Maria das Mercedes de Orleães – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mercedes
Princesa da França
Maria das Mercedes de Orleães
Rainha Consorte da Espanha
Reinado 23 de janeiro de 1878
a 26 de junho de 1878
Predecessora Maria Vitória dal Pozzo
Sucessora Maria Cristina da Áustria
 
Nascimento 24 de junho de 1860
  Palácio Real de Madrid, Madrid, Espanha
Morte 26 de junho de 1878 (18 anos)
  Palácio Real de Madrid, Madrid, Espanha
Sepultado em Catedral de Almudena, Madrid, Espanha
Nome completo  
Maria das Mercedes Isabel Francisca de Assis Antônia Luísa Fernanda Filipa Amália Cristina Francisca de Paula Ramona Rita Caetana Manuela Joana Joaquina Ana Rafaela Filomena Teresa Santíssima Trindade Gaspara Melquiora Baltasara de Todos os Santos de Orléans e Bourbon
Marido Afonso XII da Espanha
Casa Orléans (por nascimento)
Bourbon (por casamento)
Pai Antônio, Duque de Montpensier
Mãe Luísa Fernanda da Espanha
Religião Catolicismo
Brasão

Mercedes de Montpensier (Madrid, 24 de junho de 1860 – Madrid, 26 de junho de 1878), foi uma princesa francesa, a primeira esposa do rei Afonso XII e Rainha Consorte da Espanha de janeiro de 1878 até sua morte seis meses depois. Era filha do príncipe Antônio, Duque de Montpensier e de sua esposa, a infanta Luísa Fernanda da Espanha.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Mercedes em 1874

Nascida no Palácio Real de Madrid em 24 de junho de 1860.[1] Foi batizada no mesmo dia de seu nascimento, às oito da tarde, e recebeu os nomes de Maria das Mercedes, Isabel, Francisca de Assis, Antônia, Luísa, Fernanda, Filipa, Amália, Cristina, Francisca de Paula, Ramona, Rita, Caetana, Manuela, Joana, Josefa, Joaquina, Ana, Rafaela, Santíssima Trindade, Gaspara, Melquiora, Baltasara, Filomena, Teresa, de Todos os Santos. Seus padrinhos foram seus tios maternos, a rainha Isabel II da Espanha e seu marido Francisco, Duque de Cádis.[2]

Era filha de Antônio, Duque de Montpensier, filho do rei Luís Filipe I da França, e da infanta Luísa Fernanda da Espanha, irmã da rainha Isabel II. Passou sua infância em Sevilha, cidade pela qual sentiu uma predileção especial. Durante o período do Sexênio Revolucionário, teve que partir para o exílio. Em dezembro de 1874, a monarquia na Espanha foi restaurada, a rainha Isabel II havia renunciado a seus direitos dinásticos em favor de seu filho Afonso, Príncipe das Astúrias, que foi proclamado rei da Espanha. Mercedes então regressou à Espanha, instalando-se com sua família no Palácio de San Telmo, em Sevilha, que já havia sido a residência da família.

Dois anos antes, em 1872, Mercedes e seu primo, Afonso, Príncipe das Astúrias, haviam iniciado uma relação amorosa, quando ela tinha apenas doze anos. Apesar da oposição de Isabel II ao casamento, devido a hostilidade que mantinha com o duque de Montpensier e a preferência do governo por uma candidata mais adequada (uma das candidatas desejadas foi a princesa Beatriz do Reino Unido, filha da rainha Vitória), a escolha do já convertido rei Afonso XII prevaleceu, sendo o casamento celebrado em 23 de janeiro de 1878 na Basílica de Atocha, em Madrid.

O casamento foi breve devido à morte prematura da rainha cinco meses depois, vítima de tifo. Ela faleceu em 26 de junho de 1878 no Palácio Real de Madrid, dois dias após seu aniversário de dezoito anos.[3] Seu marido ficou ao seu lado o tempo todo. Mercedes foi enterrada em uma capela do Mosteiro do Escorial, não podendo estar no panteão real, reservado apenas para rainhas que tinham filhos. A rainha foi impulsora da construção da Catedral de Almudena, em Madrid, cuja construção começou em 1883. Seus restos mortais foram transferidos para a catedral em 8 de novembro de 2000, em conformidade com o desejo expresso em seu leito de morte.

Sepultura da rainha Maria das Mercedes na Catedral de Almudena.

Viúvo aos vinte e um anos, o rei Afonso XII, inconsolável, mas soberano de um país frágil, foi convencido pelo ministro Antonio Cánovas del Castillo a se casar novamente. A escolha recaiu sobre a irmã mais velha de Maria das Mercedes, Maria Cristina de Orleães-Montpensier, entretanto a princesa faleceu de tuberculose em 1879, antes do casamento, e o rei se casou, alguns meses depois, com a arquiduquesa austríaca Maria Cristina de Habsburgo-Lorena. Posteriormente, a filha primogênita de Afonso XII e Maria Cristina seria nomeada a partir de Maria das Mercedes.

Legado[editar | editar código-fonte]

Mercedes e Afonso
Retrato de Mercedes, por Eduardo Balaca, 1878

O impacto social produzido pela prematura morte da rainha Maria das Mercedes e a desolação do rei, que abandonou a corte, retirando-se ao Palácio Real de Riofrio, fizeram popular uma tonadilla com base em um antigo romance espanhol sobre o amor do rei Dom Pedro de Portugal e Dona Inês de Castro, o Romance del Palmero, que transformou a história de amor entre Afonso e Maria das Mercedes em mito. O romance real foi levado ao cinema em duas ocasiões, com os filmes ¿Dónde vas, Alfonso XII? e ¿Dónde vas, triste de ti?. Maria das Mercedes foi interpretada por Paquita Rico.

Cantigas acerca do romance entre Maria das Mercedes e Afonso também se tornaram populares na Espanha. Entre as mais conhecidas, encontra-se a cantiga ¿Dónde vas, Alfonso XII?, que apareceu pouco tempo depois da morte de Mercedes. Ao longo do tempo a cantiga foi adaptada e ganhou diversas versões.[4][5] Benito Pérez Galdós menciona que, após a morte da rainha, durante um passeio pelos Jardins do Prado, podia-se ouvir a cantiga sendo cantada em coro por jovens meninas.[6]

A canção em sua versão original:

¿Donde vas, rey Alfonsito?
¿Dónde vas, triste de ti?

Voy en busca de Mercedes
que ayer tarde no la vi.

Merceditas ya se ha muerto,
muerta está, que yo la vi,
cuatro duques la llevaban
por las calles de Madrid.

Su carita era de virgen,
sus manitas de marfil,
y el vuelo que la cubría
era rico carmesí.

Los zapatos que llevaba
eran de rico charol,
regalados por Alfonso,
el día que se casó.[7]

Também inspirou uma copla, Romance de la Reina Mercedes, composta por Quintero, León y Quiroga e cantada por muitos artistas do gênero, como Tomás de Antequera, Concha Piquer, Marifé de Triana, Pastora Soler, Paquita Rico (que interpretou a rainha no filme ¿Dónde vas, Alfonso XII?) e Lichis, entre outros. Em 2003, Maria Pilar Queralt del Hierro publicou o romance histórico De Alfonso la dulcísima esposa, onde a vida e o amor desta rainha da Espanha são narrados com grande rigor documental. A Plaza de la Reina na cidade de Valência é dedicada em sua homenagem.

Títulos, estilos e honras[editar | editar código-fonte]

Monograma de Maria das Mercedes.

Títulos e estilos[editar | editar código-fonte]

  • 24 de junho de 1860 – 23 de janeiro de 1878: Sua Alteza Real, a Princesa Mercedes de Montpensier, Princesa de Orléans, Infanta da Espanha[8]
  • 23 de janeiro de 1878 – 26 de junho de 1878: Sua Majestade, a Rainha da Espanha

Honras[editar | editar código-fonte]

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Acta del nacimiento y presentación de la Serenísima Sra. Infanta de España que ha dado á luz en esta corte S. A. R. la Serma. Sra. Infanta Doña María Luisa Fernanda.» (PDF). Gaceta de Madrid. 25 de junho de 1860 
  2. «Mayordomía Mayor de S. M.- Anoche á las ocho tuvo lugar en el Real Palacio el solemne acto de conferir el santo Sacramento del Bautismo á la Infanta recién nacida, que dió á luz á la una y cuarto de la madrugada S. A. R. la Serenísima Señora Infanta Doña María Luisa Fernanda, Duquesa de Montpensier.» (PDF). Gaceta de Madrid. 25 de junho de 1860 
  3. Campo, Carlos Robles do (2009). «Los Infantes de España tras la derogación de la Ley Sálica (1830)» (PDF). Anales de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía (12). pp. 329–384. ISSN 1133-1240. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  4. Véase la muestra de J. DIAZ en Cien lemas infantiles. Valladolid, 1981, p. 128.
  5. J. MENÉNDEZ PIDAl, Poesía popular, Madrid, 1885, p. 349.
  6. BENITO PÉREZ GALDOS, Episodios nacionales, Volumen III, Aguilar, Madrid, 1945, pp. 1349-1350.
  7. BREVE HISTORIA DE UNA POPULARÍSIMA CANCION INFANTIL website oficial da Fundación Joaquín Díaz.
  8. «Real decreto disponiendo que el Príncipe ó Princesa que diere á luz la Serma. Infanta Doña María Luisa Fernanda goce de las prerogativas de Infante de España.» (PDF). Gaceta de Madrid. 1 de junho de 1860 
  9. Guía oficial de España (em espanhol). [S.l.]: Imprenta Nacional. 1876. Consultado em 9 de maio de 2018 
  10. «Antepasados de María de las Mercedes de Orleans». Consultado em 23 de dezembro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Maria das Mercedes de Orleães
Casa de Orleães
Ramo da Casa de Capeto
24 de junho de 1860 – 26 de junho de 1878
Precedida por
Maria Vitória dal Pozzo

Rainha Consorte da Espanha
23 de janeiro de 1878 – 26 de junho de 1878
Sucedida por
Maria Cristina da Áustria


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