Maratona de Londres – Wikipédia, a enciclopédia livre

Maratona de Londres
imagem ilustrativa de artigo Maratona de Londres
Generalidades
Esporte atletismo
Categoria maratona
Criação 1981
Organizador The London Marathon Limited
N.º de edições 44
Frequência anual
Patrocinador(es) Tata Consultancy Services, Virgin Money UK, Flora (en), NutraSweet (en), ADT Inc. (en), Mars, Inc. e The Gillette Company (d)
Formato maratona
Sítio eletrónico londonmarathon.com
Vencedores
Primeiro campeão Dick Beardsley H
Inge Simonsen H
Joyce Smith M
Maior campeão HOMENS
Eliud Kipchoge
MULHERES
Ingrid Kristiansen
Campeão Alexander Munyao H
Peres Jepchirchir M
Dados estatísticos
Participantes ~ 40.000

Maratona de Londres é uma corrida de rua disputada na distância de 42,195 km no mês de abril na capital da Inglaterra, por milhares de atletas, profissionais e amadores, desde 1981. Além de ser uma das cinco mais importantes maratonas do mundo, com um total de prêmios de cerca de US$1 milhão,[1] também é uma grande celebração anual esportiva da cidade, transmitida ao vivo pela televisão para diversos países.

Organizada pela primeira vez em 1981 por Chris Brasher, jornalista e campeão olímpico dos 3000 m com barreiras em Melbourne 1956, e pelo atleta galês John Disley,[2] tornou-se com o decorrer dos anos uma gigantesca prova disputada por mais de 35 mil atletas, com grande tradição de apoio à caridade no país, levantando cerca de 450 milhões de libras em donativos nos trinta anos de sua existência,[3] e é citada no Guiness Book of Records como o evento anual que mais levanta fundos para caridade, com um total de 47,2 milhões de libras conseguidos apenas em 2009.[4] Hoje é dirigida pelo britânico David Bedford, ex-recordista mundial dos 10.000 m, como diretor de prova e Nick Bitel, como chefe-executivo, e patrocinada pelo conglomerado Virgin, tendo oficialmente o nome de Virgin London Marathon.[5] A BBC a transmite ao vivo para todo o mundo.

Com um dos níveis técnicos mais altos do mundo, devido à presença de grandes corredores internacionais atraídos pelos altos prêmios em dinheiro oferecidos pelos organizadores, a prova é realizada num percurso plano e rápido – responsável por alguns recordes mundiais já obtidos ali – em volta do Rio Tâmisa, passando por diversos pontos históricos da cidade como o Parlamento britânico, o Palácio de Buckingham e a Torre de Londres.

Apesar da participação dos maiores maratonistas do circuito mundial em cada edição, é a massa humana de corredores amadores que dá o ar de festa à competição. Milhares deles, de dezenas de países diferentes, caracterizados como personagens dos mais divertidos aos mais estranhos, como frutas ou com fantasias de mais de 4 m de altura,[6] participam da corrida carregando canecas onde recolhem donativos dados pelo público mais tarde dedicados à caridade pela organização da prova e são os principais responsáveis por atraírem quase um milhão de espectadores às ruas para incentivar e torcer pelos competidores.

Como um atrativo a mais, os corredores que disputam a prova tem o privilégio de participar da única maratona do mundo disputada em dois hemisférios, ocidental e oriental, pois a cidade de Londres é cortada pelo Meridiano de Greenwich, cruzado diversas vezes durante o percurso.[7]

História[editar | editar código-fonte]

Em 1979, depois de participarem da Maratona de Nova York, Chris Brasher e John Disley resolveram criar uma competição de igual envergadura na Grã-Bretanha. Depois de voltar a Nova York no ano seguinte para observar e aprender os meandros da organização e do levantamento de suporte financeiro para tal empreitada, em 1981 ele conseguiu um patrocínio de 50 mil libras com a Gilette, estabeleceu o status de ajuda à caridade para o evento e delineou seis objetivos que a corrida devia ter, na esperança de conseguir repetir o sucesso e a participação popular que havia visto nos Estados Unidos e transformar Londres numa cidade capaz de sediar grandes eventos de rua.[8]

A primeira maratona foi realizada em 29 de março de 1981 e contou com mais de 20 mil inscrições. 6.747 atletas foram aceitos e 6.255 conseguiram completá-la. Como toque especial de inauguração, terminou num empate, depois que o norte-americano Dick Beardsley e o norueguês Inge Simonsen cruzaram a linha de chegada de mãos dadas, após correrem juntos longa parte do percurso. A britânica Joyce Smith foi a primeira entre as mulheres.[9]

Corredores durante a edição de 1990.

Desde então, seu tamanho e popularidade só fizeram crescer e o nível técnico aumentar. Quatro recordes mundiais e dezenas de recordes nacionais já foram quebrados nela. Em 1983, a primeira categoria de atletas em cadeiras de roda foi criada e a maratona foi associada com a diminuição do estigma em torno de pessoas com deficiências físicas.[10] Até 2009, 746.635 atletas já a haviam corrido. Em 2010, 36.549 corredores cruzaram a linha de chegada, o maior número em sua existência.[11]

Por muitos anos, a Maratona de Londres e a Polytechnic Marathon, também corrida na área de Londres e existente desde 1909, competiram pela preferência popular, até que em 1996 a segunda deixou de existir, devido à popularidade da primeira. Em seus mais de trinta anos de história, ela registrou a morte de doze corredores, a mais recente delas ocorrida em 2012, quando Claire Squires, uma cabeleireira de 30 anos, teve um colapso e morreu na metade do percurso. Ela havia acabado de abrir uma página no site JustGiving, conhecido no país por fazer coleta de doações de todos os tipos para pessoas necessitadas e deficientes, em nome da instituição de caridade Samaritans. Em poucas horas depois que a notícia de sua morte começou a circular, o valor das doações na página de Claire subiu de 500 libras para 600 mil libras.[12] Por outro lado, o boxeador Michael Watson tornou-se um herói nacional e alvo das manchetes de toda a imprensa britânica quando, em 2003, após ser diagnosticado como incapaz de voltar a andar depois de um nocaute sofrido nos ringues, disputou e completou a maratona em seis dias.[13]

Em 2018, a rainha Elizabeth II deu início à maratona, remotamente através de um botão, desde o castelo de Windsor.[14] Em 2020, devido à pandemia de Covid-19 foi realizada em outubro, ao invés do tradicional mês de abril, e disputada apenas por um pequeno grupo de atletas de elite num percurso de 19 voltas em torno do St. James Park, fechado ao público.[15]

Percurso[editar | editar código-fonte]

O percurso da prova se espalha pela área plana em torno do rio Tâmisa, e é considerado um dos mais competitivos e rápidos do mundo. A corrida tem largadas em três pontos separados: a "largada vermelha", no sul de Greenwich Park, a "largada verde", em St. John's Park e a "largada azul", em Shooter's Hill Road. As três ondas de corredores convergem então para leste em Charlton e se encontram na altura do km 4,5 em Woolwich, próximo ao Quartel da Artilharia Real.[16]

Quando os corredores chegam aos 10 km, passam pelo Old Royal Naval College em direção ao dique seco do Cutty Sark, em Greenwich. Passando por Surrey Quays nas Docklands, cruzam a Jamaica Road até atingir a marca da meia-maratona atravessando a Tower Bridge. Indo novamente para leste pela Highway, atravessando Wapping, passam por Limehouse e Mudchute na Isle of Dogs, antes de virarem para Canary Wharf. Quando o percurso chega ao bairro residencial de Poplar, os competidores correm para o oeste descendo a Poplar High Street de volta a Limehouse e cruzando a Commercial Road. De lá, retornam à via The Highway, para as ruas do alto e baixo Tâmisa.[16]

Chegando à parte final da prova, o percurso passa em frente à Torre de Londres. Nos últimos seis quilômetros, a London Eye (Roda do Milênio) aparece aos olhos, antes dos atletas virarem à direita na Birdcage Walk para completar os últimos 350 metros, com a visão do Big Ben e do Palácio de Buckingham à frente, terminando o percurso e cruzando a linha de chegada na larga avenida The Mall, em frente ao Palácio de St. James.[16]

Recordes[editar | editar código-fonte]

Londres faz parte da World Marathon Majors, grupo que congrega as maiores maratonas anuais do mundo, não apenas pelo seu tamanho e popularidade mas pela qualidade técnica. Quatro recordes mundiais já foram estabelecidos na prova. Os dois primeiros nos anos 1980, na maratona feminina, com as norueguesas Grete Waitz (1983 – 2:25:29) e Ingrid Kristiansen (1985 – 2:21:06), este último levando treze anos para ser superado.[17] Em 2002, o marroquino Khalid Khannouchi, então naturalizado norte-americano, abaixou a própria marca anterior, conquistada em Chicago em 1999, para 2:05:38.[18] O último dos recordes mundiais ali estabelecido foi o da britânica Paula Radcliffe (2003 – 2:15:25), marca tão expressiva entre as mulheres que se manteve imbatível por dezesseis anos – e continua sendo o recorde de Londres – quando foi quebrado pela queniana Brigid Kosgei, bicampeã das edições de 2019 e 2020, na Maratona de Chicago.[19]

O maior vencedor da prova é o bicampeão olímpico queniano Eliud Kipchoge (2015-16-18-19). Entre as mulheres, a maior vencedora é a norueguesa Ingrid Kristiansen, também quatro vezes campeã (1984-85-87-88).[20]

Vencedores[editar | editar código-fonte]

Nota: recorde da prova M e F recordes mundiais anteriores

Masculino[editar | editar código-fonte]

Ano Atleta País Tempo
2024 Alexander Munyao Quénia 2:04:01
2023 Kelvin Kiptum Quénia 2:01:25
2022 Amos Kipruto Quénia 2:04:39
2021 Sisay Lemma Etiópia 2:04:01
2020 Shura Kitata Etiópia 2:05:41
2019 Eliud Kipchoge Quénia 2:02:37
2018 Eliud Kipchoge Quénia 2:04:17
2017 Daniel Wanjiru Quénia 2:05:48
2016 Eliud Kipchoge Quénia 2:03:05
2015 Eliud Kipchoge Quénia 2:04:42
2014 Wilson Kipsang Quénia 2:04:29
2013 Tsegay Kebede Etiópia 2:06:04
2012 Wilson Kipsang Quénia 2:04:44
2011 Emmanuel Mutai Quénia 2:04:40
2010 Tsegay Kebede Etiópia 2:05:18
2009 Samuel Wanjiru Quénia 2:05:10
2008 Martin Lel Quénia 2:05:15
2007 Martin Lel Quénia 2:07:41
2006 Felix Limo Quénia 2:06:39
2005 Martin Lel Quénia 2:07:35
2004 Evans Rutto Quénia 2:06:18
2003 Gezahegne Abera Etiópia 2:07:56
2002 Khalid Khannouchi Estados Unidos 2:05:38
2001 Abdelkader El Mouaziz Marrocos 2:07:09
2000 António Pinto Portugal 2:06:36
1999 Abdelkader El Mouaziz Marrocos 2:07:57
1998 Abel Antón Espanha 2:07:57
1997 António Pinto Portugal 2:07:55
1996 Dionicio Cerón México 2:10:00
1995 Dionicio Cerón México 2:08:30
1994 Dionicio Cerón México 2:08:53
1993 Eamonn Martin Reino Unido 2:10:50
1992 António Pinto Portugal 2:10:02
1991 Yakov Tolstikov União Soviética 2:09:17
1990 Allister Hutton Reino Unido 2:10:10
1989 Douglas Wakiihuri Quénia 2:09:03
1988 Henrik Jørgensen Dinamarca 2:10:20
1987 Hiromi Taniguchi Japão 2:09:50
1986 Toshihiko Seko Japão 2:10:02
1985 Steve Jones Reino Unido 2:08:16
1984 Charles Spedding Reino Unido 2:09:57
1983 Mike Gratton Reino Unido 2:09:43
1982 Hugh Jones Reino Unido 2:09:24
1981 Inge Simonsen
Dick Beardsley
Noruega
Estados Unidos
2:11:48

Feminino[editar | editar código-fonte]

Ano Atleta País Tempo
2024 Peres Jepchirchir Quénia 2:16:16
2023 Sifan Hassan Países Baixos 2:18:33
2022 Yalemzerf Yehualaw Etiópia 2:17:26
2021 Joyciline Jepkosgei Quénia 2:17:43
2020 Brigid Kosgei Quénia 2:18:58
2019 Brigid Kosgei Quénia 2:18:20
2018 Vivian Cheruiyot Quénia 2:18:31
2017 Mary Keitany Quénia 2:17:01
2016 Jemima Sumgong Quénia 2:22:58
2015 Tigist Tufa Etiópia 2:23:22
2014 Edna Kiplagat Quénia 2:20:21
2013 Priscah Jeptoo Quénia 2:20:15
2012 Mary Keitany Quénia 2:18:37
2011 Mary Keitany Quénia 2:19:19
2010 (1) Aselefech Mergia Etiópia 2:22:38
2009 Irina Mikitenko Alemanha 2:22:12
2008 Irina Mikitenko Alemanha 2:24:14
2007 Zhou Chunxiu China 2:20:38
2006 Deena Kastor Estados Unidos 2:19:35
2005 Paula Radcliffe Reino Unido 2:17:42
2004 Margaret Okayo Quénia 2:22:35
2003 (2) Paula Radcliffe Reino Unido 2:15:25
2002 Paula Radcliffe Reino Unido 2:18:56
2001 Derartu Tulu Etiópia 2:23:57
2000 Tegla Loroupe Quénia 2:24:33
1999 Joyce Chepchumba Quénia 2:23:22
1998 Catherina McKiernan República da Irlanda 2:26:26
1997 Joyce Chepchumba Quénia 2:26:51
1996 Liz McColgan Reino Unido 2:27:54
1995 Małgorzata Sobańska Polónia 2:27:43
1994 Katrin Dörre Alemanha 2:32:34
1993 Katrin Dörre Alemanha 2:27:09
1992 Katrin Dörre Alemanha 2:29:39
1991 Rosa Mota Portugal 2:26:14
1990 Wanda Panfil Polónia 2:26:31
1989 Véronique Marot Reino Unido 2:25:56
1988 Ingrid Kristiansen Noruega 2:25:41
1987 Ingrid Kristiansen Noruega 2:22:48
1986 Grete Waitz Noruega 2:24:54
1985 Ingrid Kristiansen Noruega 2:21:06
1984 Ingrid Kristiansen Noruega 2:24:26
1983 Grete Waitz Noruega 2:25:29
1982 Joyce Smith Reino Unido 2:29:43
1981 Joyce Smith Reino Unido 2:29:57
  • (1) : a vitória de russa Liliya Shobukhova em 2010 foi anulada por doping.[21]
  • (2) : a marca da britânica Paula Radcliffe é o atual recorde da prova e também o recorde mundial anterior, quebrado em 2019.[22]

Vencedores por nações[editar | editar código-fonte]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «World Marathon Majors». worldmarathonmajors.com. Consultado em 30 de setembro de 2010. Arquivado do original em 23 de abril de 2011 
  2. «London Marathon:in the beginning». Consultado em 5 de maio de 2011. Arquivado do original em 6 de maio de 2009 
  3. «Virgin London Marathon». www.virginlondonmarathon.com. Consultado em 30 de setembro de 2010. Arquivado do original em 8 de outubro de 2010 
  4. «Your London Marathon guide». BBC. Consultado em 27 de março de 2013 
  5. «Virgin London Marathon». Consultado em 5 de maio de 2011. Arquivado do original em 19 de maio de 2009 
  6. «Your London Marathon guide». BBC. Consultado em 5 de maio de 2011 
  7. «A race for equality». The Prisma. Consultado em 5 de maio de 2011 
  8. «Marathon history». ^ "Flora London Marathon - Background". Consultado em 27 de março de 2013 
  9. «London Marathon Route: Planning With The London Marathon Map». Healthy Heart Experts. Consultado em 5 de maio de 2011 [ligação inativa]
  10. London Marathon. Museum of London. Retrieved on 2009-04-29.
  11. «Record Numbers Finish Virgin London Marathon». Consultado em 30 de abril de 2010. Arquivado do original em 15 de julho de 2012 
  12. «Tragic marathon runner Claire Squires 'inspired by memory of dead brother'». The Telegraph. Consultado em 27 de março de 2013 
  13. «Poignant end to Watson's epic journey». BBC Sports. Consultado em 5 de maio de 2011 
  14. «Rainha vai dar a partida da maratona» 
  15. «Kitata conquers Kipchoge while Kosgei retains title at London Marathon». World Athletics. 4 outubro 2020. Consultado em 4 outubro 2020 
  16. a b c «London Marathon interative map». BBC Sports. Consultado em 27 de março de 2013 
  17. «Ingrid Kristiansen personal bests». IAAF. Consultado em 27 de março de 2013 
  18. «Khannouchi breaks world record». BBC Sports. Consultado em 27 de março de 2013 
  19. «Brigid Kosgei vence em Chicago com recorde mundial». Runner's World. Consultado em 4 outubro 2020 
  20. «London Marathon: Records, stats and past winners». olympics.org. Consultado em 21 abril 2021 
  21. «Liliya Shobukhova stripped of London marathon title over doping». The Guardian. Consultado em 19 de agosto de 2015 
  22. «KOSGEI SMASHES MARATHON WORLD RECORD IN CHICAGO». IAAF. Consultado em 13 outubro 2019 
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