Mosteiro de Santa Catarina – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina
Mosteiro de Santa Catarina
Vista do mosteiro
Tipo
Estilo dominante
Início da construção 527
Fim da construção 565
Religião Igreja Ortodoxa
Website Sinai Monastery
Geografia
País Egito
Região Península do Sinai
Coordenadas 28° 33' 21" N 33° 58' 32" E
Notas: Parte da Área de Santa Catarina, Patrimônio Mundial da Humanidade.

O Mosteiro Ortodoxo da Transfiguração, em homenagem à transfiguração de Jesus, mais tarde chamado de Mosteiro de Santa Catarina, em honra à mártir cristã, foi construído no sopé do Monte Sinai, no Egito, por ordem do imperador bizantino Justiniano I, entre os anos 527 e 565, à volta do local. É atualmente o mosteiro cristão mais antigo ainda em uso para a sua função inicial. A sua localização numa região desértica é característica da antiga tradição do ascetismo.

História[editar | editar código-fonte]

Vista do interior do mosteiro

O mais antigo registro da vida monástica no Sinai aparece em um diário de viagem escrito em latim por uma mulher chamada Egéria entre 381 e 384. Ela visitou muitos lugares na Terra Santa e na região do Monte Sinai onde, de acordo com o Antigo Testamento, acredita-se que estaria a sarça ardente junto da qual Moisés teria recebido as Tábuas da Lei.[1]

O mosteiro foi construído por ordem do imperador bizantino Justiniano I (r. 527-565) à volta de uma capela que abrigava a sarça ardente construída por Helena, a mãe de Constantino. A sarça que ainda hoje ali está é, supostamente, a original. A capela também é conhecida como "Capela de Santa Helena" e o local é sagrado para os cristãos e muçulmanos.

Uma mesquita fatímida foi construída dentro do mosteiro, mas jamais foi utilizada, pois ela não está corretamente orientada na direção de Meca.

Durante o século VII, os anacoretas cristãos isolados do Sinai foram eliminados: apenas o mosteiro, fortificado, permaneceu. Ele ainda é rodeado pelas maciças muralhas que o preservaram intacto. Até o século XX, o acesso era feito por uma porta na parte mais alta das muralhas. A partir da Primeira Cruzada, a presença de cavaleiros cruzados na região (até 1270), provocou um súbito interesse nos cristãos europeus e aumentou o número de peregrinos que ali apareciam para visitar o mosteiro. Durante esse período, marcado pelo rancor entre as Igrejas Católica e Ortodoxa, o mosteiro foi patrocinado tanto pelo imperador bizantino quanto pelo rei de Jerusalém (católico), e suas respectivas elites.

Geografia[editar | editar código-fonte]

O mosteiro de Santa Catarina, segundo o sistema de Classificação climática de Köppen-Geiger, apresenta clima do tipo deserto (BWk). Tem as noites mais frias do que qualquer localidade no Egito. Sua umidade é muito baixa. As montanhas mais altas do Egito cercam o mosteiro em vales estreitos e profundos. O mosteiro está a uma altitude de 1.600 metros acima do nível do mar. A grande altitude do mosteiro e as altas montanhas que o cercam proporcionam um clima agradável, com refrescantes noites de verão e excelente primavera, enquanto os dias de inverno são frescos em comparação a região e as noites podem atingir -14 °C em raras ocasiões. A nevasca pouco frequente no mosteiro de Santa Catarina ocorre durante os meses de inverno de dezembro, janeiro e fevereiro, no entanto, já nevou no final do outono e início do primavera. Uma pequena cidade com hotéis e piscinas, chamada Santa Catarina, cresceu em torno do mosteiro.[2]

Coleções[editar | editar código-fonte]

As suas características arquitetônicas são típicas da arte bizantina e, no seu interior, podem observar-se importantes peças de arte, incluindo mosaicos árabes, ícones gregos e russos, pinturas ocidentais a óleo e em cera, mármores, esmaltes e ornamentos sacerdotais, incluindo um relicário doado pela czarina Catarina I da Rússia no século XVII, e outro pelo czar Alexandre II no século XIX.

O mosteiro tem ainda a segunda maior colecção do mundo de iluminuras (a maior é a do Vaticano), com cerca de 3500 volumes em grego, copta, arménio, árabe, hebraico, Línguas eslavas e outros idiomas. O Codex Sinaiticus do século IV (actualmente no Museu Britânico) foi encontrado aqui, por volta do ano 1850.

Existe ainda, dentro do mosteiro, uma pequena mesquita do século X ou XI e uma capela, chamada Capela de São Trifónio, onde se encontra a “Casa dos Crânios”.

Conta-se que o profeta Maomé teria visitado a região e, tendo sido bem tratado pelos monges ortodoxos, prometeu-lhes a sua protecção, o que se tornou uma orientação para todos os muçulmanos daí para a frente.

Fundação de Santa Catarina[editar | editar código-fonte]

A Fundação de Santa Catarina é uma organização sem fins lucrativos que visa preservar este importante sítio da UNESCO. A conservação das estruturas arquitetônicas, preciosas pinturas e livros derivam muito desta organização. Este instituto tem o dedicado objetivo de promover o conhecimento do mosteiro com a publicação do referido tema.

Igreja do Sinai[editar | editar código-fonte]

O mosteiro, assim como diversas dependências na região, constituem a Igreja Ortodoxa do Monte Sinai, que é liderada por um arcebispo que também é o abade do mosteiro. O status administrativo desta igreja dentro da Igreja Ortodoxa é ambíguo: segundo alguns, incluindo a própria igreja,[3] ela é considerada autocéfala.[4][5] Segundo outros, uma igreja autônoma sob a jurisdição da Igreja Ortodoxa Grega de Jerusalém.[6] O arcebispo é tradicionalmente consagrado pelo patriarca grego ortodoxo de Jerusalém e, nos séculos mais recentes, ele tem vivido no Cairo.

Imagem panorâmica do mosteiro de Santa Catarina

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Mosteiro de Santa Catarina

Referências

  1. «Peregrinação de Egéria» (em inglês). Christian Classics Ethereal Library. Consultado em 3 de setembro de 2012 
  2. «Climatological Information for St. Katrine, Egypt». Climatological Information for St. Katrine, Egypt. Observatório de Hong Kong. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  3. O site oficial descreve a igreja como "διοικητικά "αδούλωτος, ασύδοτος, ακαταπάτητος, πάντη και παντός ελευθέρα, αυτοκέφαλος" ou "administrativamente livre, solta, intransponível, livre de qualquer um a qualquer tempo, autocéfala" (link abaixo)
  4. Weitzmann, Kurt, in: Galey, John; Sinai and the Monastery of St. Catherine, p. 14, Doubleday, New York (1980) ISBN 0-385-17110-2
  5. Ware, Kallistos (Timothy) (1964). «Part I: History». The Orthodox Church. Penguin Books. Consultado em 14 de julho de 2007  Na introdução, o bispo Kallistos afirma que a Igreja do Sinai é "autocéfala"; já no capítulo The twentieth century, Greeks and Arabs, ele afirma que "há discordâncias sobre se o mosteiro deve ser chamado de 'autocéfalo' ou meramente 'autônomo'"
  6. The Orthodox Church of Mount Sinai Arquivado em 30 de maio de 2010, no Wayback Machine. CNEWA Canada, "A papal agency for humanitarian and pastoral support"

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Imagem: Área de Santa Catarina O Mosteiro de Santa Catarina está incluído no sítio "Área de Santa Catarina", Património Mundial da UNESCO.