Sebastião Cirino – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sebastião Cirino
Informação geral
Nascimento 20 de janeiro de 1902
Local de nascimento Juiz de Fora
Morte 16 de julho de 1968 (66 anos)
Local de morte Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s) MPB
Ocupação(ões) músico
Instrumento(s) trompete

Sebastião Cirino (Juiz de Fora, 20 de janeiro de 1902Rio de Janeiro, 16 de julho de 1968) foi um maestro, violinista, trompetista e compositor brasileiro.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Cirino nasceu em família pobre e em 1913, ainda criança, foi trabalhar como empregado doméstico para uma família no Rio de Janeiro onde, após as brigas do casal que o abrigava, era castigado pela mulher, que lhe dava surras. Ficou ali até que um dia lhe deram dinheiro para comprar algo e ele decidiu não voltar, vivendo nas ruas, sobreviveu vendendo jornais e como engraxate e se abrigando no edifício da Biblioteca Nacional, que estava em obras.[2]

Nessa situação acabou preso por vadiagem e enviado para a Ilha Grande (Colônia Correcional de Dois Rios[3]) onde do infortúnio conseguiu algo positivo: aprendeu a tocar trompete e dali prestou o serviço militar.[2] Serviu no 56º Batalhão de Caçadores, quando foi para a Bahia, até 1920.[2][3] Voltando à então capital do país, compõe com Pedro Pereira Paulo a marchinha "Ao Nascer o Astro-Rei", que vence concurso do Jornal do Brasil.[3]

Teve seu primeiro trabalho como profissional na orquestra de um cinema e, em 1925, quando Donga criou o conjunto Oito Batucas como dissidência de Oito Batutas do qual saíra, fez parte do conjunto; depois, por convite de De Chocolat, ingressou na Companhia Negra de Revistas, compondo o repertório da revista "Tudo Preto"; logo teve a canção "Cristo Nasceu na Bahia", feita em parceria com Duque, gravada por Dalva Espíndola (irmã de Aracy Cortes) - considerada hoje "um clássico".[2]

Por essa época ele se casou com Júlia e teve uma filha. Em 1926 foi convidado por Madame Resimir da companhia parisiense Bataclan, em apresentação no Rio, a integrar junto a outros artistas dentre os quais Donga, a trupe. Deixando a família recém-constituída, partiu em turnê com o Bataclan pelo país até que no Recife Resimir convidou os artistas contratados a voltarem com ela para a Europa, o que todos aceitaram. Na capital francesa Cirino fez sucesso, a ponto de ali permanecer por quase catorze anos, chegando mesmo a ser condecorado pelo governo de França como cavalheiro da Cruz de Honra de Educação Cívica e a integrar a sociedade de arrecadação de direitos autorais até que, em 1939, com a eclosão da II Guerra Mundial, voltando para o Brasil em dezembro daquele ano e encontrando a filha com quinze anos de idade.[2]

Não conseguiu se adaptar à vida no país, ficando desempregado e vagando pelas ruas, tendo sido preso por vadiagem quinze vezes e até tentou o suicídio. Graças â intercessão de seu amigo Bororó conseguiu alguns serviços musicais, tendo nessa época ensinado violão à princesa Maria Theresa de Orléans e Bragança.[2] Constituiu uma orquestra formada apenas por negros que se apresentava no Cabaré Assírio e no Cassino Atlântico.[3]

Com o fechamento dos cassinos no país, sobreviveu escrevendo partituras para outros artistas, compondo e regendo esporadicamente enquanto trabalhava para o Sindicato dos Compositores, amargando o esquecimento até sua morte em 1968, de câncer de pulmão.[2][3]

Principais composições[editar | editar código-fonte]

Dentre as obras de Cirino, tem-se:[1]

  • Ana Martin (com Ruy Rey)
  • Ao Nascer o Astro Rei (com Pedro Pereira Paulo)
  • Audiência ao Prefeito (com J. Portela)
  • Cristo Nasceu na Bahia (com Duque)
  • Dias Tristonhos
  • Eu Fui Viajar (com Duque)
  • Não Creias (com Bruno Gomes)
  • Nossa Homenagem ao Samba (com Gélio Baptista)
  • Rosa Maliciosa (com Rogério Nascimento)
  • Sem Compromisso
  • Três Amores (com Gélio Baptista)

Referências

  1. a b «Sebastião Cirino in: Dicionário da MPB». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 22 de março de 2014. Cópia arquivada em 9 de agosto de 2023 
  2. a b c d e f g Laura Macedo (20 de janeiro de 2013). «Sebastião Cirino - de Minas para o mundo». Jornal GGN. Consultado em 3 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 4 de janeiro de 2024 
  3. a b c d e Roberto Lapiccirella (org.). «Sebastião Cirino». Ao Chiado Brasileiro. Consultado em 3 de janeiro de 2024. Arquivado do original em 22 de março de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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