Obelisco de Teodósio – Wikipédia, a enciclopédia livre

Obelisco de Teodósio
Construção Século XV a.C.
Material Granito vermelho
Altura 18,54 m (25,6 m com o pedestal)
Local original Egito, Luxor, Templo de Karnak
Local atual  Turquia, Istambul, Praça Sultanahmet
Data de instalação 390 d.C.

O Obelisco de Teodósio (em turco: Dikilitas é um obelisco do Antigo Egito mandado construir pelo faraó Tutemés III que no século IV d.C. foi levado para Constantinopla (atual Istambul, Turquia) e colocado no Hipódromo, no que é hoje a Praça Sultanahmet, pelo imperador romano Teodósio I.

História[editar | editar código-fonte]

O obelisco foi erigido por Tutemés III (r. 1479–1425 a.C.) a sul do sétimo pilone do grande Templo de Carnaque, no que é hoje a cidade egípcia de Luxor. Em 357 d.C., o imperador romano Constâncio II (r. 337–361) mandou transportar o obelisco e um outro ao longo do rio Nilo para Alexandria, para comemorar a sua ventenália (ventennalia; 20 anos no trono). O outro obelisco foi erigido na spina do Circo Máximo, em Roma, no outono do mesmo ano e é atualmente conhecido como Obelisco Lateranense. O chamado Obelisco de Teodósio permaneceu em Alexandria até 390, quando Teodósio I (r. 378–395) o mandou levar para Constantinopla para ser colocado na spina do hipódromo daquela cidade.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Obelisco[editar | editar código-fonte]

O obelisco propriamente dito é feito de granito vermelho de Assuão e originalmente tinha 30 metros de altura, como o Obelisco Lateranense. A parte inferior foi danificada na Antiguidade, provavelmente durante o transporte ou quando foi reerigido, pelo que o obelisco tem atualmente apenas 18,54 m (19,6 m segundo outras fontes), ou 25,6 m se for incluída a base. Entre os quatro cantos e o pedestal encontram-se quatro cubos de bronze, usados no transporte e na recolocação.[2] Cada uma das quatro faces tem uma linha vertical de inscrições, que celebram a vitória de Tutemés III nas margens do rio Eufrates em 1 450 a.C.[1]

Pedestal[editar | editar código-fonte]

Face oriental do pedestal, mostrando Teodósio oferecendo a coroa da vitória ao vencedor das corridas de bigas; no canto inferior direito pode ver-se um um hidraulo (órgão hidráulico) de Ctesíbio.
Inscrição em latim na face oridental do pedestal

O obelisco assenta sobre um pedestal de mármore com baixos relevos datados de quando o obelisco foi erguido em Constantinopla. Numa das faces, Teodósio é representado oferecendo a coroa da vitória ao vencedor das corridas de bigas; a cena é emoldurada com colunas e arcos coríntios, com espectadores alegres, músicos e e dançarinos que assistem à cerimónia. No parte inferior direita desse baixo relevo encontra-se um hidraulo (órgão hidráulico) de Ctesíbio; na parte esquerda encontra-se representado outro instrumento musical.[2]

Há vestígios claros de grandes estragos no pedestal e restauros. Nos cantos do fundo do pedestal há cubos de pórfiro em substituição de peças desaparecidas, os quais assentam sobre os cubos de bronze acima referidos; os cubos de bronze e pórfiro têm formas idênticas. Numa das faces há um corte que faz supor a passagem de uma canalização. As reparações na base podem estar relacionadas com a rachas causadas por um qualquer acidente grave, possivelmente um terramoto ocorrido em data incerta da Antiguidade.[2]

Inscrições[editar | editar código-fonte]

A face leste do pedestal ostenta uma inscrição com cinco hexâmetros em latim. A inscrição está ligeiramente partida no fundo, mas foi transcrita na totalidade por viajantes do século XVI:

DIFFICILIS QVONDAM DOMINIS PARERE SERENIS

IVSSVS ET EXTINCTIS PALMAM PORTARE TYRANNIS

OMNIA THEODOSIO CEDVNT SVBOLIQVE PERENNI

TER DENIS SIC VICTVS EGO DOMITVSQVE DIEBVS

IVDICE SVB PROCLO SVPERAS ELATVS AD AVRAS

Tradução

Embora no passado tenha oposto resistência, um homem ordenou-me que obedecesse aos mestres serenos e que carregasse as suas palmas, uma vez que os tiranos tivessem sido derrubados. Todas as coisas se rendem a Teodósio e aos seus descendentes eternos. Isto é verdade também para mim - fui dominado e superado por três vezes em dez dias e levantado até ao cimo dos ventos, sob o governador Próculo.
Inscrição em grego na face ocidental do pedestal

Na face oeste, a mesma ideia é repetida em dois dísticos elegíacos escritos em grego bizantino, embora aqui seja relatado que a colocação do obelisco demorou 32 dias:[2]

KIONA TETPAΠΛEYPON AEI XΘONI KEIMENON AXΘOC

MOYNOC ANACTHCAI ΘEYΔOCIOC BACIΛEYC

TOΛMHCAC ΠPOKΛOC EΠEKEKΛETO KAI TOCOC ECTH

KIΩN HEΛIOIC EN TPIAKONTA ΔYO

Tradução

Esta coluna com quatro que jazia na terra, só o imperador Teodósio se atreveu a erguê-la de novo; Proclos foi convidado para executar a sua ordem; e esta grande coluna foi erguida em 32 dias.

Referências

  1. a b Habachi 1985, p. 145-151.
  2. a b c d Budge, p. 160-165.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Budge, E. A. Wallis (1926) [1990]. Cleopatra's Needles and Other Egyptian Obelisks (em inglês). Londres: The Religious Tract Society. ISBN 0-486-26347-9 
  • Kazhdan, Alexander, ed. (1991). «Obelisk of Theodosius». The Oxford Dictionary of Byzantium (em inglês). 3. Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Habachi, Labib (1985). The Obelisks of Egypt, skyscrapers of the past (em inglês). Cairo: American University in Cairo Press. ISBN 977-424-022-7 
  • Sodini, Jean-Pierre (1994). Images sculptées et propagande impériale du IVe au VIe siècles: recherches récentes sur les colonnes honorifiques et les reliefs politiques à Byzance (em francês). Paris: Byzance et les images, La Documentation Française. ISBN 2-11-003198-0 
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