Moradoras desta casa – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Moradoras desta casa" ou "Partiram os três Reis Magos" é uma cantiga de janeiras tradicional portuguesa originária da freguesia de Cardigos no concelho de Mação.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Esta cantiga tradicional de Cardigos surge publicada pela primeira vez em 1921 pela mão de Francisco Serrano na sua obra Romances e Canções Populares da Minha Terra com o nome "Os Reis Magos" e o incipit "Partiram os três Reis Magos". Trata-se do resultado de uma recolha de canções tradicionais do concelho de Mação, no distrito de Santarém.[1] A letra é bastante extensa e principia com um típico romance tradicional relatando a adoração dos Reis.[1]

A publicação de Serrano foi utilizada como fonte pelo compositor português Fernando Lopes-Graça. Este, harmonizou a melodia e truncou a letra, resultando deste trabalho uma nova versão com o nome de "Moradoras desta casa" que o foi incluída na sua Primeira Cantata do Natal organizada entre os anos de 1945 e 1950.[2]

Letra[editar | editar código-fonte]

Cardigos, Mação

A letra, tal como foi publicada por Francisco Serrano, é divisível em 3 conjuntos. As quadras iniciais são parte do tradicional "Romance dos três Reis Magos", de seguida duas outras indicam as "intenções", ou seja qual o objetivo das esmolas, neste caso o peditório é realizado em nome das almas do purgatório. As três últimas quadras, as únicas utilizadas na versão de Fernando Lopes-Graça, são o peditório. Os cantadores populares pedem esmolas às habitantes (casadas ou solteiras) da casa visitada.

Romance Intenção Peditório

Partiram os três Reis Magos
Das bandas do Oriente,
Pra visitar o Menino,
Jesus Cristo Omnipotente.

Espírito Santo Divino
E a corte celestial,
Vamos pedir para as almas
Que elas nos hão de ajudar.

Moradoras desta casa
Aquelas que são casadas,
Ouvi os nossos descantes,
Vinde dar-nos janeiradas.

Foram a casa de Herodes
Perguntar qual o caminho
Que melhor os conduzisse
Até junto do Menino.

A Virgem da Piedade
Ouviu chorar e gemer
As almas do Purgatório
Que em penas estavam a arder.

Moradoras desta casa
Aquelas que são solteiras,
Ouvi os nossos descantes,
Vinde dar-nos as janeiras.

Herodes por ser malvado
Por promessas do malino
Mandou ensinar aos Reis
Às avessas o caminho.

Não vos pedimos fazendas
Nem tampouco as riquezas,
Pedimos só as migalhas
Que sobram das vossas mesas.[1]

\relative c' { \time 2/4 \key c \major
a'16^"Andante" b16 c8 d8 d16 c8 b16 a8 d8 d16 c8 b16 a8 d8 d16 c8 b16 c4 r4 b4. d8 a4. a8 e4. c'8 b8 a8 r8 \bar ":|." } 
\addlyrics { Mo ra do ras des - ta ca sa A - que las que são ca sa das A que las que são ca sa das}
\addlyrics { Ou vi os nos sos - des can tes Vin - de dar nos ja nei ra das Vin de dar nos ja nei ra das}

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • 1956Cantos Tradicionais Portugueses da Natividade. Coro de Câmara da Academia de Amadores de Música. Radertz. Faixa 15.
  • 1978Primeira Cantata do Natal. Grupo de Música Vocal Contemporânea. A Voz do Dono / Valentim de Carvalho. Faixa 15.
  • 1994Lopes Graça. Grupo de Música Vocal Contemporânea. EMI / Valentim de Carvalho. Faixa 15.
  • 20001ª Cantata do Natal Sobre Cantos Tradicionais Portugueses de Natividade. Coral Públia Hortênsia. Edição de autor. Faixa 15.
  • 2012Fernando Lopes-Graça - Obra Coral a capella - Volume II. Lisboa Cantat. Numérica. Faixa 18.
  • 2013Fernando Lopes-Graça - Primeira Cantata de Natal. Coro da Academia de Música de Viana do Castelo. Numérica. Faixa 15.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d Serrano, Francisco (1921). Romances e Canções Populares da Minha Terra 1 ed. Braga: Tip. a electricidade de A. Costa & Matos 
  2. a b Paula de Castro; Miguel Azguime, et al. «Primeira Cantata do Natal». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 7 de agosto de 2015