Parque Nacional da Peneda-Gerês – Wikipédia, a enciclopédia livre

Parque Nacional da Peneda-Gerês
Categoria II da IUCN (Parque Nacional)
Parque Nacional da Peneda-Gerês
Panorâmica da Serra Amarela
Localização Minho e Trás-os-Montes
Dados
Área 70 290 hectares
Criação 1971
Visitantes 115.804[1] (em 2017)
Gestão Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade
Coordenadas 41° 43' N 8° 09' O
Mapa
Localização do parque

O Parque Nacional da Peneda-Gerês é uma área protegida de Portugal, com autonomia administrativa, financeira e capacidade jurídica, criada no ano de 1971, no meio ambiente da Peneda-Gerês. Único Parque Nacional em território Português, situa-se no extremo norte de Portugal, na zona raiana entre Minho, Trás-os-Montes e a Galiza. Seu perímetro territorial abrange todo o vasto território florestal que se estende desde a Serra da Peneda até a Serra do Gerês — daí a sua designação — , englobando ainda a Serra do Soajo e a Serra Amarela. Sendo recortado por dois grandes rios, o Rio Lima e o Cávado. Abrange os distritos de Braga (concelho de Terras de Bouro), Viana do Castelo (concelho de Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca) e Vila Real (concelho de Montalegre), numa área total de cerca de 70 290 hectares,[2] que afectam o território de 22 freguesias. Desde 1997, essa Área Protegida forma, com o parque natural espanhol do Baixa Limia—Serra do Xurés, o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés e a Reserva da Biosfera com o mesmo nome.

O Parque Nacional da Peneda-Gerês é considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera[3] de forma a possibilitar "a conservação do solo, da água, da flora, da fauna e da paisagem".

Logótipo do Parque

É uma das maiores atracções naturais de Portugal, pela rara e impressionante beleza paisagística e pelo valor ecológico e etnográfico[4] e pela variedade de fauna (íbex-ibéricos, corços, garranos, lobos, aves de rapina) e flora (pinheiros, teixos, castanheiros, carvalhos e várias plantas medicinais). Estende-se desde a serra do Gerês, a Sul, passando pela serra da Peneda até a fronteira espanhola.[5]

Inclui trechos da estrada romana que ligava Braga a Astorga, conhecida como Geira.[6] No parque situam-se dois importantes centros de peregrinação, o Santuário de Nossa Senhora da Peneda, réplica do santuário do Bom Jesus de Braga, e o de São Bento da Porta Aberta, local de grande devoção popular.[7]

Localidades[editar | editar código-fonte]

Nas localidades no interior do parque, a vida quotidiana mantém raízes firmes na tradição rural portuguesa. Algumas das localidades de maior valor turístico são:

Destaca-se pelo seu castelo medieval (Castelo de Castro Laboreiro). É famosa pela raça de cães Castro Laboreiro[8]
Destaca-se por possuir o maior aglomerado de espigueiros antigos da Península Ibérica e pelo seu castelo do século XIII (Castelo de Lindoso).[9]
Ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias, construído em 1147.[10]
Aldeia com grande aglomerado de antigos espigueiros,[10] assentes num afloramento rochoso, com vistas para o vale do Rio Lima.
Aldeia submersa pela construção da Barragem Vilarinho das Furnas no rio Homem.[11]
Essa pitoresca aldeia destaca-se pela arquitectura popular antiga e pelas antigas tradições ainda preservadas.[7]
  • O fojo: a alma de (lobo em) Fafião!
Uma curva aqui, uma curva acolá por entre os penhascos e precipícios gritantes da magnífica Serra do Gerês, para conseguirmos encontrar a curiosidade que nos tinham relatado certo dia: o fojo do lobo, uma série de muros de pedra, construídos na Idade Média, que serviam como armadilha de lobos.[12]
  • O Vale (encantado) de Albergaria...
[Encantado] encantar, incantare: in=em; cantare="cantar", aqui com o sentido de "emitir palavras mágicas". Então encantar será "emitir palavras mágicas e lançá-las em alguém". Ou, então, "lançar um feitiço em alguém".[13]
Pincães é um lugar que se destaca pela beleza das cercanias com seus prados verdejantes, por seus campos de oliveiras e pelo sossego.[14]
Aldeia encostada à serra, constitui-se como paradigma da sobrevivência, em tempos remotos, de uma comunidade agro-pastoril. Desse tempo ainda restam, além dos próprios campos de cultivos ao redor do espaço, o moinho de cubo e outro de levada, as poças e o gado comunitário. São frequentes as idas do gado para a serra, pastoreado por gente da aldeia.[15]

História[editar | editar código-fonte]

Marco miliário na Geira

O passado traduz-se nos castelos de Castro Laboreiro e do Lindoso, monumentos megalíticos e testemunhos da ocupação romana. A geira, o antigo caminho que conduzia os legionários de Bracara Augusta a Astorga, sobrevive num trecho da antiga calçada e nos curiosos marcos miliários. Curiosos povoados, a arquitectura dos socalcos, paradas de espigueiros, a frescura dos prados de lima, animam um quadro em que a ruralidade ainda está presente.[16]

Há também a Ponte da Mizarela, segundo a lenda foi construída pelo demónio, essa antiga ponte românica situa-se na freguesia de Ferral, no concelho de Montalegre. Nessa ponte travou-se uma importante batalha contra os franceses aquando das invasões napoleônicas, em que os populares saíram vitoriosos, derrotando assim o exército francês.[11][16]

Perto do Poço Azul

Passando à frente e seguindo o trilho, eis que chegámos ao nosso destino. Por entre as ervas do caminho e as rochas que dificultam a visão, aparece, com algum ruído tranquilo de água, o Poço Azul...[17]

Actualidade[editar | editar código-fonte]

Actualmente, o PNPG tem cerca de 240 espécies de fauna vertebrada identificadas no território e 1100 de flora, além de 500 sítios de interesse histórico e arqueológico.[18]

Incêndios[editar | editar código-fonte]

De acordo com dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, entre 2000 e 2012 registaram-se 1098 incêndios no Parque Nacional, com uma área ardida de 31901 hectares. Equivale a cerca de 46% dos 69596 hectares de área total do PNPG mas, como há muitas áreas sujeitas a mais do que um incêndio naquele período, a área ardida corresponde a 38% do total.[19]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. ICNF. Visitantes que contactaram as áreas protegidas.
  2. «Parque Nacional Peneda-Gerês». www.cm-melgaco.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010 
  3. «Parque Gerês/Xurés é reserva da biosfera». Consultado em 27 de Maio de 2009 
  4. [http%3A%2F%2Fportal.icnb.pt%2FNR%2Frdonlyres%2F2CCF76F8-2288-4A03-B11E-1828DE1282C5%2F0%2FCARACTERIZACAOPATRIMONIO.pdf Revisão do plano de ordenamento do parque nacional da Peneda-Gerês]
  5. «À Descoberta do Parque Nacional Peneda-Gerês». www.destinoseviagens.com. Consultado em 13 de Janeiro de 2010  Texto " Destinos e Viagens " ignorado (ajuda)
  6. «A Geira na Serra do Gerês». geira.cm-terrasdebouro.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010. Arquivado do original em 12 de agosto de 2010 
  7. a b «patrimonio cultural pnpg - ICNB». portal.icnb.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010 
  8. «Castro Laboreiro». www.cm-melgaco.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010. Arquivado do original em 18 de agosto de 2010 
  9. «Castelo». alfarrabio.di.uminho.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010 
  10. a b «Serra do Geres - PNPG - Turismo - Localidades». www.serradogeres.com. Consultado em 13 de Janeiro de 2010 
  11. a b «Parque Nacional da Peneda-Gerês, Descubra Portugal». www.descubraportugal.com.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010 
  12. «O Fojo do Lobo - Fafião». www.serra-do-geres.com. Consultado em 22 de Junho de 2011 
  13. «O Vale [encantado] de Albergaria...». www.serra-do-geres.com. Consultado em 22 de Junho de 2011 
  14. «Pincães». www.serra-do-geres.com. Consultado em 14 de setembro de 2014 
  15. «Xertelo». www.serra-do-geres.com. Consultado em 14 de setembro de 2014. Arquivado do original em 13 de maio de 2016 
  16. a b «actividades humanas pnpg - ICNB». portal.icnb.pt. Consultado em 13 de Janeiro de 2010. Arquivado do original em 27 de dezembro de 2009 
  17. «Poço Azul - a Epifania...». www.serra-do-geres.com. Consultado em 13 de Janeiro de 2010 
  18. «Centenas de fotografias ilustram em livro os 40 anos do Parque Nacional Peneda-Gerês» 
  19. «38% da Peneda-Gerês ardeu em 12 anos» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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