Deserto do Saara – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Deserto do Saara
Deserto do Saara no Maciço de Tadrart Acacus, na Líbia
Deserto do Saara no Maciço de Tadrart Acacus, na Líbia

Deserto do Saara no Maciço de Tadrart Acacus, na Líbia
Bioma Deserto
Largura 1 800 km
Comprimento 4 800 km
Área 9 400 000 km²
Países
Parte da África
Rios Rio Nilo
Ponto mais alto 3 445 metros (Emi Koussi)
Mapa da ecorregião do Saara Imagem de satélite do Saara pelo NASA World Wind
Mapa da ecorregião do Saara

Imagem de satélite do Saara pelo NASA World Wind

Mapa da ecorregião do Saara

Imagem de satélite do Saara pelo NASA World Wind


O Deserto do Saara (português brasileiro) ou Deserto do Sara ou Deserto do Sáara[1] (português europeu) (em árabe: الصحراء الكبرى; romaniz.:aṣ-ṣaḥrā al-koubra) é conhecido por ser o maior deserto quente do mundo. Oficialmente, é o terceiro maior deserto da Terra, logo após a Antártida e o Ártico, pois estas duas também são consideradas desertos.[2] Localizado no Nordeste, tem uma área total de 20 km, sendo sua área equiparável à da Europa (19 km) e à área dos Estados Unidos, e maior que a área de muitos países continentais tais como Brasil, Austrália e Índia. O nome Saara é uma transliteração da palavra árabe صحراء, que por sua vez é a tradução da palavra tuaregue tenere (deserto). O deserto do Saara compreende parte dos seguintes países e territórios: Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Saara Ocidental, Sudão e Tunísia. Atualmente vivem cerca de 2,5 milhões de pessoas na região do Saara.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Os seres humanos vivem na extremidade do deserto há milhares de anos. Durante a última glaciação, o deserto do Saara foi mais úmido (como o Leste africano) do que é agora, e já possuiu densas florestas tropicais. Seu clima era tão diferente que recentes estudos revelaram que o Rio Nilo corria antigamente para o Oceano Atlântico em vez de desaguar no mar Mediterrâneo. Uma mudança de poucos graus[4][5] no eixo de rotação terrestre causou, há cerca de 10 mil anos, uma grande transformação climática gerando o Saara. Essa alteração, segundo alguns cientistas, gerou as condições necessárias à formação da civilização egípcia quando obrigou pessoas que já haviam desenvolvido formas de vida sedentárias (agricultura e pastoreio) e tradições históricas (civilização) a se deslocarem para o leito atual do Rio Nilo.[carece de fontes?]

O deserto é rico em história, e diversos fósseis de dinossauros e outros animais bem como resquícios de diversas civilizações já foram encontrados ali. O Saara moderno geralmente é isento de vegetação, exceto no vale do Nilo, em poucos oásis, e em algumas montanhas nele dispersas.[carece de fontes?]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Vídeo mostrando o deserto do Saara e o Oriente Médio a partir da Estação Espacial Internacional (ISS)

O deserto do Saara, no qual se distinguem dois trechos, um dominado por dunas arenosas e denominado Erg, e outro bastante pedregoso denominado Hamadas, compreende parte dos seguintes países e territórios: Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Saara Ocidental, Sudão e Tunísia. Atualmente, em 2020, vivem cerca de 2,5 milhões de pessoas na região do Saara.[6]

A área do deserto também inclui parte da bacia do Rio Nilo, as montanhas Aïr, Hoggar, Atlas, Tibesti e Adrar dos Ifogas, e as subregiões do deserto da Líbia, do deserto da Núbia, do Ténéré e do deserto Oriental Africano. No interior do Saara, existem alguns poucos e dispersos oásis formados devido ao afloramento de aquíferos subterrâneos, estando entre eles os oásis de Baria, Gardaia, Timimoun, Cufra e Siuá. As fronteiras do Saara são o Oceano Atlântico a oeste, a cordilheira do Atlas e o mar Mediterrâneo a norte, o mar Vermelho a leste e o Sahel a sul. O Saara divide o continente africano em duas partes, o Norte da África e a África Sub-Saariana. A fronteira saariana ao sul é marcada por uma faixa semiárida de savana chamada Sahel.[carece de fontes?]

Os limites do Saara podem também ser definidos por critérios botânicos, definidos por Frank White, que correspondem a zonas climáticas (por exemplo, definidas por Robert Capot-Rey). O limite norte coincide com a região em que se cultiva a tamareira (nos oásis) e com o limite sul do esparto, uma poácea típica do clima mediterrânico; este limite corresponde igualmente à isoieta (linha de igual precipitação anual) dos 100 mm. A sul, o Saara limita com o Sahel, uma cintura de savana seca com um verão chuvoso, que se estende através de toda a África. Aí o limite é definido pela Cornulaca monacantha, uma quenopodiácea tolerante à seca, ou pelo limite norte do Cenchrus biflorus, uma grama característica do Sahel, o que corresponde à isoieta de 150 mm. Este valor é a média de muitos anos, uma vez que a precipitação varia muito de um ano a outro.[7][8][9]

Paleoclima[editar | editar código-fonte]

Panorama do deserto do Saara na Líbia

O clima da região que compreende hoje o Saara sofreu enormes variações, indo várias vezes do seco ao húmido durante os últimos cem mil anos chegando a mais de 50 graus e muito seco a 1 hora da tarde, quando a temperatura chega a 53 graus celsius.[10] Durante a última Era do Gelo, o Saara era maior do que é hoje, estendendo para o sul além de seus limites atuais.[11] O fim da idade de gelo trouxe épocas melhores ao Saara no período compreendido entre aproximadamente 8 000 a.C. a 6 000 a.C., isto devido a área de baixa pressão que acompanhou o desmoronar do manto de gelo ao norte.[12]

Quando a Era do Gelo se foi, a parte norte do Saara secou. Entretanto, não muito tempo depois, monções trouxeram chuva ao Saara, neutralizando a tendência de desertificação do Saara na parte sul.[carece de fontes?]

O oásis de Ubari, na Líbia

Sabe-se que ar sobre o planeta Terra move-se por convecção de forma a redistribuir a energia pelo planeta, e ascensões de ar, puxando ar úmido do oceano, causam geralmente chuvas em determinadas regiões. Paradoxalmente, o Saara estava mais úmido quando recebeu mais insolação no verão. Por sua vez, todas as mudanças na insolação são causadas por mudanças na geofísica da Terra.[13]

Ao redor de 2 500 a.C., as monções recuaram para o sul onde está hoje,[14] que conduziram a desertificação do Saara. O deserto está atualmente árido na forma que o conhecemos hoje há aproximadamente 13 000 anos. Estas circunstâncias são responsáveis para o que foi chamado de Teoria da Bomba do Saara.[carece de fontes?]

O Saara é conhecido por ter um dos climas mais áridos do mundo. O vento que vem do nordeste prevalece, e pode por várias vezes fazer com que a areia dê forma a "furacões". As precipitações, muito raras mas não desconhecidas, acontecem ocasionalmente nas zonas de beira-mar ao norte e ao sul, e o deserto recebe aproximadamente 25 mm de chuva em um ano. As chuvas acontecem muito raramente, geralmente torrenciais após os longos períodos secos, que podem durar anos.[carece de fontes?]

Em 18 de fevereiro de 1979, nevou em vários lugares no sul da Argélia, incluindo uma tempestade de neve de 30 minutos que parou o tráfego em Gardaia, e foi relatado como sendo "pela primeira vez na memória viva".[15] A neve desapareceu em horas.[16] No entanto, várias cadeias montanhosas recebem neve regularmente. Um exemplo são as montanhas Tibesti, que recebem neve nos picos de mais de 2 500 metros uma vez a cada sete anos, em média.[17][18]

Em 18 de janeiro de 2012 nevou em vários lugares no oeste da Argélia. Ventos fortes sopraram a neve em estradas e edifícios na província de Béchar.[19]

Fauna[editar | editar código-fonte]

Caravana de mercadores viajando pela porção nigerina do deserto do Saara, a qual é composta em grande parte pelo Ténéré.

Dromedários e cabras são os animais predominantes no Saara. Por causa das suas habilidades de sobrevivência, da resistência e da velocidade, o dromedário é o animal favorito dos nômades. O Leiurus quinquestriatus (escorpião-amarelo-da-palestina) é um tipo de escorpião do Saara que pode alcançar 10 cm. Ele produz agitoxina e cilatoxina, que são venenos tóxicos. O varano (família varanidae) é um tipo de lagarto que se encontra facilmente. Cerastes é um tipo de cobra que tem em média 50 cm no comprimento que tem proeminências que lembram um par de chifres. Muito ativa à noite, encontra-se geralmente enterrada na areia com somente seus olhos visíveis. As mordidas destas cobras são dolorosas, mas raramente fatais. Há também o feneco, um onívoro. Há o Dassie, cujo primeiro fóssil encontrado remonta a 40 milhões de anos atrás. O adax é um grande antílope branco, e é hoje uma espécie ameaçada. Muito adaptado ao deserto, pode sobreviver por até um ano sem água. A chita do Saara vive no Níger, no Mali e no Chade.[20]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. C.M.; Ciberdúvidas da Língua Portuguesa – Sara/Sáara
  2. Há pouca precipitação na Antártida, e mesmo excluídas as regiões costeiras, o interior do continente gelado é tecnicamente o maior deserto do mundo.
  3. Karina Oliani (2 de setembro de 2016). «A vida no Saara, o maior deserto quente do mundo!». Estadão. Consultado em 27 de julho de 2019 
  4. «Simulation of an abrupt change in Saharan vegetation in the mid-Holocene». Geophysical Research Letters. Consultado em 14 de outubro de 2014 
  5. Esta informação carece de fontes. À primeira vista, viola a lei física da conservação da quantidade de movimento angular (momento angular) do planeta, mas é sabido que o eixo de rotação da Terra precessa em torno do eixo perpendicular à eclíptica e sofre variação periódicas em seu valor em função da interação gravitacional da terra com o Sol (e Lua)
  6. «Sahara, Desert, Africa». Consultado em 25 de abril de 2020 
  7. Grove, A.T., nicole (2007) [1958]. «The Ancient Erg of Hausaland, and Similar Formations on the South Side of the Sahara». The Geographical Journal. 124 (4): 528–533 http://links.jstor.org/sici?sici=0016-7398(195812)124%3A4%3C528%3ATAEOHA%3E2.0.CO%3B2-3 
  8. Bisson, J. (2003). Mythes et réalités d'un désert convoité: le Sahara. [S.l.]: L'Harmattan 
  9. Walton, K. (2007). The Arid Zones. [S.l.]: Aldine 
  10. Kevin White and David J. Mattingly (2006). Ancient Lakes of the Sahara. 94. [S.l.]: American Scientist. pp. 58–65 
  11. Christopher Ehret. The Civilizations of Africa. University Press of Virginia, 2002.
  12. Fezzan Project — Palaeoclimate and environment Arquivado em 7 de junho de 2009, no Wayback Machine., 15 de Março 2006.
  13. "Geophysical Research Letters" Simulação de uma mudança abrupta na vegetação do Saara Arquivado em 31 de outubro de 2007, no Wayback Machine. - 15 de Julho de 1999
  14. Sahara's Abrupt Desertification Started by Changes in Earth's Orbit, Accelerated by Atmospheric and Vegetation Feedbacks.
  15. «Think It's Cold Here? It Snowed On Sahara!». New York Times (em inglês). 19 de Fevereiro de 1979. pp. D4. Consultado em 18 de Outubro de 2013 
  16. «Snow Falls In The Sahara». The Spokesman-Review Eastern Washington ed. Spokane, Washington: Cowles Publishing Company. 19 de Fevereiro de 1979. 1 páginas 
  17. Messerli, B. (1973). «Problems of Vertical and Horizontal Arrangement in the High Mountains of the Extreme Arid Zone». Boulder, Colorado: University of Colorado. Arctic and Alpine Research. 5 (3): 139–147. JSTOR 1550163 
  18. Kendrew, Wilfrid George (1922). The Climates of the Continents. Oxford: Clarendon Press. 27 páginas. ISBN 978-1-4067-8172-4 
  19. Storm brings snow to Sahara Desert[ligação inativa]
  20. [1]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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