Psicologia humanista – Wikipédia, a enciclopédia livre

A psicologia humanista é um ramo da psicologia em geral, e da psicoterapia, considerada como a terceira força, ao lado da psicanálise e da psicologia comportamental. A psicologia humanista surgiu como uma reação ao determinismo dominante nas outras práticas psicoterapêuticas, ensinando que o ser humano possui em si uma força de autorrealização, que conduz o indivíduo ao desenvolvimento de uma personalidade criativa e saudável.

Origem[editar | editar código-fonte]

Em 1962, foi fundada a AHP (American Association for Humanistic Psychology), Associação Americana de Psicologia Humanista, que se tornou a força impulsionadora do movimento. Filosoficamente, baseia-se a psicologia humanista sobretudo no humanismo, no existencialismo (Jean-Paul Sartre, Martin Heidegger e Kierkegaard), bem como na fenomenologia (Edmund Husserl e Merleau-Ponty), na filosofia dialógica (Martin Buber) e na autonomia funcional (Gordon Allport). Há correntes baseando-se ainda na Teoria organísmica, do neurologista e psiquiatra Kurt Goldstein.[1] Se desenvolve também através do filósofo e psiquiatra Karl Jaspers, do psiquiatra Ludwig Binswanger e do psiquiatra e psicoterapeuta Medard Boss, que foi amigo e aluno de Heidegger.[2][3]

Conceitos[editar | editar código-fonte]

O primeiro teórico a desenvolver uma teoria humanista na psicologia foi Abraham Maslow, com sua pirâmide das necessidades. Suas ideias foram recebidas, mais tarde, por Carl Rogers na sua terapia centrada no cliente, assumindo assim um significado prático. A tese central de Carl Rogers é:

O indivíduo possui possibilidades inimagináveis de compreender-se de modificar os conceitos que tem de si-mesmo, suas posturas e seu comportamento; esse potencial pode ser liberado se a pessoa puder ser trazida a uma situação caracterizada por um clima favorável para o desenvolvimento psíquico".[4]

Os transtornos mentais originam-se, assim, através do bloqueamento do desenvolvimento natural do ser humano por fatores externos.

Uma série de autores, que originalmente não pertenciam à psicologia humanista, desenvolveram abordagens que lhe são muito próximas. Entre eles o fundador da logoterapia Viktor E. Frankl, o psicanalista humanista Erich Fromm, e Fritz Perls, fundador da gestaltoterapia.[5] Pressupostos básicos de todas essas linhas são[6]:

  • O ser humano é mais do que a soma de suas partes tomadas individualmente;
  • ele vive em relações interpessoais;
  • ele é um ser consciente e pode desenvolver sua percepção;
  • ele pode decidir-se;
  • ele comporta-se de maneira intencional.

Atualmente, com suas semelhanças e diferenças, há várias correntes da psicologia identificadas como a Terceira Força em Psicologia Humanista, algumas delas são a Gestalt-terapia, a Psicoterapia centrada na pessoa, o Psicodrama, a Psicologia fenomenológico-existencial e o Daseinsanalyse.[7]

Orientação para a investigação[editar | editar código-fonte]

Os psicólogoshumanistas não acreditam, de um modo geral, que possamos compreender a consciênciae o comportamento humano através da investigação científica convencional.[8] Os críticos da psicologia humanista têm acusado repetidamente os psicólogos humanistas de falta de empenhamento nos ideais científicos.[9] A objeção que os psicólogos humanistas têm aos métodos de investigação tradicionais é que estes são derivados e apropriados para as ciências físicas[10] e não são particularmente adequados para estudar as complexidades e nuances do pensamento humano.[11][12]

No entanto, a psicologia humanista tem estado envolvida no estudo científico do comportamento humano desde o seu início. A investigação tem continuado a fazer parte da agenda da psicologia humanista, embora com uma orientação mais holística do que reducionista. Métodos específicos de investigação humanista evoluíram nas décadas que se seguiram à formação do movimento da psicologia humanista.[13]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bühler, Charlotte & Allen, Melanie (1987): Einführung in die humanistische Psychologie. Ullstein. ISBN 3-548-39053-6
  • Quitmann, Helmut (1991): Humanistische Psychologie. Zentrale Konzepte und philosophischer Hintergrund. Hogrefe. ISBN 3-8017-0234-0lil-bes

Referências

  1. «Teoria Organísmica» 
  2. Evangelista, Paulo (dezembro de 2013). «Um breve comentário de medard boss sobre psicoterapia de grupo: a transferência na situação grupal». Revista da Abordagem Gestáltica. 19 (2): 212–219. ISSN 1809-6867 
  3. Luczinski, Giovana Fagundes; Ancona-Lopez, Marília (março de 2010). «A psicologia fenomenológica e a filosofia de Buber: o encontro na clínica». Estudos de Psicologia (Campinas). 27 (1): 75–82. ISSN 0103-166X. doi:10.1590/S0103-166X2010000100009 
  4. Jürg Stadelmann (1998): Führung unter Belastung. Frauenfeld: Huber, ISBN 3-7193-1165-1
  5. H.-J. Möller et al. (2003), Psychiatrie und Psychotherapie, Springer, Berlin, ISBN 3-540-25074-3
  6. Irvin Yalom (1989), Existenzielle Psychotherapie, Edition Humanistische Psychologie, Köln, S.30/31, ISBN 978-3926176196
  7. Bezerra, Márcia Elena Soares; Bezerra, Edson do nascimento (dezembro de 2012). «Aspectos humanistas, existenciais e fenomenológicos presentes na abordagem centrada na pessoa». Revista do NUFEN. 4 (2): 21–36. ISSN 2175-2591 
  8. «Psychology: The Science of Behaviour». books.google.com. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  9. «Philosophy of Psychology». umock.com. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  10. «Humanities in the Age of Science». books.google.com. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  11. «Person of the Month: Carl R. Rogers (1902-1987)». www.researchgate.net. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  12. «The Relevance of Humanistic Psychology». www.researchgate.net. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  13. «Challenges of Humanistic Psychology». books.google.com. Consultado em 9 de outubro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]