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Sergio Mezzalira
Conhecido(a) por pioneiro nos estudos geológicos e paleontológicos no estado de São Paulo
Nascimento 8 de março de 1920
Campinas, SP, Brasil
Morte 5 de junho de 2009 (89 anos)
São Paulo, SP, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Izilda Isabel Mezzalira
Alma mater Universidade do Distrito Federal
Prêmios Medalha José Bonifácio de Andrada e Silva (Sociedade Brasileira de Geologia)
Orientador(es)(as) Josué Camargo Mendes
Instituições Instituto Geológico
Campo(s) História natural e paleontologia
Tese Contribuição ao conhecimento da estratigrafia e paleontologia do arenito Bauru (1973)[1]

Sergio Mezzalira (Campinas, 8 de março de 1920São Paulo, 5 de junho de 2009) foi um naturalista, geólogo e paleontólogo brasileiro. Foi diretor do Instituto Geológico e um dos mais proeminentes paleontólogos do Brasil.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sergio nasceu na cidade de Campinas, em 1920, filho de Yolanda e João Mezzalira.[2][3] Concluiu os estudos em sua cidade natal e aos 16 anos mudou-se para o Rio de Janeiro para ingressar na faculdade de medicina, mas não foi aprovado no vestibular.[4] Assim voltou sua atenção para o curso de ciências naturais na Universidade do Distrito Federal, a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1939.[4]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Graduou-se como bacharel e licenciado em 1941 e 1942, respectivamente. Através do incentivo dos professores de Geologia e Paleontologia, Thomaz A. Coelho Filho e Julio Magalhães, Sergio se interessou pela paleontologia. Em 1941 publicava seu primeiro trabalho na área, que também seria o primeiro trabalho sobre trilobitas do Brasil, onde descreveu distribuição cronogeológica e morfologia.[3][4]

Em maio de 1942, a convite de Paulo Erichsen de Oliveira, começou a trabalhar na divisão de geologia e mineralogia do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), onde pode trabalhar com outros importantes pesquisadores como Llewellyn Ivor Price e Elias Dolianiti. Um de seus primeiros trabalhos na instituição foi separar e classificar os fósseis da formação Pirabas[5], coletados pouco antes, trabalho que levou cerca de 4 anos.[3][4]

Trabalhou em colaboração com pesquisadores do Museu Nacional e fez vários trabalhos de campo pelo interior do estado de São Paulo. Em um destes trabalhos descobriu a ocorrência de fitofósseis na formação Corumbataí[6] na região de Rio Claro.[3][4] Em 1946, casa-se com Izilda Isabel, com quem teve seis filhos, a quem dedicou o nome de uma espécie vegetal de Melastomataceae, Tibouchina izildaisabelae.[4]

Começou a escrever, por volta dessa época, junto de Júlio Magalhães, um catálogo contendo os moluscos fósseis do Brasil, com descrição de vários animais encontrados e catalogados até aquela data no país, que serviu como guia para muitos estudantes de graduação e pós-graduação.[4] Por intermédio de Rui Ribeiro de Franco é apresentado a Valdemar Lefévre, diretor do Instituto Geológico (na época Instituto Geográfico e Geológico). Já morando na capital paulista, Sergio é contratado pelo instituto, onde passa a fazer mapeamentos geológicos em áreas metamórficas do estado, além de mapeamento paleontológico. Fez trabalho pioneiro e de importância estratégica para o estado na localização de poços artesianos.[2] Sergio também organizou e catalogou o acervo de fósseis da instituição.[3][4]

Além de encontrar fitofósseis na região de Corumbataí, encontrou, mapeou e descreveu novas ocorrências fossilíferas em Piracaia, São Paulo, Tatuí e Sarapuí, no estado de São Paulo.[2] Foi pioneiro ao descrever a distribuição bioestratigráfica dos crustáceos da formação Irati e e estabelecer o segundo nível marinho dentro do Grupo Tubarão baseado em fósseis; ampliou a distribuição bioestratigráfica dos fósseis do Grupo Passa Dois, com a descrição de novos fósseis até então inéditos, entre outros trabalhos pioneiros.[2]

Entre 1951 e 1952 fez mestrado em geologia pela então Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, sob orientação de Viktor Leinz. Em 1961 ingressa no doutorado com a orientação do professor Josué Camargo Mendes, obtendo o título em 1973. Fez trabalho pioneiro ao produzir cartas geológicas do estado de São Paulo na escala de 1:100.000, o que ampliou o número de afloramentos no estado e subdividiu grupos e formações.[3][4]

Foi essencial para o reconhecimento e regulamentação da profissão de geólogo no Brasil.[4] Em março de 1998, foram inaugurados no Instituto Geológico o acervo e o laboratório paleontológico em comemoração aos 112 anos da criação da Comissão Geográfica e Geológica, criada em 1886, que deu origem à instituição. Em homenagem a Sergio, eles passara a se chamar "Acervo e Laboratório Paleontológico Dr. Sergio Mezzalira". São cerca de três mil fósseis entre vertebrados, invertebrados e vegetais.[3][4]

Morte[editar | editar código-fonte]

Sergio morreu em 5 de junho de 2009, na cidade de São Paulo, aos 89 anos.[3][4] Sua esposa, Izilda morreu em 2007.[4]

Homenagem[editar | editar código-fonte]

Uma espécie de dinossauro, o Adamantisaurus mezzalirai, que viveu há cerca de 70 milhões de anos no território entre São Paulo e Minas Gerais foi assim nomeado em sua homenagem e em reconhecimento ao seu trabalho.[7][8]

Referências

  1. Universidade de São Paulo (ed.). «Contribuição ao conhecimento da estratigrafia e paleontologia do arenito Bauru». Banco de Teses USP. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  2. a b c d «Sergio Mezzalira». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  3. a b c d e f g h Governo do Estado de São Paulo (ed.). «Falece o paleontólogo Sérgio Mezzalira». Instituto Geológico. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  4. a b c d e f g h i j k l m «Sergio Mezzalira». Atlas Virtual da Pré-História. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  5. Vladimir de Araújo Távora; et al. (eds.). «Localidades fossilíferas da Formação Pirabas (Mioceno Inferior)». Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciências Naturais. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  6. Josué Camargo Mendes (ed.). «A Formação Corumbataí na região do rio Corumbataí». Boletins da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  7. Claudio Angelo (ed.). «Brasil ganha nova espécie de dinossauro». Folha de S.Paulo. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  8. Julio Zanella (ed.). «Uma nova espécie de titanossauro». Jornal UNESP. Consultado em 14 de agosto de 2019