Maafa – Wikipédia, a enciclopédia livre

Tópicos Pan-Africanos
Geral
Pan-africanismo
Afro-asiáticos
Afro-latino
Afro-americano
Kwanzaa
Colonialismo
África
Maafa
Negros
Filosofia africana
Conservadorismo negro
Nacionalismo negro
Orientalismo negro
Afrocentrismo
Tópicos africanos
Arte
FESPACO
African art
PAFF
Pessoas
George Padmore
Walter Rodney
Patrice Lumumba
Thomas Sankara
Frantz Fanon
Chinweizu Ibekwe
Molefi Kete Asante
Ahmed Sékou Touré
Kwame Nkrumah
Marcus Garvey
Nnamdi Azikiwe
Malcolm X
W. E. B. Du Bois
C. L. R. James
Cheikh Anta Diop

Maafa (ou Holocausto africano, Holocausto da escravidão ou Holocausto negro)[1][2][3] são neologismos políticos (que se tornaram populares de 1998 pra frente[4][5][6][7]) usados para descrever a história e os efeitos contínuos das atrocidades infligidas ao povo africano, particularmente quando cometidos por não-africanos (europeus e árabes, para ser exato)[8] especificamente no contexto da história da escravidão, incluindo o tráfico árabe de escravos e o comércio atlântico de escravos e dito como "presente até os dias atuais" através do imperialismo, colonialismo e outras formas de opressão.[4][6][7][9][5][10] Por examplo, Maulana Karenga (2001) coloca a escravidão no contexto mais amplo do Maafa, sugerindo que seus efeitos excederam a mera perseguição física e marginalização legal: a "destruição da possibilidade de humanidade envolveu a redefinição da humanidade africana para o mundo, envenenando relações passadas, presentes e futuras com outros que nos conhecem através desta estereotipagem, assim danificando as relações verdadeiramente humanas entre os povos."[11]

História e terminologia[editar | editar código-fonte]

O uso do termo suaíle Maafa ("Grande Desastre") no inglês foi introduzido por Marimba Ani em seu livro de 1998 Let the Circle Be Unbroken: The Implications of African Spirituality in the Diaspora.[12][13] Vem de um termo em suaíle para "desastre, terrível ocorrência ou grande tragédia".[14][15] O termo foi popularizado na década de 1990.[16]

Alguns acadêmicos como Maulana Karenga preferem o termo Holocausto africano porque implica intenção.[carece de fontes?] Um problema detectado por Karenga é que a palavra Maafa também pode ser traduzida como "acidente", e na visão de alguns intelectuais o holocausto da escravidão não foi acidental. Ali Mazrui diz que a palavra "holocausto" é um "plágio duplo" já que o termo vem do antigo grego e portanto, embora seja associado com o genocídio de judeus, ninguém pode ter um monopólio sobre o termo. Mazrui diz que "esse empréstimo de mutuários sem atribuição é o que eu chamo de 'plágio duplo'. Mas esse plágio é justificável porque o vocabulário de horrores como genocídio e escravidão não deve estar sujeito a restrições de direitos autorais."[17]

Alguns intelectuais afrocêntricos preferem o termo Maafa em vez de Holocausto africano,[18] porque acreditam que a terminologia indígena africana transmite mais verdadeiramente os eventos.[13] O termo Maafa pode servir "praticamente para o mesmo propósito psicológico cultural para os africanos que a ideia de Holocausto serve para nomear a experiência culturalmente distinta dos judeus sob o nazismo alemão."[19] Outros argumentos a favor de Maafa em vez de Holocausto africano dão ênfase para o fato de que a negação da validade da humanidade africana é um fenômeno secular sem paralelo: "O Maafa é um sistema contínuo, constante e completo de total negação e anulação humana."[7]

Os termos "Comércio Transatlântico de Escravos", "Comércio Atlântico de Escravos" e "Comércio de Escravos" também são considerado por alguns[quem?] como profundamente problemáticos, porque servem de eufemismos para intensa violência e assassinato. Ao ser referido como um "comércio", este período prolongado de perseguição e sofrimento é apresentado como um dilema comercial, e não como uma atrocidade moral.[20] Tendo o comércio como foco principal, a tragédia mais ampla se torna consignada a um ponto secundário, como mero "dano colateral" de um empreendimento comercial. Outros,[quem?] porém, acreditam que evitar o termo "comércio" é um ato apologético em favor do capitalismo, absolvendo as estruturas capitalistas de envolvimento na catástrofe humana.[21]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. William Wright aponta para as diferenças entre história negra e história africana e defende que o Holocausto Africano é um grande motivo pelo qual essas duas histórias não são sinônimas: William D. Wright, Black History and Black Identity: A Call for a New Historiography, p. 117
  2. «What Holocaust». "Glenn Reitz". Consultado em 18 de dezembro de 2018. Arquivado do original em 18 de outubro de 2007 
  3. Ryan Michael Spitzer, "The African Holocaust: Should Europe pay reparations to Africa for Colonialism and Slavery?", Vanderbilt Journal of Transnational Law, vol. 35, 2002, p. 1319.
  4. a b Barndt, Joseph. Understanding and Dismantling Racism: The Twenty-First Century. 2007, página 269.
  5. a b The Global African: A Portrait of Ali A. Mazrui. Omari H. Kokole.
  6. a b Reparations for the Slave Trade: Rhetoric, Law, History and Political Realities”.
  7. a b c Jones, Lee and West, Cornel. Making It on Broken Promises: Leading African American Male Scholars Confront the Culture of Higher Education. 2002, p. 178.
  8. Stewart, Sharon; Butts, Edward; Sadlier, Rosemary, Canadian Cultural Heritage Bundle: Louis Riel / Harriet Tubman / Simon Girty, Dundurn (2013), p. 314, ISBN 9781459727915
  9. Wright, William D. (2001). Black History and Black Identity: A Call for a New Historiography (em inglês). [S.l.]: Greenwood Publishing Group. ISBN 9780275974428 
  10. Ryan Michael Spitzer, "The African Holocaust: Should Europe pay reparations to Africa for Colonialism and Slavery?", Vanderbilt Journal of Transnational Law, vol. 35, 2002, p. 1319.
  11. «Letter by Maulana Karenga, 2001». H-net.msu.edu. 29 de abril de 2010. Consultado em 14 de outubro de 2015 
  12. Dove, Nah. Afrikan Mothers: Bearers of Culture, Makers of Social Change. 1998, p. 240.
  13. a b Gunn Morris, Vivian and Morris, Curtis L. The Price They Paid: Desegregation in an African American Community. 2002, p. x.
  14. Harp, O.J. Across Time: Mystery of the Great Sphinx. 2007, p. 247.
  15. Cheeves, Denise Nicole (2004). Legacy. [S.l.: s.n.] p. 1 
  16. Pero Gaglo Dagbovie (2010). African American History Reconsidered. [S.l.]: University of Illinois Press. p. 191 
  17. «Ancestry, Descent And Identity» (PDF). Igcs.binghamton.edu. Consultado em 14 de outubro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 13 de março de 2012 
  18. Tarpley, Natasha. Testimony: Young African-Americans on Self-Discovery and Black Identity. 1995, p. 252.
  19. Aldridge, Delores P. and Young, Carlene. Out of the Revolution: The Development of Africana Studies. 2000, p. 250.
  20. Diouf, Sylviane Anna. Fighting the Slave Trade: West African Strategies. 2003, p. xi.
  21. Epps, Henry. A Concise Chronicle History of the African-American People Experience in America. [S.l.]: Lulu.com. p. 57. ISBN 9781300161431. Consultado em 24 de fevereiro de 2015 
  • Anderson, S. E., The Black Holocaust For Beginners, Writers & Readers, 1995.
  • Ani, Marimba, Let The Circle Be Unbroken: The Implications of African Spirituality in the Diaspora. New York: Nkonimfo Publications, 1988 (orig. 1980).