Técnico (gênero textual) – Wikipédia, a enciclopédia livre

O texto técnico, também conhecido como texto técnico-cientifico, é um gênero textual no qual geralmente escritos por especialistas, assumindo termos específicos e linguagem formal.[1]

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) conceitua o artigo científico como "parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento".[2] Na coleção “Normas para a apresentação de documentos científicos”, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) considera o artigo técnico-cientifico como um "trabalho escrito por um ou mais autores, com a finalidade de divulgar a síntese analítica de estudos e resultados de pesquisas. Formando a seção principal em periódicos especializados, artigos, ensaios e outras colaborações, estes devem seguir as normas editoriais do periódico a que se destinam".[3]

A partir do tratamento dispensado à temática, os artigos técnico-científicos podem ser classificados em dois tipos: a) originais, quando apresentam abordagens ou assuntos inéditos; b) de revisão, quando abordam, analisam ou resumem informações já publicadas.

A compreensão desse tipo de texto dificilmente se dá de forma automática, já que é necessário assimilar os conceitos e termos da linguagem de especialidade em questão. Em outras palavras, são necessárias chaves de acesso que permitam a compreensão do texto.

Linguagem utilizada[4][editar | editar código-fonte]

Para evitar possíveis “confusões” presentes na comunicação, o texto técnico-científico utiliza-se da linguagem de especialidade, que visa uma comunicação rápida e precisa entre os profissionais, estudantes e pesquisadores de uma determinada área, para que haja maior desempenho na execução de suas funções. É a linguagem utilizada numa dada área que engloba tanto a terminologia como as formas de expressão específicas da área em questão, não se limitando apenas a terminologia, mas incluindo termos funcionais, propriedades sintáticas e gramáticas e aderindo a convenções próprias (como evitar a voz passiva, por exemplo).

Durante uma cirurgia, por exemplo, a equipe médica precisa se entender rapidamente para que a atividade seja bem-sucedida. Logo, os cirurgiões devem dominar uma linguagem de especialidade com significados bem delimitados, precisos e que sejam compreendidos por todos os participantes.

São características da linguagem de especialidade:

  • Termos e significados restritos, instrumentos essenciais para a construção da coerência dos textos técnico-científicos;
  • Construção de signos monossêmicos;
  • Resultada de consensos conceituais existentes dentro do campo científico ou tecnológico, que podem sofrer alterações mediante novas descobertas na área;
  • Tem como propósito a educação especializada e a comunicação entre especialistas da mesma área;

Características[editar | editar código-fonte]

São características do texto técnico-cientifico, segundo Jacinto Martín:[4]

  • Universalidade: no momento em que o pesquisador torna publica a sua investigação ele pretende que esse resultado alcance maior difusão e seja útil para todas as pessoas;
  • Objetividade: o modo como o texto é escrito evita subjetividades, eliminando a opinião do autor;
  • A significação de vocábulos científicos é denotativa;
  • O objetivo da ciência é demonstrar o conhecimento dos fenômenos, portanto é necessário apresentar provas suficientes para corroborar a veracidade das pesquisas e dos resultados apresentados.
  • A função de linguagem predominante nesse tipo de texto é a referencial, pelo seu caráter explicativo e denotativo, com intercâmbio de conhecimento e definições. Além disso, a explicação continua e a produção abundante de termos se apoiam na função metalinguística;
  • A formalização cientifica da linguagem, gerando terminologias e conjunto de termos com significados designativos;
  • Coerência: uma vez empregado um termo no início do texto, esse deve se manter até o fim do discurso, para que a precisão e a clareza sejam alcançadas;
  • Rigor, precisão e coerência devem ser ligados de forma elegante no momento da escrita.

Tipos[editar | editar código-fonte]

Tipos de texto técnico-científicos Características
Expositivos Textos minuciosos que tratam de explicar uma experiência. Estrutura formada por hipótese, detalhamento da experiência e conclusões que afirmam a posição inicial.
Descritivos Mais técnicos do que científicos, tratam da utilização de um instrumento ou de operações prefixadas.
Argumentativos Discussão de uma teoria ou uma tese sobre uma experiência ou fenômeno. Estrutura geralmente formada pelo estado atual do problema,

pela demonstração da tese e de seus argumentos contrastando com ideias opostas; a conclusão vai de acordo com a hipotese inicial.

Referências

  1. «Artigos Técnico-Científicos e Textos de Opinião: por que e como elaborá-los». Consultado em 25 de setembro de 2017 
  2. ’’NBR 6022 (Informação e documentação — Artigo em publicação periódica científica impressa — Apresentação), Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2002
  3. TAMANINI, Marlene. FURLIN, Neiva. ALCANTARA, Anelise M.. FERREIRA, Ana Letícia P.. ‘’Normas para apresentação de documentos científicos’’, UFPR, vol. IV (2002, p. 2)
  4. a b «A linguagem de especialidade e o texto técnico-cientifico: notas conceituais». Consultado em 25 de setembro de 2017