Sultanato de Adal – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sultanato de Adal
1415 — 1559 
Bandeira
Bandeira
Bandeira

Adal ca. 1500
Região Corno da África
Capital
Países atuais

Língua oficial
Religião Islamismo

Período histórico
• 1415  Fundação
• 1415-1429  Guerra contra Isaque I
• 1433  Mudança da capital para Dacar
• 1518-1526  Crise de sucessão
• 1520  Mudança da capital para Harar
• 1559  Conquista pelo Império Otomano

Sultanato de Adal ou Reino de Adal (somali: Saldaanada Cadal, em ge'ez: አዳል ʾAdāl, em árabe: سلطنة عدل) (c. 1415 - 1577[2]) foi um estado muçulmano medieval multi-étnico localizado no corno da África. No seu auge, controlava partes do que hoje pertence a Somália, Etiópia, Jibuti e Eritreia.

História[editar | editar código-fonte]

O nome Adal é mencionado pela primeira vez no século XIV durante as batalhas entre os muçulmanos do norte da Somália e da costa de Afar e as tropas cristãs do Rei Abissínio Ámeda-Sion I.[3] Adal teve originalmente sua capital na cidade portuária de Zeilá, atualmente a situada na região homônima de Awdal no noroeste da Somália. O regime de governo na época era o de Emirado na maior parte do Sultanato de Ifate governado pela dinastia Ualasma.[1]

Ruínas do Sultanato de Adal em Zeilá, Somália.

Em 1332, o Rei de Adal foi morto em uma campanha militar durante a marcha de Ámeda-Sion para invadir Zeilá.[3] Quando o último sultão de Ifate, Sadadim II, também foi morto por Davi I da Etiópia em Zeilá em 1410, seu filho escapou para o Iémen, ante de retornar em 1415.[4] No início do século XV a capital de Adal foi transferida para a cidade de Dacar, onde Sabredim II, o filho mais velho de Sadadim II, estabeleceu um novo sultanato depois de seu retorno do Iémen.[1][5] As terras além do Rio Awash fora deixadas aos imperadores salomónicos etíopes.[6] Durante esse período, Adal surgiu como o centro da resistência muçulmana contra a expansão cristã do Reino Abissínio.[1]

Depois de 1468, uma nova geração de governantes surgiu no cenário político de Adal. Os dissidentes se opuseram as regras de Ualasma devido ao tratado que o Sultão Maomé ibne Badlai assinou com o imperador Baida-Mariam I, em que Badlai concordava em pagar um tributo anual. O Emir de Adal, que administrava as províncias, interpretou o acordo como uma traição de sua independência e um recuo do governo na política de longa data de resistência às incursões dos abissínios. O principal líder da oposição foi o Emir de Zeilá, o Sultanato mais rico da província. Como tal, era esperado que ele pagasse a maior parte do tributo anual a ser dado ao imperador da Abissínia.[7] O Emir Ladai Osmã em seguida marchou para Dacar e tomou o poder em 1471. Entretanto, Osmã não retirou o sultão do cargo, mas em vez disso deu-lhe uma posição cerimonial, mantendo o poder real para si mesmo.[8]

Sultão de Adal (direita) e suas tropas combatendo Iagba-Sion e seus homens. Do Livro das Maravilhas, século XV

Emir Mafuz que lutou contra sucessivos Imperadores causou a morte do imperador Naode em 1508, mas foi morto pelas forças do imperador Lebna Dengel em 1517. Depois de Mafuz, começou uma guerra civil, tendo passado pelo poder 5 Emirs em 2 anos. Por último, um líder forte e experiente chamado Garade Abum Adus (Garad Abogne) assumiu o poder e foi amado pelo povo de Adal. Quando Garade Abogne estava no poder foi derrotado e morto por Abubacar ibne Maomé, Em 1554, sob a iniciativa de Abubacar, Harar tornou-se a capital de Adal. Dessa vez, não apenas o mais jovem Emir revoltou-se, mas toda Adal se levantou contra o acordo de Abubacar. Muitas pessoas se juntaram as forças do novo cavaleiro Amade ibne Ibraim Algazi que reivindicou uma revanche por Garade Abogne.[9]

No século XVI, a capital de Adal mudou novamente, dessa vez para Harar. De sua nova capital, Adal organizou um exército liderado pelo imame Amade ibne Ibraim Algazi que invadiu o império Abissínio.[1] Essa campanha ficou conhecida como a Conquista da Abissínia ou Futuh al Habash. Durante a guerra, Ahmed inovou com o uso de canhões fornecidos pelo Império Otomano, que foram enviados contra as forças salomônicas e seus aliados portugueses liderados por Cristóvão da Gama. Alguns estudiosos afirmam que esse conflito provou, pelo uso de ambos os lados, o valor das armas de fogo, como o mosquete de fecho de mecha, canhões e o arcabuz sobre as armas tradicionais.[10]

Sultões de Adal[editar | editar código-fonte]

Nome Reino Nota
1 Sabredim Sadadim 1415 - 1422 Filho de Sadadim Amade, obteve algumas vitórias antes de ser derrotado pelo imperador Isaque I
2 Almançor Sadadim 1422 - 1424 Filho de Sadadim Amade, derrotou os Abissínios em Iedaia, sendo depois derrotado e preso por Isaque
3 Jameladim Sadadim 1424 - 1433 Ganhou diversas batalhas antes de ser derrotado por Harjai, foi assassinado em 1433
4 Amadadim "Badlai" Sadadim 1433 - 1445 Filho de Sadadim Amade, conhecido pelos abissínios como "Arué Badlai" ("Badlai, o Monstro").
5 Maomé Amadadim 1445 - 1472 Filho de Amadadim "Badlai" Sadadim
6 Xameçadim Maomé 1472 - 1488 Filho de Maomé Amadadim, foi atacado pelo imperador Esquender da Abissínia em 1479, que saqueou Dacar e destruiu grande parte da cidade.
7 Maomé Azaradim 1488 - 1518 Bisneto de Sadadim Amade de Ifate.
8 Maomé Abubacar Mafuz 1518 - 1519 Tomou o trono, o que provocou um conflito entre Caranle e Ualasma
9 Abubacar Maomé 1518 - 1526 Matou Garade Abum e restaurou a dinastia Ualasma.
10 Garade Abum Adadexe 1519 - 1525 Sucessor de Maomé Abubacar Mafuz.
11 Omardim Maomé 1526 - 1553 Filho de Maomé ibne Azaradim.
12 Ali Omardim 1553 - 1555 Filho de Omardim Maomé
13 Baracate Omardim 1555 - 1559 Filho de Omardim Maomé, último dos sultões Ualasma. Foi morto defendendo Harar do imperador Cláudio.

Etnia[editar | editar código-fonte]

Os governantes do Sultanato anterior do Xoa e a princesa Ualasma de Ifate e Adal possuíam todas as tradições genealógicas árabes.[11]

Durante os primórdios de Adal, quando a capital ainda era Zeilá, o reino era basicamente composto por Somalis, Afares e Árabes.[12]

Referências

  1. a b c d e f g Lewis, I. M. (1999). A Pastoral Democracy: A Study of Pastoralism and Politics Among the Northern Somali of the Horn of Africa. [S.l.]: James Currey Publishers. 17 páginas. ISBN 0852552807 
  2. elrik, Haggai (2007). «The Cambridge History of Africa: From c. 1050 to c. 1600». USA: Lynne Rienner. Basic Reference. 28. 36 páginas. doi:10.1017/S0020743800063145. Consultado em 27 de abril de 2012 
  3. a b Houtsma, M. Th (1987). E.J. Brill's First Encyclopaedia of Islam, 1913-1936. [S.l.]: BRILL. pp. 125–126. ISBN 9004082654 
  4. mbali, mbali (2010). «Somaliland». London, UK: mbali. Basic Reference. 28: 217–229. doi:10.1017/S0020743800063145. Consultado em 27 de abril de 2012. Arquivado do original em 23 de abril de 2012 
  5. Briggs, Philip (2012). Bradt Somaliland: With Addis Ababa & Eastern Ethiopia. [S.l.]: Bradt Travel Guides. 10 páginas. ISBN 1841623717 
  6. zum, zum (2005). «History of Adal». New York, USA: WHKMLA. Basic Reference. 28: 217–229. doi:10.1017/S0020743800063145. Consultado em 27 de abril de 2012 
  7. zum, zum (2007). «Event Documentation». USA: AGCEEP. Basic Reference. 28: 217–229. doi:10.1017/S0020743800063145. Consultado em 27 de abril de 2012. Arquivado do original em 13 de setembro de 2011 
  8. Trimingham, John (2007). «Islam in Ethiopia». UK: Oxford University Press. Basic Reference. 28. 167 páginas. Consultado em 27 de abril de 2012 
  9. fage, J.D (2007). «The Cambridge History of Africa: From c. 1050 to c. 1600». USA: Cambridge University Press. Basic Reference. 28. 167 páginas. doi:10.1017/S0020743800063145. Consultado em 27 de abril de 2012 
  10. Jeremy Black, Cambridge Illustrated Atlas, Warfare: Renaissance to Revolution, 1492-1792, (Cambridge University Press: 1996), p.9.
  11. M. Elfasi, Ivan Hrbek (1988). Africa from the Seventh to the Eleventh Century, General History of Africa, Volume 3. [S.l.]: UNESCO. pp. 580–582. ISBN 9231017098 
  12. David Hamilton Shinn, Thomas P. Ofcansky (2004). Historical Dictionary of Ethiopia. [S.l.]: Scarecrow Press. 5 páginas. ISBN 0810849100