Terceiro-mundismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

O terceiro-mundismo é uma corrente no pensamento político de Esquerda política que considera a divisão entre nações desenvolvidas, classicamente liberais, e nação em desenvolvimento, ou do "terceiro mundo" de grande importância política. Esta ideologia costuma promover o apoio a nações-estado do terceiro-mundo ou movimentos de libertação nacional contra nações ocidentais ou seus "representantes". O embasamento teórico desse ponto de vista é a visão de que o capitalismo contemporâneo é essencialmente imperialista. Assim, a resistência ao capitalismo implicaria na resistência aos avanços das nações capitalistas desenvolvidas sobre as outras.[1][2]

Dentre as figuras mais importantes do movimento terceiro-mundista estão Frantz Fanon, Ahmed Ben Bella, Andre Gunder Frank, Samir Amin e Simon Malley.

Histórico[editar | editar código-fonte]

A Nova Esquerda levou a uma explosão de apoio ao terceiro-mundismo, especialmente depois do fracasso dos movimentos revolucionários nos países desenvolvidos, como os acontecimentos de maio de 1968. Dentre os grupos e movimentos dentro da Nova Esquerda associados ao terceiro-mundismo, estão a revista marxista americana Monthly Review e o Novo Movimento Comunista; mais recentemente a ONG malaia Third World Network.

A Conferência de Bandung e a criação do Movimento Não-Alinhado representaram vias de disseminação de políticas terceiro-mundistas no século XX. O terceiro-mundismo também está intimamente relacionado aos seguintes movimentos: Pan-Africanismo, Pan-Arabismo, Maoismo, socialismo africano e a variedade de comunismo associada a Fidel Castro. Movimentos de libertação nacional como a Organização para a Libertação da Palestina, os sandinistas e o Congresso Nacional Africano tem sido causas célebres do terceiro-mundismo.[2]

Esta ideologia ganhou novas forças com o Fórum Social Mundial e na Conferência do Cairo contra a Guerra.[3] No Brasil, eram frequentes as críticas à política externa do governo Lula em seus mandatos.[4]

Jean Coussy considera o terceiro-mundismo recente completamente diferente do seu primeiro momento, por não se buscar romper com a ordem capitalista, e sim "aproveitá-la da melhor maneira".[5] É apontado como sintoma disso o fato de que não existiria um único modelo de desenvolvimento para as nações do terceiro mundo que não fosse capitalista. Apesar de uma aparente conciliação o terceiro-mundismo com os comunistas, há poucos pontos em comum entre as duas visões de mundo.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Alburquerque, Germán (Julho de 2013). «O terceiro-mundismo no campo cultural argentino: uma sensibilidade hegemônica (1961-1987)» (PDF). Revista Tempo - vol. 19 n. 35, Jul-Dez 2013: p. 211-228. Consultado em 27 de outubro de 2018 
  2. a b Alburquerque, Germán (31 de dezembro de 2011). «Terceiro Mundo e terceiro-mundismo no Brasil: para sua constituição como sensibilidade hegemônica no campo cultural brasileiro 1958-1990». Estudos Ibero-Americanos - PUCRS. 37 (2). ISSN 1980-864X. Consultado em 27 de outubro de 2018 
  3. Carlos Teixeira, Francisco (30 de janeiro de 2005). «Terceiro mundismo renovado». Carta Maior. Consultado em 27 de outubro de 2018 
  4. Sverberi, Benedito (27 de janeiro de 2011). «Brasil tem de abandonar o 'terceiro-mundismo'». VEJA.com. Consultado em 27 de outubro de 2018 
  5. Rezende, Marcelo (15 de dezembro de 2000). «Resenha nº 058/2000 - Que todos desfrutem do mesmo capitalismo». Gazeta Mercantil (salvo em archive.is). Consultado em 1 de agosto de 2008 
  6. Robert Brenner, ‘The Origins of Capitalist Development: A Critique of Neo-Smithian Marxism’, New Left Review, 1977, No. 104 (July-August), pp. 25-92; Maurice Dobb, Studies in the Development of Capitalism. London: Routledge & Kegan Paul Ltd., 1946.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]