Triângulo rosa – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Triângulo Rosa

O triângulo rosa (Alemão: rosa Winkel) foi um dos símbolos usados nos campos de concentração nazistas, criado para identificar homens homossexuais ou pessoas trans designadas homens.[1][2][3] Nos anos 1970 e 1980, ele foi revivido como um símbolo de protesto contra a homofobia, e foi adotado desde então pela população homossexual, como um símbolo de orgulho e do movimento pelos seus direitos.[4][5]

História[editar | editar código-fonte]

Uso na Alemanha Nazista[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, os prisioneiros homossexuais masculinos eram identificados das mais diversas maneiras, seja com um triângulo verde (indicando criminosos) ou vermelho (prisioneiros políticos), ou simplesmente com o o número 175 (Uma referência ao parágrafo 175, do código penal alemão que criminalizava a atividade homossexual masculina). Com a consolidação a perseguição sistêmica a homossexuais, os Nazistas passaram a adotar o triângulo rosa para identificar os homens homossexuais presos sob os termos do Parágrafo 175.[6]

Se um prisioneiro também fosse judeu, o triângulo rosa era sobreposto a um segundo triângulo amarelo, para se assemelhar à estrela de Davi.[6]

Perseguição pós-nazista[editar | editar código-fonte]

Mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial e a ocupação aliada a Alemanha, as leis nazistas que criminalizavam a homossexualidade não foram revogadas e muitos dos prisioneiros presos por homossexualidade foram reencarcerados pela nova República Federal da Alemanha que havia sido estabelecida pelos Aliados.[7]

O principal simbolo desse período histórico, foi um homem homossexual chamado Heinz Dörmer, que foi preso em um campo de concentração nazista e novamente preso pelo novo governo alemão, juntando todas as suas penas ele passou quase uma década preso.[8]

As leis nazistas que criminalizavam a homossexualidade masculina só vieram a ser totalmente revogadas em 1968, na Alemanha Oriental e em 1969 na Alemanha Ocidental (Entretanto, a Alemanha Ocidental continuou criminalizando atos homossexuais masculinos até 1994, apesar das prisões serem muito raras).[8]

Prisões[editar | editar código-fonte]

É estimado que entre os anos de 1933 e 1944, cerca de 50.000 à 63.000 homens gays foram presos e mandados para campos de concentração.[9]

Símbolo dos direitos dos homossexuais[editar | editar código-fonte]

Um ativista gay da ACT UP, usando o simbolo do Triângulo Rosa em um protesto.

Ressignificação e Identidade Gay[editar | editar código-fonte]

Na década de 1970, vários ativistas do movimento de libertação gay na Europa e nos EUA começaram a usar o triângulo rosa como um símbolo de resistência e para aumentar a conscientização sobre seu uso na Alemanha nazista. Impulsionados pelo livro de memórias do sobrevivente do campo de concentração gay, Heinz Heger.[10]

Em 1973, o grupo alemão gay, Homosexuelle Aktion Westberlin fez um apelo para que os homens gays lembrassem do simbolo e o usassem como um memorial às vítimas anteriores e protestassem contra a discriminação contínua direcionada a comunidade gay.[10]

Na década de 1980, o triângulo rosa foi cada vez mais usado não apenas como um memorial, mas também como um simbolo positivo de resistência e identidade pessoal entre homens gays, sendo usado em movimentos sociais, paradas e manifestações políticas. Também era usado de forma individual por homens gays, muitas vezes de forma discreta ou ambígua, como uma especie código "interno" desconhecido para o público em geral. Foi usado de tal forma principalmente por gays que viviam em países ou lares homofóbicos para se identificar e socializar com outros homens gays.[11]

ACT UP[editar | editar código-fonte]

Em 1987, foi criada por seis ativistas gays em Nova York a AIDS Coalition To Unleash Power (ACT UP) e para chamar a atenção para o impacto desproporcional da doença sobre homens gays, combater os preconceitos e a demonização da comunidade gay masculina, que era sumariamente associada a doença, promover pesquisas e estudos sobre o tema e exigir direitos civis e médicos para os infectados. Apontando para a homofobia da classe política e também da própria comunidade médica.

O grupo adotou um triângulo rosa apontando para cima em um campo preto junto com o slogan" "SILENCE = DEATH" como seu logotipo.[12]

Monumentos e memoriais[editar | editar código-fonte]

O símbolo do triângulo rosa foi incluído em vários monumentos públicos e memoriais para lembrar os homens gays que morreram em campos de concentração.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. MODESTO, Edith. Vidas em arco-íris. Rio de Janeiro: Record, 2006.
  2. ASA. «Cidadania plena para todos». Consultado em 20 de setembro de 2009. Arquivado do original em 27 de novembro de 2010 
  3. Rudolf Brazda; Jean-Luc Schwab Triângulo Rosa - Um homossexual no campo de concentração nazista. São Paulo: Mescla Editorial, 2011.
  4. Waxman, Olivia B. (31 de maio de 2018). «How the Nazi Regime's Pink Triangle Symbol Was Repurposed for LGBTQ Pride». TIME (em inglês). Consultado em 22 de agosto de 2018 
  5. Shankar, Louis (19 de abril de 2017). «How the Pink Triangle Became a Symbol of Queer Resistance». HISKIND (em inglês). Consultado em 22 de agosto de 2018 
  6. a b «Das Grosse A [We were marked with a Big A] - Collections Search - United States Holocaust Memorial Museum». collections.ushmm.org. Consultado em 18 de junho de 2021 
  7. «Were Gay Concentration Camp Prisoners 'Put Back in Prison' After World War II?». Snopes.com (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2021 
  8. a b SPIEGEL, James Kirchick, DER. «Documentary Explores Gay and Lesbian Oppression in East Germany». www.spiegel.de (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2021 
  9. Plant, Richard (15 de fevereiro de 1988). The Pink Triangle: The Nazi War Against Homosexuals (em inglês). [S.l.]: Henry Holt and Company 
  10. a b «Pink Triangle Legacies: Holocaust Memory and International Gay Rights Activism». Nursing Clio (em inglês). 20 de abril de 2017. Consultado em 18 de junho de 2021 
  11. «glbtq >> social sciences >> Pink Triangle». web.archive.org. 25 de outubro de 2014. Consultado em 18 de junho de 2021. Cópia arquivada em 25 de outubro de 2014 
  12. «SILENCE = DEATH». web.archive.org. 7 de setembro de 2009. Consultado em 18 de junho de 2021. Cópia arquivada em 7 de setembro de 2009 
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