Shikata ga nai – Wikipédia, a enciclopédia livre

Shikata Ga Nai gravado em mármore.

Shikata ga nai (仕方がない?), (pronúncia em japonês: ɕi̥kata ɡa nai) é uma expressão da língua japonesa cuja possíveis traduções são, dentre outras: "não pode ser ajudado" ou "nada pode ser feito a respeito". Shō ga nai (しょうがない?), (pronúncia: ɕoː ɡa nai é uma expressão alternativa com o mesmo significado.

Associações culturais[editar | editar código-fonte]

A expressão tem sido usada para descrever a habilidade do povo japonês em manter a dignidade frente a uma tragédia inevitável ou a uma injustiça, particularmente quando as circunstâncias estão além do próprio controle, de forma similar à expressão c'est la vie ("assim é a vida"). Historicamente, foi empregada em situações nas quais a população japonesa coletivamente enfrentou grandes provações, inclusive a ocupação do Japão pelos Aliados da Segunda Guerra Mundial e os campos de concentração nos Estados Unidos para os japoneses[1] assim como no Canadá. Assim, quando o Imperador Shōwa foi perguntado, em sua primeira entrevista coletiva à imprensa, dada em Tóquio em 1975, o que ele pensava dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, ele responde: "É muito lamentável que bombas nucleares tenham sido despejadas e eu sinto muito pelos cidadãos de Hiroshima mas nada podia ser feito porque isto aconteceu em tempo de guerra."[2]

Na obra Asian American Women: The "Frontiers" Reader, a escritora Debbie Storrs declara:

A frase japonesa shikata ga nai, ou "nada pode ser feito," indica as normas culturais sobre as quais se tem pouco controle... Esta noção de sofrimento em parte é causada pelo shikata ga nai: o descumprimento em seguir as normas culturais e as convenções sociais leva a uma vida de poucas escolhas que não a resignação ao sofrimento.[3]

A frase também pode possuir conotações negativas, por se perceber a falta de reação às adversidades como complacência, tanto com as forças sociais, quanto com as forças polítivas. Em um artigo para a Business Week, um empresário ocidental fala do povo japonês:

Ele encoraja os japoneses a não sucumbirem à mentalidade do shikata ga nai, mas a se enraivecerem e a começarem a se comportar como cidadãos. 'Os japoneses me ouvem porque eu estou sempre empurrando para adiante as possibilidades do quanto as coisas podem mudar... para assegurar prospectos econômicos e políticos positivos...' [4]

Referências

  1. Jeanne Wakatsuki Houston, James D. Houston Farewell to Manzanar. 2002, page 9
  2. H. Bix, Hirohito and the Making of modern Japan, 2001, p.676; John Dower, Embracing Defeat, 1999, p.606
  3. Linda Trinh Vo, Marian Sciachitano, In Asian American Women: The "Frontiers" Reader. University of Nebraska Press. p. 113. ISBN 0-8032-9627-4. Google Books. Acesso em: 15 de maio de 2006.
  4. "Neff, Robert, (Oct. 30, 2000). Japan Explained. Business Week.

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]