São Domingos de Rana – Wikipédia, a enciclopédia livre

Portugal Portugal São Domingos de Rana 
  Freguesia  
Igreja de São Domingos de Rana
Igreja de São Domingos de Rana
Igreja de São Domingos de Rana
Símbolos
Brasão de armas de São Domingos de Rana
Brasão de armas
Localização
Localização no município de Cascais
Localização no município de Cascais
Localização no município de Cascais
São Domingos de Rana está localizado em: Portugal Continental
São Domingos de Rana
Localização de São Domingos de Rana em Portugal
Coordenadas 38° 42' 05" N 9° 20' 30" O
Região Área Metropolitana de Lisboa
Sub-região Área Metropolitana de Lisboa
Distrito Lisboa
Município Cascais
Código 110506
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 20,36 km²
População total (2021) 59 238 hab.
Densidade 2 909,5 hab./km²
Código postal 2785-582 São Domingos de Rana
Outras informações
Orago S. Domingos de Gusmão
Sítio Junta de freguesia de São Domingos de Rana

São Domingos de Rana é uma freguesia portuguesa do município de Cascais, com 20,36 km² de área[1] e 59238 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 2 909,5 hab./km². Em 2021 era a quarta freguesia portuguesa com mais habitantes.

Demografia[editar | editar código-fonte]

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de São Domingos de Rana[3]
AnoPop.±%
1864 2 424—    
1878 2 513+3.7%
1890 2 668+6.2%
1900 2 728+2.2%
1911 4 201+54.0%
1920 4 328+3.0%
1930 6 587+52.2%
1940 8 315+26.2%
1950 12 571+51.2%
1960 8 323−33.8%
1970 17 624+111.8%
1981 29 342+66.5%
1991 35 938+22.5%
2001 43 991+22.4%
2011 57 502+30.7%
2021 59 238+3.0%

Nota: Pela Lei nº 447, de 18/09/1915 foram desanexados lugares desta freguesia para constituir a freguesia de Estoril

Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 7377 6075 25616 4923
2011 10081 6020 33266 8135
2021 9429 6712 31748 11349

Pré-História e História[editar | editar código-fonte]

Os vestígios mais antigos da permanência humana no atual território da freguesia remontam ao Paleolítico há 1,5 milhões de anos, e foram encontrados na jazida do Serigado, a norte de Talaíde, que se destaca pelo conjunto de materiais líticos aí recolhidos. Quanto ao povoamento da área hoje conhecida como Freguesia de São Domingos de Rana é muito antigo, tendo sido encontrados vestígios arqueológicos de vários períodos desde o Neolítico/Calcolítico, Romano, Visigótico, Árabe e Medieval o que prova a uma continuidade de gerações na população residente. No Neolítico, a ausência de estruturas megalíticas dolménicas deve-se, certamente, à destruição destes monumentos no passado. A sua eventual existência, ficou no entanto, registada através do topónimo Antas, na parte norte de Talaíde. Já no Calcolítico, Talaíde possuía um dos mais importantes povoados do concelho. Hoje encontra-se práticamente destruído devido à extracção de pedra, que se fez sentir nos anos 60 do século passado. Esta jazida deu fragmentos de grandes taças tipo Palmela, de bordo decorado, da cultura do vaso campaniforme. Além de Talaíde há vestígios desta época no Casal Montijo, na lixeira de Trajouce e noutros locais da freguesia. No que respeita à antiguidade tardia, refira-se ainda, o espólio metálico recolhido na necrópole (de inumação) tardo-romano medieval de Talaíde, constituído por anéis, brincos, braceletes com figuração de cabeças de serpente e apliques zoomórficos. A descoberta de uma ara romana em Talaíde, e a descoberta de um villa romana em Freiria, atestam a permanência efetiva dos romanos na freguesia.

Os motivos para o povoamento desta área são inúmeros sendo de destacar que sempre foi uma área rica em recursos naturais tais como aquíferos, florestas e pedra (destaca-se o mármore nesta ultima) o que levou a que se instalassem povos que se dedicavam ao cultivo primeiro cerealífero e hortofloricultura e mais tarde vinhateiro, à cerâmica e à cantaria, nomeadamente no trabalho do mármore, tendo por exemplo, esta área fornecido grande parte do mármore que se encontra no Convento de Mafra.

As primeiras referências históricas escritas que nos surgem são da Idade Média, consistindo em dois documentos, um que atesta a existência de Trajouce no século X da Era Comum e outro de 1385 que se refere a um casal em Freiria. É curioso, porém, verificar que habita em Talaíde,Tomé Dias, uma das testemunhas do auto de partilhas dos bens de Lourenço Martins do Avelar, copeiro-mor da rainha D. Beatriz e um dos homens célebres da história cascalense. Pois Lourenço do Avelar tinha uma quinta lá para as bandas de Aljafami e Rio de Mouro e, por ocasião dessas partilhas , em Sintra, a 2 de Agosto de 1345, lá vem no documento a referência ao tal Tomé Dias, de que, ao certo, nada mais se sabe. Contudo, isso prova que o referido topónimo já existia nessa primeira metade do século XIV.

O primeiro censo a que temos acesso, de 1527, refere já todas as principais localidades da Freguesia que estendendo-se até Albarraque, já existiria como paróquia. Como as paróquias são as precursoras das freguesias, tendo então muitas das suas funções, pode afirmar-se que a criação da freguesia de São Domingos de Rana já era então uma realidade.

Em 1758, a então paróquia, alargava-se até São Pedro do Estoril, fazendo a mesma parte do Concelho de Oeiras até 1838, altura em que foi reunida no Concelho de Cascais.

Nos finais do século XIX e inícios do século XX, bem como na I República são criadas inúmeras associações recreativas o que comprova a vitalidade populacional desta freguesia bem como o seu apoio à causa Republicana.

Está comprovado historicamente[carece de fontes?] que a quando da Revolução de 5 de Outubro de 1910 houve aclamações à República na povoação de Tires, sendo que parte dos Carbonários que foram para as barricadas de Santa Apolónia, eram provenientes desta área bem como da Parede que então pertencia à Paróquia/Freguesia de São Domingos de Rana.

Durante todo o Século XX a freguesia de São Domingos de Rana sofre um aumento populacional acentuado sendo o refugio de várias vagas de imigrantes provenientes das então Províncias do Alto e Baixo Alentejo, bem como, das diversas Beiras, esta área tendo então uma produção cerealífera intensiva e pedreiras atraiu os trabalhadores sazonais que trabalhavam alternadamente nos campos e na cantaria.

Nos últimos anos esta freguesia tem tido um acelerado desenvolvimento, com uma população heterogénea caracterizada por uma elevada taxa de pessoas de meia-idade, tendo uma rede equipamentos sociais, tais como Biblioteca, Centro de Saúde, Complexo Desportivo, Escola Fixa de Trânsito (na Abóboda) e várias Escolas, sendo assistida pelos Bombeiros Voluntários de Carcavelos que se passaram a denominar de "Carcavelos - São Domingos de Rana".

O Aeródromo Municipal de Cascais (conhecido popularmente como Aeródromo de Tires) fica nesta freguesia.

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas (Junta de Freguesia)[editar | editar código-fonte]

Partido 1976 1979 1982 1985 1989 1993 1997 2001 2005 2009 2013 2017 2021
% M % M % M % M % M % M % M % M % M % M % M % M % M
FEPU/APU/CDU 38,6 6 42,6 9 42,1 12 44,8 9 33,4 7 25,6 5 18,9 4 17,1 3 14,4 3 13,6 3 16,1 4 10,11 2 8,0 1
PS 31,7 4 21,7 4 25,1 7 16,6 3 27,4 6 41,9 9 46,9 10 40,1 9 37,9 8 39,5 8 30,1 8 38,11 9
PPD/PSD 12,9 2 30,5 6 19,8 6 29,0 6 27,9 6 22,6 5 23,1 5
CDS-PP 7,5 1 7,9 2 4,7 1 4,7 - 4,2 - 3,7 -
PSD-CDS 35,3 7 32,2 7 33,4 7 28,3 7 34,44 9 41,14 10
B.E. 2,0 - 6,9 1 7,6 1 5,5 1 7,55 1 4,76 1
IND 7,0 1
PDR.JPP 2,29 -
PCTP/MRPP 1,49 -
PS/PAN/LIVRE 32,17 8
CHEGA 7,02 1
IL 3,06 -

Património[editar | editar código-fonte]

Povoações[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 5 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • As ruas de São Domingos de Rana, 2ª Ed., DSA Editores, 1999 (1ªEd.), ISBN 972-9893918
  • História das Freguesias e Concelhos de Portugal, Volume 4, Quidnovi - QN Edição de Conteudos, S.A., 2004, ISBN 989-554-152-X
  • Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Volume 27, p. 456, 1ª Ed., Editorial Enciclopédia & Resomnia - Editora de Livros e Publicações, Lisboa, Rio de Janeiro [s. d.]
  • Carta arqueológica do Concelho de Cascais, Guilherme Cardoso. Câmara Municipal de Cascais 1991
  • A Necrópole Tardo-Romana e Medieval de Talaíde (Cascais) estudo Preliminar de Guilherme Cardoso e João Luís Cardoso.
  • A Necrópole Tardo-Romana e Medieval de Talaíde (Cascais).Caraterização e Integração Cultural. Análises Não Destrutivas do Espólio Metálico de J.L. Cardoso, G. Cardoso e M.F. Guerra in Estudos Arqueológicos de Oeiras, 5, Oeiras, Câmara Municipal, 1995, p.p. 315-339
  • Dos Segredos de Cascais. Os romanos e o seu amor à terra. O Altar de Talaíde de José d`Encarnação in Edições Colibri - Câmara Municipal de Cascais, 2009, p.p. 48-49.
  • Exposição Patrimónios de Cascais - Ed. Centro Cultural de Cascais, Cascais, Setembro 2003

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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