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 Nota: Este artigo é sobre a região italiana. Para outros significados, veja Vêneto (desambiguação).
Itália Vêneto
Veneto
Vèneto
 
  Região  
Símbolos
Bandeira de Vêneto Veneto Vèneto
Bandeira
Localização
Localização da região na Itália
Localização da região na Itália
Localização da região na Itália
Coordenadas 45° 44' N 11° 51' E
País Itália
Administração
Capital Veneza
Características geográficas
Área total 18 391 km²
População total 4 860 091 hab.
Densidade 264,3 hab./km²
Outros dados
Províncias Belluno, Pádua, Rovigo, Treviso, Veneza, Verona, Vicenza
Sítio www.regione.veneto.it

O Vêneto (português brasileiro) ou Véneto (português europeu) (em italiano: Veneto; em vêneto: Vèneto) é uma região do nordeste da Itália com 18.391 km² de superfície e 4,9 milhões de habitantes, sendo a quinta região mais povoada do país. A capital é Veneza.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Com 18.391 km², o Vêneto é a oitava maior região de Itália. Tem limites a leste com o Friul-Veneza Júlia, a norte com a Áustria (Tirol e Caríntia), a noroeste com o Trentino-Alto Ádige, a oeste com a Lombardia, ao sul com a Emília-Romanha e a leste com o mar Adriático (Golfo de Veneza).

O ponto mais setentrional é a "Cima Vanscúro", perto do limite austríaco, o mais meridional é a "Punta di Goro", no delta do rio Pó.

O Vêneto é subdividido nas seguintes áreas geomorfológicas:

  • a zona dos Alpes e das Dolomitas;
  • a zona prealpina;
  • as colinas (Colli Euganei, Berici, Asolani);
  • a planície do rio Pó e dos seus afluentes: Ádige, Brenta, Piave, Sile, Livenza;
  • a costa de leste do maior lago italiano, o lago de Garda;
  • o litoral adriático, com numerosas lagunas.

No total, 56,4% do território é planície, 29,3% montanhoso e 14,3% é composto de colinas.

Províncias[editar | editar código-fonte]

A região é composta das seguintes províncias:

Província Habitantes da capital Área (km²) Habitantes da província Densidade Número de municípios
Província de Belluno 36.147 3.678 213.059 57,9 69
Província de Pádua 209.696 2.141 905.112 422,8 104
Província de Rovigo 51.378 1.789 245.598 137,3 50
Província de Treviso 81.665 2.477 865.194 349,3 95
Província de Veneza 268.741 2.463 841.609 341,7 44
Província de Verona 262.403 3.121 889.862 285,1 98
Província de Vicenza 113.969 2.722 848.642 311,8 121

As maiores comunas[editar | editar código-fonte]

Pos. Município Habitantes
(hab.)
Área
(km²)
Densidade
(hab./km²)
Altitude
(m)
Província
Veneza 268.741 412,54 651,4 1 VE
Verona 262.403 206,63 1.269,9 59 VR
Pádua 209.696 92,85 2.258,4 12 PD
Vicenza 113.969 80,54 1.415,1 39 VI
Treviso 81.665 55,50 1.741,4 15 TV
Rovigo 51.378 108,55 473,3 6 RO
Chioggia 50.880 185,20 274,7 2 VE
Bassano del Grappa 42.237 46,79 902,7 129 VI
San Donà di Piave 39.774 78,73 505,2 3 VE
10° Schio 38.779 67,04 578,4 200 VI

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: República de Veneza

A região do Vêneto foi habitada desde a pré-história. A partir do século I a.C., fez parte do Império Romano, que incorporou os vénetos, como Regio X Venetia et Histria. Depois da queda do Império Romano, foi invadida por diversos povos bárbaros (godos, hérulos, hunos e lombardos). Esta última invasão é descrita por Paulo, o Diácono na sua Historia Langobardorum. Entre o século VI e século VIII, ocorreu uma divisão sempre mais nítida entre o Vêneto interno, sob o domínio lombardo e a Veneza marítima dependente do Império Bizantino e do exarcado de Ravena. Grande parte da população e as autoridades religiosas se transferiram das cidades do interior aos centros lagunares (Grado, Torcello, Caorle, Malamocco e Civitas Nova ou Eraclea). Com a conquista lombarda de Ravena na metade do século VIII, o território lagunar adquiriu uma crescente independência do Império Bizantino do qual permaneceu formalmente dependente. Com a transferência da sede do duque bizantino de Civitas Nova, sobre a terra firme, a Malamocco, nas ilhas lagunares, e depois, no início do século VIII, a "Rivoalto" (atual Rialto), originou-se a cidade de Veneza.

Veneza, graças à imensa fortuna arrecadada através do comércio marítimo e terrestre com todo o mundo então conhecido, tornou-se a mais potente das quatro Repúblicas Marítimas da península itálica, que tinham o domínio comercial das rotas do mar Mediterrâneo. Expandindo seu domínio aos territórios circundantes, em torno de 1400 constituiu um Estado, a Sereníssima República de Veneza, cujos confins se estendiam além daqueles da antiga região romana, compreendendo parte da Lombardia, da Ístria, da Dalmácia, e vários territórios no ultramar.

Depois da queda do Império Bizantino sob os otomanos, mas sobretudo devido à descoberta da América, começou para Veneza um longo período de decadência. Ao fim do século XVIII, a Sereníssima República foi invadida por Napoleão Bonaparte e cedida, em troca da Bélgica, à Áustria. A república foi dividida em muitas partes pela Áustria, partes estas que se tornaram províncias do Império Austríaco. O governo austríaco foi em geral benévolo, com administração eficiente e honesta, buscando realizar certos benefícios aos seus súditos, mas não muito liberal. A parte correspondente à atual região do Vêneto permanece assim por cerca de 60 anos, como parte do Reino Lombardo-Vêneto, sob domínio do Império Austríaco. Participou do movimento do risorgimento com a heróica rebelião de Veneza de 1848]]-[[1849.

Em seguida à guerra Austro-Prussiana de 1866, após a Batalha de Sadowa, a Áustria teve que ceder o Vêneto a Napoleão III. O tratado de Paz de Viena, firmado em 3 de outubro de 1866, dispunha textualmente que a cessão do Vêneto (com Mântua e Údine) deveria ser sob reserva do consenso da população devidamente consultada. Napoleão III procedeu à organização de um plebiscito, em obediência ao tratado, porém foi sujeito a forte pressão por parte da Casa de Saboia a ceder o controle do território antes mesmo da organização do plebiscito. O conde de Gramont, governante provisório do território, mais Mântua e Pordenone-Údine, buscou respeitar o acordo. A pressão da casa de Saboia foi tal que Napoleão II ordenou ao conde de Gramont que ser retirasse e deixasse o Vêneto ser ocupado pelas tropas do Reino da Itália. Assim o plebiscito foi organizado pela casa de Savóia, que o organizou de modo a não deixar opção aos venezianos, que perderam assim o último espaço de autonomia e liberdade. O plebiscito era necessário para formalizar, segundo os acordos precedentes à guerra, a já prevista anexação do Vêneto ao Reino de Itália. O acesso ao voto, como em outros plebiscitos da época (por exemplo naquele para anexação de Nice à França), excluía as mulheres e foi limitado pelo censo: interessou portanto somente a uma minoria da população (menos de 650.000 votantes sobre um total de 2.603.009 residentes). O resultado (646.789 sim; 69 não; 567 votos nulos), diz respeito à absoluta falta de segredo da votação no voto e de transparência nas conseqüentes operações de escrutínio. Desta maneira, o resultado militar do Reino da Itália na terceira guerra de independência se transformou em um sucesso político para a casa de Saboia.

O domínio da casa de Saboia não foi profícuo sob o aspecto econômico: a pressão fiscal maior do que a austríaca, os serviços inferiores, e a burocracia menos eficiente que a burocracia austríaca.

À perda do mercado da Europa Central seguiu-se um período de crise econômica. Depois da anexação ao Reino de Itália e até a Primeira Guerra Mundial houve uma intensa emigração do Vêneto, particularmente para Argentina, Brasil e Uruguai.

Durante a Primeira Guerra Mundial, parte do território sofreu graves danos, sendo o Vêneto cenário de importantes batalhas. Na batalha de Vittorio Veneto o exercito italiano venceu as tropas austríacas, com consequente capitulação da Áustria-Hungria.

O fenômeno da emigração continuou logo o pós-guerra, dirigido principalmente aos países da América Latina que tinham recebido as ondas migratórias anteriores precedentes do Vêneto. Esta nova onda migratória foi um pouco melhor organizada.

A Segunda Guerra Mundial trouxe novas destruições, sobretudo por causa dos bombardeios aéreos dos Aliados (particularmente aquele que arrasou grande parte de Treviso).

Terminada a guerra houve nova onda migratória para Argentina, Uruguai, Brasil, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Houve também fluxos migratórios mais breves a Bélgica, França e Alemanha e Suíça. Calcula-se que existam no mundo cerca de 9 milhões de oriundos do Vêneto.

A partir dos anos oitenta a emigração se exauriu e, desde então, o Vêneto se tornou terra de imigração. Muitos dos novos migrantes são, em realidade, cidadãos italianos, emigrados durante os anos duros, que retornam a seu país; embora esses falem uma versão de seu dialeto mais arcaica que a agora utilizada no Vêneto. Nas últimos eleições, os cidadãos italianos residentes no exterior puderam votar.

O imponente aumento do nível médio de instrução escolar no Vêneto criou uma consistente sub-ocupação intelectual, com trabalhos provisórios inadequados a muitos jovens formados, que não encontram mais muito trabalho. Surgiu o fenômeno de uma certa desocupação na categoria culta e de uma certa necessidade de imigração para alguns trabalhos simples.

Línguas[editar | editar código-fonte]

Além do italiano, a maioria da população fala a língua vêneta, também difundido no sul do Brasil, onde é conhecido como talian, nas zonas vinícolas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e em comunidades nos estados do Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Em Sappada-Plodn é falado um dialecto alemão. O friulano é falado em Portogruaro e outros municípios à fronteira com o Friul. Visto que as línguas minoritárias não desfrutam de reconhecimento oficial, os municípios ladinos de Cortina d'Ampezzo, Col e Fodom votaram pela anexação à região autónoma do Trentino-Alto Ádige. A decisão sobre a passagem de região ainda tem que ser tomada pelo parlamento italiano. Uma moção para fazer do dialeto vêneto língua regional oficial foi aprovada pelo parlamento regional.

Política[editar | editar código-fonte]

Região fortemente católica, o Vêneto foi por décadas cidadela dos democratas-cristãos. Desde os anos noventa, o Veneto é governado por coligações de centro-direita. O atual presidente da região é o trevisano Luca Zaia.

Devido à honrosa história de Veneza, cuja memoria é bem viva nos ânimos da povoação local, as tendencias autonômicas, senão separatistas, são muito fortes. A Lega Nord-Liga Veneta é muito poderosa. Os prefeitos de Verona e Treviso são filiados à Lega, assim como os presidentes das províncias de Belluno, Treviso, Veneza, Vicenza. Nas eleições legislativas de 2008, a Lega Nord obteve 26 % dos votos.

Dia 12 de janeiro de 2011, saiu o resultado da assembleia legislativa de Belluno em favor de um futuro plebiscito para anexação da província à região Trentino-Alto Ádige. A solicitação partiu de assinatura de 17 mil cidadãos. Acredita-se que possa ter mais razões econômicas que históricas uma vez que a região Trentino-Alto Ádige possui maior autonomia. Porém a província ainda possui no total 210 mil cidadãos, fora os cidadãos no exterior, que serão decisivos no futuro plebiscito sem data marcada.[1] Em 28 de novembro de 2012, o conselho regional aprovou a resolução 44, proposta pelo movimento político separatista 'INDIPENDENZA VENETA', que propõe um referendo onde o povo vêneto possa escolher pela independência ou permanecer ligado ao governo central de Roma.[2]

Economia[editar | editar código-fonte]

Depois de ter sido uma região agrícola, terra pobre e de emigração, o Vêneto tornou-se numa das regiões mais ricas da Itália.

Até agora a agricultura tem uma função importante. A vinicultura produz Valpolicella e Prosecco, enquanto que o Radicchio é outro produto típico do lugar.

Mas é sobretudo a indústria que contribuiu para o desenvolvimento regional. Existem refinarias e estaleiros nas áreas litorâneas. A indústria alimentícia está presente assim como a indústria da moda: Benetton, Diesel, Bottega Veneta são marcas conhecidas mundialmente. Luxottica é o maior produtor mundial de óculos. Além disso, há uma forte indústria mecânica. A sede principal do produtor de motos Aprilia situa-se em Noale.

O Vêneto é também a primeira região turística da Itália, com 60 milhões de chegadas e 14 milhões de pernoitamentos. A localidade dolomítica de Cortina d'Ampezzo, os municípios do lago de Garda (Peschiera, Garda e Malcesine), o centro termal Abano Terme, as localidades balneares Jesolo e Caorle são os destinos preferidos pelos turistas, dos quais um quinto são alemães.

Na renda per capita, o Vêneto chega a um valor de 123.6 (EU-27:100),[3] quer dizer 28 643 Euros. A taxa de desemprego é de 4,2%.

Atrações[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. "Veneti chiedonovoto all'estero ma Belluno potrebbedivenire trentina", revista Insieme,n.145 - janeiro de 2011, Sommo Editora - Curitiba
  2. http://www.lindipendenza.com/consiglio-regionale-veneto-verso-il-voto-della-risoluzione-44/
  3. Eurostat News Release 19/2008: Regional GDP per inhabitant in the EU 27 [1]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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