Eleição da sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023 – Wikipédia, a enciclopédia livre

O processo de eleição da sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023 foi uma licitação usada pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) para selecionar o anfitrião do mundial feminino em 2023. Houve duas candidaturas finais de três países que buscavam sediar a competição: a da conjunta AustráliaNova Zelândia e da Colômbia. Em 25 de junho de 2020, a candidatura combinada da Austrália e da Nova Zelândia venceu oficialmente a candidatura para sediar a Copa do Mundo Feminina.[1]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Ao todo, oito países anunciaram a intenção de se candidatar para ser sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023, chegando assim a um número recorde de candidaturas da história do torneio, desde sua primeira edição em 1991. O processo de inscrições seguiu até o dia 16 de abril de 2019. Os projetos seriam apresentados ao público no dia 4 de outubro de 2019, quando até então era a data limite para a apresentação de documentação confirmando as candidaturas e uma votação seria feita em Miami, nos Estados Unidos, estando prevista inicialmente para março de 2020.[2][3] Entre os candidatos estão três países da América (Argentina, Brasil e Colômbia), dois da Ásia (Coreia do Norte/Coreia do Sul e Japão), um país da África (África do Sul) e dois da Oceania (Austrália e Nova Zelândia, que viriam a se juntar em seguida).

Em 31 de julho de 2019, a FIFA resolveu acelerar o prazo de oficialização de candidaturas, previstos para terminar em outubro, antecipando para o mês de agosto do mesmo ano a confirmação dos nove países interessados, devido a ampliação no número de equipes. Também foi adiado o processo de votação, passando para o mês de maio de 2020, mas mantido o local da decisão, além de reabrir o processo da apresentação de mais candidatos na disputa. Com a mudança, os projetos serão apresentados ao público agora no mês de dezembro de 2019. Aproveitando o anúncio, até o momento apenas o Brasil confirmou a real intenção de ser sede da próxima edição, apesar de já estar inscrito desde 19 de março de 2019. O país já sediou duas vezes a edição masculina da copa com sucesso (1950 e 2014), podendo aproveitar os estádios já existentes e usados na ultima competição e também aproveita a crescente popularidade do futebol feminino, além de ter sido palco de importantes torneios mundiais, como o caso dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro.[4][5][6] Após a proposta de prorrogação para apresentação de documentos, houve a saída da Bolívia do pleito, sendo assim, o número de candidaturas cai para oito, incluindo a candidatura conjunta das Coreias. A Bélgica, que chegou a mostrar interesse em agosto, desistiu logo em seguida.[7] Em seguida, houve a saída da África do Sul, Argentina e da candidatura conjunta das Coreias.[8]

Em dezembro de 2019, a FIFA confirmou os países candidatos a receber esta edição: Brasil, Colômbia, Japão e a candidatura conjunta entre Austrália e Nova Zelândia. A escolha da sede ocorreu na reunião do Conselho da Fifa, no dia 25 de junho de 2020 em Adis Abeba, capital da Etiópia.[9]

Candidaturas[editar | editar código-fonte]

Austrália e Nova Zelândia[editar | editar código-fonte]

Logotipo oficial da candidatura australiana e neozelandesa

Nenhum dos torneios adultos da FIFA foi organizado por dois países membros de confederações diferentes (Em 2006, a Austrália "mudou" de confederação, deixando a OFC e sendo efetivada na AFC, enquanto que a Nova Zelândia permaneceu). A Ásia já sediou duas edições da Copa do Mundo Feminina, a primeira em 1991 e a quinta em 2007, ambas realizadas na China. Já no torneio masculino a única edição realizada no continente foi em 2002, quando Coreia do Sul e o Japão organizaram o torneio de forma conjunta. Além disso, a próxima edição será realizada no Catar em 2022. Apesar deste histórico recente, nenhum torneio adulto da FIFA havia sido realizado na Oceania. Seleções emergentes no cenário feminino, a proposta observou as constantes demandas do futebol feminino nos dois países, que também organizam a A-League que é a principal liga de futebol profissional dos dois países. Com uma história geopolítica e desportiva em comum, iniciada no período prévio aos Jogos Olímpicos de Verão de 1908, quando os dois Comitês Olímpicos Nacionais se juntaram e formaram o time da Australásia, que durou apenas 4 anos, sendo reforçada com a assinatura do pacto do ANZAC em 1914, que unifica as forças de defesa externa dos dois países em conflitos internacionais. Os dois interessados tem uma excelência organizacional desportiva consolidada e mundialmente reconhecida. Por ter sido anteriormente membro da OFC, a Austrália, sediou duas edições masculinas da Copa das Nações da OFC (1998 e em 2004) e 3 edições do da versão feminina do mesmo torneio (1989,1991 e 2003). Já como Asiática, a Austrália sediou a Copa da Ásia de 2015 e a Copa da Ásia de Futebol Feminino de 2006. Esta não será a primeira experiência australiana em um torneio FIFA. O país ainda sediou duas edições da Copa do Mundo FIFA Sub-20, a primeira em 1981 e a segunda em 1993. O currículo australiano na organização de outros eventos esportivos é extenso, contando com três edições dos Jogos Olímpicos de Verão, realizadas em 1956 e em 2000, além de uma futura em 2032, seguida dos Jogos Paralímpicos em 2000 e 2032, cinco edições dos Jogos da Commonwealth (1938, 1962, 1982, 2006 e a mais recente em 2018), uma edição das Surdolímpiadas de Verão em 2005 e uma quantidade diversificada de campeonatos mundiais em diversos esportes, sendo destacados os Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2007, Campeonato Mundial de Basquetebol Feminino de 1994, a Copa do Mundo de Rugby Union de 2003 e as três edições da Copa do Mundo de Netball. Este sucesso também serve para a Nova Zelândia, mas em menor escala, o país sediou 3 edições dos Jogos da Commonwealth (1950, 1974 e em 1990), uma edição das Surdolímpiadas de Verão em 1989. Tal como a Austrália, o país não é um novato em torneios da FIFA, já que sediou uma vez a Copa do Mundo FIFA Sub-17 em 1999 e a Copa do Mundo FIFA Sub-20 de 2015. O portfolio neozelandês ainda conta com uma duas edições masculinas da Copa das Nações da OFC (1973 e 2002) e três edições da versão feminina do torneio (1986,1998 e 2010), três edições da Copa do Mundo de Netball (1975,1999 e 2007), uma edição individual da Copa do Mundo de Rugby Union, realizada em 2011. Além disso, os dois países já sediaram uma edição conjunta do mesmo torneio em 1987 e duas edições da Copa do Mundo de Críquete em 1992 e em 2015. A maior parte das subsedes propostas está na Austrália (7 cidades) enquanto que outras 5 estão na Nova Zelândia. A partida de abertura será disputada no Eden Park em Auckland, enquanto que a final será realizada no Estádio Olímpico de Sydney.[10]

Colômbia[editar | editar código-fonte]

Logotipo oficial da candidatura colombiana

O país da América do Sul destacou o expressivo crescimento do futebol feminino no continente e no país, além da exaltação pela cultura local e a alta audiência das transmissões de partidas, chegando até a 90% da população colombiana. O projeto também destacou a experiência do país em eventos importantes, tais quais a Copa do Mundo de Futsal de 2016, a Copa do Mundo FIFA Sub-20 de 2011, a Copa do Mundo de Atletismo Infantil e os Jogos Centro-Americanos e do Caribe de 2018, em Barranquilla. Quanto as partidas, as sedes ficariam entre as cidades mais populosas do país como a capital Bogotá, Medellín, Barranquilla e Cáli, além de diversas cidades litorâneas.[11]

Desistências[editar | editar código-fonte]

Em 8 de junho de 2020, foi anunciada a retirada do Brasil na disputa pelo mundial de 2023 após uma reunião realizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).[12] O principal motivo se deve pela falta de apoio financeiro por parte do Governo Jair Bolsonaro,[carece de fontes?] apesar do mesmo emitir uma carta de apoio a FIFA se comprometendo em oferecer a estrutura do país para o evento, além de alegar uma possível perda de favoritismo na votação pelo fato do país já ter sido sede dos grandes campeonatos de futebol e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 pelo Rio de Janeiro,[carece de fontes?] alegando acúmulo de eventos e também pela crise mundial causada pela pandemia de COVID-19, o que impediria a assinatura de garantias exigidas pela FIFA. Sendo assim, a CONMEBOL foi representada pela Colômbia, que permaneceu na disputa junto com a candidatura conjunta de Austrália e Nova Zelândia e a candidatura solo do Japão, declarando apoio a candidatura da primeira.[13]

Logo em seguida, em 22 de junho de 2020 (três dias antes da votação), foi a vez do Japão anunciar a desistência pela briga para sediar a competição. Os motivos principais foram a crise mundial causada pela pandemia de COVID-19, mesmo motivo pelo que tirou a candidatura do Brasil pelo mundial feminino. O país sediou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020, que foram transferidos para 2021 por conta da pandemia. Sendo assim, restaram apenas as candidaturas da Colômbia e a conjunta de Austrália e Nova Zelândia.[14]

Postulantes[editar | editar código-fonte]

  • África do Sul: Retirou sua candidatura em dezembro de 2019;[15]
  •  Argentina: Apresentou formalmente uma manifestação de interesse, mas não foi incluída nas propostas finais;[16][17]
  •  Bélgica: Chegou a demonstrar interesse, porém desistiu em agosto de 2019. Além disso, estaria inelegível pelo fato da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019 ter sido na França, o que impediu qualquer interesse por parte de federações filiadas a UEFA;[18]
  •  Bolívia: Foi listada como candidato pela FIFA em agosto de 2019, mas não estava mais presente na atualização de setembro de 2019;[18]
  • Coreia do Norte/Coreia do Sul Coreia do Sul: A candidatura conjunta e possivelmente individuais foram retiradas em 13 de dezembro de 2019, não havendo acordo entre a FIFA e os governos nacionais sobre a criação de um comitê organizador.[19]

Processo de escolha[editar | editar código-fonte]

Os países foram avaliados em três quesitos:

  • Segurança
  • Saúde, serviços médicos e controle de dopagem
  • Aspectos comerciais

Cada país recebeu uma nota de 0 a 5 nesses quesitos. Porém, no dia 19 de junho de 2020, a COMNEBOL e a Colômbia emitiram uma carta aberta a FIFA acusando a entidade de preconceito por conta das avaliações do país nos três quesitos, além de considerar que a afirmação de que "os hospitais colombianos de maneira geral não prestam serviços de urgência conforme os serviços sanitários internacionais, e os pacientes com quadros graves poderiam ter que ser transferidos para outro país", considerando uma afirmação ofensiva e que os hospitais colombianos possuem uma das estruturas mais avançadas da América do Sul. Nas avaliações, a Austrália e Nova Zelândia receberam uma avaliação de 4.1 pontos, a então candidatura do Japão recebeu uma nota de 3,9 e a Colômbia recebeu uma nota de apenas 2,8. Na carta, a entidade alega uma avaliação equivocada e sem fontes comprobatórias sobre as situações do país.[20]

Em 25 de junho de 2020, a candidatura conjunta da Austrália e da Nova Zelândia foram escolhidas como sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023, depois de uma parcial de votação acirrada, já que a Colômbia recebeu a maioria dos votos da UEFA (exceto Inglaterra) e da CONMEBOL, enquanto que a candidatura dupla de Austrália e Nova Zelândia receberam os votos da OFC, CONCACAF, AFC e CAF.[21]

Resultados da eleição[editar | editar código-fonte]

Ópera de Sydney reproduzindo imagens de torcedores e jogadoras após o anúncio da escolha da Austrália e Nova Zelândia como sedes do Mundial de 2023
IX Copa do Mundo de Futebol Feminino
Congresso Ordinário da FIFA
25 de junho de 2020, em Adis Abeba (Etiópia)
Países candidatos Rodada única %
 Austrália
 Nova Zelândia
22 59,45
 Colômbia 13
35,13
Votos recusados 2 5,4
Abstenções 0 0
Total 37 100

Referências

  1. «Australia and New Zealand selected as hosts of FIFA Women's World Cup 2023» (em inglês). FIFA. 25 de junho de 2020. Consultado em 20 de julho de 2023 
  2. Redação (19 de março de 2019). «Copa do Mundo Feminina terá "briga recorde" por sede em 2023». Máquina do Esporte. Consultado em 7 de junho de 2019 
  3. Lobo, Felipe. «Nada de portas fechadas: Fifa torna público processo para escolher sede da Copa 2023 feminina». Trivela. Consultado em 7 de junho de 2019 
  4. «CBF confirmará Brasil como candidato a sede da Copa feminina de 2023». UOL. Consultado em 5 de agosto de 2019 
  5. «Fifa anuncia que Copa feminina de 2023 terá 32 seleções». esporte.uol.com.br. Consultado em 5 de agosto de 2019 
  6. «Brasil é candidato a sede da Copa feminina de 2023; Fifa bate o martelo e expande participação à 32 seleções». Jornal Correio do Sul. Consultado em 5 de agosto de 2019 
  7. «Oito associações disputam sediar Copa do Mundo de 2023 de futebol feminino». Extra. Consultado em 3 de setembro de 2019 
  8. «Austrália e Nova Zelândia se unem por Copa de 2023; Brasil está na disputa». Gazeta Esportiva. 13 de dezembro de 2019. Consultado em 13 de janeiro de 2020 
  9. «FIFA Women's World Cup 2023™: four bids submitted». FIFA (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2019 
  10. «Bid Book - Australia and New Zealand» (PDF). FIFA. Consultado em 13 de janeiro de 2020 
  11. «Bid Book - Colombia» (PDF). FIFA. Consultado em 13 de janeiro de 2020 
  12. «Sem garantias do governo federal, CBF retira candidatura do Brasil a sede do Mundial Feminino de 2023». ge. 8 de junho de 2020. Consultado em 20 de julho de 2023 
  13. «Brasil retira candidatura à sede da Copa do Mundo Feminina FIFA 2023». CBF. Consultado em 8 de junho de 2020 
  14. «Japan FA to withdraw from Bid to host the FIFA Women's World Cup 2023™». JFA (em inglês). Consultado em 23 de junho de 2020 
  15. «Women's World Cup 2023: South Africa pulls out of race to host tournament» (em inglês). BBC. 11 de dezembro de 2019. Consultado em 20 de julho de 2023 
  16. «FIFA receives record number of expressions of interest in hosting FIFA Women's World Cup 2023» (em inglês). FIFA. 18 de março de 2019. Consultado em 20 de julho de 2023 
  17. «FIFA Women's World Cup 2023: four bids submitted» (em inglês). FIFA. 13 de dezembro de 2019. Consultado em 20 de julho de 2023 
  18. a b «Belgium and Bolivia drop out as eight countries remain in race to host 2023 FIFA Women's World Cup» (em inglês). Inside the Games. 3 de setembro de 2019. Consultado em 20 de julho de 2023 
  19. «S. Korea withdraws bid to host 2023 FIFA Women's World Cup» (em inglês). Yonhap News Agency. 13 de dezembro de 2019. Consultado em 20 de julho de 2023 
  20. «Conmebol envia carta à Fifa rebatendo comentários "discriminatórios" à candidatura colombiana à Copa do Mundo Feminina de 2023». Surto Olímpico. Consultado em 23 de junho de 2020 
  21. «Fifa escolhe Austrália e Nova Zelândia como sedes da Copa do Mundo Feminina de 2023». ge. Consultado em 25 de junho de 2020