Povos nativos da Bolívia – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Bolívia possui diversas culturas e línguas nativas.

Cerca de metade dos 10 milhões de bolivianos se identificam com uma das diversas culturas nativas, enquanto que a outra metade se identificam como descendentes de europeus ou como mestiços que perderam os vínculos com as culturas nativas.

As culturas nativas da Bolívia podem ser agrupadas de acordo com 3 regiões geográficas habitadas pelos respectivos povos nativos:

  1. aqueles que habitam no altiplano e nas montanhas da Cordilheira dos Andes, o oeste do país;
  2. aqueles que habitam na amazônia boliviana, no leste e nordeste do país;
  3. aqueles que habitam na região seca do Chaco, no sudeste do país.

Além das culturas nativas esse artigo relaciona culturas não nativas que tem características diversas dos bolivianos que vivem nas principais cidades, como, por exemplo os afrobolivianos e os menonitas[1]

Região andina[editar | editar código-fonte]

Denominação População Principais regiões habitadas Língua Principais atividades econômicas
quéchuas superior a 2,5 milhões (povo nativo mais populoso) áreas próximas a Chuquisaca, Cochabamba, Potosi, Oruro e La Paz língua quéchua agricultura, cultivando inúmeras variedades de milho e batatas, quinoa e outros tubérculos
aimarás superior a 2,0 milhões (segundo povo nativo mais populoso) próximas a La Paz, Oruro e Potosi língua aimará agricultura, pecuária, mineração, pesca, artesanato e comércio.
uru-urus inferior à 3.000 áreas próximas a La Paz e Oruro, que recebeu esse nome em decorrência dessa etnia língua uru pecuária e produção de artesanato[1]

Região do Chaco[editar | editar código-fonte]

Denominação População Principais regiões habitadas Língua Principais atividades econômicas
guaranis pouco inferior a 180 mil (quarto povo nativo mais populoso) próximas a Santa Cruz de la Sierra, Chuquisaca e Tarija língua guarani agricultura (cultivando milho, arroz, feijão, cana de açúcar, algodão, mandioca, etc.) e produção de artesanato com tecidos
tapietes inferior à 70 uma pequena cidade próxima à Villamontes, no Departamento de Tarija semelhante ao guarani pesca, coleta e agricultura
weenhayeks superior à 2 mil Yacuiba no Departamento de Tarija língua weenhayek pesca, a coleta, a agricultura de subsistência e o artesanato[1]

Região amazônica[editar | editar código-fonte]

Denominação População Principais regiões habitadas Língua Principais atividades econômicas
afrobolivianos cerca de 20 mil floresta tropical de Yungas, ao norte de La Paz espanhol ou aimará agricultura, produzindo folha de coca, mandioca, banana, frutas cítricas e arroz perto de Coroico - não são propriamente um povo nativo, mas descendentes de escravos africanos que perderam os vínculos com suas tradições africanas há séculos
araonas cerca de 120 nas proximidades de Ixiamas, no Departamento de La Paz língua tacana caça, pesca, coleta de frutas e castanhas
ayoreos inferior a 1.800 na região dos Chiquitos no Departamento de Santa Cruz de la Sierra língua ayoreo, que pertencem à família da língua zamuco agricultura de subsistência e muitas vezes podem ser vistos vendendo artesanato nas ruas de Santa Cruz de la Sierra e Concepción
baures Estima-se que sua população, na época das missões jesuíticas, era de mais de 16 mil indivíduos, entretanto, sua população atual é inferior a mil proximidades do Rio Iténez, no Departamento de Beni uma língua arauque agricultura de subsistência e produzem chocolate artesanal
canichanas inferior a 500 em pequenas aldeias nas proximidades de San Javier no Departamento de Beni língua isolada produzem produtos agrícolas como arroz, milho, feijão, mandioca e bananas
cavineños cerca de 1.700 Departamentos de Beni e de Pando, nas proximidades dos rios Madre de Dios e Manuripi língua tacana agricultura de subsistência, pecuária e coleta
cayubabas - Província de Yacuma, no Departamento de Beni língua cayubaba agricultura de subsistência, cultivando arroz, milho, feijão, abóbora e mandioca; e à pecuária
chacobos inferior a 500 nas proximidades de Riberalta, no Departamento de Beni língua pano cultivam/coletam castanhas do Pará, palmito, arroz, milho e mandioca
chimanés - províncias de Ballivián, Moxos e Yacuma língua chiman pesca e ao extrativismo de madeira e palmito
chiquitos superior a 180 mil (terceiro maior povo nativo) região de chiquitos no Departamento de Santa Cruz língua chiquitana agricultura, cultivando milho, arroz, mandioca, algodão e bananas - os jesuítas os agruparam em diversas reduções que atualmente tem sua importância histórica reconhecida pela Unesco
esse-ejjas inferior a 500 nas proximidades do Rio Madre de Dios, no Departamento de Pando língua tacana caça, pesca e coleta de ovos de tartaruga, mel e frutas
guarasugwes inferior a 500 Magdalena, no Departamento de Beni língua guarani caça, pesca e coleta.
guaraios cerca de 10 mil Guarayos, no norte do Departamento de Santa Cruz em inúmeras aldeias próximas de Urubichá língua guarani agricultura de subsistência e pecuária
itonamas cerca de 3 mil Iténez e Mamoré no Departamento de Beni língua isolada cultivam milho, mandioca, banana, frutas cítricas, etc.
joaquinianos pouco superior a 3 mil nas proximidades do Rio Mamoré no Departamento de Beni uma língua arauque Cultivam milho, arroz, mandioca e bananas.
lecos cerca de 2.800 nas províncias de Larecaja e Franz Tamayo no Departamento de La Paz língua leco, também conhecida como lapa lapa pecuária, agricultura e silvicultura
machineris menos de 200 cidade de San Miguel no Departamento de Pando uma língua arauque caça, pesca e coleta
maropas pouco inferior a 4.500 várias comunidades da Província de Ballivián, no Departamento de Beni língua tacana agricultura de subsistência, pecuária e silvicultura
morés cerca de 100 nas proximidades do Rio Mamoré no Departamento de Beni língua chapacura cultivam arroz, milho, mandioca e bananas
moseténs inferior a 1.600 Província de Sud Yungas no Departamento de La Paz e Província de Ballivián no Departamento de Beni língua isolada cultivo de milho, feijão, vegetais e frutas
movimas superior a 10 mil Província de Yacuma no departamento de Beni língua isolada cultivo de milho, arroz, feijão, mandioca, bananas, abóbora e batatas doces
moxos cerca de 80.000 Departamento de Beni uma língua arauque agricultura - estima-se que no passado esse povo chegou a ter 8 milhões de indivíduos, destacam-se pelas obras hidráulicas como barragens, áreas elevadas e canais de irrigação/drenagem
nahuas pequena nas proximidades do Rio Manuripi, no Departamento de Pando língua nahua caça e coleta
pacahuaras inferior a 30 nas nas aldeias de "Tujuré" e "Santa Ana" nas proximidades de Riberalta, na fronteira entre os departamentos de Beni e de Pando língua pano coleta de castanhas do Pará e palmito - Estima-se que eles eram muito numerosos, mas resistiram ferozmente às tentativas de evangelização e sua população foi dizimada pelos espanhóis que os escravizaram para trabalhar em fazendas produzindo borracha.
sirionós cerca de 300 Comunidade de Iviató no Departamento de Beni língua sirionó que pertence à família linguística tupi-guarani caça, pesca e coleta de mel
tacanas superior a 7.000 Departamentos de La Paz e Beni língua tacana cultivo de arroz, mandioca, bananas e outras frutas - Antes da chegada dos espanhóis, essa cultura sofreu devido à ação dos incas
toromonas - nômades que habitam na Província de Iturralde língua isolada Não foi feito nenhum contato real com esse povo.
yaminahuas inferior a 150 Província de Nicolás Suárez no Departamento de Pando língua pano caça, pesca e coleta
yuquis inferior a 250 nas proximidades do Parque Nacional Carrasco em Cochabamba língua guarani caça, pesca, coleta e produção de artesanato (arcos, flechas, bolsas e redes)
yuracarés cerca de 2.800 províncias do Chapare e de Carrasco no Departamento de Cochabamba língua yuracaré agricultura de subsistência[1]

Referências

  1. a b c d Bolivia Cultures: Diversity in Bolivia, em inglês, acesso em 09 de dezembro de 2017.