Partido Liberal Democrata (Japão) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Partido Liberal Democrata
自由民主党
Jiyū-Minshutō
Partido Liberal Democrata (Japão)
Presidente Fumio Kishida
Vice-presidente Tarō Asō
Secretário-geral Toshimitsu Motegi
Fundação 15 de novembro de 1955 (68 anos)
Sede Nagatachō, Chiyoda, Tóquio, Japão Japão
Ideologia Conservadorismo[1]
Conservadorismo social[2]
Liberalismo econômico[a][4]
Nacionalismo japonês[5]
Pega-tudo
Espectro político Direita[6]
Publicação Jiyū Minshu[7]
Membros (2021) 1 136 445[8]
Conselheiros
109 / 245
Representantes
263 / 465
Prefeitos
1 031 / 2 668
Cores      Verde      Vermelho
Slogan "A Responsabilidade de Proteger o Japão"
Símbolo eleitoral
Página oficial
jimin.jp

Política do Japão
Partidos políticos
Eleições

O Partido Liberal Democrata (em japonês: 自由民主党; rōmaji: Jiyū-Minshutō), frequentemente abreviado como PLD (em japonês: 自民党; rōmaji: Jimintō), é um partido político japonês. É o maior partido do Japão, forma um governo de coalizão com o partido Novo Komeito e vem mantendo-se regularmente no poder desde sua fundação, em 1955, abrangente membros de diversas ideologias e grupos de interesse. Por esses motivos, o partido é considerado um "partido pega-tudo" conservador.[9] A sigla conta com membros como o primeiro-ministro Fumio Kishida, o ex-primeiro-ministro, Shinzō Abe morto em 2022 e demais ministros que fazem parte da Nippon Kaigi, uma organização considerada ultranacionalista[10] e monarquista.[11]

Depois de uma vitória contundente nas eleições legislativas de 2005, o PLD manteve uma maioria absoluta na Câmara dos Representantes do Japão. Shinzo Abe sucedeu Junichiro Koizumi, então primeiro-ministro, como presidente do partido no dia 20 de setembro de 2006. Após uma grave derrota nas eleições de 2007, o partido perdeu a maioria na Câmara dos Conselheiros. Em 12 de setembro de 2007, Abe, repentinamente, renunciou de seu cargo como primeiro-ministro e foi substituído por Yasuo Fukuda. Após a eleição de 16 de dezembro de 2012, a sigla conseguiu eleger a maioria da Câmara Baixa da Dieta, contando com 328 das 478 cadeiras. Assim, em 26 de dezembro, Abe foi reconduzido ao posto de primeiro-ministro até renunciar novamente em 16 de setembro de 2020 e ser substituído por Yoshihide Suga.[12][13][14][15]

O PLD não deve ser confundido com os extintos Partido Democrático do Japão (民主党; Minshutō) e Partido Democrático (民進; Minshintō). A sigla também não deve ser confundida com o Partido Liberal (自由党; Jiyūtō), existente de 1998 a 2003, ou com o Partido Liberal (自由党; Jiyū-tō), existente de 2016 a 2019.

Histórico[editar | editar código-fonte]

O PLD permaneceu no poder na maior parte do tempo desde sua fundação até os dias atuais, exceto por dois períodos: entre 1993 e 1994, com a formação de um governo de coalizão que deixou o PLD de fora; Um segundo período que em esteve ausente do poder foi durante os governos do Partido Democrático do Japão, entre 2009 e 2012.

Fundação e primeiros anos[editar | editar código-fonte]

O PLD foi criado em 1955 com a união do Partido Liberal (自由党; Jiyutō), liderado por Shigeru Yoshida, com o Partido Democrático do Japão (日本民主党; Nihon Minshutō), liderado por Ichirō Hatoyama. Ambas siglas concordaram em se unir para formar um partido unificado contra o Partido Socialista do Japão, que na época era bastante popular entre o eleitorado japonês. O PLD venceu as seguintes eleições que foram realizadas e conseguiu formar o primeiro governo conservador no Japão com uma grande maioria. Desde então, conseguiu se manter no governo até 1993.

O PLD começou reorientando a política externa do Japão, com medidas que vão desde a adesão e participação ativa na ONU, até o restabelecimento de contatos diplomáticos com a URSS. Na maioria das eleições que ocorreram após 1955, tornou-se a força política com mais votos, praticamente tendo como oposição apenas o Partido Socialista do Japão e o Partido Comunista do Japão. Por isso, entre as décadas de 1950 e 1970, os EUA, por meio da CIA, gastou milhões de dólares durante as campanhas eleitorais japonesas buscando aumentar o apoio popular ao PLD e, por sua vez, contra os partidos e movimentos considerados de esquerda, como os socialistas e comunistas.[16][17] Apenas nos 1990 a interferência dos EUA foi revelada ao público pelo jornal estado-unidense The New York Times.

Período recente[editar | editar código-fonte]

Cinco anos após seu retorno ao poder em 1996, o PLD ficou sob a liderança de Junichiro Koizumi. Com outra vitória nas eleições gerais de 2005, manteve a maioria absoluta na Dieta Nacional e formou um governo de coalizão com o partido Novo Kōmeitō. O período de governo de Koizumi foi marcado por sua aliança com então presidente estado-unidense George W. Bush, políticas descritas como populistas de direita[18][19][20][21] e a privatização dos correios japoneses, que em questões econômicas, era o principal objetivo do governo Koizumi.[22][23]

Shinzō Abe sucedeu Junichiro Koizumi como presidente do partido em 20 de setembro de 2006, embora só tenha ocupado o cargo por um curto período. Nesse contexto, o partido sofreu uma grande derrota nas eleições de 2007 para a Câmara dos Vereadores e perdeu a maioria nesta Câmara pela primeira vez em sua história. Em 12 de setembro de 2007, Abe renunciou ao cargo de primeiro-ministro e líder do partido, e foi sucedido por Yasuo Fukuda, que por sua vez renunciou em 1º de setembro de 2008, após apenas um ano no cargo. Em seguida, o veterano Tarō Asō assumiu a liderança do governo e do partido, mas nas eleições gerais de 2009, o PLD sofreu um grande revés eleitoral contra o Partido Democrático do Japão (民主党; Minshutō) ao perder 177 assentos no parlamento, o que levou à sua saída do governo.[24][25] Essa derrota acabou com pouco mais de meio século de governos conservadores.

Entretanto, após três anos de governo, o Partido Democrático do Japão sofreu uma forte erosão e nas eleições gerais de 2012, o PLD, novamente sob a liderança de Shinzō Abe, obteve uma vitória massiva e retornou ao poder.[26] Desde então, os conservadores permanecem liderando o governo japonês.

Resultados eleitorais[editar | editar código-fonte]

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Ano M. Uninominal M. Proporcional Deputados +/- Status
Cl. Votos % +/- Cl. Votos % +/-
1958 1.º 23 480 170
59,1 / 100
298 / 467
Governo
1960 1.º 22 950 404
58,1 / 100
Baixa 1,0
300 / 467
Aumento 2 Governo
1963 1.º 22 972 892
56,0 / 100
Baixa 2,1
283 / 467
Baixa 17 Governo
1967 1.º 22 447 838
48,8 / 100
Baixa 7,2
277 / 486
Baixa 6 Governo
1969 1.º 22 381 570
47,6 / 100
Baixa 1,2
288 / 486
Aumento 11 Governo
1972 1.º 24 563 199
46,9 / 100
Baixa 0,7
271 / 491
Baixa 17 Governo
1976 1.º 23 653 626
41,8 / 100
Baixa 5,1
249 / 511
Baixa 22 Governo
1979 1.º 24 084 130
44,6 / 100
Aumento 2,8
248 / 511
Baixa 1 Governo
1980 1.º 28 262 442
47,9 / 100
Aumento 3,3
284 / 511
Aumento 36 Governo
1983 1.º 25 982 785
45,8 / 100
Baixa 2,1
250 / 511
Baixa 34 Governo
1986 1.º 29 875 501
49,4 / 100
Aumento 3,6
300 / 512
Aumento 50 Governo
1990 1.º 30 315 417
46,1 / 100
Baixa 3,3
275 / 512
Baixa 25 Governo
1993 1.º 22 999 646
36,6 / 100
Baixa 9,5
223 / 511
Baixa 52 Oposição
1996 1.º 21 836 096
38,6 / 100
Aumento 2,0 1.º 18 205 955
32,8 / 100
Baixa 4
239 / 500
Aumento 16 Governo
2000 1.º 24 945 807
41,0 / 100
Aumento 2,4 1.º 16 943 425
28,3 / 100
Baixa 4,5
233 / 480
Baixa 6 Governo
2003 1.º 26 089 326
43,9 / 100
Aumento 2,9 2.º 20 660 185
35,0 / 100
Aumento 6,7
237 / 480
Aumento 4 Governo
2005 1.º 32 518 389
47,8 / 100
Aumento 3,9 1.º 25 887 798
38,2 / 100
Aumento 3,2
296 / 480
Aumento 59 Governo
2009 2.º 27 301 982
38,7 / 100
Baixa 9,1 2.º 18 810 217
26,7 / 100
Baixa 11,5
119 / 480
Baixa 177 Oposição
2012 1.º 25 643 309
43,0 / 100
Aumento 4,3 1.º 16 624 457
27,8 / 100
Aumento 1,0
294 / 480
Aumento 175 Governo
2014 1.º 25 461 448
48,1 / 100
Aumento 5,1 1.º 17 658 916
33,1 / 100
Aumento 5,5
291 / 475
Baixa 3 Governo
2017 1.º 26 500 776
47,8 / 100
Aumento 0,1 1.º 18 555 717
33,3 / 100
Aumento 0,2
284 / 465
Baixa 7 Governo
2021 1.° 27 626 157
48,1 / 100
Aumento 0,3 1.° 19 914 883
34,7 / 100
Aumento 1,4
261 / 465
Baixa 23 Governo

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Como os ideais políticos influentes entre os intelectuais japoneses continuaram sendo de centro-esquerda mesmo após a Segunda Guerra Mundial, é difícil encontrar liberalismo econômico puro na política japonesa. Dentro do PLD, não há um consenso quanto a política econômica, alguns membros defendendo a importância do gasto público e do keynesianismo, enquanto outros relutam em adotar tal método devido ao grande déficit do Estado.[3]

Referências

  1. Roger E. Backhouse; Bradley W. Bateman; Tamotsu Nishizawa; Dieter Plehwe, eds. (2017). Liberalism and the Welfare State: Economists and Arguments for the Welfare State (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 94. ISBN 978-0-19-067668-1. Because the influential political ideology among intellectuals in Japan continued to be center-left long after World War II, the purest economic liberalism is hard to find in Japanese politics. Within the LDP there are many different attitudes toward economic policy: some member of the LDP still believe in the importance of public spending and Keynesian economics, while others are reluctant to employ this tool because of the huge state deficit. 
  2. «機関紙誌のご案内». jimin.jp (em japonês). Consultado em 16 de agosto de 2021 
  3. «自民党員が政権復帰以降で最多に 5万人増の113万人». Asahi Shimbun (em japonês). 1 de março de 2021. Consultado em 9 de setembro de 2021 
  4. Johnston, Eric (17 de novembro de 2021). «The state of play for the LDP's factions after October's Lower House election». The Japan Times (em inglês). Consultado em 7 de novembro de 2022 
  5. «Beautiful Harmony: Political Project Behind Japan's New Era Name – Analysis». Eurasia Review (em inglês). 16 de julho de 2019. Consultado em 14 de maio de 2021 
  6. «Tea Party Politics in Japan». The New York Times (em inglês). 13 de setembro de 2014. Consultado em 14 de maio de 2021 
  7. «Parlamento japonês nomeia Shinzo Abe como novo primeiro-ministro». Folha de S. Paulo 
  8. «Parlamento do Japão nomeia Shinzo Abe como novo primeiro-ministro». G1. 26 de dezembro de 2012 
  9. Brasil, Ansa (16 de setembro de 2020). «Yoshihide Suga é eleito novo primeito-ministro do Japão». InfoMoney. Consultado em 1 de junho de 2021 
  10. «Japão elege líder do partido governista e provável novo primeiro-ministro». VEJA. 14 de setembro de 2020. Consultado em 1 de junho de 2021 
  11. Weiner, Tim (9 de setembro de 1994). «C.I.A. Spent Millions to Support Japanese Right in 50's and 60's». The New York Times (em inglês). Consultado em 24 de abril de 2022 
  12. «Foreign Relations of the United States, 1964-1968, Vol. XXIX, Part 2, Japan» (em inglês). Departamento de Estado dos Estados Unidos. 18 de julho de 2006. Consultado em 24 de abril de 2022. Cópia arquivada em 20 de julho de 2006 
  13. Lindgren, Petter (2012). «The Era of Koizumi's Right-Wing Populism» (pdf) (em inglês). Universidade de Oslo 
  14. Jones, Kent, ed. (2021). Populism and Trade: The Challenge to the Global Trading System (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 28. ISBN 978-0-19-008637-4 
  15. Jones, Kent, ed. (2020). Reconceptualising the divide: Identity, memory, and nationalism in Sino-Japanese relations (em inglês). [S.l.]: Cambridge Scholars Publishing. p. 67. ISBN 978-0-19-008637-4 
  16. McCargo, Duncan, ed. (2021). Contemporary Japan (em inglês). [S.l.]: Macmillan International Higher Education. p. 23 
  17. Pelegrín Solé, Àngels; Jensana Tanehashi, Amadeu (2011). Economía de Japón (em castelhano). [S.l.]: Anglofort. p. 34 
  18. «Correio japonês torna-se privatizado». InfoMoney. 1 de outubro de 2007. Consultado em 24 de abril de 2022 
  19. «Primeiro-ministro admite derrota nas eleições do Japão». UOL. 30 de agosto de 2009. Consultado em 24 de abril de 2022 
  20. «La oposición obtiene una victoria histórica en Japón». El País (em castelhano). 30 de agosto de 2009. Consultado em 24 de abril de 2022 
  21. «Shinzo Abe é nomeado como novo premiê do Japão». VEJA. 26 de dezembro de 2012. Consultado em 24 de abril de 2022 
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