Caso Lucélia Rodrigues da Silva – Wikipédia, a enciclopédia livre

Local onde morava Sílvia Calabresi Lima
Caso Lucélia Rodrigues da Silva
Local do crime Setor Marista, no Goiânia, no Goiás, no brasil
Data junho de 2008
Tipo de crime tortura
Vítimas Lucélia Rodrigues da Silva[1]
Réu(s) Sílvia[2], Vanice Maria Novais[2][3], marido de Sílvia[4]
Juiz José Carlos Duarte[4]

O Caso Lucélia Rodrigues da Silva refere-se ao caso de tortura da menina Lucélia Rodrigues da Silva, que foi encontrada pela polícia, acorrentada e amordaçada, quando tinha 12 anos de idade, em 2008. Ela era vítima de violência de sua mãe adotiva, a empresária Sílvia Calabresi Lima, moradora do Setor Marista, bairro nobre de Goiânia.[1]

Em fevereiro de 2020, quando exibiu uma entrevista de Lucélia, a Record TV Goiás classificou o caso como "um dos trinta casos de violência mais chocantes do Brasil". Já o portal Terra o classificou como "um dos trinta crimes que abalaram o Brasil".[5][6]

Em junho de 2021, Lucélia disse para a TV Anhanguera: “É possível [superar]. Eu perdoei, escolhi perdoar. Perdoar não é esquecer. É lembrar e não sentir mais dor”.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filha de pais pobres, Lucélia foi levada por Sílvia para estudar, com autorização da mãe. À Record TV ela falou em 2020 que inicialmente a mãe adotiva havia sido carinhosa com ela. "Ela me levou para comprar roupas novas, me matriculou num colégio interno. Eu era tratada como uma princesa". Ela revelou que tudo mudou depois de cerca de seis meses, quando passou a ser torturada. Ela também era obrigada a realizar serviços domésticos considerados inadequados para sua idade.[1][3]

Após a descoberta do crime, Lucélia foi para um abrigo e depois foi adotada por um casal de pastores. Atualmente, é casada e tem dois filhos. “Meu sonho era casar e ter família. Casei. Realizei meu sonho de ser mãe. Minha família é meu bem maior”, disse durante as entrevistas.

Os crimes[editar | editar código-fonte]

Entre as torturas infligidas à Lucélia estão: ficar até dois dias sem comer, ter a língua cortada com um alicate, ter seus dedos das mãos e pés prensados na porta (perdeu a ponta de um dedo), levar surra com o cabo da vassoura, ter pimenta colocada na boca, nariz e olhos, ser obrigada a comer fezes de cachorro e uma barata, entre outras coisas. "Ela me deu 70 pauladas na cabeça, 60 na nuca, nove no estômago. Eu lembro, porque fui obrigada a contar todas elas. Naquele dia não teve jeito e ela foi obrigada a me levar ao hospital", disse para a Record TV. Lucélia também revelou que foi obrigada a dizer ao médico que tinha caído da escada.[5][2]

"Cheguei a ficar 12 horas acorrentada", disse a vítima também, sobre outra das torturas que sofreu. Quando indagada por que não havia pedido ajuda, nem mesmo no Colégio Militar onde estudou, ela disse que era por medo.[5]

O crime foi descoberto quando um vizinho, que Lucélia chamou Dr. Fábio, notou que ela não ia mais à escola. Ele fez uma denúncia e quando os policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) foram até o apartamento, encontraram a menina amarrada e amordaçada.[2]

Prisão e pena[editar | editar código-fonte]

Sílvia foi presa em março de 2008 e condenada a 15 anos de prisão. Recebeu o direito de progressão para regime semiaberto em 2014.[2]

A empregada da criminosa, Vanice Maria Novais, também foi condenada, em junho de 2008, a sete anos de prisão por participação no crime. Já o marido de Sílvia pegou 1 ano e 8 meses por omissão, mas teve a pena comutada por serviços comunitários. Também em junho de 2008, a Justiça condenou o casal a pagar uma indenização de R$ 380 mil por danos morais e estéticos, além de verbas trabalhistas à vítima.[2][3]

“Todas estas condutas fazem parte de uma mesma intenção criminosa, objetivando sempre a prática de tortura que, pelo que se pode inferir, foi, ao longo do tempo, aumentando em intensidade e quantidade. A questão somente de o tipo penal tortura exigir a prática de violência ou grave ameaça torna-se irrelevante, até porque, entendo, mesmo nas oportunidades em que a vítima era privada de alimentação, ou submetida a trabalho excessivo ou inadequado, somente havia o objetivo de privá-la de resistência para submeter-se com maior facilidade às ameaças e violências diárias”, disse o juiz José Carlos Duarte, da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, à época da condenação.[4]

A mãe biológica de Lucélia, Joana d'Arc da Silva, que havia ido a júri popular sob a acusação de ter recebido dinheiro para entregar a filha à Sílvia, foi absolvida. Indiciado por omissão, igualmente absolvido foi o filho de Sílvia.[1][4]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Referências