Mosteiro de São Julião de Samos – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fachada
Claustro
Claustro
"A Inmaculada" de Francisco de Moure na igreja do mosteiro

O Mosteiro de São Julião de Samos é um mosteiro medieval situado no concelho do mesmo nome, na província de Lugo, Galiza. Pertencente à ordem dos beneditinos, foi fundado no século VI segundo a tradição por Martinho de Dume, chegando a ser um dos de maior importância da Galiza.

História[editar | editar código-fonte]

A fundação é atribuída a S. Martinho de Dume. Sabe-se que foi renovado por São Frutuoso no século VII, mas o primeiro escrito que o menciona é de 665: uma inscrição nos muros do claustro da portaria que diz que foi reconstruído pelo bispo de Lugo Ermefredo. Depois desta restauração foi abandonado com a invasão muçulmana, até a reconquista do rei Fruela I das Astúrias, por volta de 760. Quando, anos mais tarde, este foi assassinado, nele encontraram refúgio sua viúva e seu filho, o futuro Afonso II, o Casto. Ganhou com isto a proteção real, começando pelas propriedades em média milha ao redor, que propiciaria seu crescimento. Em princípios do século X, o bispo de Lugo, Dom Ero, tentou ficar com o seu controlo e expulsou os monges. No mesmo século foi reocupado a pedido do rei Ordonho II e desde 960 a comunidade viveu sob a regra de São Bento, embora no século XII se somasse à reforma cluniacense com o bispo Dom João.

O mosteiro de Samos desfrutou de grande importância durante a Idade Média, o que se reflete em que possuía duzentas vilas e quinhentos lugares. Em 1558, incorporado já a San Benito El Real de Valladolid, sofreu um incêndio que obrigou à sua total reedificação. A comunidade foi exclaustrada em 1835, embora os monges beneditinos regressassem em 1880. Sofreu outro incêndio em 1951, após o qual foi reconstruído.

Descrição.[editar | editar código-fonte]

Nele encontram-se três estilos arquitetônicos, o tardo-gótico, o renascentista e o barroco.

A igreja[editar | editar código-fonte]

A igreja, barroca, foi construída entre 1734 e 1748. Tem planta de cruz latina e três naves. O interior é luminoso e solene. A abóbada está iluminada por oito óculos e as pinturas dos quatro doutores marianos beneditinos (Anselmo, Bernardo, Ildefonso e Ruperto). O retábulo maior também é classicista e tem uma imagem do padroeiro do mosteiro, São Julião, obra de Xosé Ferreiro. A fachada, barroca, vai precedida de uma escadaria em forma de laço que recorda a do Obradoiro. Está dividida em dois corpos, com uma porta ladeada por quatro colunas de ordem dórica sobre pedestais, que se repetem no corpo superior ladeando o óculo. A sacristia, de finais do século XVIII, consiste numa abóbada de planta octogonal apoiada em arcos de volta perfeita. A biblioteca, de 31 m. de longo, conta com um fundo de 25 000 volumes.

Os claustros[editar | editar código-fonte]

Conta com dois claustros. O Claustro Grande foi construído entre 1685 e 1689 e tem 3000m2 (54 m. de lado), pelo qual é o maior da Espanha. Conhece-se como "do padre Feijoo", por ter tomado este o hábito beneditino neste mosteiro em 1690, estando presidido por uma estátua sua, obra de Francisco Asorey. O estilo é uma combinação austera e simples de classicismo e herrerianismo: nove arcos de volta perfeita por cada lado no piso térreo, colunas dóricas nos dous primeiros andares e jônicas nos vitrais do terceiro. Os muros do andar superior foram decorados com cenas da vida de São Bento e são obra de Enrique Navarro, Célia Cortês e Xosé Luís Rodríguez.

O Claustro Pequeno ou "das Nereidas" foi construído entre 1539 e 1582 pelo monfortino Pedro Rodríguez, cujo nome aparece numa das chaves da banda Sudoeste. Imita o estilo gótico e conta com curiosos motivos de decoração, como a inscrição jocosa "O que olhas, bobo?" numa chave. O centro do claustro ocupa-o da fonte barroca das Nereidas, de começos do século XVIII.

O mosteiro foi colégio de Teologia e Filosofia e é parada importante do Caminho de Santiago, já que conta com uma hospedaria.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ANDRADE CERNADAS, J.M. (1992). El monasterio de Samos y la hospitalidad benedictina con el peregrino (s. XI-XIII). El Camino de Santiago: la hospitalidad monástica y las peregrinaciones, Valladolid. [S.l.: s.n.] 
  • ARIAS, P. (1941). El R.P. Fr. Juan Vázquez, arquitecto de la magnífica iglesia de Samos. Boletín de la Comisión Provincial de Monumentos Histórico Artísticos de Lugo, I. [S.l.: s.n.] 
  • ARIAS, P. (1943). El monasterio de la Peña y el abad Virila en la restauración de Samos. Boletín de la Comisión Provincial de Monumentos Histórico Artísticos de Lugo, I. [S.l.: s.n.] 
  • ARIAS CUENLLAS, M. (1957). El monasterio de Samos». Galicia emigrante, 26. [S.l.: s.n.] 
  • ARIAS CUENLLAS, M. (1992). Hª del monasterio de San Julián de Samos. [S.l.: s.n.] 
  • BONET CORREA, A. (1966). La arquitectura en Galicia durante el siglo XVII. Madrid. [S.l.: s.n.] 
  • CABANILLAS, R. (1995). Samos. Santiago. [S.l.: s.n.] 
  • DURAN, M. (1947). La Real Abadía de San Julián de Samos: estudio histórico-arqueológico. Madrid. [S.l.: s.n.] 
  • GARCIA CONDE, A. (1948). El obispo lucense Ermenfredo y la restauración de Samos. Boletín de la Comisión Provincial de Monumentos Histórico Artísticos de Lugo, III. [S.l.: s.n.] 
  • GONZALEZ, V. (1994). Samos y Lugo en la historia del monasterio. Lucensia, 8. [S.l.: s.n.] 
  • GONZALEZ VAZQUEZ, M. (1991). El dominio del monasterio de San Julián de Samos en el s. XIV (1325-1380). Cuadernos de Estudios Gallegos, XXXIX. [S.l.: s.n.] 
  • PORTILLA, P. DE LA (1978). Monasterio de Samos: guía histórico-artística. Lugo. [S.l.: s.n.] 
  • PORTILLA, P. DE LA (1984). El monasterio de Samos. Madrid. [S.l.: s.n.] 
  • PORTILLA, P. DE LA (1993). San Julián de Samos: monasterio benedictino. León. [S.l.: s.n.] 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre o Mosteiro de São Julião de Samos