Mário Cardozo – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Não confundir com o actor Mário Cardoso, nem o poeta Mário Cesariny de Vasconcelos.


Mário de Vasconcelos Cardoso
Nome completo Mário Augusto de Vasconcelos Cardoso
Dados pessoais
Nascimento 1 de Março de 1889
Guimarães
Morte 14 de Julho de 1982
Guimarães
Nacionalidade Portuguesa
Vida militar
Hierarquia Coronel
Honrarias Ordem Militar de Avis
Ordem do Infante D. Henrique
Ordem da Instrução Pública

Mário Augusto de Vasconcelos Cardoso, mais conhecido como Mário Cardozo ou Mário de Vasconcelos Cardoso GOAComIHComIP (Guimarães, 1 de Março de 1889 - Guimarães, 14 de Julho de 1982), foi um militar e arqueólogo português. Foi presidente da Sociedade Martins Sarmento, tendo-se destacado pelos seus trabalhos arqueológicos nos castros da Citânia de Briteiros e de Sabroso.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu no concelho de Guimarães, em 1889.[1]

Enveredou pela carreira militar, tendo alcançado o posto de coronel.[2] Durante a Primeira Guerra Mundial, combateu em Angola e Moçambique.[1]

Também se destacou pelos seus estudos sobre história, etnografia e arqueologia no concelho de Guimarães, tendo dirigido a publicação científica Revista de Guimarães em 1926 e de 1965 a 1972.[1] Travou conhecimento com grandes nomes da arqueologia a nível internacional, como Garcia y Bellido (es), Blanco Freijeiro (es), Alberto Balil (es), Chistopher Hawkes (en), Hubert Newman Savory, Beatrice Blance e Jean Arnal (fr), que colaboraram na sua revista.[1] Publicou cerca de quatrocentos trabalhos, alguns em livro e outros em artigos de revistas científicas portuguesas e estrangeiras.[1]

Presidiu à Sociedade Martins Sarmento durante quase quatro décadas, tendo sido responsável pelo desenvolvimento daquela instituição, principalmente a biblioteca e o museu, sobre o qual editou vários catálogos.[1] Foi igualmente o responsável pelos trabalhos arqueológicos nos castros da Citânia de Briteiros e de Sabroso, tendo coordenado mais de trinta campanhas de escavações, e sido o autor de uma monografia sobre aqueles dois monumentos.[1] Coordenou uma série de campanhas arqueológicas anuais na Citânia de Briteiros entre 1930 e 1961,[3] tendo feito a sua última escavação no local em 1968.[4] Em 1970, declinou um convite da Câmara Municipal de Guimarães para mais trabalhos arqueológicos na Citânia de Briteiros, justificando esta decisão com a falta de financiamento por parte da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que até à década de 1960 tinha suportado as suas campanhas anuais.[5] Nesse ano criticou igualmente as condições de degradação em que já se encontrava o monumento, tal como o de Sabroso.[5] Em 1972, num artigo na Revista de Guimarães voltou a denunciar a falta de atenção do governo para com o património nacional, comparando a situação portuguesa com a espanhola, onde estavam a ser realizadas grandes obras nos monumentos.[5]

Faleceu em 1982, no concelho de Guimarães.[2]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Foi condecorado com o grau de comendador da Ordem Militar de Avis em 4 de Fevereiro de 1943, ascendendo ao grau de grande-oficial da mesma ordem em 18 de Dezembro de 1946, e com as comendas da Ordem da Instrução Pública em 2 de Fevereiro de 1944 e da Ordem do Infante D. Henrique em 12 de Julho de 1972.[6]

Em 18 de Outubro de 2006, o seu nome foi colocado na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de São João da Ponte e o Agrupamento Vertical de Escolas de Ponte, ambas no concelho de Guimarães.[1]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Dispersos: Colectânea de artigos publicados, desde 1876 a 1899, sobre arqueologia, etnologia, mitologia, epigrafia e arte pré-histórica: Dr. Francisco Martins Sarmento (1833-1899) - Coligida por Domingos da Costa Araújo, Mário Cardozo, Ruy de Serpa Pinto (Imprensa da Universidade, 1933)
  • Correspondência epistolar entre Emílio Hubner e Martins Sarmento: Arqueologia e epigrafia, 1879-1899 - Coligida e anotada por Mário Cardozo (Sociedade Martins Sarmento, 1947)
  • Cartas de Leite de Vasconcelos a Martins Sarmento: Arqueologia e Etnografia: 1879-1899 - Anotações de Mário Cardozo (Sociedade Martins Sarmento, 1958)
  • La "Société Martins Sarmento". La "Citânia de Briteiros" et le "Castro" de Sabroso (1960)
  • Especímenes de suásticas do Museu Arqueológico de "Martins Sarmento", em Guimarães (Portugal) (Sociedade Martins Sarmento, 1980)
  • Francisco Martins Sarmento: Esboço da sua Vida e Obra Científica (Sociedade Martins Sarmento, 1982)
  • Catálogo do Museu de Arqueologia da Sociedade Martins Sarmento: Secção de epigrafia latina e de escultura antiga (Sociedade Martins Sarmento, 1985)
  • Citânia de Briteiros e Castro de Sabroso: Notícia descritiva para servir de guia ao visitante (Sociedade Martins Sarmento, 1986)

Referências

  1. a b c d e f g h i PORTUGAL. Despacho n.º 22 848/2006, de 18 de Outubro. Ministério da Educação - Gabinete do Secretário de Estado da Educação. Publicado no Diário da República n.º 216, Série II, de 9 de Novembro de 2006.
  2. a b CARDOSO, João Luís. «Mário Cardozo» (PDF). Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 28 de Abril de 2023 
  3. «Escavações arqueológicas na Citânia de Briteiros foram retomadas para fins científicos». Câmara Municipal de Guimarães. Consultado em 28 de Abril de 2023 
  4. «Escavação (1968)». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 28 de Abril de 2023 
  5. a b c CRUZ, Gonçalo. «O desencanto de um arqueólogo na reta final do Estado Novo». Reflexo Digital. Jornal de Guimarães. Consultado em 3 de Maio de 2018 
  6. «Entidades nacionais agraciadas com ordens portuguesas». Ordens Honoríficas Portuguesas. Consultado em 28 de Abril de 2023 

Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • NUNES, Henrique Barreto, ed. (1994). Obras de Mário Cardozo. 2 Volumes. Porto: Fundação Eng. António de Almeida. ISBN 972-9194-82-3