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Serafim Leite
Serafim Leite
Nascimento 6 de abril de 1890
São João da Madeira
Morte 27 de dezembro de 1969 (79 anos)
Roma
Nacionalidade português
Cidadania Portugal
Ocupação padre jesuíta, historiador
Obras destacadas História da Companhia de Jesus no Brasil
Religião catolicismo

Serafim Soares Leite (São João da Madeira, 6 de abril de 1890Roma, 27 de dezembro de 1969)[1] foi um padre jesuíta, poeta, escritor e historiador português que viveu muitos anos no Brasil, primeiro na adolescência e, posteriormente na idade madura, como pesquisador da atuação dos padres da Companhia de Jesus, catequizadores e educadores em terras brasileiras a partir do século XVI.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Iniciou os estudos na sua cidade natal e terminado o primário, com a ajuda de um tio abade, uma vez que seus pais exerciam humildes ocupações, ingressou no Internato dos Carvalhos, junto à cidade do Porto.[2]

Aos quinze anos, acompanhando o pai, deixa Portugal em busca das oportunidades oferecidas pela Amazônia que vivia a febre da borracha: Belém, Manaus e o Rio Negro onde foi caucheiro e viveu em contato direto com as várias tribos da região.[2]

Em 1910 deixa a selva e vai fixar residência na cidade de Monte Alegre no estado do Pará, tornando-se guarda-livros de um negociante local. Foi nessa modesta cidade às margens do rio Amazonas que Serafim Leite fez sua estreia como escritor. Publicou no jornal local, A Gazeta, um conto intitulado Joel e Fátima usando o pseudônimo de João Madeira.[3]

O historiador[editar | editar código-fonte]

Escreveu a monumental obra História da Companhia de Jesus no Brasil, em dez volumes, que lhe veio a merecer o Prémio Nacional de História, também conhecido por ''Prémio Alexandre Herculano'', atribuído em 1938. Em 1954 na ocasião do IV centenário da cidade de São Paulo e incentivado por Sergio Buarque de Holanda, o autor pública Cartas dos primeiros jesuítas no Brasil.[4]

A obra completa do padre Serafim Leite, que é composta de muitos outros títulos além dos acima citados, é no dizer de outro historiador jesuíta, o padre Hélio Viotti, tão importante que jamais se poderia escrever corretamente a história do Brasil e, por extensão, do império português, se não houvesse sido publicada.[2]

O cidadão sanjoanense[editar | editar código-fonte]

Contribuiu para a emancipação municipal de São João da Madeira em 1926, quando liderou o "Grupo Patriótico Sanjoanense", um grupo de notáveis sanjoanenses, todos apoiantes da "Ditadura Nacional", e, posteriormente comprometidos com o salazarismo, Brindou também a sua terra natal com um brasão, com o desenho de uma fábrica e um molhe de palha no escudo, mas que apesar de usado pelo município, devido ao desrespeito pelas regras da heráldica, não pode ser registado. Concebeu um hino para a cidade, carregado de simbolismo, mostrando claramente estar contra a República, ser contra a democracia, ser activista e sensor do regime. Foi um activista do Estado Novo, sensor e perseguidor de diversas individualidades da oposição, nomeadamente de João da Silva Correia, o maior escritor sanjoanense de sempre. São João da Madeira está patente numa das principais avenidas da cidade, com o nome do filho ilustre que tanto amou o lugar em que veio à luz. Existe também na cidade, em sua homenagem, uma escola batizada com o nome do famoso jesuíta.[2]

Teve colaboração nos conteúdos religiosos da Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal[5] (1939-1947).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MENEZES, Raimundo de. Dicionário literário brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
  • VIOTTI, Pe. Hélio Abranches. Padre Serafim Leite S.J. (1890-1969). São Paulo: Edições Loyola, 1999.

Referências

  1. Livro de Batismos de S. João da Madeira - PT-ADAVR-PSJM01-1-47, f 21, Registo 41, Arquivo Distrital de Aveiro
  2. a b c d e Serafim Soares Leite, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Departamento de História Pesquisa: A Companhia de Jesus e os índios na capitania do Rio de Janeiro. Séculos XVI, XVII e XVIII. Orientador: Eunícia Fernandes Pesquisadoras: Lívia Uchoa; Maria José Barboza (2008.2); Maria José Barboza (2011.1)
  3. Hélio Viotti, ob. cit. p. 10
  4. UCHOA, Lívia e BARBOZA, Maria José. A Companhia de Jesus e os índios na capitania do Rio de Janeiro. Séculos XVI, XVII e XVIII. Orientadora: Eunícia Fernandes - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008.
  5. Helena Roldão (2 de maio de 2014). «Ficha histórica: Mocidade Portuguesa Feminina : boletim mensal (1939-1947).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de maio de 2014 


Precedido por
Alberto d'Oliveira
Sócio correspondente da ABL - cadeira 1
1940 — 1969
Sucedido por
Marcello Caetano