Eleições estaduais no Acre em 1962 – Wikipédia, a enciclopédia livre

1958 Brasil 1966
Eleições estaduais no  Acre em 1962
7 de outubro de 1962
(Turno único)
Candidato José Augusto de Araújo José Guiomard
Partido PTB PSD
Natural de Feijó, AC Santo Antônio do Monte, MG
Vice Não havia Não havia
Votos 7.184 6.453
Porcentagem 52,68% 47,32%

As eleições estaduais no Acre em 1962 ocorreram em 7 de outubro como parte das eleições em 22 estados e nos Amapá, Rondônia e Roraima. Foram eleitos o governador José Augusto de Araújo e os senadores José Guiomard, Oscar Passos e Adalberto Sena, além de sete deputados federais e quinze deputados estaduais na única eleição direta ocorrida antes do Regime Militar de 1964.[1][nota 1]

Disputado por Bolívia, Brasil e Peru durante o Século XIX, o Acre foi cedido à primeira em 23 de novembro de 1867 devido ao Tratado de Ayacucho, embora a constante presença brasileira tenha fomentado conflitos liderados por Plácido de Castro, que resultaram na anexação do Acre ao Brasil em 17 de novembro de 1903 via Tratado de Petrópolis.[2] Em 7 de abril do ano seguinte, o presidente Rodrigues Alves concedeu-lhe o status de território federal.[3] Nos estertores do Estado Novo o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei n.º 7.586< marcando eleições para presidente da República, senadores e deputados federais em 2 de dezembro em 20 estados, no Distrito Federal e no Território Federal do Acre, cabendo a este eleger dois deputados federais.[4]

Em 15 de junho de 1962 o presidente João Goulart e o primeiro-ministro Tancredo Neves sancionaram a Lei nº 4.070 elevando o Acre à categoria de estado e a seguir houve eleições.[5] Num embate acirrado, o PTB elegeu José Augusto de Araújo para ocupar o Palácio Rio Branco e também os senadores Oscar Passos e Adalberto Sena, ao passo que, mesmo derrotado na eleição para governador, José Guiomard (PSD) foi o senador mais votado. Na seara proporcional PSD venceu o PTB por uma vaga para deputado federal e estadual.[nota 2]

Sobre o eleito para o Palácio Rio Branco ele nasceu em Feijó, é professor de Geografia e História formado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e disputou duas eleições para deputado federal pelo PTB sendo eleito este ano, mas declinou do mandato por ter sido escolhido também governador do Acre por decisão popular. Por conta do Ato Institucional Número Um editado pelos militares, o governador José Augusto de Araújo teve o mandato cassado em 8 de maio de 1964 sendo substituído pelo capitão Edgar Cerqueira. Após a imposição do bipartidarismo os quadros pessedistas migraram à ARENA e os petebistas formaram o MDB. Nova eleição direta pelo governo do Acre só aconteceria com a vitória de Nabor Júnior sobre Jorge Kalume em 1982.

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 13.637 votos nominais (92,59%), 787 votos em branco (5,34%) e 304 votos nulos (2,07%), resultando no comparecimento de 14.728 eleitores.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
José Augusto de Araújo
PTB
Não havia
-
-
PTB (sem coligação)
7.184
52,68%
José Guiomard
PSD
Não havia
-
-
PSD (sem coligação)
6.453
47,32%
Fontes:[1]
  Eleito

Resultado das eleições para senador[editar | editar código-fonte]

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 41.240 votos nominais (95,91%), 831 votos em branco (1,93%) e 928 votos nulos (2,16%), totalizando 42.999 eleitores por serem três as vagas em disputa.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
José Guiomard
PSD
José Kairala
PSD
-
PSD (sem coligação)
6.855
16,62%
Oscar Passos
PTB
Eduardo Assmar
PTB
-
PTB (sem coligação)
6.786
16,46%
Adalberto Sena
PTB
Godwasser Santos
PTB
-
PTB (sem coligação)
6.497
15,76%
Manuel de Castro
PSD
Jorge Lavocat
PSD
-
PSD (sem coligação)
6.175
14,97%
Mário de Oliveira
PSD
Sérgio Bezerra Marinho
PSD
-
PSD (sem coligação)
5.904
14,32%
Hugo Carneiro
PTB
Francisco de Lira Lima
PTB
-
PTB (sem coligação)
5.508
13,35%
Raimundo Alcântara Figueira
PSP
Raimundo Quirino Nobre
PSP
-
PSP (sem coligação)
3.288
7,97%
Pedro Arquimedes Bruno
PSB
José Leôncio Pessoa de Andrade
PSB
-
PSB (sem coligação)
227
0,55%
Fontes:[1]
  Eleitos

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[6][7]

Representação eleita

  PSD: 4
  PTB: 3
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Rui Lino PTB 2.551 18,70% Tarauacá  Acre
Armando Leite PSD 1.614 11,83% Boca do Acre  Amazonas
Geraldo Mesquita PSD 1.167 8,55% Feijó  Acre
Jorge Kalume[nota 3] PSD 960 7,03% Belém Pará Pará
José Altino Machado PTB 909 6,66% Taubaté  São Paulo
Valério Magalhães[nota 4] PSD 827 6,06% Boa Vista  Roraima
Mário Maia[nota 5] PTB 628 4,60% Rio Branco  Acre
Fontes:[1]

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Com informações auferidas junto ao banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral.

Representação eleita

  PSD: 8
  PTB: 7
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Francisco Taumaturgo PTB 947 6,57% Tarauacá  Acre
Omar Sabino PSD 751 5,21% Manoel Urbano  Acre
José Akel Fares PTB 717 4,98% Sena Madureira  Acre
Augusto Hidalgo de Lima[8] PSD 627 4,35% Rio Branco  Acre
Guilherme Zaire PTB 587 4,07% Rio Branco  Acre
José Chaar Filho PSD 574 3,98% Porto Acre  Acre
Joaquim Lopes da Cruz PSD 546 3,79% Xapuri  Acre
Adonay Barbosa dos Santos PTB 521 3,62% Feijó  Acre
Carlos Meixeira Afonso PSD 504 3,50% Tarauacá  Acre
Francisco Aloísio Queiroz PSD 498 3,46% Manaus  Amazonas
Milton de Matos Rocha PSD 492 3,42% Parintins  Amazonas
José da Fonseca Araújo PTB 468 3,25% Sena Madureira  Acre
Geraldo Fleming PTB 450 3,12% Campanha  Minas Gerais
Eloy Abud PSD 441 3,06% Rio Branco  Acre
Nabor Júnior[nota 6] PTB 428 2,97% Tarauacá  Acre
Fontes:[1][nota 7]

Eleições municipais em 1963[editar | editar código-fonte]

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral o PTB venceu as eleições municipais em Rio Branco (com o ex-governador Aníbal Miranda) e nos seis municípios do interior: Brasileia, Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira, Tarauacá e Xapuri.

Notas

  1. A lei que criou o estado do Acre não fez menção ao vice-governador e fixou em quinze o número de deputados estaduais a serem eleitos. Quanto aos territórios federais acima mencionados, estes elegeram apenas um deputado federal cada.
  2. Entre o fim do Estado Novo e antes do Regime Militar de 1964 a lei permitia a chamada "candidatura múltipla" para cargos executivos.
  3. Eleito governador do Acre em agosto de 1966, renunciou ao mandato sendo efetivado Albanir Leal.
  4. Faleceu em 24 de novembro de 1964, sendo efetivado Wanderley Dantas.
  5. Efetivado em lugar de José Augusto de Araújo que, eleito simultaneamente para a cadeira de governador, preferiu o exercício do cargo no Executivo.
  6. Secretário de Fazenda durante o governo Edgar Cerqueira, deu lugar ao suplente Joaquim Macedo.
  7. José Akel Fares foi cassado em 19 de julho de 1966.

Referências

  1. a b c d e BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1962». Consultado em 7 de janeiro de 2024 
  2. BRASIL. Presidência da República. «Decreto n.º 5.161 de 10/03/1904». Consultado em 7 de janeiro de 2024 
  3. BRASIL. Presidência da República. «Decreto n.º 5.188 de 07/04/1904». Consultado em 24 de março de 2018 
  4. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-lei n.º 7.586, de 28/04/1945». Consultado em 24 de março de 2018 
  5. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 4.070 de 15/06/1962». Consultado em 24 de março de 2018 
  6. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 24 de março de 2018. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  7. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 24 de março de 2018 
  8. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Augusto Hidalgo de Lima no CPDOC». Consultado em 28 de dezembro de 2021