The Girl in the Fireplace – Wikipédia, a enciclopédia livre

171 – "The Girl in the Fireplace"
The Girl in the Fireplace
Informação geral
Escrito por Steven Moffat
Dirigido por Euros Lyn
Edição de roteiro Helen Raynor
Produzido por Phil Collinson
Produção executiva Russell T Davies
Julie Gardner
Música Murray Gold
Código de produção 2.4
Duração 45 minutos
Exibição original 6 de maio de 2006
Elenco
Convidados
Cronologia
"School Reunion"
"Rise of the Cybermen"
Lista de episódios de Doctor Who

"The Girl in the Fireplace" [nota 1] é o quarto episódio da segunda temporada da série de televisão britânica de ficção científica Doctor Who. Exibido pela primeira vez em 6 de maio de 2006 na British Broadcasting Corporation (BBC), o episódio foi dirigido por Euros Lyn e foi o único da temporada cujo roteiro foi escrito por Steven Moffat. Sophia Myles, como atriz convidada, co-estrelou o episódio no papel de Madame de Pompadour. Moffat se baseou em A Mulher do Viajante do Tempo (2003), livro de Audrey Niffenegger, para criar "The Girl in the Fireplace".

No episódio, o Doutor — um alien viajante do tempo interpretado por David Tennant — e seus companheiros Rose Tyler (Billie Piper) e Mickey Smith (Noel Clarke) encontram fendas temporais em uma nave espacial do século LI que os levam à França do século XVIII, onde eles encontram androides-relógio que perseguem Madame de Pompadour em diferentes períodos da sua vida.

O produtor Russell T Davies, que teve a ideia a partir de pesquisas que estava realizando para Casanova, descreveu o episódio como uma história de amor do Doutor. As gravações ocorreram na Inglaterra e em País de Gales. Em geral, "The Girl in the Fireplace" foi bem recebido pelos críticos; o episódio foi indicado ao Prêmio Nebula e ganhou o Prêmio Hugo de melhor apresentação dramática, forma curta.

Produção e desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Roteiro e personagens[editar | editar código-fonte]

Sophia Myles fez uma participação especial no episódio como Madame de Pompadour.

Em 2004, o produtor Russell T Davies era o responsável por Casanova, uma série que se passa no século XVII, e no meio de suas pesquisas ficou extasiado com a história de Madame de Pompadour e desejava incluí-la em um episódio que envolveria ela e "O Turco", um robô que funcionava com o mesmo mecanismo de relógio da criatura do episódio.[3][4] No início de 2005, Moffat, que anteriormente já vai escrito os episódios "The Empty Child" e "The Doctor Dances" para a série, foi contratado para escrever tal história. O próximo a ser definido foi o diretor Euros Lyn.[3] E para o papel de Madameu de Pompadour, Sophia Myles foi escolhida, sem precisar fazer testes.[4]

Em uma entrevista ao jornal The Independent, Davies descreveu o episódio como "praticamente uma história de amor do Doutor... É muito discreto, muito bem feito, mas ainda sim é um Senhor do Tempo se apaixonando e a reação da Rose ao ver ele se apaixonando por outra pessoa".[5] Moffat se inspirou no romance A Mulher do Viajante do Tempo, de Audrey Niffenegger, embora o episódio tenha acabado estruturalmente diferente dele.[6] Durante a produção, ele considerou os títulos "Madame de Pompadour", "Every Tick of My Heart" ("Cada Momento do Meu Coração" ou "Cada Instante do Meu Coração"), "Reinette and the Lonely Angel" ("Reinette e o Anjo Solitário") e "Loose Connection" ("Conexão Solta").[3] Originalmente "The Girl in the Fireplace" seria o segundo episódio da temporada, porém quando Davies percebeu o quão experimental ele havia se tornado nas mãos de Moffat, ele decidiu adiá-lo, o tornando o quarto episódio de 2006.[3]

Ao criar os androides-relógio, Moffat primeiro teve a ideia de cobrir o rosto completo dos autômatos com perucas, mas o produtor Phil Collinson disse que isso além de limitar os ângulos de filmagem poderia torná-los cômicos, então foram dadas a eles máscaras de carnaval. O design final dos robôs foi feito por Neill Gorton da Millennium Effects, enquanto Richard Darwen e Gustav Hoegan foram os responsáveis por construí-los.[3]

Filmagens[editar | editar código-fonte]

As gravações ocorreram entre 12 e 27 de outubro de 2005.[3] As cenas ambientadas em Versalhes foram filmadas em diversos lugares: Culverhouse Cross, em Cardiff, o primeiro set de filmagens, foi onde a cena do corpo de Reinette sendo levado para fora da cidade foi gravada; Tredegar House, a casa de campo de Carlos II da Inglaterra, em Newport, serviu como cenário para a sala de estar e o quarto de Reinette; Dyffryn Gardens, em Vale of Glamorgan, foi utilizado como para as cenas onde aparecem os jardins do palácio; e Ragley Hall, um palácio em Alcester, foi o cenário para o salão.[3][7] Uma segunda unidade foi utilizada para as filmagens dos acontecimentos ocorridos dentro da nave espacial.[3]

Dois cavalos foram utilizados no episódio: um para as cenas em ambientes fechados, na nave, e outro, para os pulos. O cavalo não estava autorizado a pisar no salão de baile na cena culminante, então os vários elementos do Doutor atravessando o espelho a cavalo: o cavalo pulando, o espelho se quebrando e a reação dos figurantes no salão de festas, tiveram de ser filmados em momentos diferentes e, em seguida, juntados com chroma key. Embora, inicialmente, a equipe tenha pensado em usar efeitos especiais para a cena, eles perceberam que seria muito caro, então desistiram da ideia. Tal cena foi gravada no centro de eventos de David Broome em Chepstow, Monmouthshire. Durante a pós-produção, a cabeça de Tennant foi sobreposta a do dublê que montava o cavalo no momento do salto.[4][8]

Enredo[editar | editar código-fonte]

A TARDIS se materializa em uma nave espacial, aparentemente abandonada, à deriva no espaço. O Doutor, Rose e Mickey exploram a nave e ficam surpresos ao encontrarem uma lareira francesa do século XVIII. Ao olhar pela lareira, o Doutor vê uma jovem garota e pergunta quem é ela, que responde dizendo que seu nome é Reinette e que vive em Paris no ano de 1727. Ele então deduz que a lareira é uma fenda temporal, um dispositivo que permite acesso direto a um outro tempo e lugar, e a atravessa, chegando ao quarto da menina, onde descobre que se passaram alguns meses. O Doutor encontra um humanoide-relógio vestindo roupas do século XVIII e usando uma máscara de bobo da corte debaixo da cama de Reinette, e o engana, levando a criatura para a nave através da fenda temporal, onde ele e seus companheiros descobrem que ele é na verdade um androide feito com o mecanismo interno do relógio. O androide se teleporta e o Doutor reclama com Mickey e Rose por não irem à procura dele. Após o Doutor ir em direção ao quarto de Reinette, os dois decidem por conta própria irem atrás do androide. Ao chegar no quarto de Reinette, ele descobre que agora ela é uma jovem mulher. Reinette flerta com o Doutor e eles se beijam, mas ela é forçada a ir embora para responder a um chamado. Ele, então, percebe que ela é Madame de Pompadour, amante do rei Luís XV.[9]

De volta à nave, o Doutor e seus companheiros encontram diversas outras fendas temporais e descobrem que cada uma delas leva à um momento diferente da vida de Madame de Pompadour. Ao entrar em uma delas, o Doutor vê outra criatura a ameaçando e atravessa a fenda para defendê-la. Ele diz para que Reinette dê ordem ao androides, que a obedecem; um deles diz que é um androide de reparo e que sua nave foi danificada em uma tempestade de íons. Eles não tinham as peças necessárias para reparar o navio então mataram a tripulação e usaram os seus órgãos como substitutos para as peças. Os androides precisam de uma última parte, que é o cérebro de Reinette. Confuso sobre o porquê deles precisam de seu cérebro, o Doutor cria uma ligação telepática com ela, e é surpreendido ao descobrir que Reinette também pode ler sua mente. Ele descobre que os androides planejam abrir uma fenda temporal para o momento da vida de Reinette em que ela tem 37 anos, pois eles acham que nessa idade seu cérebro seria compatível com os sistemas da nave. Os androides-relógio aparecerem em um baile à fantasia e tomam Reinette e seus convidados como reféns. Uma das extremidades do salão tem um enorme espelho que é uma fenda temporal por onde o Doutor e seus companheiros podem observá-los, mas não podem entrar sem quebrar a janela e a ligação entre o salão e a nave.[9]

Os androides ameaçam decapitar Reinette, mas o Doutor atravessa o espelho a cavalo para salvá-la, e eles desistem e desligam seus sistemas quando ele diz que os androides agora não têm nenhuma como voltar para a nave e concluir os reparos. Reinette revela ao Doutor que ela mudou sua lareira para Versalhes, na esperança de que ele voltasse. O Doutor descobre que a lareira ainda é uma fenda temporal e através dela volta para a nave. Pela fenda ele conversa com Reinette e diz para que ela pegue uma mala e escolha uma estrela para visitar, e que ele estará de volta. O Doutor demora apenas alguns segundos para voltar, mas descobre que seis anos se passaram no tempo de Reinette. Ele encontra rei Luís XV que lhe diz que ela morreu e lhe entrega uma carta escrita por Reinette, na qual ela revela que esperava que o Doutor voltasse logo para que pudesse expressar seu amor por ele. O Doutor volta para a TARDIS e vê as fendas se fechando enquanto ele e sua tripulação discutem sobre porquê os androides queriam o cérebro de Madame de Pompadour para completar os seus reparos, mas o Doutor descobre que os bancos de memória deles foram danificadas pela tempestade. O episódio termina com uma nave voando pelo espaço; é mostrado que o nome dela é SS Madame de Pompadour.[9]

Continuidade[editar | editar código-fonte]

Apesar de ter sido exibido após "School Reunion", Moffat disse que quando terminou "The Girl in the Fireplace" não havia escrito o final de "School Reunion", e por isso de Mickey demonstra uma falta de ânimo para com Rose. Após ler a mente do Doutor, Reinette diz "Doctor who?",[nota 2] uma referência ao título da série e também ao fato de seu nome ser desconhecido, acrescentando que isso é "mais do que apenas um segredo".[nota 3] Devido ao fato do Doutor não mencionar o seu verdadeiro nome nem para seus companheiros mais próximos, Moffat acredita que há uma "terrível segredo" sobre o assunto e por isso acrescentou tal diálogo. O roteirista também explicou que ele não incluiu a palavra "Torchwood" (a "palavra do arco"[nota 4] da segunda temporada) no script, pois Davies não pediu que o fizesse.[8] O Doutor afirma ter inventado o daiquiri de banana, uma referência ao episódio "The Doctor Dances", no qual ele expressa seu amor pela fruta.[10] A afirmação "você é lindo"[nota 5] diante de um dos androides-relógio foi feita pela primeira vez em "Tooth and Claw", no momento em que o Doutor encontra um lobisomem.[11]

Transmissão e recepção[editar | editar código-fonte]

O episódio foi exibido pela primeira vez em 6 de maio de 2006 pelo canal BBC One,[12] quando foi assistido por 7,9 milhões de pessoas, o que levou Doctor Who a ser o décimo terceiro programa com mais telespectadores da semana. "The Girl in the Fireplace" obteve um índice de aprovação de 84% por parte do público.[3] "The Girl in the Fireplace" foi indicado ao Prêmio Nebula de 2006, além de ter ganho o Prêmio Hugo na categoria "Melhor Apresentação Dramática, Forma Curta, em 2007.[13][14]

Escrevendo para a IGN, o crítico Ahsan Haque elogiou as atuações de Tennant e Myles, o ritmo do episódio, o qual chamou de "excelente", a "história extremamente tocante" e afirmou que com um pouco mais de atenção aos detalhes temporais, o episódio seria considerado "como um dos maiores momentos da série." Nomeadamente Haque comenta sobre o por quê do Doutor não ter usado a TARDIS para voltar no tempo antes da morte de Reinette para vê-la novamente.[15] O jornal Metro qualificou os robôs-relógio do episódio como um dos "vilões mais memoráveis da série",[16] enquanto Daniel Martin, do Guardian, disse que o episódio foi um dos mais aclamados da "era Davies".[17]

Ross Ruediger, da Slant Magazine, descreveu o episódio como a "maior conquista" da segunda temporada de Doctor Who. Ruediger disse que "The Girl in the Fireplace" é "para o novo milênio", afirmando que ele nunca seria feito sob a bandeira da antiga série. No entanto, em sua crítica comentou que esse tipo de episódio não poderia ser feito toda semana, pois "seria muito desgastante para o cérebro do telespectador comum".[18] O episódio foi escolhido, por Matt Wales da IGN, como a 3ª melhor história vivida pelo Doutor interpretado por Tennant, que descreveu-a com uma das "aventuras mais tocantes".[19]

Notas

  1. O episódio recebeu o título "A Garota da Lareira" na exibição da TV Cultura e "A Rapariga na Lareira" na exibição do Syfy Portugal.[1][2]
  2. Literalmente, "Doutor quem?".
  3. "More than just a secret", no original.
  4. "Palavra do arco" é um termo que os produtores usam para se referirem a uma palavra que sempre é dita em todos episódios durante uma mesma temporada da série.
  5. "You are beautiful", no original.

Referências

  1. «A Garota da Lareira». TV Cultura. Consultado em 17 de maio de 2013. Cópia arquivada em 18 de Maio de 2013 
  2. «A Rapariga na Lareira». Syfy Portugal. Consultado em 21 de maio de 2013. Cópia arquivada em 21 de Maio de 2013 
  3. a b c d e f g h i «A Brief History of Time (Travel): The Girl in the Fireplace» (em inglês). www.shannonsullivan.com. Consultado em 17 de maio de 2013 
  4. a b c Narrador: Mark Gatiss (6 de maio de 2006). «Script to Screen». Doctor Who Confidential. Temporada 2. Episódio 4. BBC Three 
  5. Byrne, Clar (10 de abril de 2006). «Russell T Davies: The saviour of Saturday night drama». The Independent (em inglês). Consultado em 17 de maio de 2013 
  6. Johnston, Garth (21 de abril de 2011). «Steven Moffat, Executive Producer of Doctor Who» (em inglês). Gothamist. Consultado em 17 de maio de 2013. Arquivado do original em 18 de Março de 2013 
  7. «The Girl In The Fireplace locations guide» (em inglês). BBC. Consultado em 17 de maio de 2013. Cópia arquivada em 25 de Junho de 2010 
  8. a b Clarke, Noel; Moffat, Steven. The Girl In the Fireplace Audio Commentary (MP3). Consultado em 17 de maio de 2013. Cópia arquivada em 25 de junho de 2010 
  9. a b c Escritor(es): Steven Moffat; Diretor(es): Euros Lyn (6 de maio de 2006). «The Girl in the Fireplace». Doctor Who. Temporada 2. Episódio 4. BBC 
  10. «The Fourth Dimension: The Doctor Dances» (em inglês). BBC. Consultado em 29 de maio de 2013 
  11. «The Fourth Dimension: The God Complex» (em inglês). BBC. Consultado em 29 de maio de 2013 
  12. «The Girl in the Fireplace Broadcasts» (em inglês). Consultado em 19 de maio de 2013  Parâmetro desconhecido |ublicado= ignorado (ajuda)
  13. «2006 SFWA Final Nebula Awards Ballot» (em inglês). Science Fiction and Fantasy Writers of America. Consultado em 18 de maio de 2013. Arquivado do original em 21 de Fevereiro de 2009 
  14. «2007 Hugo Awards» (em inglês). The Hugo Awards. Consultado em 17 de maio de 2013 
  15. Haque, Ahsan (23 de outubro de 2006). «Doctor Who: "The Girl in the Fireplace" Review» (em inglês). IGN. Consultado em 17 de maio de 2013 
  16. «Doctor Who's Matt Smith: Steven Moffat has 'written his best script yet'». Metro (em inglês). 27 de setembro de 2010. Consultado em 18 de maio de 2013 
  17. Martin, Daniel (18 de março de 2010). «Doctor Who: Matt Smith makes debut». The Guardian (em inglês). Consultado em 18 de maio de 2013 
  18. Ruediger, Ross (20 de outubro de 2006). «Doctor Who, Season Two, Ep. 4: "The Girl in the Fireplace"». Slant Magazine (em inglês). Consultado em 18 de maio de 2013 
  19. Wales, Matt (5 de janeiro de 2010). «Top 10 Tennant Doctor Who Stories» (em inglês). IGN. Consultado em 18 de maio de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]