Plataforma P-36 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Acidente na Plataforma P-36
Plataforma P-36
Data 15 de março de 2001
Danos US$ 500 milhões
Vítimas 11 mortos
Áreas afetadas Oceano Atlântico (150 km da costa)

A P-36 foi a maior plataforma semissubmersa de produção de petróleo no mundo, antes de seu naufrágio em março de 2001, que levou a 11 óbitos.[1] A plataforma era de propriedade da estatal brasileira Petrobras, custou 350 milhões de dólares e apresentava-se como um ícone da importância e tamanho da empresa na época.[2] O acidente de seu naufrágio representou a maior perda[nota 1] financeira da história do Brasil no segmento da exploração e produção de petróleo.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Sua construção teve início na Itália em 1995 com um casco semissubmerso (com colunas estabilizadoras) e terminou no Canadá em 2000. A P-36 iniciou sua operação em 2000 pela Petrobrás no campo de Roncador, Bacia de Campos, distante 130 km da costa do estado do Rio de Janeiro,[2] sendo projetada para produzir 180 000 barris de petróleo por dia, comprimir cerca de 7,2 milhões de m³ de gás por dia e abrigar entre 115 a 120 pessoas a bordo. A unidade chegou a produzir cerca de 5 a 6% da produção total de óleo da Petrobras.[1]

Na madrugada do dia 15 de março de 2001 ocorreram três explosões em uma das colunas da plataforma, sendo a primeira às 0h22min e a segunda às 0h39m (não há informações sobre o horário da terceira explosão). Segundo a Petrobras, 175 pessoas estavam no local no momento do acidente, das quais 11 morreram, todas integrantes da equipe de emergência da plataforma. Depois das explosões, a plataforma inclinou-se em 16 graus, devido ao bombeamento de água do mar para o seu interior, o suficiente para permitir alagamento, que levou ao seu naufrágio. Tentativas de resgate e aprumo foram feitas em seguir, injetando-se nitrogênio e ar comprimido nos tanques, para remover a água acumulada, porém sem sucesso, abandonaram a mesma.

No momento do acidente, a plataforma produzia cerca de 84 000 barris de petróleo e 1 300 000 metros cúbicos de gás, por dia, oriundos de 6 poços interligados.[4]

A plataforma afundou cinco dias após as explosões, no dia 20 de março, em uma profundidade de 1 200 metros e com estimadas 1 500 toneladas de óleo ainda a bordo. Segundo a agência nacional de petróleo (ANP) do Brasil, o acidente foi causado por "não-conformidades quanto a procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto".[5] Segundo o relatório de investigação do acidente realizado pela ANP, 6 atividades marcantes, que tinham relação direta com o naufrágio da unidade, apresentaram não-conformidades, sendo eles: alagamento da coluna e flutuador, a admissão de água de lastro em proa bombordo, submersão contínua da plataforma, a evacuação e abandono da plataforma, as tentativas de salvamento da plataforma e o impacto ambiental.[6]

Em 2007 a P-36 foi substituída pela plataforma P-52, FPSO P-52, construída em Singapura e no Brasil.[2]

Punições[editar | editar código-fonte]

Segundo levantamento realizado pela empresa Marsh, o acidente representou perdas[nota 1] da ordem de US$ 500 milhões à época do acidente, o que significa cerca US$ 905 milhões ajustado para o ano de 2019.[7]

o Ibama multou a Petrobras pelo derramamento de óleo bruto e diesel (havia cerca de 10 mil barris estocados) e pela dispersão química feita à época e considerada danosa pelos órgãos ambientais. o vazamento de óleo e diesel ocorreu a 150 km do litoral, o que evitou maiores danos aos ecossistemas costeiras.[8]

O Ministério Público Federal ingressou com uma ação civil pública cobrando R$ 100 milhões de reparações. [8]

Em 2018, a judicialização das punições aplicadas pelo Ibama e as exigidas pelo Ministério Público Federal (MPF) atingiam o valor de R$ 1,469 bilhão. [8]

Notas

  1. a b Perda associada somente ao valor de propriedade da plataforma, recuperação de escombros e limpeza (excluindo custos de interrupção de produção e demais)

Referências

  1. a b Siqueira, Carlos Eduardo; Haiama-Neurohr, Nadia (2006). «The Sinking of the Neoliberal P-36 Platform in Brazil». Worker Safety Under Siege. Labor, Capital, and the Politics of Workplace Safety in a Deregulated World. Nova Iorque: Routledge. p. 187. ISBN 9781315698069 
  2. a b c «Em 2001, explosão da plataforma P-36 deixou 11 mortos na Bacia de Campos». O Globo (Acervo). 12 de agosto de 2013. Consultado em 10 de outubro de 2022 
  3. 100 Largest Losses in the Hydrocarbon Industry (1974-2019) 26ª ed. ed. [S.l.]: Marsh Jlt Specialty. 2020. p. 32 
  4. SindiPetro-LP (14 de março de 2023). «22 anos da tragédia da P-36 não mudam a realidade dos riscos à vida e a segurança no Sistema Petrobrás». SindiPetro-LP. Consultado em 8 de junho de 2023 
  5. «Folha Online - Cotidiano - Explosão no Mar». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 25 de dezembro de 2022 
  6. «Análise do acidente com a plataforma P-36: relatório final da comissão de investigação ANP/DPC» (PDF). Agência Nacional do Petróleo (ANP). Julho de 2001. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  7. 100 Largest Losses in the Hydrocarbon Industry (1974-2019) 26ª ed. ed. [S.l.]: Marsh Jlt Specialty. 2020. p. 69 
  8. a b c «Após 17 anos, Petrobras disputa R$ 1,5 bilhão pelo naufrágio da P-36». agência epbr. 16 de março de 2018. Consultado em 8 de junho de 2023