Manuel Fraga Iribarne – Wikipédia, a enciclopédia livre

Manuel Fraga
Manuel Fraga Iribarne
Manuel Fraga
Presidente de Galiza
Período 2 de fevereiro de 1990
a 2 de agosto de 2005
Dados pessoais
Nascimento 23 de novembro de 1922
Vilalba (Galiza), Espanha
Morte 15 de janeiro de 2012 (89 anos)
Madrid, Espanha
Partido Alianza Popular AP

Manuel Fraga Iribarne GCCGCSEGCIH (Vilalba, 23 de novembro de 1922Madrid, 15 de janeiro de 2012) foi um político espanhol. Foi presidente da Galiza entre 1990 e 2005, foi ministro da Informação e Turismo (1962-1969) durante a ditadura de Francisco Franco e um nome importante na transição à democracia e da elaboração da nova constituição do Reino de Espanha e senador às Cortes Gerais eleito pelo Parlamento da Galiza.

Licenciou-se em Direito e em Ciências Políticas e Económicas, e iniciou a actividade política em 1952, como secretário-geral do Instituto de Cultura Hispânica, e ocupou posteriormente vários cargos na área da educação e da cultura. Em 1962 foi nomeado ministro da Informação e Turismo, na época em que a Espanha se tornou num das principais destinos do turismo mundial.

Em 1973 é nomeado embaixador da Espanha no Reino Unido, e volta ao seu país dois anos mais tarde para integrar o primeiro Governo da monarquia recém-restaurada, como vice-presidente e responsável pelos Assuntos Internos. Entre 1977 e 1978 faz parte do grupo que redigiu a Constituição espanhola, os chamados Padres de la Constitución, e fundou a Aliança Popular, antecessora do actual Partido Popular (PP), cuja liderança deixa em 1987, quando é eleito deputado ao Parlamento europeu.

Desde a transição democrática, Fraga Iribarne apresentou-se a todas as eleições até 1986, tendo sido eleito deputado pela comunidade de Madrid nas legislativas de 1977, 1979, 1982 e 1986.

Em 1989 liderou a lista do Partido Popular às eleições regionais da Galiza, ganhando a maioria absoluta, e tornando-se presidente da Junta. O sucesso eleitoral veio a repetir-se nas três eleições seguintes - 1993, 1997 e 2001. Aos 82 anos, nas eleições regionais galegas de Junho de 2005, perde por um deputado a maioria absoluta (37 deputados do PP, 25 do PSOE e 13 do Bloco Nacionalista Galego) e abandona a presidência da Junta.

Autor de mais de 87 livros em espanhol e dois em galego.

A 16 de Março de 1964 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal, a 23 de novembro de 1992 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e em 23 de agosto de 1996 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal.[1]

Visão da Galiza[editar | editar código-fonte]

Formamos os galegos um povo inserido na Espanha e na Europa desde o início. De fato, meu país entrou na primeira organização geral européia, que foi o Império Romano, quando as legiões ocuparam seu território em duas longas campanhas sucessivas lideradas por Júlio César e por Otávio Augusto; isto é, pelos dois fundadores do império. A Galícia permaneceu nela até a sua fragmentação, que ocorreu no século V. E já no século VI foi integrado na unidade da monarquia espanhola, na qual ainda está inscrito. É assim que a Galiza é uma das regiões mais ilustres que constituíram continuamente o reino de Espanha durante mil e quinhentos anos. Nossa adesão constante à Espanha e à Europa não é, portanto, uma coisa recente, mas muito antiga: e, como tal, a história transformada em radicalidade. Esse radicalismo se aprofundou graças a um evento que pareceria fantástico se não fosse, como é, totalmente histórico. Aconteceu, com efeito, que Santiago de Compostela, a capital histórica da Galiza, tornou-se, a partir do século IX, o extremo ocidental de uma rota de peregrinação chamada Caminho de Santiago. Esse caminho ligava-se no centro da Europa a duas outras: "o caminho dos peregrinos", que levava a Roma, e o "caminho dos palmeiros", que levava a Jerusalém. Essas três entradas coincidiam no mesmo sentido -essencialmente religioso e completamente cultural, comercial e econômico- e eram assim os meios de comunicação de pessoas, coisas e idéias de cuja pluralidade a Europa moderna surgiu.[2]

Visão da Europa[editar | editar código-fonte]

Europa é a acumulação de muitas realidades históricas, que vieram de tempos muito remotos; a cultura clássica, grega e romana; a expansão dos povos nórdicos; a tradição cristã, com clara predominância da sua versão catolicismo, após o Grande Cisma; uma organização social progressivamente mais flexível do que outras zonas geográficas e culturais; a sua capacidade de resistência à pressão militar e cultural doutros grupos; em suma a sua essência e força de criar com tudo isso modos de vida e organização, o que lhe permitiu (a partir duma estrutura geopolítica plural e integrada) descobrir e dominar grande parte do mundo, e influenciar decisivamente o mundo inteiro, no que tem sido engenhosamente descrito como o verdadeiro "rapto da Europa".(...) Uma Europa capaz de autodestruição, da qual começa a levantar-se, e espero que o faça, face aos difíceis desafios do novo milénio.[3]

Visão da América-Latina[editar | editar código-fonte]

A Europa moderna foi o agente coletivo que, a partir do século XVI, descobriu a América, comprovou a unidade da terra e se espalhou pelo planeta recém-circundado, com uma forma de cultura e civilização tidas como superiores, que marcaram o progresso de toda a humanidade até hoje. Em toda esta empresa tivemos na América o protagonismo de todos os que conhecemos, os espanhóis, os portugueses... e também os galegos. Isto é, aqueles aos quais o bardo Eduardo Pondal chamou "Os Eoas" no seu glorioso poema épico escrito em galego e dedicado ao Descobrimento.

Durante os três primeiros séculos da modernidade hispânicos e americanos permaneceram integrados no mesmo Império Espanhol, unidos mais por direitos do que por força, com fundação nos princípios da igualdade de todos os seres humanos perante a lei e da proteção dos mais fracos, ambos consagrados nas Leis das Índias pela primeira vez na história dos direitos humanos. Durante três séculos, nós os europeus transferimos para a América toda a tecnologia e ciência que dispúnhamos, e realizámos obras de infraestrutura colossias: infraestrutura física -como estradas, portos e cidades-; e infra-estrutura cultural -como universidades, imprensa, hospitais e templos-. Muitas dessas construções continuam ainda a ser úteis nos locais onde foram criadas.

Entretanto, durante os dois últimos séculos da modernidade -uma vez consumada a lógica independência das repúblicas americanas como povos que atingiram a maioridade- nós os europeus contribuímos com capital, empreendimento e abundante mão-de-obra não qualificada -composta por milhões de emigrantes- e também alguns altamente especializados -formados por minorias muito valiosas de estudantes universitários refugiados ou líderes exilados.[4]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Manuel Fraga Iribarne". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 4 de abril de 2015 
  2. Fraga Iribarne, Manuel; "Nuevo Orden Mundial" Ed.Planeta, 1996 pp. 168 e 169
  3. Fraga Iribarne, Manuel; "Nuevo Orden Mundial" Ed.Planeta, 1996 pp. 97
  4. Fraga Iribarne, Manuel; "Nuevo Orden Mundial" Ed.Planeta, 1996 p.98
Ícone de esboço Este artigo sobre um político espanhol é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.