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Niceforitzes
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação Governador e oficial cortesão
Título
Religião Ortodoxia Oriental

Niceforitzes (em grego: Νικηφορίτζης; romaniz.:Nikephoritzes) foi um influente oficial eunuco bizantino, que serviu como ministro chefe e governante virtual durante o reinado do imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078). Seu verdadeiro nome foi Nicéforo; ele recebeu o apelido "Niceforitzes" ("pequeno Nicéforo") como resultado de sua relativa mocidade quando entrou no serviço na corte.[1][2] Ele tornou-se amplamente impopular devido a sua escorchante tributação e intromissão no suprimento de grãos de Constantinopla, bem como por sua negligência da Ásia Menor frente o avanço turco. Este ressentimento levou a eclosão de duas grandes rebeliões em 1077, e a posterior abdicação de Miguel VII. Niceforitzes foi capturado e torturado até a morte.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Histameno de Miguel VII Ducas (r. 1071–1078)

Niceforitzes nasceu no Tema Bucelário e entrou no serviço do secretariado imperial sob o imperador Constantino IX Monômaco (r. 1042–1055). Sob Constantino X Ducas (r. 1059–1067), foi despachado da corte para assumir o governo de Antioquia, pois alegadamente caluniou a imperatriz Eudóxia Macrembolitissa (r. 1059–1071), acusando-a de adultério. Após a morte do imperador e a ascensão dela para a regência, foi preso. Foi libertado pelo novo imperador, Romano IV Diógenes (r. 1068–1071), e nomeado como pretor (governador civil) dos temas combinados da Hélade (Grécia Central e Tessália) e Peloponeso. Na ascensão de Miguel VII em 1071, Niceforitzes foi chamado de volta para servi-lo no governo imperial pelo tio do novo imperador, o césar João Ducas, que estimou suas habilidades administrativas. De volta em Constantinopla, foi nomeado logóteta do dromo, e seu poder cresceu rapidamente. Não só logo marginalizou os outros ministros, incluindo o poderoso Miguel Pselo, mas no outono de 1073, Niceforitzes forçou o césar a retirar-se da participação ativa na governança do Império Bizantino e retirar-se para suas propriedades.[2][1][3]

Como o governante de facto do Império Bizantino, Niceforitzes começou com a reorganização do Estado, tentando restaurar seu poder e restabelecer o controle central. Sua primeira prioridade foi reabastecer o tesouro. Para isso, recorreu a uma taxação brutal, que causou dificuldades nas províncias e em Constantinopla, e reduziu o valor dos nomismas de seis para nove quilates, deixando-o com apenas 3/8 de ouro.[4] Ele também estabeleceu um armazém central (fundax, phoundax) em Redesto (atual Tekirdağ) em um esforço de centralizar, regular e melhorar a tributação do suprimento de cereais de Constantinopla, formando um monopólio de Estado. De acordo com Miguel Ataliates, admitidamente uma fonte hostil, suas políticas resultaram em escassez de grãos e inflação de seu preço. Pelo inverno de 1076/1077, Constantinopla estava experimentando fome.[2][1][5][6] Ao mesmo tempo, uma rebelião eclodiu na província danubiana de Parístrio, pois Niceforitzes parou de pagar os subsídios anuais para os mixobárbaros locais e os pechenegues. O vestarca Nestor, que foi enviado para apaziguar as coisas, juntou-se a rebelião. Notadamente, os rebeldes exigiram apenas uma coisa, a demissão de Niceforitzes, e quando tomaram Redesto, queimaram o armazém de cereais. Miguel VII prevaricou em sua resposta, sobre o qual Nestor com seus aliados pechenegues retiraram-se para norte em Parístrio, que por isso e pelas próximas duas décadas efetivamente permaneceu fora do controle imperial.[7][8]

Iluminura de Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081) entre seus oficiais cortesões seniores

Niceforitzes também tentou reformar o exército, e reviveu o regimento dos atánatos (imortais) e formou os comatenos.[9] A situação militar durante sua administração estava particularmente grave, com ataques sérvios e a revolta búlgara de Constantino Bodino, enquanto na Ásia Menor o governo imperial enfrentou a rebelião de Roussel de Bailleul, bem como a infiltração turca ascendente da Ásia Menor no rescaldo da batalha de Manziquerta, na qual o exército falhou em responder adequadamente.[10] Embora inegavelmente um administrador capaz, suas medidas financeiras e tendências centralizantes em assuntos administrativos foram geralmente ressentidas. Com a exceção de Cecaumeno, que louvou-o como "um excelente homem em tudo, muito razoável, experiente em assuntos militares e administrativos embora um eunuco, generoso, muito hábil, e capaz de entender e falar apropriadamente", todas as outras fontes relacionam histórias de sua ganância e corrupção. Nisso, elas focam especialmente no mosteiro em Hebdomo, que ele administrou, e onde guardou sua fortuna pessoal.[2][1][11]

A oposição coalesceu em torno do patriarca de Antioquia Emiliano, um antigo inimigo seu de seu tempo em Antioquia, com apoio de vários bispos e as guildas da capital. Além disso, no verão de 1077, Nicéforo Briênio, o Velho nos Bálcãs, e Nicéforo Botaniates na Ásia Menor, rebelaram-se contra Miguel VII. Briênio marchou contra Constantinopla, esperando rendê-la, mas a pilhagem de seus subúrbios por suas tropas dissuadiu os habitantes da capital, e ele teve que retirar-se. Por sua vez, um grupo de bispo opositores ao ministro reuniu-se em Santa Sofia em 7 de janeiro de 1078, e proclamou Botaniates imperador. Niceforitzes respondeu forçando a remoção deles da catedral, pelo que foi excomungado pelo patriarca de Constantinopla Cosme I. Aleixo Comneno, que ascendeu a alto comando sob Niceforitzes, sugeriu a supressão violenta da oposição, mas Miguel VII posteriormente decidiu abdicar em favor de Botaniates em 31 de março de 1078.[12]

Niceforitzes fugiu da capital e procurou refúgio em Heracleia Pôntica, onde Roussel de Bailleul estava acampado. Roussel, contudo, prendeu-o e enviou-o para o novo imperador. Ele foi exilado para a ilha de Prote e então Oxeia, onde foi brutalmente torturado pelo grande heteriarca Romano Estraboromano e morreu como resultado.[2][1][13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Nicéforo Botaniates (incerto)
Adriano Dalasseno (1059)
Duque de Antioquia
1062-1063
Sucedido por
Desconhecido
Próximo mencionado: Beck/Beckd
Precedido por
João
Duque de Antioquia
1067
Sucedido por
Pedro Libelísio

Referências

  1. a b c d e Kazhdan 1991, p. 1475.
  2. a b c d e «Nikephoritzes E/L XI» (em inglês). Consultado em 14 de agosto de 2014 
  3. Angold 1997, p. 121.
  4. Treadgold 1997, p. 607.
  5. Angold 1997, p. 122.
  6. Stephenson 2000, p. 99–100.
  7. Angold 1997, p. 121–122.
  8. Stephenson 2000, p. 98, 100.
  9. Angold 1997, p. 123.
  10. Angold 1997, p. 117–121, 123.
  11. Angold 1997, p. 121–123.
  12. Angold 1997, p. 123–124.
  13. Angold 1997, p. 124.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Angold, Michael (1997). The Byzantine Empire, 1025–1204: A Political History. Londres: Longman. ISBN 0-582-29468-1 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Stephenson, Paul (2000). Byzantium's Balkan Frontier: A Political Study of the Northern Balkans, 900–1204. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 0-521-77017-3 
  • Treadgold, Warren T. (1997). A History of the Byzantine State and Society. Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2