Imigração luxemburguesa no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre

Luxemburgo Luxemburgo-brasileiros Brasil
População total

50.000[1]

Regiões com população significativa
Santa Catarina[2] · Minas Gerais[2] · Rio Grande do Sul[2]  · Paraná[2]  · São Paulo[2]
Línguas
Português brasileiro, luxemburguês, francês e alemão
Religiões
Católica
Grupos étnicos relacionados
teuto-brasileiros

A imigração luxemburguesa no Brasil foi o movimento migratório de luxemburgueses para o Brasil, principalmente entre os séculos XIX e XX.[1][3]

História[editar | editar código-fonte]

Um dos primeiros luxemburgueses a migrar para o Brasil foi João Felipe Bettendorff, missionário jesuíta que atuou no Maranhão e no Pará, entre as décadas de 1660 e 1690.[3]

No início de 1828, foi assinado um tratado de amizade eterna e comércio entre Guilherme I, Rei dos Países Baixos e Grão-Duque do Luxemburgo, e Dom Pedro I do Brasil. Em 1911 foram oficialmente reestabelecidos os laços diplomáticos entre Luxemburgo e Brasil.[3]

Ainda em 1828, teve início a imigração luxemburguesa para o Brasil com cerca de mil luxemburgueses estabelecendo-se no país.[4] A maior parte dos descendentes encontra-se em dois estados brasileiros: Santa Catarina[1][5] e Espírito Santo.[6][7]

Em Santa Catarina, os imigrantes vindos de Luxemburgo se estabeleceram na região na década de 1820, principalmente no vale do Itajaí,, no Vale do Tijucas (atuais municípios de Canelinha e São João Batista, famílias Steil e Olinger), em áreas de Colonização germânica nos entornos de Florianópolis (Antônio Carlos, Biguaçu e São Pedro de Alcantara), posteriormente algumas famílias se mudaram para a região do vale do rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul,[8][9] e na região de Rio Negro, no Paraná.[3] Em Rio Negro, entre os primeiros luxemburgueses que chegaram, estava a família Bley, que se fixou em 1829.[10][11][12]

No Espírito Santo chegaram a partir de 1850, fundando algumas colônias, como a Vila de Luxemburgo, em Santa Leopoldina.[1][13] A partir da década de 1920, na região centro-sul de Minas Gerais, no quadrilátero ferrífero, algumas famílias de luxemburgueses se fixaram, principalmente no município de João Monlevade, onde formaram uma colônia.[3][14][15]

Um luxemburgo-brasileiro, ou brasilo-luxemburguês, é um brasileiro de total, predominantemente ou parcial ascendência luxemburguesa ou um imigrante luxemburguês no Brasil. Estima-se que existam cerca de 50 mil brasileiros com algum ascendentes luxemburguês.[1] Muitos dos descendentes foram incentivados a pedir a nacionalidade luxemburguesa entre os anos de 2009 e 2018. Para a maioria dos casos, o prazo do pedido ficou aberto até 2021.[16]

Cultura luxemburguesa no Brasil[editar | editar código-fonte]

Muitos dos imigrantes luxemburgueses que chegaram no Brasil eram considerados germânicos, sendo assim eram tidos como parte desse grupo étnico, onde suas heranças culturais eram assimiladas com as dos alemães.[14][17][18] Algumas famílias mantiveram em suas casas a língua luxemburguesa (lëtzebuergesch). Alguns ainda falavam também o francês e o alemão.[14]

Os descendentes de luxemburgueses no Brasil mantiveram hábitos como na culinária. Os principais ingredientes da cozinha luxemburguesa encontrados no Brasil são as batatas, os legumes, feijão, carnes (como a suína), massas, pães, bolos, doces e sobremesas.[19] Em Minas Gerais, por exemplo, alguns restaurantes servem massas com molho de toucinho, prato muito parecido ao kniddelen mat speck, ou ainda pescoço suíno defumado com feijão-fava, similar ao judd mat gaardenbounen, além de porções de bolinhos (quilles), comparados a uma versão luxemburguesa de bowling.[14]

Em Curitiba foi criado o Grupo Folclórico Luxemburguês Feierwon, com o objetivo de resgatar, promover e cultivar as tradições, a cultura e a história de Luxemburgo, por meio apresentações artísticas com danças típicas da idade média.[17][20] A comunidade de descendentes no Paraná também resgata e mantém as tradições das festas de São Nicolau.[17][21] Em 23 de junho, celebram o Dia de Luxemburgo.[18]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e Wey, Claude (2002). «L'émigration luxembourgeoise vers l'Argentine» (PDF) (em francês). Revues Plurielles. Consultado em 25 de junho de 2007 
  2. a b c d e Cardoso, Marcos (6 de junho de 2020). «Entrevista: Karen Francesca Schwinden». ND. Consultado em 22 de novembro de 2020 
  3. a b c d e «Breve panorama histórico dos laços diplomáticos entre Brasil e Luxemburgo». Embaixada de Luxemburgo no Brasil. 2022. Consultado em 18 de abril de 2022 
  4. "De L'Etat à la nation 1839-1989" Imprimeries St. Paul p. 145
  5. Jornal A Cidade. «Luxemburgo e Santa Catarina: Laços de amizade». 2018-07-18. Consultado em 29 de março de 2016 
  6. «Luxemburgueses no Espírito Santo». 2013-11-29. Consultado em 29 de março de 2016 
  7. Folha de S. Paulo. «Luxemburgo faz campanha para dar cidadania a descendentes». 2018-06-10. Consultado em 29 de março de 2016 
  8. Letícia Bonato (26 de novembro de 2018). «Lançamento de selos postais homenageia relação entre Luxemburgo e Brasil». Governo do Rio Grande do Sul. Consultado em 19 de abril de 2022 
  9. Aline Haag (21 de abril de 2021). «Secretaria de Educação recebe livros sobre a migração da família Pierret de Luxemburgo para Sinimbu». Prefeitura de Sinimbu. Consultado em 19 de abril de 2022 
  10. «Homenagem à família Bley acontece neste sábado (11) em Rio Negro». Click Riomafra. 11 de novembro de 2017. Consultado em 19 de abril de 2022 
  11. Everton Lisboa (11 de junho de 2021). «Memorial do Imigrante de Luxemburgo será criado em Rio Negro». Click Riomafra. Consultado em 19 de abril de 2022 
  12. Eduardo Hochica (17 de junho de 2021). «Rio Negro terá Memorial do Imigrante de Luxemburgo». Click Riomafra. Consultado em 19 de abril de 2022 
  13. «Embaixador de Luxemburgo visita o Espírito Santo e mira novos negócios no estado». Folha Vitória. 5 de fevereiro de 2019. Consultado em 18 de abril de 2022 
  14. a b c d Ricardo J. Rodrigues (8 de abril de 2021). «O mundo perdido que os luxemburgueses ergueram no Brasil». Wort. Consultado em 18 de abril de 2022 
  15. «Embaixador e comitiva luxemburguesa visitam Monlevade». A Notícia. 2 de março de 2022. Consultado em 18 de abril de 2022 
  16. Gazeta do Povo. «Em busca de mais moradores, país europeu faz força-tarefa para atrair brasileiros». 2018-07-2018. Consultado em 29 de março de 2016 
  17. a b c Súsan Faria (3 de janeiro de 2022). «Tradições de Luxemburgo no Paraná». Diplomacia Business. Consultado em 19 de abril de 2022 
  18. a b «Luxemburgueses comemoram suas tradições no Pavilhão Étnico». Prefeitura Municipal de Curitiba. 28 de junho de 2019. Consultado em 19 de abril de 2022 
  19. «Embaixatriz apresenta culinária luxemburguesa através de oficina de pratos típicos». Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. 11 de março de 2020. Consultado em 20 de abril de 2022 
  20. «O Consulado honorário de Luxemburgo no Paraná completa 1 ano e compartilha algumas de suas atividades». Embaixada de Luxemburgo no Brasil. 25 de maio de 2021. Consultado em 19 de abril de 2022 
  21. «Consulado de Luxemburgo do PR convida para Festa de São Nicolau». Tribuna da Fronteira. 24 de novembro de 2021. Consultado em 19 de abril de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]