O Tesouro – Wikipédia, a enciclopédia livre

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O tesouro foi escrito para criticar a nobreza, eram pessoas muito gananciosas e queriam muito sem fazer nada.

O Tesouro é um conto de Eça de Queirós reunidos em Contos, publicado em 1902.

Os protagonistas são três irmãos (os irmãos de Medranhos): Guanes, Rui e Rostabal. As personagens começam por ser apresentadas coletivamente, mas, à medida que a acção progride, a sua caracterização vai-se individualizando, como que sublinhando o predomínio do egoísmo individual sobre a aparente fraternização.

Enredo[editar | editar código-fonte]

“No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lívidos do que círios. Depois, mergulhando furiosametne as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada, que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guannes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do demônio, pertencia aos três, e entre eles se repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos, para os cimos da serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes de cerrar a escuridão. (...)”

O Tesouro (1902)

    O conto concentra-se na vida de três irmãos de Medranhos (Rui, Guanes e Rostabal) que habitam o Reino das Astúrias talvez os mais famintos e miseráveis fidalgos do reino. Passam os dias no Paço de Medranhos junto à lareira, que há muito que não se acende. Devoram, à noite, pedaços de pão esfregados em alho, indo depois deitar-se no estábulo para aproveitar o calor das suas três éguas. Certo dia, enquanto passeiam na mata de Roquelanes, encontram, numa cova de rocha, um velho cofre de ferro com uma inscrição árabe. Este tem três chaves e as suas respetivas três fechaduras. Os três irmãos ficam obcecados por retornarem às suas vidas de bem-estar, luxo e ostentação, o que faz com que se enfureçam e a duvidem uns dos outros. Com isso, Rui decide que o tesouro será distribuído entre eles com iguais quantidades por todos. Assim decidem que Guanes se dirigirá à vila mais próxima (Retortilho) e trará comida e alforges para carregar o tesouro. Enquanto Guarnes vai à vila, canta: " Olé! Olé! sale la cruz de la iglesia, Vestida de negro luto...". Enquanto isso Rui tenta persuadir/manipular o seu irmão Rostabal a matar Guanes , porque este faz troça dele e irá gastar o dinheiro mal, e assim terão que dividir o tesouro só por dois. Guanes é morto e à primeira oportunidade Rui mata Rostabal, ficando assim o Tesouro só para ele. Enquanto Rui "saboreia" esta vitória sobre os seus irmãos e imagina como será ser o novo Senhor de Medranhos (intitulando-se D. Rui), verifica que o seu irmão só trouxe duas garrafas de vinho para três irmãos, mas levado pela sofreguidão, não dá ao facto grande atenção. Começa a beber o vinho e a comer o Capão que o irmão trouxe. Enquanto carrega o ouro do tesouro para os alforges, começa a sentir um mal-estar, como se uma chama se acendesse dentro dele e, quanto mais ele a tenta apagar, mais a sente. Rui tenta pedir ajuda aos seus irmãos mortos, e tenta sugar a frescura da água mas esta revelas-se como metal derretido, queimando-o. Assim todos os irmãos morrem e o tesouro continua na mata de Roquelanes.

Origem da história[editar | editar código-fonte]

Esse conto tem origem em uma passagem do Livro das Mil e Uma Noites. Trata-se da pequena história "Os três homens e Jesus Cristo" ou "Jesus, os três homens e o tesouro" na edição brasileira da obra traduzida por Mamede Mustafa Jarouche (respectivamente, volume 3, pp. 256-7 e volume 4, p. 274). Nessa história, três homens encontram uma pedra de ouro enorme, difícil de carregar. Um deles vai buscar algo para comerem e envenena a comida, mas é morto quando volta, e os dois outros homens morrem, um morto pelo outro e o restante envenenado.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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