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Júlio de Matos
Júlio de Matos
Retrato do Dr. Júlio de Matos
Nome completo Júlio Xavier de Matos
Nascimento 26 de janeiro de 1856
Porto
Morte 12 de abril de 1922
Lisboa
Nacionalidade Portuguesa

Júlio Xavier de Matos (Porto, 26 de janeiro de 1856Lisboa, 12 de abril de 1922) foi um médico e notável psiquiatra português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho do advogado Joaquim Marcelino de Matos, reconhecido por ter defendido Camilo Castelo Branco no seu julgamento por adultério,[1][2][3] e de Rita Xavier de Oliveira Barros, Júlio Xavier de Matos nasceu a 26 de janeiro de 1856 na cidade do Porto.[4] Era primo de Maria do Carmo Xavier, mulher do Presidente da República Teófilo Braga. Casou com Júlia Carlota de Araújo Ramos.[5]

Licenciou-se em Medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, em 1880. Foi professor de Psiquiatria na Faculdade de Medicina do Porto e Director do Hospital Conde de Ferreira da mesma cidade até 1911, data em que se transferiu para Lisboa.[6]

Depois do assassinato de Miguel Bombarda, Júlio de Matos é chamado a Lisboa, onde conhece Salgado de Araújo, empresário que já havia sido paciente no Hospital Miguel Bombarda. Salgado doa o dinheiro necessário à construção de um novo hospital psiquiátrico, ambição que Júlio já tinha. Assim, em 1913, iniciam-se as obras do Novo Manicómio de Lisboa, e Júlio de Matos muda-se definitivamente para Lisboa.[7]

Na capital portuguesa, além de ter dirigido o Hospital Miguel Bombarda de 1911 a 1922, foi ainda Professor da cadeira de Clínica Psiquiátrica na Faculdade de Medicina e Professor de Psiquiatria Forense no curso superior de Medicina Legal de Lisboa.

A sua morte em 1922 não lhe permite observar o fim da construção do Novo Manicómio, cujas obras apenas serão concluídas em 1942. O Hospital receberá o nome de Hospital Júlio de Matos.[7]

Notável psiquiatra e um dos mais importantes reformadores do ensino da Psiquiatria em Portugal, Júlio de Matos distinguiu-se no âmbito do alienismo e da psiquiatria forense. Entusiasta das correntes positivistas comteanas, fundou, conjuntamente com Miguel Artur e Ricardo Jorge, a revista O Positivismo de que foi um dos directores. Foi ainda Membro do Conselho Médico-Legal e da Societé Medico-Psychologique de Paris e sócio da Academia das Ciências de Lisboa.[8] Colaborou na revista Renascença[9] (1878-1879?), Ribaltas e Gambiarras[10] (1881) e também nas revistas Era Nova[11] (1880-1881) e Revista de Estudos Livres[12] (1883-1886), ambas dirigidas por Teófilo Braga, e ainda em A semana de Lisboa[13] (1893-1895).

Algumas obras[editar | editar código-fonte]

  • Patogenia das alucinações, Porto, 1880
  • Manual das doenças mentais, Porto, 1884
  • A Loucura, 1889
  • Alucinações e Ilusões, 1892
  • A Paranóia, 1896 (eBook)
  • Os alienados nos Tribunais, 1902, 1903, 1907 (3 vol.)
  • Assistance aux aliénés, 1903
  • Amnésia Visual, 1906
  • Elementos de Psychiatria, 1911

Referências

  1. «Marcelino de Matos». Casa de Camilo. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  2. Branco, Camilo Castelo (12 de julho de 2022). Amor de Perdição (em árabe). [S.l.]: Guerra e Paz Editores, Lda. 
  3. Branco, Camilo Castelo (8 de fevereiro de 2017). Coisas Leves e Pesadas. [S.l.]: Ediçoes Vercial 
  4. Silva, Innocencio Francisco da (1885). Diccionario bibliographico portuguez: (1-6 do supplemento) A-Lourenço Maximiano Pecegueiro. [S.l.]: Na Imprensa Nacional 
  5. «Júlio Xavier de Matos - Dicionário Histórico de Portugal». Consultado em 8 de fevereiro de 2018 
  6. «Infopédia - Júlio de Matos». Consultado em 8 de fevereiro de 2018 
  7. a b «História - CHPL». Consultado em 8 de fevereiro de 2018 
  8. NÓVOA, António (dir). Dicionário de Educadores Portugueses. Porto: Edições ASA, 2003, sv «Júlio Xavier de Matos». ISBN 978-972-41-3611-0
  9. Helena Roldão (3 de outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de março de 2015 
  10. Pedro Mesquita (26 de março de 2013). «Ficha histórica: Ribaltas e gambiarras (1881)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 19 de junho de 2015 
  11. Rita Correia (2 de Maio de 2013). «Ficha histórica: Era Nova: Revista do Movimento Contemporâneo (1880-1881)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de Outubro de 2014 
  12. Pedro Mesquita (22 de outubro de 2013). «Ficha histórica: Revista de estudos livres (1883-1886)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de abril de 2015 
  13. Álvaro de Matos (29 de abril de 2010). «Ficha histórica: A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de maio de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]