Sul global – Wikipédia, a enciclopédia livre

Classificação econômica dos países do mundo pela UNCTAD: o Norte Global (ou seja, os países desenvolvidos) é destacado em azul e o Sul Global (ou seja, os países em desenvolvimento e os países subdesenvolvidos) é destacado em vermelho.

Sul global é um termo utilizado em estudos pós-coloniais e transnacionais que pode referir-se tanto ao terceiro mundo como ao conjunto de países em desenvolvimento.[1] Também pode incluir as regiões mais pobres (em geral ao sul) de países ricos (do norte).[2] O sul global é um termo que estende o conceito de país em via de desenvolvimento. Habitualmente refere-se a todos aqueles países que têm uma história interconectada de colonialismo, neocolonialismo e uma estrutura social e econômica com grandes desigualdades em padrões de vida, esperança de vida ou acesso a recursos.[3]

Conceito de André Roberto Martin[editar | editar código-fonte]

O professor de geografia política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP tem uma interpretação diferente sobre o Sul. Para Martín, mais que a qualidade de vida e correlatos, o que define se um Estado está no Norte ou no Sul, é a sua soberania. Ainda que Chile, Argentina e Austrália sejam exceções no hemisfério Sul, não têm condições de atuarem como jogadores globais, uma vez que historicamente dependeram de um alinhamento com os Estados Unidos para se projetarem internacionalmente. O autor propõe, ainda, que as quatro potências do Sul — Brasil, África do Sul, Índia e Austrália — formem um "bloco do Sul", visando romper a dependência dos países centrais e criar condições para que a periferia capitalista possa defender seus interesses. A esse conceito, Martin chama meridionalismo.[4] Sua visão contrasta significativamente com as demais, uma vez que a China — normalmente inclusa junto ao Sul — é posta no Norte, visto que sua projeção global é comparável a de Estados como Rússia, França e Estados Unidos, soberana, capaz de defender seus interesses e persuadir outros Estados a um alinhamento. Sendo assim, o BRICS, tradicionalmente apresentado como um "bloco de países do Sul", é, na verdade, mais uma tentativa de avanço do Norte contra o Sul, uma vez que os dois membros mais ativos — Rússia e China — são verdadeiros jogadores globais, enquanto que Brasil, Índia e África do Sul pouco projetam-se além de suas respectivas regiões.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências