Ozualdo Candeias – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ozualdo Candeias
Nascimento 5 de novembro de 1922
Cajobi
Morte 8 de fevereiro de 2007 (84 anos)
São Paulo
Cidadania Brasil
Ocupação cineasta, diretor de cinema, roteirista
Prêmios

Ozualdo Ribeiro Candeias (?,[nota 1] ?[nota 2]São Paulo, 8 de fevereiro de 2007) foi um cineasta[nota 3] brasileiro. Considerado um dos pioneiros do cinema marginal nacional.[nota 4]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Filho de agricultores, passou a infância e a juventude entre São Paulo e Mato Grosso.[8] Ozualdo abandonou a escola ainda no primário e trabalhou no campo, foi militar, caminhoneiro, chofer de táxi, office-boy, lustrador de móveis, metalúrgico, operário e funcionário público.[1][4] Começou sua carreira cinematográfica em 1955, com o curta-metragem Tambau - Cidade dos Milagres, no qual já trazia elementos comuns à sua obra, como a ironia e a provocação.[3] Visando ampliar seus conhecimentos na área cursou o Seminário de Cinema, no MASP e depois na Fundação Armando Álvares Penteado, durante quase três anos.[4]

Com o financiamento do governo do estado de São Paulo, Candeias dirigiu dois curtas documentais: Polícia Feminina lançado em 1959 e Ensino Industrial, três anos mais tarde.[4] Em 1963, trabalhou no roteiro de Meu Destino em Tuas Mãos junto de José Mojica Marins, com que trabalhou no ano seguinte, como assistente de direção, em À Meia-Noite Levarei Sua Alma.[6] Seu primeiro longa-metragem de ficção foi A Margem, de 1967. Realizado praticamente por conta própria, o filme "espantava a crítica cinematográfica",[8][4] fez com que ele passasse a ser "cultuado"[1] e deu início ao movimento conhecido como cinema marginal constituído de filmes de baixo orçamento produzidos principalmente na Boca do Lixo.[7]

Ainda em 1967, trabalhou como produtor em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver,[1] de José Mojica Marins e no ano seguinte dirigiu um dos segmentos do filme Trilogia de Terror, de José Mojica Marins, o Zé do Caixão: Acordo.[4] Ainda com Mojica, co-dirigu Ritual dos Sádicos, produzido em 1969, no qual também atuou.[3] Dirigiu ainda Meu Nome É Tonho em 1969, A Herança,[nota 5] Caçada Sangrenta em 1973, que não foi exibido devido a censura, mesmo problema que afetou as médias-metragens Zézero e Candinho.[5] Sete anos depois lança A Opção e nos anos seguintes Manelão, o Caçador de Orelhas e A Freira e a Tortura. Após quatro anos sem fazer filmes, dirige As Belas da Billings. Seu último filme foi O Vigilante, de 1992, que mesmo não tendo sido lançado comercialmente, recebeu o prêmio especial do júri no XXV Festival de Brasília.[3][4]

Em 2002, um documentário dirigido por Celso Gonçalves sobre Candeias ganhou os prêmios, Marcos Antônio Guimarães e Aruanda de melhor documentário entregues no 35º Festival de Brasília.[10] Sobre seus filmes disse que eles "sempre têm algo de crítica social" e que o cinema, para ele, "tem que ter proposta crítica, cultural, ou documental. Sem isso, é vazio."[7] Ozualdo faleceu na tarde do dia 8 de fevereiro de 2007, aos 88 anos, no Hospital Brigadeiro, devido a uma insuficiência respiratória.[1]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Lista dos longas-metragens dirigidos por Ozualdo Candeias:[4][3]

Notas

  1. As fontes divergem sobre o local de nascimento de Ozualdo, enquanto umas apontam seu nascimento em São Paulo,[1] outras dizem que ele nasceu em Mato Grosso do Sul sem especificar a cidade.[2] Outras, ainda afirmam que o cineasta nasceu em Cajobi.[3][4]
  2. Sua data de nascimento também é incerta. Ele possuía duas carteiras de identidade: o ano de nascimento era 1918, numa, e 1922, noutra. Sua filha afirmou 1918 é o ano correto.[5] A Enciclopédia do Cinema Brasileiro registra o nascimento no ano de 1922,[4] já a Folha de S.Paulo em 11 de novembro de 1918.[6]
  3. Além de diretor assumiu em produções cinematográficas, as funções de: roteirista, produtor,[7] ator, montador e fotógrafo.[8][4]
  4. Devido a isso, recebeu diversos topônimos diferentes pela mídia, como "papa do cinema marginal",[1] "pai do cinema marginal",[7] "marginal do cinema brasileiro"[8] e "o diretor marginal entre os marginais".[4]
  5. O ano é incerto. Enquanto a Enciclopédia do Cinema Brasileiro[4] e o Estado de S. Paulo[1] datam como 1971, o lançamento do filme é apontado como 1970 pela Folha de S.Paulo[3] e pelo IMDB.[9]

Referências

  1. a b c d e f g «Morre Ozualdo Candeias, o papa do cinema marginal». Estadão.com. 8 de fevereiro de 2007. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  2. «Morre Ozualdo Candeias, pioneiro do Cinema Marginal». Universo Online. 8 de fevereiro de 2007. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  3. a b c d e f «Ozualdo Candeias, diretor do cinema marginal, morre em SP». Folha de S.Paulo. 8 de fevereiro de 2007. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  4. a b c d e f g h i j k l Ramos, Fernão Pessoa; Miranda, Luiz Felipe (2000). Enciclopédia do Cinema Brasileiro. [S.l.]: Senac. p. 81-82. ISBN 978-8-573-59093-7 
  5. a b Oricchio, Luiz Zanin (8 de fevereiro de 2007). «Morreu Ozualdo Candeias, papa do Cinema Marginal». Estadão.com. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  6. a b «Morre o cineasta marginal Ozualdo Candeias, 88». Folha de S.Paulo. 9 de fevereiro de 2007. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  7. a b c d «Morre Ozualdo Candeias, 'pai do cinema marginal». O Globo. 9 de fevereiro de 2012. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  8. a b c d Soares, Rosana de Lima; Jr., Rubens Machado; Araujo, Luciana Correa de. Estudos de Cinema Socine Viii. [S.l.]: Annablume. p. 317-323. ISBN 978-8-57419-750-0 
  9. «A Herança (1970)». Internet Movie Database. Consultado em 7 de dezembro de 2012 
  10. «Candeias da Boca para Fora ganha dois prêmios especiais». Agência Brasil. 26 de novembro de 2012. Consultado em 7 de dezembro de 2012