Mauro Carlesse – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mauro Carlesse
Mauro Carlesse
Carlesse em dezembro de 2019
9.° Governador do Tocantins
Período 27 de março de 2018
a 6 de abril de 2018[nota 1]

19 de abril de 2018
a 20 de novembro de 2021[nota 2]

Vice-governador Wanderlei Barbosa
Antecessor(a) Marcelo Miranda
Sucessor(a) Wanderlei Barbosa
Presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins
Período 1 de fevereiro de 2017
a 24 de junho de 2018
Deputado Estadual do Tocantins
Período 1 de fevereiro de 2015
a 24 de junho de 2018
Dados pessoais
Nome completo Mauro Carlesse
Nascimento 25 de junho de 1960 (63 anos)
Terra Boa, Paraná, Brasil
Prêmio(s) Medalha do Pacificador[2]
Partido PV (2011–2013)
PTB (2013–2016)
PHS (2016–2018)
DEM (2018–2022)
UNIÃO (2022)
Agir (2022–2023)
PP (2023–presente)
Profissão empresário
agropecuarista

Mauro Carlesse (Terra Boa, 25 de junho de 1960) é um político, empresário e agropecuarista brasileiro, filiado ao Progressistas (PP).[3] Foi candidato à prefeitura de Gurupi nas eleições de 2012, iniciando sua trajetória política. Elegeu-se deputado estadual nas eleições de 2014, quando presidiu a Assembleia Legislativa. Em 2018, foi eleito governador do Estado do Tocantins, renunciando o cargo em 2022, após uma série de denúncias por corrupção.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Descendente de italianos,[4] Mauro Carlesse nasceu no município de Terra Boa, no Paraná, mas passou boa parte de sua vida no estado do Tocantins, onde trabalhou como empresário, agropecuarista e iniciou sua vida política.[5]

Em 2011 e já na presidência do Sindicato Rural de Gurupi, Carlesse iniciou sua trajetória política ao filiar-se ao Partido Verde (PV).[5] No ano seguinte, foi candidato ao cargo para prefeito do município mas, mesmo angariando 16 713 votos (42,78% dos votos válidos), perdeu a eleição para Laurez Moreira, do Partido Socialista Brasileiro (PSB).[6]

Em 2013, Mauro Carlesse mudou sua filiação para o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e, em 2014, candidatou-se a deputado estadual, conseguindo eleger-se para a 8ª legislatura na Assembleia Legislativa do Tocantins, eleito com 12 187 votos.[5][7]

Em 8 de julho de 2016, então filiado ao Partido Humanista da Solidariedade (PHS), Carlesse foi eleito presidente da Assembleia Legislativa para o biênio 2017/2019. Já nas eleições de 2018, após o partido ao qual era filiado não atingir a cláusula de barreira, Mauro Carlesse filiou-se ao Democratas (DEM) para poder assumir a vice-presidência nacional do partido.[8]

Governador do Tocantins[editar | editar código-fonte]

Carlesse recebe o presidente da República, Jair Bolsonaro.

Em 2018, com a cassação do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (MDB), e de sua vice-governadora, Cláudia Lelis (PV), pelo Tribunal Superior Eleitoral, Carlesse assumiu o comando do executivo estadual interinamente até a realização de novas eleições estaduais.[9]

Seu mandato foi brevemente interrompido, entre os dias 6 de abril e 19 de abril, com o pedido de medida cautelar acolhido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que ordenou a recondução de Marcelo Miranda e Cláudia Lélis aos seus respectivos cargos.[10][11]

Em 24 de junho de 2018, Mauro Carlesse foi eleito governador do Tocantins, tendo como vice Wanderlei Barbosa (PHS).[12] Na eleição suplementar, a chapa venceu no segundo turno o senador Vicentinho Alves, do Partido da República (PR).[13] Já nas eleições estaduais de 2018, foi reeleito, desta vez para um mandato completo de 4 anos, como o governador mais votado da história do estado, alçando mais de 400 mil votos.[14]

Desempenho em eleições[editar | editar código-fonte]

Ano Eleição Candidato a Partido Coligação Suplentes/Vice Votos % Resultado
2012 Municipais de Gurupi Prefeito PV A diferença e o Trabalho

(PR, PPS,PRTB,PMN,PV,PSD,PTdoB)

Goiaciara Cruz

(PR)

16 713 42,78% Não eleito

2º lugar

2014 Estaduais no Tocantins Deputado Estadual PTB Tocantins Olhando pra Frente

(DEM,PP,PSDB,SD,PPS,PR,PTB,PEN)

12 187 1,61% Eleito
2018 Suplementar no Tocantins Governador PHS Governo de Atitude

(PHS,PP,PRB,PPS,PTC,PMN)

Wanderlei Barbosa

(PHS)

368 553 75,14% Eleito

2º turno

2018 Estaduais no Tocantins Governo de atitude

(PHS,SD,PP,DEM,PTC,PRB,AVANTE,PATRI,PROS)

404 484 57,39% Eleito

1º turno

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Prisão e condenação[editar | editar código-fonte]

Em 2015, Mauro Carlesse, então deputado estadual, ficou preso no departamento de assessoria militar da Assembleia Legislativa, em Palmas no Tocantins. A prisão foi decretada por causa de um processo de execução de pagamento de pensão alimentícia contra o parlamentar, que corre na comarca de Barueri. Como o estado não tem uma cadeia especial, o juiz que expediu a ordem de prisão, em São Paulo, e o Tribunal de Justiça do Tocantins decidiram pela detenção do deputado no prédio da Assembleia Legislativa.[15]

Já em abril de 2018, após vinte anos de processo, Mauro Carlesse foi condenado a pagar aluguéis e teve seus recursos bloqueados pelo valor de mais de R$ 300 000 das contas e dos bens de três empresas. A ação tratava-se de um despejo de imóvel no estado de São Paulo por falta de pagamento cumulada com cobrança movida pelo credor de Carlesse, Ephrain Guilherme Neitzke.[16]

Cassação[editar | editar código-fonte]

O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do governador e de seu vice em dois processos. No primeiro pedido, Carlesse foi acusado de, durante a irregularidades durante a eleição suplementar, comprar apoio político, se utilizar de bens públicos em campanha eleitoral, usar de forma promocional serviços de caráter social e fazer pagamentos irregulares de despesas. Já no segundo pedido foi baseado em um documento que extinguiu, no primeiro dia do iniciou do seu segundo governo, 15 mil cargos, o que, segundo o MPE, é um indício de que foram criados para fins eleitorais. [17] O pleno do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins rejeitou, em 2019, as duas denúncias, afirmando que havia uma ausência de provas e que as ações do governador não configuravam crime. [18]

Em dezembro de 2021, a Justiça Eleitoral decidiu tornar Carlesse inelegível por oito anos, contados a partir de 2020. O juizado da 2.ª Zona Eleitoral constatou irregularidades do politico durante a campanha eleitoral de Josi Nunes à prefeitura de Gurupi. Na campanha, Carlesse usou carros oficiais, financiou sites de notícias e distribuiu cestas básicas para favorecer a eleição de Josi.[19]

Interferência na liberdade de imprensa[editar | editar código-fonte]

Em março de 2019 Mauro Carlesse aprovou um decreto que interfere na liberdade de imprensa. Com o decreto, passou a ser necessário que o delegado-geral da polícia civil do Tocantins aprove o que deve ou não ser divulgado aos meios de comunicação. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota:

Servidores fantasmas[editar | editar código-fonte]

Mauro Carlesse foi alvo de busca e apreensão emitido pelo Superior Tribunal de Justiça no âmbito da Operação Assombro. O governador é suspeito de desviar recursos na contratação de ao menos cinco funcionários fantasmas para obter apoio nas duas eleições em que se candidatou em 2018, o que pode configurar peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.[21] No mesmo caso está sendo investigada a deputada estadual Valderez Castelo Branco (PP). Mauro Carlesse refutou tentativas de ligação de sua gestão aos fatos citados e Valderez Castelo Branco afirmou que está tranquila e colaborando com a Justiça.[22]

Afastamento[editar | editar código-fonte]

No dia 20 de outubro de 2021, Mauro Carlesse foi alvo das operações Éris e Hygea da Polícia Federal, com base em supostos pagamentos de propina para obstruir investigações que apuravam irregularidades no governo estadual. O Superior Tribunal de Justiça determinou o seu afastamento temporário do cargo de governador por um período de seis meses.[1][23]

Renúncia[editar | editar código-fonte]

No dia 11 de março de 2022, estando afastado e em meio a um processo de impeachment, Mauro Carlesse renunciou ao mandato.[24]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Em razão de liminar, Marcelo Miranda retornou ao cargo em 6 de abril de 2018, tendo Carlesse voltado ao posto no dia 19 do mesmo mês, uma vez que a liminar perdeu efeito.
  2. Por ordem do STJ, foi afastado do cargo em 20 de outubro de 2021. Renunciou definitivamente o cargo em 11 de março de 2022.[1]

Referências

  1. a b STJ determina afastamento do governador do Tocantins Mauro Carlesse por 6 meses
  2. «Boletim do Exército do Brasil de julho de 2020». Secretaria Geral do Exército do Brasil (pdf). Consultado em 10 de setembro de 2020 
  3. «Ex-governador Mauro Carlesse se filia ao Agir para disputar eleições ao Senado». G1. Consultado em 18 de abril de 2022 
  4. Redação (20 de fevereiro de 2021). «A força da ascendência italiana no comando do Brasil». Italianismo. Consultado em 3 de novembro de 2023 
  5. a b c Portal Tocantins.
  6. G1 TO 2012.
  7. G1 TO 06/10/2014.
  8. JM Notícia 2019.
  9. G1 TO 22/03/2018.
  10. G1 TO 06/04/2018.
  11. G1 TO 19/04/2018.
  12. Jornal TSE 2014.
  13. G1 TO 24/06/2018.
  14. G1 TO 07/10/2018.
  15. G1 TO 03/08/2015.
  16. T1 Notícias 04/04/2018.
  17. «Ministério Público pede cassação do governador de Tocantins, Mauro Carlesse». Poder360. 8 de janeiro de 2019. Consultado em 28 de maio de 2020 
  18. «Pleno do TRE rejeita pedido de cassação do mandato de Mauro Carlesse». O Norte. Consultado em 28 de maio de 2020 
  19. «Justiça Eleitoral torna inelegível Mauro Carlesse, governador do Tocantins». Uol. 4 de dezembro de 2021. Consultado em 5 de dezembro de 2021 
  20. Abraji 2019.
  21. «PF investiga o governador do Tocantins, Mauro Carlesse. Agentes estão na sua casa e no palácio». Opção. 17 de março de 2020. Consultado em 28 de maio de 2020 
  22. «Operação Assombro investiga se servidores fantasmas foram usados como cabos eleitorais de Carlesse e Valderez». G1. Consultado em 28 de maio de 2020 
  23. STJ determina afastamento do governador do Tocantins Mauro Carlesse por 6 meses
  24. Vilela, Pedro (11 de março de 2022). «Mauro Carlesse renuncia ao cargo de governador do Tocantins». Agência Brasil. Consultado em 1 de abril de 2022 

Precedido por
Marcelo Miranda
Governador do Tocantins
2018 — 2022
Sucedido por
Wanderlei Barbosa
Precedido por
Marcelo Miranda
Governador do Tocantins
2018 — 2018
Sucedido por
Marcelo Miranda