Ofensiva Kovel-Lublin – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ofensiva Kovel-Lublin
Data 17 – 30 de julho 1944
Local Ucrânia ocidental/Polônia
Desfecho Vitória soviética
Beligerantes
 União Soviética  Alemanha
 Hungria
Comandantes
União Soviética Konstantin Rokossovski Alemanha Nazista Josef Harpe
Reino da Hungria (1920-1946)Raul Federikin
Forças
410.000 homens

1.550 veículos blindados

1.465 bocas de fogo
100.000 homens

100 veículos blindados

160 bocas de fogo

A Ofensiva Kovel-Lublin foi uma operação militar da União Soviética contras as forças do Eixo, no âmbito da Frente Oriental da Segunda Guerra Mundial. Realizada entre 17 e 30 de julho de 1944, em conexão com as operações Bagration e Lviv-Sandomir, seu objetivo era reduzir o saliente criado pelo sucesso destas duas operações, no norte e no sul. Além disso, ela buscava tomar Lublin dos alemães, e, assim, assegurar aos comunistas poloneses uma base territorial na própria Polônia.

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

Em um contexto marcado por no norte e no sul, as unidades alemãs instaladas na Ucrânia Ocidental foram despojadas de vários meios defensivos e ofensivos, a fim de fornecer novas tropas a Model, no norte e no sul.[1]

Além disso, em dezembro de 1943 foi estabelecido um comitê do governo polonês favorável à URSS, e a conquista da cidade de Lublin, povoada por 125.000 habitantes, poderia fornecer a esse governo uma base territorial.[2] Assim, na primavera de 1944 essa cidade se tornou um objetivo político de primeira magnitude.[3]

Meios à disposição[editar | editar código-fonte]

Lentamente, a partir de junho, os soviéticos reuniram suas forças no setor onde a ofensiva deveria ser lançada,[1] enquanto as unidades do Eixo foram despojadas de seus meios, ou reforçadas com unidades pouco motivadas ou consideravelmente enfraquecidas, como as divisões húngaras.[4] Durante o verão de 1944, a Wehrmacht transferiu nove divisões para o setor de Kovel, totalizando 100.000 homens, apoiados por 100 bocas de fogo e 160 destróieres de tanques.[4]

Por sua vez, os soviéticos puseram amplos recursos à disposição da operação, incluindo cinco exércitos, dentre os quais o 1º Exército polonês, formado por 410.000 homens apoiados por 1.550 veículos blindados.[N 1][5]

Planejamento[editar | editar código-fonte]

A Ofensiva Kovel-Lublin deve ser compreendida na seqüência operacional planejada pelo Exército Vermelho para o verão de 1944.[6] Ela pertence a uma cadeia de operações com objetivos limitados e em sequência.[7]

Nesse contexto, a Ofensiva Kovel-Lublin foi um meio adicional encontrado pelos soviéiticos para aumentar a fragmentação da massa blindada alemã que constituía o Grupo de Exércitos do Norte da Ucrânia, uma unidade formidável capaz de deter a mais forte ofensiva soviética.[8]

Os planos soviéticos foram baseados no princípio de operações em profundidade, e a cidade de Lublin, a 250 km da linha de frente, era o seu objetivo operacional, este mesmo parte de outros objetivos táticos e políticos.[4]

Este planejamento operacional, no entanto, permanece flexível, evoluindo de acordo com o curso das operações. Josef Stalin continuou enviando diretrizes a Konstantin Rokossovski, com novas metas ou modificando as precedentes, mesmo quando a ofensiva já se encontrava em andamento.[1]

Operações[editar | editar código-fonte]

O ataque soviético[editar | editar código-fonte]

Lançada em 17 de julho de 1944, com uma operação contra unidades húngaras mal equipadas,[N 2] a ofensiva foi desencadeada no dia seguinte, no início da manhã, infligindo pesadas baixas nas defesas alemãs, que não foram capazes de deter o ataque.[1]

No dia seguinte, a força aérea soviética atacou as posições defensivas alemãs, enquanto as tropas terrestres rapidamente conquistaram toda a primeira linha de defesa alemã.

Derrota alemã[editar | editar código-fonte]

Desde o final da tarde do primeiro dia da operação, os subúrbios de Lublin foram varridos pelas forças blindadas soviéticas, que operam nas profundezas das unidades alemãs.

A cidade foi cercada em 23 de julho, e libertado no dia 25. Houve uma tentativa de socorro às tropas alemãs cercadas, mas que conseguiu libertar apenas algumas dezenas de homens.[2]

Esta derrota, no entanto, foi diminuída pelo endurecimento alemão perto dos rios Vístula e San, e muitas unidades alemãs sobreviventes conseguiram se reagrupar do outro lado do rio.[9]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Consequências militares[editar | editar código-fonte]

Após esse sucesso, uma primeira cabeça de ponte foi formada a oeste do rio Vístula, em 27 de julho.[2] Contidas pelas concentrações alemãs no setor, as unidades soviéticas que chegaram à região ficaram limitadas aos objetivos que haviam sido atribuídos.[9]

Majdanek[editar | editar código-fonte]

A estas consequências militares, acrescentou-se o impacto da libertação do campo de Majdanek, localizado nos subúrbios de Lublin.[10] A descoberta deste campo de extermínio, o primeiro a ser liberado pelos Aliados, marca o início de uma mudança na política soviética em relação ao tratamento dos alemães envolvidos no conflito.[10]

A descoberta deste campo é objeto de uma intensa cobertura midiática, realizada por repórteres soviéticos e transmitida tanto na União Soviética quanto no front.[11] Da mesma forma, correspondentes de guerra aliados foram convidados a visitar o campo, mas esses repórteres enfrentam o ceticismo de seus próprios compatriotas.[N 3][11]

Além disso, autoridades soviéticas, incluindo Nikolai Bulganin, organizam visitas de soldados ao campo.[11]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Stalin afirmou expressamente que as unidades polonesas foram poupadas por razões políticas e militares.
  2. Desde Stalingrado, essas unidades são alvos prioritários para os planejadores militares soviéticos.
  3. Somente em abril de 1945 os aliados ocidentais liberaram outro campo de concentração alemão.

Referências

  1. a b c d Lopez 2014, p. 326.
  2. a b c Lopez 2014, p. 328.
  3. Lopez 2014, p. 57.
  4. a b c Lopez 2014, p. 325.
  5. Lopez 2014, p. 324.
  6. Lopez 2014, p. 51.
  7. Lopez 2014, p. 55.
  8. Lopez 2014, p. 53.
  9. a b Lopez 2014, p. 331.
  10. a b Lopez 2014, p. 329.
  11. a b c Lopez 2014, p. 330.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Baechler, Chistian (2012). Guerre et extermination à l'Est : Hitler et la conquête de l'espace vital. 1933-1945. Paris: Tallandier. 524 páginas. ISBN 978-2-84734-906-1 
  • Glantz, David M.; House, Jonathan (1995). When Titans Clashed: How the Red Army Stopped Hitler. Lawrence: University Press of Kansas. ISBN 0700608990 
  • Lopez, Jean (2014). Opération Bagration : La revanche de Staline (1944). Paris: Economica. 409 páginas. ISBN 978-2-7178-6675-9