Predestinação – Wikipédia, a enciclopédia livre

Predestinação (do termo latino praedestinatione) é uma destinação antecipada à salvação, a grandes feitos etc.[1] Em teologia especificamente, é a doutrina[2] segundo a qual todos os eventos têm sido determinados por Deus. Já João Calvino interpretou a predestinação bíblica com o significado de que Deus quer a condenação eterna para algumas pessoas e a salvação para outras. Além disso a Predestinação é uma teoria onde cada pessoa tem seu destino desde o nascimento, ou seja, cada pessoa tem seu caminho trilhado por Deus antes de nascer. A predestinação é considerada um dogma do hipercalvinismo [3].

Conceito[editar | editar código-fonte]

A predestinação divina, comum no monoteísmo, é, no cristianismo, relacionada à onisciência de Deus, que sabe, previamente, tudo o que vai acontecer no que se refere à salvação de uns e à condenação de outros, sendo um tema dos ensinamentos de Agostinho de Hipona e de João Calvino. Para santo Agostinho, a salvação não dependeria dos próprios seres humanos, mas sim de uma intervenção divina, da graça divina, algo que seria absolutamente necessário para a salvação. Dessa maneira, pode-se dizer que os "condenados" são, nalguma medida, escolhidos por Deus, ou melhor, os "não escolhidos". Os cristãos entendem a doutrina da predestinação como a salvação que Deus planejou para os homens. Os escolhidos não possuiriam a opção de aceitar ou não a Cristo, pois Deus há de incliná-los de alguma forma, seja pelo amor ou pela dor.

Predestinação Absoluta de João Calvino[editar | editar código-fonte]

A doutrina da predestinação está particularmente associada ao calvinismo. A teologia da predestinação de Calvino ensina que a predestinação de Deus é fruto de sua onisciência, como presciência, a qual Ele rege de acordo com a Sua vontade e absoluta soberania, em relação às pessoas e acontecimentos. E, numa forma insondável, por muitas vezes não compreensível ao entendimento do ser humano, Deus age continuamente com liberdade total, de forma a realizar a sua vontade de forma completa.

Por outras palavras, o calvinismo baseia a sua doutrina da predestinação na perspectiva de que Deus predestina prévia e absolutamente a humanidade, escolhendo, entre os homens, aqueles que irão salvar-se e aqueles que vão ser condenados. Esta doutrina tira, ao Homem, qualquer possibilidade de rejeitar ou aceitar livremente a graça divina.

No Catolicismo e Protestantismo[4][editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Doutrina da Igreja Católica e Graça

Na doutrina católica, a predestinação, além da perspectiva de Deus, baseia-se também na perspectiva de que o homem, sendo criado livre por Deus, tem a capacidade de aceitar ou rejeitar a graça divina da salvação. Logo, a graça divina e o livre-arbítrio humano estabelecem, entre si, uma relação de colaboração indissociável. Apesar de a vontade divina de salvar toda a humanidade através do mistério pascal de Jesus, o homem pode livremente recusar a salvação e a santidade oferecidas por Deus.[5]

Sobre a onisciência divina, que assume um papel importante na predestinação, Eusébio Pânfilo, um Pai da Igreja, afirmou que:

O conhecimento prévio dos eventos não é a causa de que tenham ocorrido. As coisas não ocorrem [somente] porque Deus sabe. Quando as coisas estão para ocorrer, Deus o sabe.[6]

Logo, Deus, apesar de saber previamente os acontecimentos futuros, dá, ao Homem, a possibilidade de modificá-los e de criar uma nova versão do próprio futuro.

Fontes bíblicas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 380.
  2. CRISPIM, Claudio. «A Eleição e a Predestinação segundo o propósito eterno de Deus». estudosbiblicos.org. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  3. Predefinição:Hipercalvinismo
  4. Crispim. «Predestinação». estudosbiblicos.org. Consultado em 29 maio 2014 
  5. «Graça e Justificação». Um artigo do Veritatis Splendor. Veritatis.com.br 
  6. "The Faith of the Early Fathers", Volume I. William A. Jurgens. Liturgical Press, Collegeville Minnesota, 1970; pág. 296
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