Wikipédia:Inclusionismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Inclusionismo é uma filosofia praticada por wikipedistas que acreditam que a Wikipédia deve ter um critério de notoriedade o mais amplo possível, e possivelmente ser sobre tudo, dando mais importância a verificabilidade que a notoriedade. É o oposto do delecionismo, que deseja critérios mais elevados para o conteúdo da Wikipédia.

Descrição da filosofia[editar código-fonte]

A frase favorita dos inclusionistas é "A Wikipédia não é de papel". Já que a Wikipédia não tem as mesmas limitações de espaço que uma enciclopédia de papel, não há restrição de conteúdo da mesma forma que as enciclopédias tradicionais. Em muitos casos, a discussão e votação para eliminação de artigos ocupa o mesmo ou mais espaço em disco do que um artigo. Argumenta-se, também, que ter muitos artigos não resulta em nenhum problema de performance.[1] Os inclusionistas sustentam que autores de artigos devem ter uma atitude mais "mente-aberta" quanto aos critérios de conteúdo. Artigos sobre pessoas, lugares e conceitos de menor notoriedade podem ser perfeitamente aceitáveis na Wikipédia, de acordo com este ponto de vista. Alguns inclusionistas mais radicais não veriam nenhum problema em incluir páginas que oferecessem uma descrição factual sobre cada pessoa no planeta.

A Wikipédia não foi feita para ser uma cópia pobre da Britânica, mas, ao contrário disto, uma enciclopédia única que almeja reunir "a soma total de todo o conhecimento humano".

Além disso, os inclusionistas argumentam que os conceitos de notoriedade e relevância, idéias que muitos delecionistas usam como base para selecionar quais artigos devem ou não ser eliminados, freqüentemente não se baseiam em critérios objetivos. Fiar-se, portanto, em tais conceitos causa mais prejuízo que benefício aos objetivos do projeto.

Os inclusionistas são vistos como editores que têm uma grande aceitação de trivialidades, artigos pequenos, assuntos pouco tradicionais, e artigos não-acadêmicos. Isto, geralmente, faz com que recebam a oposição daqueles que mantêm um ponto de vista mais estrito a respeito do que é o conteúdo apropriado para uma enciclopédia. Os inclusionistas vêem este projeto como um modo completamente novo e revolucionário de armazenar e organizar todo o conhecimento humano. Muitos editores podem objetar artigos como "Lista dos futebolistas entrevistados por Jô Soares em 2001", mas alguns inclusionistas apoiam fortemente tais itens, sustentando que eles são adições válidas a uma enciclopédia que objetiva ser o repositório de todo o conhecimento humano. Estas críticas, segundo o inclusionismo, podem ser fruto de uma compreensão equivocada da relação entre o que é a Wikipédia e o que é uma enciclopédia acadêmica. Além disso, os inclusionistas apontam para o fato de que não há padrões concretos para que se determine o quão relevante ou notável é um artigo.

Relação com outras filosofias[editar código-fonte]

O eventualismo tende para o inclusionismo pois mesmo que um artigo não seja notório no momento, em alguns casos há chances dele ser notório no futuro, pois há pouco prejuízo em se manter um material que, algum dia, pode ser desenvolvido conforme as informações sobre os tópicos específicos forem se tornando mais facilmente disponíveis.

Apesar do nome, é possível ser exclusionista e inclusionista, no sentido de manter todo artigo que considera notório mas desde que, após a remoção do conteúdo indevido, reste informação suficiente.

O Melhoracionismo está mais próximo do Inclusionismo ao fazer um esforço para encontrar fontes que mostrem que um assunto é relevante (para só depois decidir se ele é ou não relevante) e ainda mais esforço para arrumar todos os problemas caso considere que seja relevante. Apesar do nome, também é possível ser inclusionista e exclusionista pois na corrida contra o tempo que é os processos de eliminação o inclusionista pode estar disposto a eliminar rapidamente material com problemas para que a discussão possa se focar na notoriedade do tema e em um artigo completamente verificável.

Com seu conceito mais amplo de notoriedade, o inclusionismo pode por vezes se aproximar do fusionismo ao preferir que os artigos sejam fundidos ao invés de simplesmente eliminar o artigo e o conteúdo.

Argumentos contra a eliminação[editar código-fonte]

Censura na Internet, avaliações[2][3]
  Sem censura
  Algum tipo de censura
  País sob a vigilância dos "Repórteres sem Fronteiras"
  Países mais censurados
  • Delecionismo vai contra a premisa da Wikipédia: "Imagine um mundo em que todas as pessoas do mundo possam ter livre acesso a toda a soma do conhecimento humano. É isso que estamos fazendo." - Jimmy Wales, The founder of Wikipedia.
  • É fácil criticar e apagar, enquanto que é muito mais difícil pesquisar e criar conteúdo.
  • A notoriedade dos artigos é algumas vezes muito subjetiva. Por exemplo, o candidato presidencial John B. Anderson pode ser uma pessoa que mereça artigo; outros que não vivem nos Estados Unidos podem achar que o cientista escocês John H. D. Anderson é mais prominente.
  • Pode ser desencorajador quando artigos criados por editores de primeira viagem e novos usuários são eliminados sem (na opinião deles) uma boa razão. Na visão deles, pelo menos, os temas são notórios.
  • Pode ser frustrante para o leitor que vem para a Wikipédia em busca de informação e no entanto percebe que o artigo relevante existia em algum momento mas foi eliminado. Isso desencoraja tanto a leitura como a edição de artigos.
  • Eliminar artigos sob uma base genérica de notoriedade tanto reduz a Wikipédia ao nível das enciclopédias tradicionais (que não cobrem tópicos que a Wikipédia cobre por várias razões, incluindo notoriedade)quanto não fornece a supervisão que uma enciclopédia tradicional precisa para justificar a eliminação de artigos. Parte da razão das pessoas usarem a Wikipédia é que ela é uma forte fonte de conhecimento obscuro, especialmente sobre tópicos obscuros que não são cobertos em enciclopédias mais tradicionais.
  • A ferramenta de busca da Wikipédia foi atualizada e melhorada em 2010, em que "Sugestões de busca são agora mais relevantes para indicar a você a página que você está procurando mais rapidamente", conforme explicado no blog da Wikimedia em 10 de maio de 2010. (link: "A new look for Wikipedia".) Isso serve para anular o argumento delecionista de que "muitos artigos irrelevantes ou obscuros impedem de achar as coisas relevantes..." nas buscas da Wikipédia.
  • Busca, categorização, e outras medidas técnicas para organização podem diminuir a dificuldade de se achar informação mesmo quando há muitos artigos sobre temas insignificantes.
  • Delecionistas podem subjetivamente pegar de uma longa e diversa lista de critérios de notoriedade e outras políticas da Wikipédia os argumentos para uma eliminação do artigo. Quando esse argumento é invalidado, procuram alguma outra regra e então voltam com a argumentação para eliminar.
  • Delecionistas podem usar posições e argumentações absolutistas para justificar a eliminação de um artigo. Um exemplo notável é argumentar que não há absolutamente nenhuma WP:FF para estabelecer a notoriedade ou verificar o artigo, enquanto que usaram apenas uma busca rápida por notícias e outras fontes, como no Google e Google Notícias, para qualificar o argumento. Algumas vezes, leva apenas alguns segundos para desqualificar essa argumentação ao utilizar buscas por outros meios.
  • O Delecionismo pode ser usado como uma forma de censura sob o subterfúgio de melhorar a Wikipédia.

"Nós queremos o Demônio, veja bem, para extrair da dança dos átomos toda informação que for genuína, como teoremas matemáticos, revistas de moda, fotografias, crônicas históricas, ou receitas para bolinhos de íons, ou ainda como limpar e passar um terno de asbesto, e poesia também, e conselhos científicos, e almanaques, e calendários, e documentos secretos, e tudo que já apareceu alguma vez em algum jornal do universo, e listas telefônicas do futuro..."

Stanislaw Lem, A Cyberíade.

Referências[editar código-fonte]

  1. WALES, Jimbo. "NPOV and credibility (was Re: [WikiEN-l] Original research)". 16 de dezembro de 2004.
  2. "Country Profiles", Research at the OpenNet Initiative web site, a collaborative partnership of the Citizen Lab at the Munk School of Global Affairs, University of Toronto; the Berkman Center for Internet & Society at Harvard University; and the SecDev Group, Ottawa
  3. Internet Enemies, Reporters Without Borders, Paris, March 2011