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Niamei
  Cidade e Região  
Niamei
Niamei
Niamei
Localização
Niamei está localizado em: Níger
Niamei
Localização de Niamei no Níger
Coordenadas 13° 31' 17" N 2° 6' 19" E
País Níger
História
Fundação século XVIII
Administração
Governador da Comunidade Urbana de Niamei (CUN) Kané Aichatou Boulama [1]
Prefeito Assane Seydou Sanda [1]
Características geográficas
Área total [2] 239,30 km²
População total (2020) [3] 1 334 984 hab.
Altitude 227 m
Fuso horário +1

Niamei[4][5][6][7] ou Niamey (AFI [njaˈmɛ])[8] é a capital do Níger. Situada no sudoeste do país, [9]:8 junto ao Rio Níger, é um centro administrativo, cultural e econômico, sendo a maior cidade do país.

Está localizada numa região de produção de mexoeira, enquanto a atividade industrial inclui o fabrico de tijolos, objetos de cerâmica, cimento e têxteis.

Niamei tornou-se a capital do Níger em 1926. Sua população cresceu gradualmente, passando de aproximadamente 3 000 habitantes, em 1930, para cerca de 30 000 em 1960, 250 000 em 1980 e – segundo algumas estimativas – 800 000 em 2000. A maior causa deste aumento tem sido a imigração durante as secas. Os dados para 2011 estimam a população da cidade em 1.302.910 habitantes.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Niamei em 1930. O casarão no centro da imagem era a residência do governador-geral francês

Niamei foi provavelmente fundada no século XVIII mas, por muito tempo, teve pequena importância para a região até o início do desenvolvimento colonial francês, por volta da década de 1890.[10] A partir disso, a região de Niamei entrou em constante crescimento. Tornou-se capital do Níger em 1926, mantendo-se sede administrativa do país após a independência em 1960.[11]

Entre os anos de 1970 e 1988, o rápido crescimento da economia do Níger refletiu na cidade, impulsionada pelas receitas que provinham das minas de urânio de Arlit.[12] Ainda na década de 1970, a cidade passou por rápida expansão, anexando a sua área vilas próximas. [13]

Como capital do país, a cidade passou por vários golpes e substituições de poder. Em 2010, uma junta militar acabou por derrubar o presidente Mamadou Tangja, que já estava há dez anos em seu mandato.[14]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Animais pastando em uma ilha do rio Níger, visto de uma ponte de Niamei

Niamei está localizada no sudoeste do Níger, em ambas as margens do rio de mesmo nome.[15] A cidade foi fundada na margem leste do rio, que corre em direção ao sul. O rio Níger é uma das principais fontes de água na região, cujo clima é semiárido.[16] Cerca de 2.688 hectares da área urbana são de área verde[17] e 255 hectares são considerados como área de reserva florestal.[18]

Com altitude média de 227 metros[19] Niamei é um distrito capital do Níger, chamado de Comunidade Urbana de Niamei[20] encravado na região de Tillabéri[21] A cidade está dividida em cinco arrondissements comunais: [9]:9 Niamei I, Niamei II, Niamei III e Niamei IV, na margem leste, e Niamei V, na margem oposta. Há em Niamei 99 bairros,[22] 27 aldeias administrativas, 27 aldeias tradicionais e 21 aldeias, além do campo militar de Tondibiah.[23]

Clima[editar | editar código-fonte]

O clima de Niamei é semiárido[16][24] No ano de 2007, foram registrados 47 dias de chuva com precipitação de 523,3mm[18] e temperaturas mínimas por volta de 23 graus Celsius e máximas por volta de 36,6ºC.[18]

Dados climatológicos para Niamei
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 39 43 44 46 46 46 40 38 41 43 43 40 46
Temperatura máxima média (°C) 32,5 35,7 39,1 40,9 40,2 37,2 34 33 34,4 37,8 36,2 33,3 36,2
Temperatura média (°C) 24,3 27,3 30,9 33,8 34 31,5 29 27,9 29 30,8 27,5 25 29,3
Temperatura mínima média (°C) 16,1 19 22,9 26,5 27,7 25,7 24,1 23,2 23,6 24,2 19,5 16,7 22,4
Temperatura mínima recorde (°C) 8 10 11 17 19 19 18 17 19 16 12 9 8
Precipitação (mm) 0 0 3,9 5,7 34,7 68,8 154,3 170,8 92,2 9,7 0,7 0 540,8
Dias com precipitação (≥ 1 mm) 0 0 0,2 0,8 2,9 5,9 9,9 12,2 7,4 1,6 0,1 0 41
Umidade relativa (%) 22 17 18 27 42 55 67 74 73 53 34 27 42,4
Horas de sol 297,6 263,2 269,7 252 279 267 257,3 235,6 235,6 285,2 282 279 3 202,2
Fonte: Deutscher Wetterdienst,[25] Hong Kong Observatory (1961-1990),[26] World Meteorological Organization (1961-1990).[27]

Demografia[editar | editar código-fonte]

A população estimada para o ano de 2011 era de 1 302 910 habitantes.[3] Dois fatores foram decisivos para o rápido crescimento populacional de Niamei nas últimas décadas: o forte crescimento demográfico no Níger,[28] devido as altas taxas de natalidade e o declínio da mortalidade infantil no país,[29] e o êxodo rural que vêm ocorrendo nas últimas décadas por diversos motivos, como a seca que atingiu a região entre os anos 1970 e 1980, e as recuperações econômicas do país graças ao uránio de Arlit, que promoveram não só o crescimento demográfico em Niamei, como de urbanização em todo o território do Níger[30]

O maior grupo étnico da cidade é o Songai-Zarma, que corresponde a 51,1% da população, seguido pelos Hauçás, com 34,4%.[18]:84 A capital está localizada numa área tradicionalmente Songai-Zarma (51,1%). Desde a independência do país, há disputas entre esse povo e outros grupos. Essas disputas fizeram com que a cidade se dividisse em duas zonas: os Hauçás, que representam 34,4 % da população, vivem de um lado do rio Níger, e os songais-zarmas do outro lado.[30] Todavia, em termos nacionais, os grupos éticos majoritários são os Hauçás e os Fulas.[18][31] Em Niamei, o povo Fula representa apenas 7,5% da população. [32]:84

Religião[editar | editar código-fonte]

A maioria da população de Niamei é muçulmana, assim como em todo o Níger.[33] A principal mesquita da cidade é a grande mesquita no distrito de Niamei III, construída na década de 1970.[34] A mesquita foi construída com recursos vindos da Líbia, e conta com um minarete cuja escada possui 171 degraus.[35]

Há também, desde 2007 a sede da Arquidiocese de Niamei, representando a população cristã católica, que constitui uma minoria religiosa em todo o país.[33] Entre outras minorias religiosas presentes na cidade, estão os baha'is, batistas, entre outros.[36]

Em 2015, diversas igrejas cristãs foram atacadas e incendiadas em Niamei durante manifestações contra as charges da revista francesa Charlie Hebdo que mostravam o profeta Maomé.[37]

Política[editar | editar código-fonte]

Niamei vista a partir de um dos Satélites SPOT

A Comunidade Urbana de Niamei (em francês: Communauté Urbaine de Niamey, CUN) tem estatuto de região separada no Níger[20] Dessa maneira, à frente de sua administração se encontra o governador, que representa toda a região de Niamei e arredores, e é apontado pelo governo nacional, e um prefeito que representa a cidade de Niamei em si.[1] Assim como no restante do país, Niamei tem passado por uma descentralização governamental desde 2000, sendo mais concretizada em 2010 com o novo sistema de eleição do prefeito da capital.[1] Dessa maneira, o prefeito é eleito após a eleição de 45 conselheiros por voto popular, que depois, votam para escolher o prefeito de Niamei.[1] O prefeito e o Conselho têm poderes menores, se comparados ao governador do CUN. Em julho de 2011, foi empossado o primeiro prefeito nesse novo sistema, Oumarou Dogari Moumouni, pelo governador da Comunidade Urbana Aïchatou Boulama Kané, juntamente com o Conselho da cidade.[1][38]

Comunas e bairros[editar | editar código-fonte]

Rua de terra em Niamei. Assim como na maioria das cidades africanas, grande parte do sistema viário de Niamei não é pavimentado

Niamei possui 99 bairros em 5 comunas:[22]

Comuna Bairros Mapa
Niamei I
20 Bairros
Niamei II
17 Bairros
Niamei III
17 Bairros
Niamei IV
17 Bairros
Niamei V
28 Bairros

A região da Comunidade Urbana de Niamei também inclui antigas cidades que ficavam à volta da capital, que aos poucos, foram sendo anexadas, como Soudouré, Lamordé, Gamkallé, Yantala, e Gaweye.[39]

Educação e ciência[editar | editar código-fonte]

Em Niamei, existem 410 escolas primárias, das quais 145 são privadas. A taxa de conclusão do ensino primário foi de 94,4% em 2009, muito maior que a média do país, que não chega a 50%.[40] Na cidade também está localizada a Universidade de Abdou Moumouni, antiga Universidade de Niamei.

Referências

  1. a b c d e f Laouali Souleymane (1 de julho de 2011). «Assane Seydou Sanda-elu-maire-de-la-ville-de-niamey&catid=34:actualites&Itemid=53 Installation du Conseil de ville de Niamey et élection des membres : M. Assane Seydou Sanda, élu maire de la ville de Niamey». Le Sahel (Niamey). Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em francês)
  2. Abdoulaye Adamou (2005). «Parcours migratoire des citadins et problème du logement à Niamey» (PDF). REPUBLIQUE DU NIGER UNIVERSITE ABDOU MOUMOUNI DE NIAMEY Faculté des Lettres et Sciences Humaines DEPARTEMENT DE GEOGRAPHIE. Consultado em 30 de dezembro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011  (em francês)
  3. a b c «Annuaire statistique du Niger» (PDF). Consultado em 27 de novembro de 2016  Texto "1 de julho de 2011" ignorado (ajuda) (em francês).
  4. Serviço das Publicações da União Europeia. «Anexo A5: Lista dos Estados, territórios e moedas». Código de Redacção Interinstitucional. Consultado em 18 de janeiro de 2012 
  5. Porto Editora. «Niamei». Infopédia. Consultado em 18 de janeiro de 2012 
  6. Lusa, Agência de Notícias de Portugal. «Prontuário Lusa» (PDF). Consultado em 10 de outubro de 2012 
  7. Instituto Internacional da Língua Portuguesa. «Niamei». Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa. Consultado em 28 de maio de 2017 
  8. «Como pronunciar Niamey». Forvo. Consultado em 31 de dezembro de 2016  Texto "16 de janeiro de 2010" ignorado (ajuda)
  9. a b République du Niger. Ministère de l'Éconmie et des Finances. Institut National de la Statistique. Direction Regionale de Niamey. Annuaire Statistique Régional 2010 - 2014
  10. Caroline Regina Rodrigues Sena (2012). «Françafrique: A Presença Francesa na África Diante dos Processos Descolonizatórios» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  11. Siomara Martínez (3 de agosto de 2010). «Niger, de la independencia al país más pobre del mundo». El Mundo. Consultado em 27 de novembro de 2016  (em castelhano)
  12. Daniel Flynn (13 de abril de 2014). «Enquanto o urânio não enriquece o Níger». Público.pt. Consultado em 27 de dezembro de 2016 
  13. Aloko-N'Guessan, Jérôme; Diallo, Amadou; Motcho, Kokou Henri (2010). Villes et organisation de l'espace en Afrique. [S.l.]: KARTHALA Editions. pp. 30–31. ISBN 2-8111-0339-2 
  14. «Após golpe militar, tanques cercam palácio presidencial no Níger». G1. Consultado em 27 de dezembro de 2016  Texto "19 de fevereiro de 2010" ignorado (ajuda)
  15. «Niamey is dusty streets and ornate mosques». Lonely planet. Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em inglês)
  16. a b «Projeto na Bacia do Níger melhora a gestão de recursos hídricos na região». Por dentro da África. Consultado em 30 de dezembro de 2016  Texto "5 de novembro de 2015" ignorado (ajuda)
  17. Ndèye Fatou Diop Guèye (2009). Moussa Sy: Agriculteurs dans les villes ouest-africaines. Enjeux fonciers et accès à l’eau'. [S.l.]: IAGU Dakar. 109 páginas. ISBN 978-2-8111-0179-4  (em francês)
  18. a b c d e «Annuaire statistique 2003–2007» (PDF). Institut National de la Statistique. Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em francês)
  19. «Map of Niamey, Niger». Climatemps. Consultado em 30 de dezembro de 2016  (em inglês)
  20. a b «Niger Regions.». statoids. Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em inglês)
  21. Jolijn Geels (2006). Niger: The Bradt Travel Guide. [S.l.]: Bradt. 116 páginas. IBSN 978-1-8416-2152-4  (em inglês)
  22. a b Adamou Abdoulay (2005). «Parcours migratoire des citadins et problème du logement à Niamey» (PDF). Département de Géographie, Faculté des Lettres et Sciences Humaines, Université Abdou Moumouni de Niamey. Consultado em 28 de dezembro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011 (em francês)
  23. «Répertoire National des Communes (RENACOM)». Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em francês)
  24. Adriano Lima Troleis, Ana Claudia Ventura dos Santos (2011). Estudos do semiárido. [S.l.]: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IBSN 978-85-7273-869-9 
  25. «Klimatafel von Niamey (Aéro) / Niger» (PDF). Federal Ministry of Transport and Digital Infrastructure. Consultado em 30 de dezembro de 2016  (em alemão)
  26. «Climatological Normals of Niamey». Hong Kong Observatory. Consultado em 30 de dezembro de 2016  (em inglês)
  27. «Climatological Information - Niamey». World Weather Information Service. Consultado em 30 de dezembro de 2016  (em inglês)
  28. Fernando Nobre (9 de junho de 2014). «Níger: Um país agrilhoado por uma demografia galopante». Visão - Solidária. Consultado em 27 de dezembro de 2016 
  29. AFP (23 de outubro de 2013). «Níger é o país que mais avançou no combate à mortalidade infantil». G1, Bem Estar. Consultado em 27 de dezembro de 2016 
  30. a b Thomas Krings (2006). Sahelländer. [S.l.]: WBG, Darmstadt. ISBN 3-534-11860-X 
  31. «Niger Ethnic groups». Index mundi. 8 de outubro de 2016. Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em inglês)
  32. «Annuaire statistique 2003–2007 p.84"» (PDF). Institut National de la Statistique. Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em francês)
  33. a b «Níger» (PDF). ACN. Consultado em 31 de dezembro de 2016 
  34. Rosen, Armin (9 de outubro de 2015). «Niger's desert north is a glimpse into the destructive brilliance of Gaddafi's 42 years in power». Business Insider. Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em inglês)
  35. «Sights in Niamey». LonelyPlanet. Consultado em 31 de dezembro de 2016  (em inglês)
  36. Dominique Auzias, Jean-Paul Labourdette. (2009). Níger 2009. [S.l.]: Nouvelle édition de l’Université, Paris 2009. ISBN 2-7469-1640-1  (em francês)
  37. «Igrejas cristãs brasileiras estão entre as 45 atacadas no Níger». G1 São Paulo. Consultado em 27 de dezembro de 2016  Texto "19 de janeiro de 2015" ignorado (ajuda)
  38. «Oumarou Dogari elected new Mayor of Niamey». PanaPress. 1 de julho de 2011. Consultado em 28 de dezembro de 2016 (em inglês)
  39. Samuel Decalo (1997). Historical Dictionary of the Niger (3rd ed.). [S.l.]: Boston & Folkestone: Scarecrow Press. pp. 225–227. ISBN 0-8108-3136-8  (em inglês)
  40. «Statistiques de l'éducation de base. Annuaire 2009–2010» (PDF). Consultado em 27 de dezembro de 2016  (em francês)