Neurodiversidade – Wikipédia, a enciclopédia livre

Arte autista que representa a diversidade natural das mentes humanas

Neurodiversidade se refere às variações naturais no cérebro humano de cada indivíduo em relação à sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas.[1][2] O termo foi criado em 1998 pela socióloga Judy Singer, que junto ao jornalista Harvey Blume foram responsáveis por popularizar o conceito. Surgiu como uma teoria marginal que se contrapõe à visão predominante de que os transtornos do neurodesenvolvimento são inerentemente patológicos, como no modelo médico da deficiência. Em vez disso, a neurodiversidade adota o modelo social da deficiência, no qual as barreiras sociais são o principal fator que restringem as pessoas com deficiência.[3][4][5]

A origem da palavra neurodiversidade é atribuída a Judy Singer, uma cientista social que se descreveu como inserida "provavelmente em algum lugar do espectro autista",[6] e usou o termo em sua tese de sociologia publicada em 1999.[7] O termo representa um afastamento das teorias anteriores como a da mãe-geladeira, que "culpa a mãe" como uma possível causa do autismo.[8] Como resultado de seus interesses mútuos no autismo, Singer mantinha contato com Blume, e embora ele não tenha dado crédito a Singer, a palavra apareceu pela primeira vez em um artigo de Blume na revista The Atlantic, em setembro de 1998.[9]

Alguns autores[10][11] também creditam o trabalho anterior do advogado autista Jim Sinclair como fator que ajudou o avanço do conceito de neurodiversidade. Sinclair foi o principal organizador da comunidade online internacional do autismo. O discurso de Sinclair de 1993, "Don't Mourn For Us", enfatizou o autismo como uma forma de ser: "Não é possível separar a pessoa do autismo."[12] Em um artigo do New York Times, de junho de 1997, escrito pelo jornalista e escritor americano Harvey Blume, a origem da neurodiversidade foi descrita usando o termo "pluralismo neurológico".[13] Blume foi um dos primeiros defensores a prever o papel que a Internet teria na promoção dos movimentos da neurodiversidade.[14][15]

Desde sua origem, o termo "neurodiversidade" foi aplicado a outras condições e assumiu um significado mais generalista. Por exemplo, a Developmental Adult Neurodiversity Association (DANDA) no Reino Unido considera o transtorno de coordenação do desenvolvimento, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), síndrome de Asperger e outras condições relacionadas como também pertencentes à ideia conceitual da neurodiversidade.[16]

Os defensores da neurodiversidade apontam que as pessoas neurodivergentes costumam possuir habilidades excepcionais comparáveis a suas fraquezas. Por exemplo, uma pessoa com TDAH pode exercer um hiperfoco em algumas tarefas, enquanto luta para se concentrar em outras, ou uma pessoa autista pode ter uma memória excepcional ou até savantismo. Desse modo, os teóricos da neurodiversidade defendem o reconhecimento dos pontos fortes e fracos das pessoas neurodivergentes, e acreditam que uma variedade de condições neurológicas que atualmente são classificadas como patologias são mais bem vistas como diferenças cognitivas. Essa visão é especialmente popular dentro do movimento de direitos dos autistas.

O paradigma da neurodiversidade tem sido alvo de debates entre os defensores da visão patológica e os adeptos à ideia da neurodiversidade. Os críticos da neurodiversidade dizem que este conceito não reflete a realidade de indivíduos que possuem grandes necessidades de apoio.[17][18][19]

Movimentos pelos direitos das pessoas com deficiência[editar | editar código-fonte]

O paradigma da neurodiversidade foi primeiramente adotado por indivíduos inseridos no espectro do autismo.[20] Posteriormente, foi aplicado a outras condições associadas ao neurodesenvolvimento, como o TDAH,[21] distúrbios da fala, dislexia, dispraxia, discalculia, disnomia, deficiência intelectual e síndrome de Tourette,[22] bem como esquizofrenia[4][23][5][24] e algumas condições de saúde mental como bipolaridade,[25][26] o transtorno esquizoafetivo, transtorno de personalidade antissocial,[27] transtornos dissociativos e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).[28][5]

Os defensores da neurodiversidade denunciam o enquadramento do autismo, TDAH, dislexia e outros distúrbios do neurodesenvolvimento como alvos da hipermedicalização e, em vez disso, promovem sistemas de apoio focados na inclusão, comunicação, tecnologias assistivas, ocupacionais, treinamento e suporte para maior autonomia do indivíduo.[29] A intenção é que os indivíduos recebam um apoio baseado em formas autênticas de diversidade humana, autoexpressão e personalidade, em vez de um tratamento que os faz adotar ideias normativas de normalidade ou a se conformar com um ideal clínico.[30]

Os defensores da neurodiversidade se esforçam para reconceituar o autismo e as condições relacionadas na sociedade por meio das seguintes estratégias: reconhecimento de que a neurodiversidade não requer uma cura; alteração da nomenclatura atual baseada em "condição, doença, distúrbio ou enfermidade", ampliação da compreensão de uma vida saudável e independente; reconhecimento novos tipos de autonomia; e dar aos indivíduos neuroatípicos maior controle sobre seu tratamento, incluindo o tipo, o momento ou mesmo se deve haver acompanhamento farmacoterapêutico.[11][4]

Um estudo de 2009[31] separou 27 alunos (entre eles, pessoas com autismo, dislexia, distúrbio de coordenação do desenvolvimento, TDAH e que haviam sofrido acidente vascular cerebral) em duas categorias de visão própria: "1) uma visão da diferença — onde a neurodiversidade foi vista como uma abordagem que incorpora um conjunto de pontos fortes e fracos em pessoas neurodivergentes; 2) ou uma visão médica/deficitária, na qual a neurodiversidade era vista como uma condição médica desvantajosa." Eles descobriram que, embora todos os alunos relatassem ter sido vítimas de exclusão social, abuso e bullying, aqueles que se viam a partir de uma perspectiva neurodiversa (41% da amostra do estudo) "indicaram maior autoestima acadêmica e confiança em suas habilidades, e muitos (73%) expressaram ambições de carreira consideráveis com objetivos positivos e bem definidos." Vários desses alunos relataram ter obtido essa visão de si mesmos por meio do contato com defensores da neurodiversidade, principalmente em grupos de apoio online.

Uma pesquisa online de 2013, que teve como objetivo avaliar as concepções de autismo e neurodiversidade, descobriu que "uma concepção do autismo que vê o déficit como diferença reconhece a importância de se aproveitar os traços autistas de maneiras benéficas ao desenvolvimento, superando a falsa dicotomia entre comemorar as diferenças e minimizar o déficit."[32]

Os defensores da neurodiversidade ressaltam que as pessoas neurodiversas costumam ter habilidades atípicas, como a capacidade de hiperconcentração ao lado de seus déficits. As pessoas autistas, particularmente, podem ter uma memória excepcional ou até habilidades de savant. Na população autista, mesmo aqueles sem habilidades do savantismo são mais propensos a ter conhecimentos ou habilidades atípicas em certas tarefas do que a média da população em geral

Críticas[editar | editar código-fonte]

A questão da neurodiversidade é controversa, especialmente no debate acerca do autismo.[20] O paradigma dominante é o modelo médico de deficiência, que patologiza cérebros humanos que divergem daqueles considerados típicos. Desta perspectiva, esses cérebros apresentam condições médicas que devem ser tratadas.[33]

Uma crítica comum ao paradigma da neurodiversidade é que ele seria excessivamente abrangente e que seu recorte deveria excluir pessoas cujo funcionamento físico ou cognitivo é severamente debilitado.[20][34] O ativista pelos direitos do autismo e educador interdisciplinar Nick Walker disse que a distinção de que as neurodivergências se referem especificamente a "diferenças neurocognitivas generalizadas" que estão "intimamente relacionadas à formação e constituição do eu", em contraste com outras condições médicas, a exemplo da epilepsia.[4]

O pesquisador John Elder Robison, que defende a neurodiversidade, concorda que diferenças neurológicas às vezes podem produzir deficiências, mas ao mesmo tempo ele argumenta que a deficiência causada por estas diferenças neurológicas pode ser inseparável dos elementos positivos que ela fornece. "99 pessoas neurologicamente idênticas não conseguem resolver um problema, muitas vezes é o indivíduo 1% diferente que detém a chave. No entanto, essa pessoa pode estar incapacitada ou em desvantagem a maior parte ou o tempo todo. Para os proponentes da neurodiversidade, as pessoas são deficientes porque estão nas bordas da teoria da curva do sino;[35] não porque eles estão doentes ou desfuncionais." Assim, Robison defende tanto a naturalização das diferenças neurológicas, considerando-as como variações humanas naturais e não doenças ou distúrbios, como também reconhece que estas diferenças podem produzir déficits.[36]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Oliveira, Beatriz (1 de setembro de 2021). «Neurodiversidade: um conceito que integra». Núcleo de Acessibilidade — Universidade Federal de Goiás (UFG). Consultado em 11 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 12 de abril de 2020 
  2. Armstrong, Thomas (2011). The power of neurodiversity : unleashing the advantages of your differently wired brain 1st Da Capo Press paperback ed. Cambridge, MA: Da Capo Lifelong. ISBN 9780738215242. OCLC 760085215 
  3. Oliver, Michael, 1945-2019. (2006). Social work with disabled people 3rd ed. Basingstoke, Hampshire: Palgrave Macmillan. ISBN 1403918384. OCLC 62326930 
  4. a b c d Chapman, Robert (10 de janeiro de 2019). «Neurodiversity Theory and Its Discontents: Autism, Schizophrenia, and the Social Model of Disability». In: Tekin; Bluhm. The Bloomsbury Companion to Philosophy of Psychiatry (em inglês). [S.l.]: Bloomsbury Publishing. pp. 371–387. ISBN 9781350024069 
  5. a b c Valente, Pedro (3 de dezembro de 2023). «Não estamos doentes: deficiência não é doença, é diversidade! - Transparente». TransParente. Consultado em 4 de janeiro de 2024. A deficiência surge numa relação interdependente entre as nossas diferenças, a cultura e as barreiras do meio. 
  6. «Meet Judy Singer Neurodiversity Pioneer». My Spectrum Suite (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2019 
  7. Singer, Judy (1 de fevereiro de 1999). «'Why can't you be normal for once in your life?' From a 'problem with no name' to the emergence of a new category of difference». In: Corker; French. Disability Discourse (em inglês). [S.l.]: McGraw-Hill Education (UK). pp. 59–67. ISBN 9780335202225. Para mim, o principal significado do 'espectro autista' é sua preocupação e antecipação a uma política que reconheça a diversidade neurológica, ou neurodiversidade 
  8. Bumiller, Kristen. "The Geneticization of Autism: From New Reproductive Technologies to the Conception of Genetic Normalcy." Signs 34.4 (2009): 875-99. University of Chicago Press.
  9. Blume, Harvey (30 de setembro de 1998). «Neurodiversity». The Atlantic. Consultado em 7 de novembro de 2007. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2013. A neurodiversidade talvez seja tão crucial para os indivíduos quanto a biodiversidade é para o meio ambiente. Quem poderá dizer qual tipo de abordagem se mostrará mais difundida em determinado momento? A cibernética e a cultura da internet, por exemplo, podem favorecer uma forma de pensar mais autista. 
  10. Solomon, Andrew (25 de maio de 2008). «The autism rights movement». New York. Consultado em 27 de maio de 2008. Cópia arquivada em 27 de maio de 2008 
  11. a b Fenton, Andrew, and Tim Krahn. "Autism, Neurodiversity and Equality Beyond the Normal" (PDF). Journal of Ethics in Mental Health 2.2 (2007): 1-6. 10 November 2009.
  12. Sinclair, Jim. Don't Mourn For Us. Autism Network International, n.d.. Retrieved on 2013-05-07.
  13. Blume, Harvey (30 de junho de 1997). «Autistics, freed from face-to-face encounters, are communicating in cyberspace». The New York Times. Consultado em 8 de novembro de 2007. Ainda assim, ao tentar se chegar a um consenso com um mundo [dominado pelos neurotípicos], os autistas não querem e nem são capazes de abandonar seus próprios costumes. Em vez disso, eles propõem um novo pacto social, enfatizando o pluralismo neurológico. [...] O consenso é mais fácil de se atingir nos fóruns da internet e outros sítios onde pessoas autistas se reúnem [...] é que a visão NT [neurotípica] é apenas uma das muitas abordagens neurológicas — certamente é a abordagem dominante, mas isso não quer dizer que seja necessariamente a melhor. 
  14. Blume, Harvey (1 de julho de 1997). «"Autism & The Internet" or "It's The Wiring, Stupid"». Media In Transition. Massachusetts Institute of Technology. Consultado em 8 de novembro de 2007. Um projeto chamado CyberSpace 2000 se dedica a alcançar o maior número possível de pessoas inseridas no espectro autista para que seja estabelecida uma rede de comunicação virtual até o ano 2000, porque a internet é um meio essencial para pessoas autistas melhorarem suas vidas, já que muitas vezes é a única maneira eles conseguem se comunicar com eficácia. 
  15. Ortega, Francisco (outubro de 2008). «O sujeito cerebral e o movimento da neurodiversidade». Mana (2): 477–509. ISSN 0104-9313. doi:10.1590/S0104-93132008000200008. Consultado em 10 de fevereiro de 2021 
  16. danda.org.uk Arquivado em 2019-11-10 no Wayback Machine DANDA website. Retrieved on 6 January 2015
  17. Opar, Alisa (6 de maio de 2019). «A medical condition or just a difference? The question roils autism community.». The Washington Post. Consultado em 12 de maio de 2019 
  18. Robison, John E. «The Controversy Around Autism and Neurodiversity». Psychology Today (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2019 
  19. McGee, Micki (agosto de 2012). «Neurodiversity». Contexts. 11: 12–13. doi:10.1177/1536504212456175 
  20. a b c Jaarsma P, Welin S (fevereiro de 2011). «Autism as a Natural Human Variation: Reflections on the Claims of the Neurodiversity Movement» (PDF). Health Care Anal. 20: 20–30. PMID 21311979. doi:10.1007/s10728-011-0169-9. Cópia arquivada (PDF) em 1 de novembro de 2013 
  21. Woodford, Gillian. 'We Don't Need to be Cured' Autistics Say Arquivado em 2016-03-03 no Wayback Machine. National Review of Medicine. Volume 3. No. 8. April 30, 2006. Retrieved February 23, 2008.
  22. Mackenzie, Robin; John Watts (31 de janeiro de 2011). «Is our legal, health care and social support infrastructure neurodiverse enough? How far are the aims of the neurodiversity movement fulfilled for those diagnosed with cognitive disability and learning disability?». Tizard Learning Disability Review. 16: 30–37. doi:10.5042/tldr.2011.0005. Recomendamos, portanto, que o termo neurodiverso também inclua as condições TEA [transtorno do espectro autista], TDAH [transtorno do déficit de atenção e hiperatividade], TOC [transtorno obsessivo-compulsivo], distúrbios da linguagem, distúrbios da coordenação e/ou do desenvolvimento, dislexia e a síndrome de Tourette. 
  23. Chapman, Robert (25 de janeiro de 2017). «Schizophrenia as Neurodiversity». Critical Neurodiversity (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  24. Morrice, Polly (January 29, 2006) "Otherwise Minded" The New York Times, review of A Mind Apart: Travels in a Neurodiverse World
  25. «On Neurodiversity». 25 de fevereiro de 2013. Consultado em 14 de maio de 2015 
  26. «An Exploration Of The Neurodiversity Movement». radicalpsychology.org. Consultado em 11 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 1 de junho de 2015. Ao conduzir uma pesquisa sobre o que ela chama de 'tribo online', com pessoas bipolares participando de listas e salas de bate-papo especializadas, Antonetta descobriu que, assim como ela, a maioria dos que responderam a pesquisa gosta de suas mentes e dos aspectos positivos que sua bipolaridade lhes traz. Um dos homens que ela cita diz: "Eu escolho não olhar para a bipolaridade como uma doença. Na verdade, eu não poderia me imaginar como se não fosse bipolar, nem gostaria de não ser. A característica bipolar é um dos elementos que compõem quem eu sou, e não desejo ser outra pessoa senão eu" (p. 89). Outro entrevistado disse: “Eu sinto e faço os outros se sentirem impactados, pois percebem que a vida da imaginação é a vida real” (Antonetta, 2005, p.90). 
  27. Anton, Audrey L. (2013). «The Virtue of Sociopaths: how to appreciate the neurodiversity of sociopathy without becoming a victim». Ethics and Neurodiversity. Consultado em 2 de agosto de 2015 
  28. Armstrong, Thomas (abril de 2015). «The Myth of the Normal Brain: Embracing Neurodiversity». AMA Journal of Ethics. 17: 348–352. PMID 25901703. doi:10.1001/journalofethics.2015.17.4.msoc1-1504. Consultado em 5 de agosto de 2015 
  29. «Position Statements». Autistic Self Advocacy Network. Consultado em 21 de abril de 2013 
  30. «What is Neurodiversity?». National Symposium on Neurodiversity at Syracuse University. 2011. Consultado em 2 de outubro de 2012 
  31. Griffin, Edward; Pollak, David (janeiro de 2009). «Student experiences of neurodiversity in higher education: Insights from the BRAINHE project.». Dyslexia. 15: 23–41. PMID 19140120. doi:10.1002/dys.383 
  32. Kapp, Steven K.; Gillespie-Lynch, Kristen; Sherman, Lauren E.; Hutman, Ted (janeiro de 2013). «Deficit, difference, or both? Autism and neurodiversity.». Developmental Psychology. 49: 59–71. PMID 22545843. doi:10.1037/a0028353 
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  34. Frith, Uta (23 de outubro de 2008). Autism: A Very Short Introduction (em inglês). [S.l.]: OUP Oxford. ISBN 9780191578656 
  35. «Teoria da Curva do Sino e a naturalização das desigualdades sociais». Blog Café com Sociologia. 7 de janeiro de 2013. Consultado em 10 de fevereiro de 2021 
  36. «What Is Neurodiversity?». Psychology Today (em inglês). Consultado em 17 de setembro de 2020 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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