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Robert Conquest
Robert Conquest
Conquest em Amsterdã, maio de 1987
Nascimento 15 de julho de 1917
Malvern, Worcestershire
Morte 3 de agosto de 2015 (98 anos)
Stanford, Califórnia, Estados Unidos
Nacionalidade britânico
Campo(s) historiador

George Robert Ackworth Conquest (Malvern, 15 de julho de 1917 – Stanford, 3 de agosto de 2015) foi um proeminente historiador britânico e agente do Information Research Department (IRD), um departamento secreto do Reino Unido na Guerra Fria que produziu assertivas contra grupos de esquerda.[1][2][3][4]

Filho de pai estadunidense e mãe inglesa, é um especialista da história da União Soviética, celebrizado com a publicação de O Grande Terror (The Great Terror, 1968), sobre as purgas realizadas sob Stalin na década de 1930, e de Colheita de Amargura (The Harvest of Sorrow, 1986), sobre a política de colectivização da agricultura, nos anos 1929-1931, que segundo ele foi a causa de milhões de vítimas entre os camponeses soviéticos por fome.

Vida e Carreira[editar | editar código-fonte]

Estudos e período comunista[editar | editar código-fonte]

Fez os seus estudos de filosofia, política e economia em Winchester, em Grenoble (França) e, por fim, em Oxford, onde se doutorou em história soviética. Tendo aderido ao Partido Comunista Britânico em 1937, em Oxford, viria gradualmente a distanciar-se dele. Durante a Segunda Guerra Mundial serviu como oficial do serviço de informações, mas não há notícia de que tenha utilizado a sua posição para espiar a favor da União Soviética, como nesse período fizeram os "Cinco de Cambridge" e outros espiões britânicos. A sua desilusão definitiva com o comunismo deu-se na segunda metade da década de 40, quando assistiu ao estabelecimento do regime comunista de tipo soviético na Bulgária, onde estacionou, em 1944-1945, como oficial de ligação das Forças Aliadas junto do exército búlgaro sob comando soviético e, depois, até 1948, como diplomata britânico.[carece de fontes?]

Trabalho inicial e IRD[editar | editar código-fonte]

Regressado a Inglaterra, trabalhou até meados da década de 50 para o Information Research Department (Departamento de Pesquisa e Informação), um organismo secreto do Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) criado em 1948 pelo governo trabalhista para estudar o comunismo e combater ativamente a sua influência interna e externamente, por meio de propaganda, notícias falsas e falsificações.[3][2] O IRD promoveu um relacionamento secreto, não conhecido pelo público, com jornalistas e jornais proeminentes (como a Reuters),[5] dirigentes sindicais, a ditadura militar brasileira, editoras,[6][7] etc. Datam desse tempo os seus primeiros textos sobre a União Soviética. Tornou-se, depois, um ensaísta e escritor freelancer, foi editor do semanário The Spectator, escreveu poesia e ficção científica (da qual também foi editor) e ensinou em diversas universidades europeias e americanas, mas destacou-se principalmente como especialista em história soviética, publicando diversas obras sobre o tema, marcadas pela denúncia do comunismo.[carece de fontes?]

Alguns autores consideram que a sua obra ganhou um novo reconhecimento após a queda do comunismo, quando o negacionismo do Gulag praticamente desapareceu. Para Conquest, a informação a que foi possível ter acesso após a queda do comunismo mostra que o regime de Stalin foi ainda pior do que ele pensava.[8]

Relação com políticos e trabalho tardio[editar | editar código-fonte]

Conquest (esquerda) recebendo a Medalha Presidencial da Liberdade
com Aretha Franklin (centro) e Alan Greenspan (direita) na Casa Branca, 2005

O ensaísta Christopher Hitchens chamou a Robert Conquest "Anti-Sovietchik n.º 1".[9]

Conquest foi um admirador e colaborador de Ronald Reagan, Margaret Thatcher (sua amiga pessoal, para quem chegou a preparar discursos) e, mais recentemente, de Condoleeza Rice. O livro de Conquest intitulado Que Fazer Quando os Russos Vierem: Um Manual de Sobrevivência (What to Do When the Russians Come: A Survivor's Guide, 1984), obra revivalista do clima de 'pavor dos vermelhos' ("Red Scare") dos anos 40-50, foi considerado uma preciosa peça de propaganda em apoio da política de rearmamento de Ronald Reagan, contribuindo para a sua reeleição nesse mesmo ano. Tido como o teórico mais arrojado do lobby pró-americano da política britânica, foi também um eurocéptico radical, propugnador, em alternativa à integração do Reino Unido na União Europeia, de uma associação muito mais frouxa com os países de língua inglesa, a que chamava Anglosfera.[10]

Nos anos 80, já no seu quarto casamento, Conquest foi viver para a Califórnia, ocupando um cargo na Hoover Institution, da Universidade de Stanford, instituição que realizava estudos sobre a Rússia. Na era pós-guerra fria, Conquest revelou-se um céptico das perspectivas de paz e prosperidade na Rússia de Ieltsin e Putin. Foi inicialmente um apoiante da invasão americana e britânica do Iraque, mantendo depois alguma reserva sobre o tema. Foi galardoado por George W. Bush com a "Medalha Presidencial da Liberdade" em Novembro de 2005.[11]

Robert Conquest morreu em Stanford, vítima de pneumonia.[12][13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Common Sense About Russia (1960)
  • Power and Politics in the USSR (1960)
  • Soviet Deportation of Nationalities (1960)
  • Courage of Genius: The Pasternak Affair (1961)
  • Industrial Workers in the USSR (1967)
  • Soviet Nationalities Policy in Practice (1967)
  • Agricultural Workers in the USSR (1968)
  • The Soviet Police System (1968)
  • Religion in the USSR (1968)
  • The Soviet Political System (1968)
  • Justice and the Legal System in the USSR (1968)
  • The Great Terror: Stalin's Purge of the Thirties (1968)
  • The Nation Killers: The Soviet Deportation of Nationalities (1970)
  • Where Marx Went Wrong (1970)
  • Lenin (1972)
  • Kolyma: The Arctic Death Camps (1978)
  • Inside Stalin's Secret Police: NKVD Politics, 1936-1939 (1985)
  • What to Do When the Russians Come: A Survivor's Guide (1985)
  • The Harvest of Sorrow: Soviet Collectivization and the Terror-Famine (1986)
  • Tyrants and Typewriters: Communiques in the Struggle for Truth (1989)
  • Stalin and the Kirov Murder (1989)
  • The Great Terror: A Reassessment (1990)
  • Stalin: Breaker of Nations (1991)
  • History, Humanity, and Truth (1993)
  • Reflections on a Ravaged Century (1999)
  • The Dragons of Expectation (2004)

Referências

  1. «Robert Conquest, Seminal Historian of Soviet Misrule, Dies at 98» (em inglês) 
  2. a b «'Fake news' sent out by government department». BBC News (em inglês). 18 de março de 2019. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  3. a b Queirós, Luís Miguel. «Historiador Robert Conquest morre aos 98 anos». PÚBLICO. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  4. «Foreign Office's covert propaganda, Guardian 27 Jan 1978 | Clarion». www.cambridgeclarion.org. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  5. «How the UK secretly funded a Middle East news agency». BBC News (em inglês). 13 de janeiro de 2020. Consultado em 23 de dezembro de 2021 
  6. Major, Patrick; Mitter, Rana (2004). Across the Blocs: Cold War Cultural and Social History (em inglês). [S.l.]: Frank Cass 
  7. «Britain and Brazil's Dictatorship». Brasil Wire. 9 de julho de 2020. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  8. Richard Waters, "Conquest", Financial Times, 1 de Março de 2003.
  9. Christopher Hitchens, "Anti-Sovietchik No. 1", OpinionJournal.com, 3 de Fevereiro de 2007.
  10. Andrew Brown, "Scourge and poet", The Guardian, February 15, 2003 [1].
  11. Historian Robert Conquest, Soviet regime expert, dies at 98; acessado em 5 de agosto de 2008
  12. «Robert Conquest, Seminal Historian of Soviet Misrule, Dies at 98». New York Times.com. Consultado em 4 de agosto de 2015 
  13. «Robert Conquest, Seminal Historian of Soviet Misrule, Dies at 98». The Wall Street Journal.com. Consultado em 4 de agosto de 2015 
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