundidade, o que favorece a flora e a fauna do lago.[15]

Além de ser o mais profundo lago do mundo com seus 1 680 m de profundidade, levando em consideração que o lago está a 455 m acima do nível do mar e o ponto mais baixo está a 11 855 m abaixo do nível do mar, verifica-se que o Baikal é uma das depressões mais profundas da Terra. A profundidade média do lago é de 744 m e supera a maioria dos lagos mais profundos.

Círculos[editar | editar código-fonte]

Círculo perto da ponta sul do lago, com o diâmetro de 4,4 km (2,7 mi)

Os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional perceberam dois misteriosos círculos escuros no gelo do Lago Baikal em abril de 2009. Embora, na época, a causa é mais provável aquosa do que exótica, alguns aspectos das manchas estranhas desafiam explicação.

Os dois círculos são os pontos focais para a ruptura do gelo e, pensava-se que poderiam ser causados pela ressurgência de águas mais quentes no lago. A cor escura dos círculos é devida ao afinamento do gelo, que geralmente perdura em torno de junho. Ressurgência não seria estranha em algumas áreas relativamente rasas do lago onde foi detectada atividade hidrotermal, tais como onde o círculo próximo ao centro do lago está localizado. Círculos foram vistos nessa área antes, em 1985 e 1994, embora eles não eram tão pronunciados. Mas a localização do círculo perto da ponta sul do lago onde a água é relativamente profunda e fria é intrigante.[16]

Biologia[editar | editar código-fonte]

Lago Baikal tem uma rica biodiversidade. Ele abriga mais de 1 000 espécies de plantas e 2 500 espécies de animais com base no conhecimento atual, mas os números reais para ambos os grupos se acredita ser significativamente maior.[17][18]

Impacto humano[editar | editar código-fonte]

Pesquisas[editar | editar código-fonte]

Ilha Olkhon
Levantamento da cobertura de gelo no barco hovercraft Hivus-10

Várias organizações estão realizando projetos de pesquisa natural no Lago Baikal. A maioria deles são governamentais ou associados a organizações governamentais. O Baikal Research Centre é uma organização independente de pesquisa que realiza educação ambiental e projetos de pesquisa no Lago Baikal.[19] Em julho de 2008, a Rússia enviou dois pequenos submersíveis, Mir-1 e Mir-2 para descer 1 592 m até o fundo do lago Baikal a fim de realizar testes geológicos e biológicos em seu ecossistema único. Embora inicialmente relatado como sendo bem sucedido, não estabeleceram um recorde mundial para o mergulho mais profundo de água doce, atingindo uma profundidade de apenas 1 580 m.[20] Esse recorde é atualmente detido por Anatoly Sagalevich, a 1637 m (também no Lago Baikal a bordo do submersível Peixes em 1990)[20][21] O cientista e político federal russo Artur Chilingarov, líder da missão, também participou dos mergulhos Mir.[22]

Turismo[editar | editar código-fonte]

Os pontos turísticos são Listvyanka, Circum-Baikal Railway, Ilha Olkhon e Barguzinsky Bay. Existem várias trilhas turísticas, mas a mais famosa é a Great Baikal Trail. Este é um projeto voluntário, uma rota pitoresca ao longo da costa Baikal de Listvyanka a Bolshoye Goloustnoye. O comprimento total da rota é de 55 km, mas os turistas, geralmente, percorrem apenas uma parte — uma seção de 25 km até Bolshie Koty.[23]

Ameaças[editar | editar código-fonte]

Recentemente, ecologistas russos alertaram para o processo de degradação a que vem sendo submetido o lago Baikal. Toneladas de lixo, provenientes de áreas turísticas e de barcos que trafegam no lago, têm sido derramadas no lago, ameaçando transformá-lo num pântano. Uma expedição cientifica recente descobriu que 160 toneladas de lixo líquido são produzidas a cada temporada na baía de Chivyrkui. Esse lixo facilmente escoa para o lago. Em consequência da poluição, observa-se o crescimento de plantas aquáticas estranhas ao ecossistema, como a Spirogyra e a Elodea canadensis. Um nível elevado de poluição também foi encontrado na Baía Listvenichesky.[24] Como uma das medidas para combater a poluição da água, foi proposta uma solução inovadora e bastante onerosa: o primeiro navio ecológico do mundo, o Trofim Yaskin. O navio pode tornar-se a plataforma para o desenvolvimento de tecnologias para evitar a propagação de algas verdes, reciclando esgotos em combustível e realizando um tipo de tratamento de resíduos sólidos que elimina a condensação. O navio também será equipado com um drone, painéis solares e um gerador eólico. O projeto foi avaliado em 12 milhões de rublos.[25]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Lello Universal. Lello & Irmão Editores. Porto, 1993
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  3. «Lago». Infopédia. Consultado em 16 de abril de 2023. o lago Baikal na Sibéria 
  4. Schwarzenbach, Rene P.; Philip M. Gschwend; Dieter M. Imboden (2003). Environmental Organic Chemistry 2 ed. [S.l.]: Wiley Interscience. p. 1052. ISBN 9780471350538 
  5. Tyus, Harold M. (2012). Ecology and Conservation of Fishes. [S.l.]: CRC Press. p. 116. ISBN 978-1-4398-9759-1 
  6. «Viagem ao fundo do Baikal» (asp). 29 de julho de 2008. Consultado em 17 de julho de 2010 
  7. a b UNESCO World Heritage Centre. Lake Baikal
  8. Committee Decisions. CONF 201 VIII.A. Inscription: Lake Baikal (Russian Federation). 754
  9. «Lake Baikal — A Touchstone for Global Change and Rift Studies». United States Geological Survey. Consultado em 3 de agosto de 2010. Arquivado do original em 29 de junho de 2012 
  10. a b «The Oddities of Lake Baikal». Alaska Science Forum. Consultado em 27 de agosto de 2010. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2007 
  11. Kuzmin, M.I., et al., 1998. First find of gas hydrates in sediments of Lake Baikal. Doklady Adademii Nauk, 362: 541–543 (en Rus).
  12. M. Vanneste, M. De Batist, A. Golmshtok, A. Kremlev & W. Versteeg (2001). «Multi-frequency seismic study of gas hydrate-bearing sediments in Lake Baikal, Siberia». Marine Gology. 172 (1): 1–21. doi:10.1016/S0025-3227(00)00117-1 
  13. P. Van Rensbergen, M. De Batist, J. Klerkx, R. Hus, J. Poort, M. Vanneste, N. Granin, O. Khlystov & P. Krinitsky (2002). «Sublacustrine mud volcanoes and methane seeps caused by dissociation of gas hydrates in Lake Baikal». Geology. 30 (7): 631–634. doi:10.1130/0091-7613(2002)030<0631:SMVAMS>2.0.CO;2 
  14. Baikal. Frequently Asked Question, Irkutsk State University
  15. Collectif, Dictionnaire illustré des merveilles naturelles du monde pàg. 66 (1982) Reader's Digest
  16. Astronauts Spot Mysterious Ice Circles in World’s Deepest Lake por Betsy Mason em "Science" (5-maio-2009)
  17. Freshwater Ecoregions of the World (2008). Lake Baikal. Retrieved 16 July 2014.
  18. Rivarola-Duartea; Otto; Jühling; Schreiber; Bedulina; Jakob; Gurkov; Axenov-Gribanov; Sahyoun; Lucassen; Hackermüller; Hoffmann; Sartoris; Pörtner; Timofeyev; Luckenbach; and Stadler (2014). A First Glimpse at the Genome of the Baikalian Amphipod Eulimnogammarus verrucosus. "Journal of Experimental Zoology" Parte B: "Molecular and Developmental Evolution" 322(3): 177–189.
  19. «Baikal Research Centre (ANO) (in Russian)». www.baikal-research.org. Consultado em 5 de julho de 2008 
  20. a b «Russians in landmark Baikal dive». BBC News. 29 de julho de 2008. Consultado em 4 de abril de 2010 
  21. «DivingAlmanac.com». Consultado em 4 de junho de 2009. Arquivado do original em 22 de setembro de 2008 
  22. PA News (19 de julho de 2008). «Submarines to plumb deepest lake» 
  23. «2019's Guide to Lake Baikal by Locals: Landmarks, Prices, and Accommodations – Irkutsk Baikal» (em inglês) 
  24. Lago Baikal, mais profunda concentração de água pura do mundo, está virando um pântano. Ecologistas afirmam que toneladas de lixo vindas de áreas turísticas e transportes hídricos estão sendo derramadas no lago protegido pela Unesco. Carta Maior, 15 de setembro de 2014.
  25. Lake Baikal turns into swamp because of alien alga. Pravda, 8 de setembro de 2014.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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