O Bidú: Silêncio no Brooklin – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Bidú - Silêncio no Brooklin
Álbum de estúdio de Jorge Ben Jor
Lançamento 1967
Gravação 1967
Gênero(s) Sambalanço
Iê-Iê-Iê
Duração 31:13
Idioma(s) Português
Formato(s) LP
Gravadora(s) Rozenblit[1]
Produção Roberto Corte Real[2]
Arranjos Jorge Ben Jor[2]
Cronologia de Cronologia de estúdio por Jorge Ben Jor
Big Ben
(1965)
Jorge Ben
(1969)

O Bidú - Silêncio no Brooklin[nota 1] é o quinto álbum do cantor brasileiro Jorge Ben acompanhado pela banda The Fevers.[1] Foi lançado em LP em 1967[3].

Produção[editar | editar código-fonte]

Em 1967 Jorge Ben encontrava-se em São Paulo, morando com o cantor Erasmo Carlos em seu sobrado na Rua Kansas 239, no bairro do Brooklin.[4] Nessa época deixou a gravadora Philips Records e resolveu iniciar a gravação de seu novo álbum, sob contrato da pequena gravadora Artistas Unidos (selo da Fábrica de Discos Rozenblit). Os ensaios na casa do Brooklin iam até tarde da noite e passaram a incomodar os vizinhos. Um deles gritou em diversas ocasiões "Silêncio no Brooklin!" , interrompendo Jorge Ben em várias ocasiões. Posteriormente Ben batizou o álbum como "O Bidú - Silêncio no Brooklin" (sendo Bidu apelido dado a Ben na época).[5][6][7]

Faixas[editar | editar código-fonte]

Dados retirados do sítio oficial do artista:[2] Todas as canções escritas e compostas por Jorge Ben Jor, exceto onde indicado.

N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Amor de Carnaval"    2:23
2. "Nascimento de um Príncipe Africano"    3:55
3. "A Jovem Samba"    1:49
4. "Rosa mas que Nada"    2:31
5. "Canção de uma Fã"    2:11
6. "Menina Gata Augusta"  Jorge Ben Jor - Erasmo Carlos 2:59
7. "Toda Colorida"    3:18
8. "Olha o Menino"    2:50
9. "Quanto mais te Vejo"  Jorge Ben Jor - Yara Rossi 1:54
10. "Vou Andando"    2:25
11. "Sou da Pesada"    2:03
12. "Si Manda"    2:55

Crítica[editar | editar código-fonte]

Em 1966 Jorge Ben rompeu com o movimento Bossa nova e acabou atraído para a Jovem Guarda por intermédio de seu amigo Erasmo Carlos.[8] Sua "adesão" acabou não sendo bem aceita pela crítica sediada no Rio de Janeiro e expoentes do samba.[9]Naquela época Ben e a Jovem Guarda chegaram a anunciar a criação do subgênero "Samba Jovem".[10] Dessa forma, O Bidú: Silêncio no Brooklin foi fortemente criticado no Rio de Janeiro.

Juvenal Portela, do Jornal do Brasil teceu fortes críticas ao álbum, ao artista e ao produtor Roberto Corte Real em um artigo intitutlado "O mal do Jorge Ben".[11]:

"...Em primeiro lugar, dou conta de um som horrível que envolve as 12 faixas. Depois, da péssima seleção musical, onde nada escapa ao medíocre. Contam-se, ainda, os falsos e lamentáveis arranjos, o acompanhamento e a interpretação, tudo em um primarismo impressionante...
— Juvenal Portela, Jornal do Brasil, 16 de junho de 1967.

Escrevendo para o Correio da Manhã, Mauro Ivan lamentou o álbum[12]:

"...É triste ouvir-se um LP como este último de Jorge Ben. A música que projetou o rapaz era inspirada, de boa qualidade e principalmente marcada por um ritmo vivo e pessoal. De lá pra cá a qualidade das composições de Ben caiu vertiginosamente...Consegue com suas composições, ficar num limbo entre coisas como iêiêiê, chanchado, bailão e até mesmo samba. É triste essa fase, justamente quando Chove Chuva e Mas que Nada fazem sucesso no exterior"...
— Mauro Ivan, Correio da Manhã, 2 de julho de 1967.

Na Tribuna da Imprensa, L.P. Braconnot resumiu o que pensava a crítica carioca[13]:

"... Do primeiro ao último sulco do LP, nada encontramos que valha a pena ser ouvido..."
— L.P. Braconnot, Tribuna da Imprensa, 5 de julho de 1967.

Em São Paulo a crítica foi mais favorável ao disco. Em O Estado de S. Paulo, Carlos Vergueiro escreveu[14]:

"... Todas [as canções são] bem modernas, interpretadas com o tom muito pessoal de Jorge Ben."
— Carlos Vergueiro, O Estado de S. Paulo, 13 de junho de 1967.


Notas

  1. Segundo as normas ortográficas da língua portuguesa, a palavra bidu deve ser grafada sem acento, pois é uma oxítona terminada em u antecedida por consoante.

Referências

  1. a b ALEXANDRE, Ricardo. Nem vem que não tem: a vida e o veneno de Wilson Simonal. São Paulo: Globo, 2009. ISBN 978-85-750-4728-1.
  2. a b c http://www.jorgeben.com.br
  3. Sérgio Martins (22 de maio de 2002). «Alta fidelidade». Revista Veja Edição 1752 
  4. MEDEIROS, Jotabê (2021). Roberto Carlos: Por isso essa voz tamanha. [S.l.]: Todavia. 493 páginas. ISBN:9786556921235 
  5. Rodrigo Mattar (17 de julho de 2015). «Discos Eternos:O Bidú - Silêncio no Brooklin». Grande Prêmio. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  6. Paulo da Costa e Silva (4 de outubro de 2012). «Imbatível ao extremo». Instituto Moreira Salles. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  7. Artistas Unidos (agosto de 1967). «Anúncio de discos». Cinelândia, edição 324, página 43/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  8. «Jovem Guarda declara guerra à Bossa Nova: O samba que é bom não tem jazz no meio e nasce do povo». Intervalo, Ano IV, edição 165, páginas 3 e 4/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 6 de março de 1966. Consultado em 21 de fevereiro de 2022 
  9. «Jorge Ben fêz inimigos porque aderiu ao Iêiêiê». Intervalo, Ano IV, edição 167, página 9/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 20 de março de 1966. Consultado em 21 de fevereiro de 2022 
  10. «Nasce o Samba Jovem». Intervalo, Ano IV, edição 170, página 10/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 10 de abril de 1966. Consultado em 21 de fevereiro de 2022 
  11. Juvenal Portela (16 de junho de 1967). «O mal do Jorge Ben». Jornal do Brasil, ano LXXVII, edição 60, Caderno B, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  12. Mauro Ivan (2 de julho de 1967). «Ben, Cats, Cinema, Laurindo e Astrud». Correio da Manhã, ano LXVII, edição 22773, 5º Caderno, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 21 de fevereiro de 2022 
  13. L.P. Braconnot (5 de julho de 1967). «Discos». Tribuna da Imprensa, ano XVIII, edição 5309, Segundo Caderno, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 21 de fevereiro de 2022 
  14. Carlos Vergueiro (13 de junho de 1967). «Conjunto francês interpreta Bach». O Estado de S. Paulo, ano 88, edição 28270, página 9. Consultado em 21 de fevereiro de 2022