Rogério Sganzerla – Wikipédia, a enciclopédia livre

Rogério Sganzerla
Rogério Sganzerla
Rogério Sganzerla
Nascimento 4 de maio de 1946
Joaçaba, SC
Morte 9 de janeiro de 2004 (57 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Helena Ignez
Filho(a)(s) Sinai Sganzerla
Djin Sganzerla
Profissão Cineasta

Rogério Sganzerla OMC (Joaçaba, 4 de maio de 1946São Paulo, 9 de janeiro de 2004)[1] foi um cineasta, roteirista e produtor brasileiro. Mais conhecido pelo seu papel como representante do cinema marginal, um movimento contracultural brasileiro dos anos 1960 e 1970. Sátira, absurdo, subversão narrativa e colagem foram marcas registradas de sua estética cinematográfica.

É mais lembrado pelo filme O Bandido da Luz Vermelha, de 1968, mas dirigiu várias outras obras, como A Mulher de Todos (1969), Sem Essa, Aranha (1970), Copacabana Mon Amour (1970), Tudo É Brasil (1997) e O Signo do Caos (2003), entre outras.

O diretor teve uma carreira intermitente e a impossibilidade de filmar foi uma marca em sua trajetória, talvez por isso sua admiração pelo projeto boicotado de Orson Welles no Brasil, sobre o qual realizou quatro obras.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Desde cedo, Sganzerla manifestou sua vocação para o cinema. Casou-se com a então atriz (e depois também cineasta) Helena Ignez, viveu para o cinema e fez cinema até os últimos dias de sua vida.

De natureza intelectual, leitor e escritor precoce, formado desde a adolescência na leitura de diversas tradições artísticas e de vanguardas mundiais.

Antes de começar sua produção cinematográfica estudou direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie, curso que abandonou para escrever para o jornal O Estado de S. Paulo, sempre sobre cinema. Em 1967 realizou seu primeiro curta-metragem, intitulado Documentário. A partir de O Bandido da Luz Vermelha, seu primeiro longa-metragem rodado em 1968, dá início a uma notória carreira como diretor de cinema, sempre buscando a ruptura da lógica dramática.

Em 1970 fundou a produtora Belair, junto com Júlio Bressane. Com direção de Rogério, a produtora foi responsável pelos filmes Copacabana Mon Amour e Sem essa, Aranha.

Sganzerla utilizava o subdesenvolvimento como elemento de linguagem.

Continuo realizando um cinema subdesenvolvido por condição e vocação, bárbaro e nosso, anticulturalista, buscando aquilo que o povo brasileiro espera de nós desde o tempo da chanchada: fazer do cinema brasileiro o pior do mundo!”
— Em Jornal do Brasil, 1970[2]

Morreu em 2004, devido a um tumor no cérebro, pouco tempo após realizar O signo do caos e sem realizar um sonho: refilmar seu clássico O bandido da luz vermelha, com Alexandre Borges no elenco.

Agora seria em cores, menos intelectualizado, mais pop, mais gibi, e com atores globais no elenco. O Alexandre Borges seria perfeito para fazer o bandido
— Em: O Globo, 1998

Sganzerla deixou ainda como legado o roteiro para a continuação do filme O Bandido da Luz Vermelha, com o título Luz nas Trevas – A revolta de Luz vermelha. O filme veio a público através da direção de Helena Ignez e Ícaro Martins. No elenco, Ney Matogrosso como o próprio Luz.

Linguagem[editar | editar código-fonte]

Influenciado diretamente pela cinematografia de Orson Welles e Jean-Luc Godard, com a brasilidade de José Mojica Marins, utiliza com frequência os clichês dos filmes noir e das pornochanchadas. Apresentou sempre um cinema de ruptura, inclusive com os próprios modelos. Sganzerla fez da ironia sua marca registrada, fez do “antifilme” sua referência constante e da câmera na mão sua maior aliada. O sarcasmo, a subversão da narrativa clássica, a mistura de linguagens, as lentes anárquicas e debochadas, a câmera imprevisível e a radicalidade estética são as principais características que fazem do cinema de Rogério Sganzerla inexplicável em poucas palavras.[1]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Longas-metragens[editar | editar código-fonte]

Ano Filme
1968 O Bandido da Luz Vermelha
1969 A Mulher de Todos
1970 Sem Essa, Aranha
1970 Copacabana Mon Amour
1970 Carnaval na Lama
1977 O Abismo
1986 Nem Tudo é Verdade
2003 O Signo do Caos

Curtas-metragens[editar | editar código-fonte]

Ano Filme
1966 Documentário
1981 Brasil
1992 Perigo Negro
1992 América: O Grande Acerto de Vespúcio
2001 B2

Documentários[editar | editar código-fonte]

Ano Filme
1969 Historias em Quadrinhos
1969 Quadrinhos no Brasil
1971 Fora do Baralho
1976 Viagem e Descrição do Rio Guanabara Por Ocasião da França Antártica
1977 Mudança de Hendrix
1981 Noel por Noel
1981 A Cidade de Salvador (Petróleo Jorrou na Bahia)
1983 Irani
1986 Ritos Populares.Umbanda no Brasil
1990 Isto é Noel Rosa
1990 Anonimo e Incomum
1990 A Linguagem de Orson Welles
1997 Tudo é Brasil
2003 Informação: H.J Koellreutter

Referências

  1. a b CANUTO, Roberta (org.). Rogério Sganzerla – Encontros. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2007.
  2. «Jornal do Brasil (RJ) - 1970 a 1979 - DocReader Web» (DOC). Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 20 de fevereiro de 1970. p. 38. Consultado em 27 de junho de 2022 

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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