Zenúes – Wikipédia, a enciclopédia livre

Zenúes
Brinco de ouro zenu fundido com cera perdida, 800 dC
População total

 Colômbia 307.091 (2018)

Regiões com população significativa
Córdoba 188.777 (2018)
Sucre 101.090 (2018)
Línguas
castellano
Religiões

Os zenúes são um povo indígena da Colômbia, cujo território ancestral estava formado pelos vales dos rios Sinú e San Jorge e o litoral Caribe ao redor do Golfo de Morrosquillo, nos atuais departamentos colombianos de Córdoba e Sucre. Também se encontram em Urabá e em vários assentamentos em Antioquia.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Cerámica zenú.

Por ser uma área com abundância de água, a partir de aproximadamente 200 a.C, os zenúes formaram uma sociedade hidráulica que construiu um sofisticado sistema de canais de drenagem, o que lhes permitiu controlar enchentes e adaptar grandes áreas para moradia e principalmente para cultivo.[2] O sistema, que se expandia progressivamente, chegou a cobrir até 600.000 hectares por volta do ano 1000. No século XI destacava-se o grande centro religioso de Finzenú, no vale do Sinú, que exercia seu domínio sobre várias populações do entorno. O Panzenú foi a denominação do vale de San Jorge; e Zenufana no vale do Nechí e baixo Cauca, área de produção de ouro. Além de grandes ourives, os zenúes eram bons oleiros, como se vê no desenvolvimento das técnicas da cerâmica.[3]

Com a colonização espanhola iniciou-se um processo sistemático e violento de expropriação de terras das comunidades indígenas zenúes. Se implantou a encomienda e se conformaram fazendas. En 1773, o Rei da Espanha demarcou o território de San Andrés de Sotavento e outras duas terras como "resguardo indígena", após um longo processo. O resguardo de San Andrés de 83 mil hectares sobreviveu até o início do século XX, quando foi dissolvido em uma operação de grilagem.[4]

Os indígenas lutaram, principalmente a partir de 1969, para reconquistar seus resguardos. Em 1990, o governo reconstituiu o resguardo San Andrés de Sotavento com 10.000 hectares e a expandiu progressivamente para 23.000 hectares. Durante o processo de luta pela terra, dezenas de líderes zenúes foram assassinados.[4]

Economia[editar | editar código-fonte]

Chapéu vueltiao fabricado pelos artesãos zenúes.

Suas principais atividades são a agricultura e o artesanato. Cultivam milho, pimenta, mandioca, feijão, abóbora, inhame, árvores frutíferas como patilla, melão, manga, corozo, goiaba e graviola, e usam várias palmeiras, gramíneas e videiras para artesanato e construção de casas.

Uma atividade adicional é a pesca. Além dos peixes, comem jacaretingas e a tartaruga "hicotea" (Trachemys callirostris), que por vezes são criadas em pequena escala. Também caçam cutias e pássaros como o corvo-marinho ou "biguá" (Phalacrocorax olivaceus) e diferentes perus.

Como artesãos, eles se destacam no trançado de fibras vegetais para a confecção de chapéus e outros objetos, que hoje são exportados para diversos países. O chapéu "vueltiao" é feito da fibra extraída da "cana-flecha" (Gynerium sagitatum).[5] A fibra da "napa" (Manicaria saccifera) e da "iraça" (Carludovica palmata) são utilizadas na confecção de cestos, vasos, vassouras, leques e esteiras.

Referências

  1. «ZENÚ La gente de la palabra» (PDF). Ministerio de Cultura. Bogotá. 2010. Consultado em 18 de novembro de 2021 
  2. Lemos, Claudia (21 de março de 2012). «Zenúes, los diestros del agua». Catorce6. Consultado em 16 de março de 2019 
  3. Arango, Raúl y Enrique Sánchez (2004) "Senú" Los pueblos indígenas de Colombia en el Umbral del Nuevo Milenio p.p. 367-368. Bogotá D.C.: Departamento Nacional de Planeación.
  4. a b RECAR (3 de julho de 2007). «Pueblo Zenú, recuperador de Sueños. Resguardo Indígena Zenú de San Andrés de Sotavento, Córdoba y Sucre». Semillas. Consultado em 18 de novembro de 2021 
  5. Larraín, América (6 de agosto de 2014). «Artesanato e Afetos no Caribe Colombiano» (PDF). Reunião Brasileira de Antropologia. Natal. Consultado em 18 de novembro de 2021