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Marcus Accioly
Marcus Accioly
Nome completo Marcus Morais Accioly
Nascimento 21 de janeiro de 1943
Aliança, Pernambuco
Morte 21 de outubro de 2017 (74 anos)
Itamaracá, Pernambuco
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Poeta; Membro da Academia Pernambucana de Letras; Presidente do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco.
Magnum opus Sísifo (1976)

Marcus Morais Accioly, mais conhecido por Marcus Accioly (Aliança, 21 de janeiro de 1943 - Itamaracá, 21 de outubro de 2017[1]), foi um poeta brasileiro. Foi Membro da Academia Pernambucana de Letras, possui uma vasta produção literária.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Marcus Accioly passou a infância em Aliança, dividido entre os engenhos Laureano e Jaguaraba, propriedade este dos avós paternos e aquele dos maternos,[2] além da casa dos pais no Recife, no bairro de Campo Grande. Concluiu o ginasial no Colégio Americano Batista.

Graduou-se em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, e Pós-Graduou-se em Teoria Literária pela Universidade Federal de Pernambuco,[3] onde ministrou aulas até sua aposentadoria.

Foi integrante da Geração 65 e do Movimento Armorial. Membro da Academia Pernambucana de Letras, na qual ocupa a cadeira 19,[3], deixada por João Cabral de Melo Neto e que tem como patrono Paulo Arruda, tendo sido eleito no dia 24 de Janeiro de 2000 e empossado no dia 26 de outubro do mesmo ano.

Durante o mandato de Itamar Franco, foi secretário Executivo do Ministério da Cultura durante o ministério de Antônio Houaiss,[4] tendo, em ocasiões de ausência do ministro, assumido várias vezes o cargo.

Deixou dez livros inéditos, e contribuía para o Jornal do Commercio com artigos de opinião publicados quinzenalmente às quintas-feiras. Fazia parte do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco como conselheiro emérito.[5]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Obra[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • Cancioneiro (Universitária, 1968)
  • Nordestinados (Universitária, 1971)

Tem o Nordeste como tema, o autor desenvolveu essa obra compondo poemas em torno de quatro eixos temáticos: A Pedra Lavrada - onde se encontra uma descrição dos elementos geográficos e culturais do sertão; Sertão-Sertões - com poemas inspirados nos fatos históricos ocorridos em solo sertanejo); Feira de Pássaros - onde os poemas retratam os encantos do sertão; Poética dos Violeiros - onde as características dos diversos tipos de verso utilizados por violeiros em suas disputas são usados para compor o poema.[carece de fontes?]

  • Xilografia (CEPE, 1974)

Excerto de Nordestinados e ilustrado com litografias de José Costa Leite, Xilografia é composto pelos poemas que compõem os “Os Bichos”, “As Aves” e “As Paisagens” da publicação anterior, com um poema para cada letra do nome do capítulo que lhe corresponde.

  • Sísifo (Quíron / INL, 1976)
  • Poética – Pré-Manifesto ou Anteprojeto do Realismo Épico (Bagaço, 1975)
  • Íxion ( Tempo Brasileiro, 1978)

Obra pertencente ao gênero dramático, Íxion foi definida pelo próprio autor como “Mais que um poema dramático e menos que uma tragédia grega, (…) uma tragédia à grega”. Composta em um ato-cena único, em versos decassílabos (heroicos e sáficos) brancos, exceto os trechos cantados pelos dois coros, essa obra relata os sofrimentos de Íxion numa época posterior à sua morte e prisão à roda de fogo. O personagem-título dessa tragédia funciona como uma metáfora do homem que, apesar de privado de toda sua força, utiliza a única arma que lhe resta, a palavra, para desafiar a todos, inclusive aos próprios deuses. O que mais impressiona nessa obra é o momento da vida do personagem escolhido como motivo literário. Íxion foi um dos personagens mitológicos cuja vida foi mais interessante, cheia de experiências marcantes que poderiam servir de matéria-prima literária para várias obras. Porém, Accioly escolheu o momento em Íxion parecia não ter mais o que oferecer: depois de preso à roda. A própria mitologia encerra seu relato sobre esse personagem no momento se sua prisão, não havendo qualquer referência à sua situação posterior além da tragédia de Accioly.[carece de fontes?]

  • Ó(de)Itabira (José Olympio / INL, 1980)
  • Guriatã (Brasil-América, 1980)

Composto segundo as características formais da literatura de cordel e ilustrado com gravuras em borracha e madeira de José Cavalcanti e Ferreir (Dila), Guriatã é o relato das aventuras de Sucram e Leonam (apelido: Ocen), amigos de infância. Encontramos, entretanto, uma longa série de coincidências entre os fatos narrados e a vida de seu autor. Os nomes dos parentes de Sucram e de Accioly são os mesmos (da mãe, Eunice; do pai de Sucram Jafé, de Accioly Japhet (quase homófonos) e do irmão Nestor); ambos loiros, estreitamente ligados à música e à poesia. Confirmando a intnção autobiográfica da obra, temos os próprios nomes dos personagens: Leunam é Manual escrito ao contrário (o que funciona também para seu apelido: Ocen é Neco); Sucram é Marcus Accioly.[carece de fontes?]

  • Narciso (Francisco Alves, 1984)

O terço lírico da trilogia clássica, composto de cinco cantos e cinco ecos, Narciso narra os infortúnios de seu personagem-título e da ninfa por ele apaixonada, Eco, desde o momento da morte de Narciso até sua chegada ao mundo dos mortos. Composto em poemas independentes inter-relacionados, Narciso é composto exclusivamente de sonetos, em versos de várias extensões, desde alexandrinos (doze notas) a redondilhas menores (cinco sílabas). Como no mito de Narciso a imagem refletida é de suma importância, o autor criou o “soneto invertido” com as duas primeiras estrofes com três versos e duas de quatro versos, criando um soneto “de cabeça para baixo”. Dessa forma, o soneto representa Narciso e o soneto invertido, sua imagem refletida, tornando-se completos apenas ao serem lidos conjuntamente, como no mito grego. À semelhança de seu Íxion, Accioly escolheu um momento da vida de Narciso que, aparentemente, não seria uma boa matéria-prima literária: depois de se apaixonar por seu reflexo. A mitologia e literatura gregas não oferecem detalhes acerca da situação de Narciso a partir da visão de si mesmo; apenas indica sua morte. Accioly Retratou Narciso desde a visão de si mesmo, sua morte, os infortúnios de seu corpo morto e seus tormentos no Hades.[carece de fontes?]

  • Para(ti)nação (Melhoramentos, 1986)

Poema satírico em que a história política do Brasil no século XX é recontada através de metáforas entre os presidentes eleitos e animais.

Reunião de poemas com temática erótico-amorosa, é composto de sonetos, muitos completados com um “soneto invertido” (à semelhança do que acontece em “Narciso”). Além dos 69 poema, há ainda uma Ode ao Vinho, composta em variados metros e estrofes. Como em Nordestinados há um poema para cada letra do título completo do livro (Érato: sessenta e nove poemas eróticos e uma ode ao vinho).

  • O Jogo dos Bichos (Melhoramentos, 1990)
  • Latinoamérica (2001)

Obra máxima do poeta, Latinoamérica (ou Latinomérica, como o próprio autor prefere chamar, devido à relação com o poeta grego Homero) narra a história da América Latina, mas não sob a perspectiva histórica dos “heróis” que venceram as batalhas, mas sob o ponto de vista daqueles que a história oficial considerou vilões e que foram combatidos pelas tropas governamentais. Assim, o poeta promove a inversão dos valores estabelecidos historicamente, transformando os (assim considerados pela história) heróis (como Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro) em vilões e os vilões (como Lampião, Antônio Conselheiro e Che Guevara por exemplo) em heróis.

A forma escolhida para a composição da obra foi a de uma luta de boxe, na qual o autor se comporta ora como um lutador, ora como outro; ora como espectador, ora como juiz, ora como narrador. A duração da “luta” é de trinta rounds, narrados minuto a minuto, inclusive o minuto de intervalo entre um e outro round. Os versos são em sua grande maioria, decassílabos (heroicos ou sáficos), dispostos em estrofes camonianas, havendo, porém, ocasionais surgimentos de versos menores.[carece de fontes?]

Latinoamérica, assim como Sísifo, é um poema composto sob a perspectiva épica contemporânea, sendo a principal diferença entre um e outro o fato de em Sísifo o experimentalismo poético ser o motivo literário central, enquanto que em Latimoamérica o que vemos é uma ligação mais estreita com a épica clássica.

  • Daguerreótipos (Escrituras, 2008)

Cordéis[editar | editar código-fonte]

  • Nordestinatal
  • O Roçado e a Cidade (divididos pela cerca)

Contos[editar | editar código-fonte]

  • Uma égua Chamada Sua Mãe

Publicado na Antologia do Conto Pernambucano, é composto de três contos tendo a relação homem-equino como tema central. Apesar de publicados como “contos”, são na verdade de três poemas compostos em versos decassílabos distribuídos linearmente e separados por barras.

Música[editar | editar código-fonte]

  • Nordestinados

Parceria entre Accioly e o músico cearense Cesar Barreto, Nordestinados foi gravado nos estúdios da Rozemblit, em Recife, e lançado em LP no ano de 1980 pelo selo Continental. Barreto musicou poemas integrantes da obra de Accioly, dos livros Nordestinados e Sísifo, e executou a música (vocal, violão solo e craviola) acompanhado de Fátima Goulart (contracanto), Vicente Menezes (violão) e do grupo pernambucano Som da Terra, com direção musical do flautista Egildo Vieira.[carece de fontes?]

  • Guriatã

Parceria com o compositor Sandro Guimarães. O CD, gravado em 2012, é interpretado por Sandro Guimarães, com o acompanhamento do Quinteto da Paraíba e direção musical de Antônio Madureira. O disco foi pré-selecionado ao Prêmio da Música Brasileira em 2013, sendo considerado um dos melhores discos do gênero produzidos naquele ano. O CD Guriatã mistura a sonoridade da Música Armorial com as imagens nordestinas presentes na poesia de Marcus Accioly.

Obras inéditas[editar | editar código-fonte]

  • Cancioneiro Geral (Poesia)
  • SelvaJERIa (poesia)
  • Antologia Poética (poesia)
  • Outras Odes (poesia)
  • O Velho Chico (poesia)
  • Poemas malditos (poesia)
  • Um auto de cordel para Canudos (poesia)
  • Sebinho (poesia infanto-juvenil)
  • O exílio da canção (crônicas)
  • Hipocanto (poesia)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Saulo Neiva, Avatares da epopeia na poesia brasileira do final do século XX, trad. Carmen Cacciacarro, pref. Ivan Teixeira, Recife, Massangana / Fundação Joaquim Nabuco / Ministério da Educação, 2009.

____. Um novo Velho do Restelo : a épica « satírica » de Latinomérica, Recife, Bagaço, 2007

Rita Olivieri-Godet, « Sísifo de Marcus Accioly : une poétique de l'épopée moderne ou 'de la nouvelleancienne douleur en nouveau style héroïque' », in Saulo Neiva, Désirs & débris d’épopée dans la poésie du XXe siècle, postface Daniel Madelénat, Berna, Peter Lang, 2009.

Anazildo Vasconcelos da Silva, Formação épica da literatura brasileira, Rio de Janeiro, Elo, 1987, p. 88-93.

Gilberto Mendonça Teles, Camões e a poesia brasileira e o mito camoniano na língua portuguesa, Lisboa, IN-CM, 4a. ed., 2001, p. 196-198.

Referências

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